Brasil continua no grupo dos melhores IDHs da ONU
Fonte: Diário do Vale
É natural país ter mais dificuldade para melhorar
a partir do momento em que chega a um patamar mais elevado
Rio
O Brasil se manteve no grupo considerado pela ONU de alto desenvolvimento humano, mas já
não consegue avançar nesta década seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no ritmo
verificado na década passada, segundo relatório divulgado ontem pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento. O IDH é divulgado anualmente e parte de indicadores em três
áreas: saúde, educação e renda.
O país apareceu no relatório deste ano na mesma posição do ano passado: a 70ª. Seu IDH de
2005 para 2006 (os dados de cada relatório são sempre referentes a dois anos antes) variou
de 0,802 para 0,807. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Na
divulgação do ano passado, o país apareceu, pela primeira vez, no grupo de nações
consideradas de alto desenvolvimento humano, ou seja, com IDH superior a 0,800.
Na avaliação do coordenador do Relatório do Desenvolvimento Humano no Brasil, Flavio
Comim, o crescimento do IDH brasileiro tem se verificado sustentável, já que aconteceu nas
três dimensões analisadas - saúde, educação e renda.
Mas esse avanço já foi mais acelerado. De 1990 a 2000, o país deu um salto de 0,081 pontos
em seu IDH. De 2000 a 2006, no entanto, a variação foi de apenas 0,018 pontos. A diminuição
do ritmo de melhoria fica evidente numa comparação feita por Comim entre Brasil, Chile,
Argentina, Uruguai, Costa Rica, México, Panamá e Venezuela. Analisando a evolução desde
1990, o Brasil teve a maior variação do IDH. Mas, considerado só o período de 2000 a 2006,
todos os outros avançaram mais, com exceção da Argentina.
Comim afirma que, por um lado, é natural que o país tenha mais dificuldade para melhorar seu
IDH a partir do momento em que chega a um patamar mais elevado. Ele alerta, no entanto, que
ainda há muito espaço para melhora e que não se deve esquecer que o índice é apenas uma
média do país, o que, especialmente no caso brasileiro, esconde desigualdades significativas.
“Numa cidade como o Rio de Janeiro, há bairros com IDH da Islândia e regiões onde o
indicador é africano”, afirma. Sobre a melhoria da década de 90, ele aponta como razões que
explicam o avanço o aumento na expectativa de vida, fruto em boa parte da redução da
mortalidade infantil e do aumento da sobrevida de pessoas com HIV.
Também na educação fica claro que é preciso mais esforço para avançar. Entre 1992 e 2001,
segundo o IBGE, o percentual de crianças fora da escola caiu de 13% para 4% na faixa etária
de 7 a 14 anos e de 40% para 19% na de 15 a 17 anos. Em 2007, os percentuais estavam,
respectivamente, em 2% e 18%. No caso da escolarização de 7 a 14, há pouca margem de
melhora, pois apenas 2% das crianças estão fora da escola. Já na população de 15 a 17 anos,
é possível avançar mais, já que a taxa variou apenas um ponto percentual de 2001 a 2007.
Há também margem para melhora na alfabetização de adultos, pois 10% da população adulta
ainda é analfabeta. Comim lembra ainda que o país pode avançar também melhorando seus
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indicadores de pobreza e desigualdade, que ainda são dos maiores do mundo quando
comparados com o grupo de 75 nações de alto desenvolvimento humano.
Estudo do IBGE avalia municípios brasileiros
Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta
que, proporcionalmente, o Nordeste tem mais que o dobro de municípios com pessoas abaixo
da linha da pobreza que em todo o Brasil. Na região, 77% dos municípios estavam nesta
condição, enquanto que a média do Brasil era de 32,6%, de acordo com o Mapa da Pobreza e
Desigualdade 2003.
A pesquisa, feita em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), traça,
pela primeira vez, indicadores como a incidência de pobreza e a desigualdade entre os pobres
no Brasil. Os dados são referentes a 2003. O mapa revela que, no Brasil, 1.793 municípios
tinham populações vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Destes, apenas 416 deles
não estão no Nordeste. Naquela região e no Centro-Oeste, o índice foi mais que o dobro do
Brasil: 77,1% e 73,5% do total de municípios de cada um, respectivamente.
Já em uma outra ponta, o Sul teve apenas 0,9% de seus municípios -apenas 11 delesidentificados nessa condição. No Sudeste, o índice também foi baixo: 13,3% do total de
municípios na região.
Com base em dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares 2002/2003 e no Censo 2000, o
Mapa da Pobreza calculou também a distância média dos pobres em relação à linha da
pobreza do Brasil. Ou seja: o quão distante está uma região de ultrapassar a linha da pobreza.
Mais uma vez, o Nordeste concentrou uma média de pobres com a maior distância da linha da
pobreza: 28,6%, contra 13,1% no Norte. O município paulista de Santos tem o menor índice de
pessoas pobres em todo o país. Apenas 4,6% da população santista está abaixo da linha da
pobreza, contra um índice de 84% no município de Campos Lindos (Tocantins), o líder do
ranking divulgado ontem. No Estado do Rio, Barra do Piraí teve o melhor índice (21,3%) e
Japeri, o menor (76,4%).
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