XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. A BUSCA DA COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL A PARTIR DA ADOÇÃO DE MELHORES PRÁTICAS DE GESTÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO Beatriz Marcondes de Azevedo (UFSC ) [email protected] Rolf Hermann Erdmann (UFSC ) [email protected] O mundo dos negócios se tornou mais complexo a partir dos anos 90. Assim, segundo Hayes et al (2008), a nova economia mundial incitou novas formas de organização industrial que contribuíram para redefinição do papel da administração da proddução. Percebe-se dessa maneira, a preocupação das empresas em criar meios de se manter competitiva, destacando-se diante dos concorrentes e, muitas vezes, envidando esforços para internacionalizar suas operações e, em última instância, obter melhores desempenhos operacionais e organizacionais. Assim, o presente artigo tem como objetivo desvelar as melhores práticas adotadas por diferentes organizações. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir do levantamento no portal de periódicos da CAPES e demais fontes da internet. Em relação aos resultados, com base nos exemplos apresentados é possível perceber, em menor ou maior grau, a necessidade de se conhecer o processo produtivo através de diferentes maneiras com fins de obter um diagnóstico da situação, identificando pontos fortes e fracos e, com base nessas informações, planejar ações de melhoria e apoiar às decisões decorrentes do planejamento. Conclui-se, portanto que, as melhores práticas ajudam as organizações realizar suas operações melhor do que antes. Por isso, cabe às mesmas investir no desenvolvimento de novas tecnologias, seja através das combinações de tecnologias existentes; da utilização de novos conhecimentos adquiridos; dos novos métodos de produção ou ainda novas técnicas de gestão e organização do trabalho. Palavras-chaves: melhores práticas, competitividade, sistema de produção. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 1. Introdução O mundo dos negócios se tornou mais complexo a partir dos anos 90. A globalização da economia, alavancada pelo desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação levou ao aumento da concorrência, à diminuição da distância entre pessoas, ao encurtamento do ciclo de vida dos produtos, às novas formas de organização do trabalho e ao aumento das exigências por parte dos diferentes stakeholders. Nesse sentido, segundo Hayes et al (2008), a nova economia mundial incitou novas formas de organização industrial que contribuíram para redefinição do papel da administração da produção. As diversas combinações de recursos estruturais e infra-estruturais, acrescidos da adoção de melhores práticas em busca da sustentabilidade organizacional têm mostrado que as empresas vencedoras tiveram que mudar para sobreviver. A sustentabilidade é aqui entendida com um fator estratégico para os negócios. Mais que um princípio de gestão, trata-se de uma conduta crítica para a legitimidade da organização (CEBDS, 2011). Percebe-se dessa maneira, a preocupação das empresas em criar meios de se manter competitiva, destacando-se diante dos concorrentes e, muitas vezes, envidando esforços para internacionalizar suas operações e, em última instância, obter melhores desempenhos operacionais e organizacionais. Todavia, Kaplan e Norton (1997) alertam que se o desempenho não for medido ele não será gerenciado. Para os autores, um gerenciamento eficaz pressupõe a existência de um sistema de avaliação de desempenho alicerçado em medições fidedignas e alinhado com os objetivos estratégicos da organização. Nelly et al (2000) acrescentam que as empresas consideradas “Manufatura de Classe Mundial” reconhecem a importância de das métricas para ajudar a definir metas e expectativas de desempenho para a organização. Elas adotam ou desenvolvem métricas apropriadas para interpretar e descrever quantitativamente os critérios utilizados para medir a eficácia do sistema de produção e os diversos componentes inter-relacionados. Essa forma de gerir o sistema de produção reflete sua multidimensionalidade, portanto, para conhecer e interpretar a realidade empresarial de um modo interligado, a abordagem sistêmico-complexa tem se mostrado um referencial teórico pertinente para esta finalidade. 2 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. Sob a perspectiva da teoria da complexidade, busca-se conhecer como as operações de empresas conseguem atingir resultados? Como as operações produtivas se comportam? Quais as práticas adotadas que expressam sua sustentabilidade? Com base nesses questionamentos, o presente artigo tem como objetivo desvelar as melhores práticas adotadas por diferentes organizações. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir do levantamento no portal de periódicos da CAPES e demais fontes da internet. A busca e a análise dos dados foram orientadas pelo instrumento de diagnóstico de gestão do sistema de produção elaborado pelos integrantes do grupo de pesquisa NIEPC/UFSC. Nesse sentido, o artigo é assim estruturado: apresentação do instrumento, metodologia, apresentação e discussão dos resultados e considerações finais. 2. O instrumento de diagnóstico de gestão do sistema de produção O NIEPC (Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Gestão da Produção e Custos), abrigado pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina (CPGA/UFSC), tem desenvolvido um instrumento para avaliar, diagnosticar e auxiliar a tomada de decisão nos sistemas de produção, considerando uma perspectiva complexa das relações entre os diversos elementos que compõe tal sistema. Assim, ao considerar que o sistema de produção consiste em uma série de inter-relações de diferentes processos e operações que permitem a elaboração de um produto (bem ou serviço), Schulz (2008), por meio de estudos baseados em Hanson; Voss (1995), determinou os subsistemas estruturantes do sistema de produção, a partir de dez categorias de análise: Desempenho Operacional, Desenvolvimento de Novos Produtos, Equipamentos e Tecnologias, Fábrica, Investimentos, Gestão Ambiental, Organização e Cultura, Qualidade, Saúde e Segurança, Tempo de Ciclo. Em um momento posterior, Silveira (2010) incorporou mais três categorias de análise: Planejamento da Produção, Programação da Produção e Controle da Produção, totalizando, assim, as treze categorias que compõem o modelo. As treze categorias atuam influenciadas por e influenciando os fatores de competitividade, agrupados em dois blocos que se inter-relacionam entre práticas e resultados. Ambos os grupos conferem desempenho à organização. Os fatores de resultado são características fundamentais e vitais para a organização ser bemsucedida no longo prazo e, portanto, altamente desejáveis (SLACK et al, 2002). Ou ainda, são 3 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. características capazes de proporcionar competitividade de forma direta à organização (ROMAN et al, 2012). São eles: confiabilidade, custos, qualidade, rapidez e flexibilidade. Os fatores de prática, segundo Slack et al (2002) e Roman et al (2012), representam os padrões ou perfis de boas práticas organizacionais, ou seja, atitudes, esforços ou habilidades que a organização devem ter e que, consequentemente, refletirão nos resultados da mesma. São ações ou programas que dizem respeito às Alianças Estratégicas; Capital Humano; Conhecimento; Fatores Culturais; Inovação; Relacionamento com os Clientes; Responsabilidade Social; Sistemas de Controle; Técnicas de Produção e; TIC. As treze categorias do instrumento encontram relação com o aquilo que alguns estudiosos da área de gestão da produção e operações denominam “subsistemas de produção”, ou seja, áreas sobre as quais as escolhas de estrutura e infraestrutura são realizadas (HAYES; WHEELWRIGHT, 1984; VOSS, 1995; HILL, 2000; RITZMAN; KRAJEWSKI; 2004; BOYER; LEWIS, 2009). 2.1 Abordagens de sustentação do instrumento Voss (1995; 2005), ao procurar compreender como as diferentes empresas conseguiam obter vantagens competitivas e se destacar no seu setor de atuação, elencou três paradigmas da estratégia de produção denominados, respectivamente, competição através da manufatura; escolhas estratégicas; e as melhores práticas. Assim, no primeiro paradigma: competindo através da manufatura, assumem destaque, estudiosos como, Skinner, Hayes, Wheelwright, Hill, Platts e Gregory. Tal entendimento foi preconizado por Skinner (1969) quando propôs áreas-chave sobre as quais as decisões de produção deveriam ser realizadas: instalações e equipamentos, planejamento e controle da produção, trabalho e recursos humanos, design e engenharia de produto e organização e gestão. A ideia de áreas-chave estava assentada na noção dos trade offs. Paiva et al (2004) assinalam que a noção de trade offs implica, necessariamente, escolher dentre um conjunto de decisões e ações, aquelas que têm maior potencial para agregar valor à empresa. O segundo paradigma, referente às escolhas estratégicas, também defendido pelos mesmos autores (Skinner, Hayes, Wheelwright, Hill, Platts e Gregory), baseia-se na coerência interna e externa, ou seja, entre o contexto de negócios e produtos e as opções no conteúdo da estratégia de produção. Nesse sentido, por exemplo, a escolha entre comprar ou produzir e 4 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. aonde produzir tem levado a terceirização de várias etapas dos processos produtivos, desde os serviços agregados até a integração da Cadeia de Suprimento. O terceiro paradigma, referente às melhores práticas, tem como principais autores, Hayes, Wheelwright, Schonberger, Hanson e Voss. Trata-se de pressupostos baseados na necessidade de adotar "melhores práticas", ou seja, por práticas adotadas por empresas de "Manufatura de Classe Mundial". Segundo Voss (1995), a proeminência das práticas no contexto da estratégia de produção se deve, em grande medida, ao destaque da indústria japonesa. Este destaque chamou a atenção do ocidente, a partir dos anos 70, sobre o modo oriental de conduzir suas linhas de produção. Além disso, o crescimento de abordagens baseadas em processos e benchmarking e o surgimento do Prêmio Malcolm Baldrige e Prêmio Europeu da Qualidade alavancaram a importância das práticas em produção Ao analisar os três paradigmas, a partir do entendimento de Voss (2005); Silveira; Souza (2010), infere-se que se eles forem considerados simultaneamente, é possível contemplar-se tudo aquilo que é necessário para uma estratégia eficaz. 3. Metodologia O presente trabalho é de natureza exploratória/descritiva, de abordagem predominantemente qualitativa, pois se pretendeu identificar e sistematizar informações que expressassem as melhores práticas utilizadas por empresas caracterizadas como competitivas e de sucesso. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, ou ainda um estudo sistematizado desenvolvido com base em material formado a partir de dados secundários. Em termos de coleta de dados, durante os meses entre janeiro e maio de 2012 foi selecionado um portfólio de materiais a partir do levantamento no portal de periódicos da CAPES da base de dados Web of Science. Para avaliar a produção brasileira, uma pesquisa similar foi realizada no Scielo. Como critério de inclusão, optou-se por escolher artigos que apresentavam no título e/ou no resumo e/ou nas palavras-chave, os descritores (tanto na língua inglesa quanto na portuguesa): melhores práticas, práticas de produção, gestão de classe mundial, categorias de decisão, objetivos de desempenho, critérios de desempenho. 5 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. Do material encontrado, optou-se por incluir preliminarmente aqueles mais alinhados à área de pesquisa em gestão de operações, administração e engenharia de produção. Depois da leitura de todos os resumos, vários artigos (em torno de 30%) foram excluídos por não se adequarem à temática da pesquisa. A amostra final foi composta por um portfólio de 296 publicações (nacionais e internacionais), que abrangiam os anos de 1997 a 2012. Para a análise dos dados, utilizou-se a metassíntese, uma vez que se fez uma análise integrativa das descrições individuais das melhores práticas extraídas do material previamente analisado (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Assim, fez-se uma leitura flutuante de cada um deles, procurando fichá-los a partir de três pontos: referência, ideia principal e melhor prática extraída. Nesse momento, excluíram-se aqueles que não possibilitavam extrair nenhum exemplo de boa prática, por ser apenas uma revisão teórica, ou ainda, por conter informações superficiais e/ou vagas. Chegou-se finalmente a um montante de 91 artigos selecionados para uma leitura mais aprofundada para que pudesse fazer parte de um compêndio de melhores práticas. 4. Apresentação e discussão dos resultados Para apresentar e discutir os resultados, primeiramente, fez-se uma análise geral análise geral de todo material coletado. Num segundo momento, buscou-se reunir diversos exemplos de práticas relacionadas com cada um dos treze subsistemas que compõe a tecnologia de gestão, destacando a relação que tais práticas têm com os fatores de competitividade, bem como identificando as discrepâncias e semelhanças existentes entre as mesmas. Com base numa análise geral do portfólio analisado, identificou-se a presença de uma série de publicações que reúnem exemplos de melhores práticas, porém com um enfoque mais específico, técnico e padronizado, uma vez que as mesmas voltam-se aos requisitos das boas práticas de fabricação (ARRUDA, 2002; AKATSU et al, 2005; TOMICH et al, 2005), ou então, à uma espécie de check-list para avaliação ambiental estratégica (PETRA, 2000; MR, 2007); check list para construção de web sites (OLIVEIRA et al, 2003); construção de edifícios (CLETO et al, 2011; CHOI, KIM, 2008) e ainda protocolos/diretrizes de manejo clínico (MELLO; ERDMANN, 2007). Entretanto, ao tentar extrair exemplos práticas adotadas para maximizar a efetividade do sistema de gestão da produção, verificou-se que uma expressiva parcela delas (70%) encontra- 6 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. se dispersas, algumas vezes escritas de forma vaga, direcionadas a contextos específicos ou ainda com variados níveis de abrangência. Tal resultado é consoante com a percepção Dangayach; Deshmukh (2001), quando concluíram sua pesquisa de revisão da literatura sobre o conteúdo em estratégia de produção. Os autores analisaram um portfólio de 260 artigos publicados em 31 dos principais periódicos e conferências internacionais e, da amostra analisada, apenas 26 (10%) discorriam sobre as melhores práticas. Cleto et al (2011, p. 9) ratificam os achados dessas pesquisas, assinalando que “consagrar as boas práticas não é algo simples”, uma vez que grande parte desse conhecimento ainda é tácito, e não explícito, encontrando-se disperso e sem registros, disseminado informalmente entre profissionais. Por outro lado, apesar de uma década de intervalo entre diferentes revisões da literatura na área de gestão e operações (BOLDEN et al; 1997; ARKADER; 2003; BORTOLLOSSI; SAMPAIO, 2012), obteve-se conclusões semelhantes no que se refere à forma que a maioria deles foi conduzida. Ainda, com base em outros estudos bibliográficos, verificou-se que existe uma ínfima quantidade e/ou qualidade de material destinado a ilustrar práticas e procedimentos relacionados à competitividade e performance organizacional. Infere-se, desse modo, em consonância com a percepção de Christiansen et al (2003); Gupta et al (2006); Silva et al (2012), haver uma lacuna na construção do conhecimento referente a esse assunto. Apesar das dificuldades e limitações, constata-se que o compartilhamento do conhecimento subjacente às melhores práticas pode ajudar tornar a empresa mais competitiva, incorporando novas ideias e funcionalidades no bem ou serviço. Entretanto, chama-se a atenção de que a incorporação de algo novo requer não apenas a adoção das melhores práticas, mas a adaptação delas ao contexto em questão (GOFFIN; MITCHELL, 2010). Portanto, as mudanças ocorrem a partir da utilização de diversos critérios, podendo acontecer tanto na organização geral do trabalho, nas práticas de gestão, na produção de um bem ou serviço ou na melhoria de práticas e produtos já existentes (ALBERTIN, 2007; BASTOS et al, 2011). Nesse sentido, dentre as 91 melhores práticas identificadas no portfólio analisado, escolheu-se 13 exemplos que serão descritos a seguir: 7 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. As práticas ilustradas nos subsistemas “Organização e Cultura” e “Gestão Ambiental” estão voltadas a apresentação de um instrumento de mensuração e avaliação do desempenho de políticas e práticas voltadas à fomentação de uma cultura de aprendizado e uma cultura de sustentabilidade ambiental. Tanto um quanto o outro possui uma estrutura flexível com fins de possibilitar comparações e subsidiar projetos de melhorias. Os subsistemas “Programação da Produção”; “Tempo de Ciclo”; e “Investimentos” foram relacionados com práticas voltadas a diagnosticar, a partir de comparações e indicadores, os recursos e capacidade produtiva, com fins de diminuir o “lead time” e maximizar o desempenho operacional. O foco aqui se concentra no mapeamento do processo produtivo, identificação de gargalos e restrições do sistema. Para tanto, utilizou-se o mapeamento do fluxo de valor, medição dos tempos de operação, gráfico do valor agregado, diagrama de espinha de peixe, FMEA e software de simulações. Nos subsistemas “Desempenho Operacional” e “Saúde e Segurança” apresentou-se um conjunto de recomendações para adoção de sistemas de gestão (de ferramenta de corte e saúde e segurança). Em ambos, está clara a necessidade de responsabilizar e comprometer todos os envolvidos, criar um banco de dados, realizar treinamentos e incentivar a participação das pessoas para a busca de melhoraria do sistema de produção. Na questão do envolvimento de todos e compartilhamento de conhecimentos, destaca-se que no subsistema “Qualidade”, para comunicação interna servir de instrumento de promoção da qualidade é preciso criar uma cultura propícia para tal, comprometendo os envolvidos, além de escolher os mais adequados veículos de comunicação para cada objetivo a se atingir. Nos subsistemas “Controle da Produção” e “Planejamento da Produção”, as práticas estavam voltadas ao desenvolvimento de um Sistema de Informação que servissem tanto para o planejamento e controle quanto para apoiar as decisões dos gestores de produção. As características comuns dos SI´s propostos era o desenvolvido customizado conforme às peculiaridades de cada contexto, bem como a possibilidade de integrar diferentes áreas funcionais da organização. No subsistema “Fábrica” apresentou-se um modelo de avaliação do layout de um hospital e, no “Desenvolvimento de Novos Produtos” procurou-se mostrar como a adoção de princípios lean nas etapas de desenvolvimento de novos produtos, em especial, na etapa do projeto conceitual, poderia, com auxílio do QDF, SBCE, contribuir para aumentar a rapidez e a 8 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. flexibilidade do sistema de produção. Cabe lembrar que o rearranjo organizacional possibilitado pela avaliação do layout também visava aumentar a rapidez do sistema. Nas duas situações, fez-se o mapeamento do processo. Ao considerar os exemplos apresentados é possível perceber, em menor ou maior grau, a necessidade de se conhecer o processo produtivo através de diferentes maneiras com fins de obter um diagnóstico da situação, identificando pontos fortes e fracos e, com base nessas informações, planejar ações de melhoria e apoiar às decisões decorrentes do planejamento. O que sobressai nos exemplos é a necessidade de mensuração e avaliação com apoio de métodos, ferramentas e procedimentos científicos e legitimados pela teoria e/ou empiria. 5. Considerações Finais A ideia de sistematizar exemplos de melhores práticas a partir da análise de dados secundários foi motivada pela intenção de obter subsídios que permitissem conhecer como as operações de empresas conseguem atingir resultados; como seu desempenho reflete-se na capacidade de competir; e quais práticas adotadas expressam sua sustentabilidade. Em termos de relevância científica e social, o estudo partiu da premissa que é relevante que se concentre exemplos a serem seguidos em um documento que reúna as melhores práticas, visando ilustrar e orientar o âmbito acadêmico e da produção. As melhores práticas ajudam as organizações realizar suas operações melhor do que antes. Por isso, cabe às mesmas investir no desenvolvimento de novas tecnologias, seja através das combinações de tecnologias existentes; da utilização de novos conhecimentos adquiridos; dos novos métodos de produção ou ainda novas técnicas de gestão e organização do trabalho. Para fazer algo melhor que antes é preciso primeiramente conhecer como o sistema está estruturado e como ele funciona, como as atividades de produção e operação são desenvolvidas, como elas se inter-relacionam e, principalmente qual é a implicação de cada uma delas para o resultado final. Isso tudo requer métodos, ferramentas e demais tecnologia que permitam mensurar, avaliar, comparar e mudar em busca da sustentabilidade do negócio. A gestão eficiente permite antever e resolver problemas, obter a maior eficiência dos recursos e direcionar a produção de bens e serviços para a obtenção dos melhores resultados. Tudo isso dentro dos parâmetros da sustentabilidade, considerando a viabilidade econômica, inclusão social e proteção ambiental. 9 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. Referências AKUTSU, R. C. et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, 18(3), p. 419-427, maio/jun.; 2005. ALBERTIN, M. As melhores práticas de gestão de produção e operações no Estado do Ceará. Fortaleza: Edições UFC, 2007. ARKADER, R. 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