FICÇÃO CONTEMPORÂNEA Guimarães Rosa & Clarice Lispector A GERAÇÃO DE 45 (1945 - 1970) João Guimarães Rosa (1908 - 1967) João Guimarães Rosa (1908 - 1967) Uso de todos os recursos modernos da técnica narrativa. “O único ficcionista completo da América Latina”. A obra de Rosa Características básicas: A primeira grande inovação do autor = linguagem Linguajar do sertanejo (mineiro) + recriação estilística = linguagem revolucionária Processo de transfiguração estilística = invenção de um novo léxico. O mundo de Rosa Mundo retratado sertão mineiro - imobilizado no tempo principal traço: a consciência mítica dos personagens realismo mágico eventos inverossímeis de um ponto de vista racionalista= o Demônio) A revelação do sertão mineiro A) O sertão como espaço físico: Minas Gerais descrito minuciosamente em sua flora e fauna, em suas “veredas misteriosas” (vereda = caminho estreito) A revelação do sertão mineiro B) O sertão simbólico: O “labiríntico” onde o homem joga seu destino “O sertão está fora e está dentro de cada personagem de Guimarães Rosa” (Antonio Candido). A revelação do sertão mineiro C) O sertão como estrutura histórico-cultural: Realidades diferentes civilização sertaneja (consciência mítico-sacral) X civilização “litorânea” (moderna, urbana e evoluída). A problematização da existência Guimarães Rosa transforma muitos de seus personagens em sujeitos que interrogam o mundo e a si próprios em busca dos fundamentos da existência. Interroga, então, o mundo e a si mesmo em busca de uma razão para a existência = a travessia metafísica (interior). Grande sertão:veredas (1956) Grande sertão:veredas (1956) Plano presente O ex-jagunço e hoje fazendeiro Riobaldo narra a história de sua vida a um doutor, ao mesmo tempo em que formula uma série de interrogações sobre o sentido da existência (luta: bem x mal) a presença do demônio, etc. Grande sertão:veredas (1956) Plano do passado Focaliza as experiências do jagunço Riobaldo pelo sertão mineiro. A percepção de si mesmo surge do contato com outros homens, em especial com Diadorim = o amor Grande sertão:veredas (1956) As inquietações de Riobaldo: A existência ou não do demônio; O significado do sentimento que experimentou por Diadorim; O sentido de sua vida de jagunço; A busca de uma explicação para a condição humana. Grande sertão:veredas (1956) Conclusão: À medida que a racionalidade das sociedades modernas avança, o pensamento mítico-sacral, ou mágico, tende a dissolver. Assim, em Grande sertão:veredas, o diabo é um personagem fundamental, no plano do passado, dentro do universo sacral em que se movem os jagunços. Já no plano presente, quando conta sua vida ao doutor, Riobaldo tende a negar a existência do demônio. CLARICE LISPECTOR (1920 - 1977) CLARICE LISPECTOR Elementos temáticos e procedimentos narrativos: A existência subjetiva Interesse em desvelar a existência subjetiva dos personagens, relegando a história propriamente dita a um plano secundário. Mais do que a intriga, predominam as inusitadas experiências psíquicas e as impressões fugidias dos personagens despertadas pela realidade. O monólogo interior Utilização constante do monólogo interior, isto é, de um monólogo não pronunciado, que se desenrola apenas na mente dos personagens. fluxos de consciência - o registro dos conteúdos mais sutis e profundos da alma humana. A epifania O termo epifania significa o relato de uma experiência que mostra toda a força de inusitada revelação. É a percepção de uma realidade atordoante quando os objetos mais simples, os gestos mais banais e as situações mais cotidianas comportam súbita iluminação na consciência dos figurantes. Personagens dilacerados: o universo ficcional de sua obra Geralmente é composto por mulheres, imersas em estado de absoluta interiorização, esmagadas pelo peso da subjetividade e para quem a realidade externa é nebulosa e ameaçadora. Personagens dilacerados: o universo ficcional de sua obra Enclausuradas em dolorosa solidão, essas personagens buscam incessantemente a própria identidade. A investigação do “quem sou?” torna-se, invariavelmente, o núcleo psicológico de todos os enredos. Personagens dilacerados: o universo ficcional de sua obra O “contato com o outro” talvez seja a resposta a essa “náusea”, mas as personagens de Clarice raramente encontram uma saída e, quando a conseguem, deparam-se apenas com a morte, único elemento de comunhão com o outro. A náusea O ser, despojado de suas antigas certezas, vaga em um universo de destroços, mas, ao mesmo tempo em que o tédio e o desespero o ameaçam, ele pode encontrar uma nova alternativa para a existência.