SE
TEM
BRASIL
TEM
RECORD
NO AR
PLANO ALTO
Autor Marcílio Moraes | Colaboradores Joaquim Assis - Aline Bargati | Direção Geral Ivan Zettel | Diretores Leonardo Miranda - Nádia Bambirra | Diretor de Teledramaturgia Anderson Souza
OS BASTIDORES DA POLÍTICA
A trama de
Plano Alto e
suas histórias
Depois de toda uma
vida dedicada à política, é
natural que Guido Flores,
atual governador do estado,
beirando os 70 anos, sonhe
chegar ao mais alto cargo
da nação, a Presidência da
República. Razoavelmente
cotado nas pesquisas e com
bom apoio no partido, ele
tem dedicado a maior parte
da sua energia nos últimos
meses a trabalhar pela candidatura nos bastidores e julga que terá uma campanha
tranquila pela frente.
Nos últimos meses,
porém, começaram a surgir
denúncias e acusações contra ele, culminando com o
movimento para a instalação
de uma Comissão Parlamen-
tar de Inquérito na Assembleia Legislativa para apurar
irregularidades do uso de dinheiro público no seu governo. Alega-se que seu antigo
Chefe de Gabinete, morto há
mais de um ano em circunstâncias não claramente explicadas, lidera uma verdadeira
quadrilha montada para desviar verbas oficiais para contas particulares, esquema
do qual, em última instância,
seria o próprio governador o
maior beneficiário.
Para um homem
que pegou em armas contra
a ditadura de direita e que
se alimentou das utopias
comunistas das décadas de
sessenta e setenta, ainda
que posteriormente tenha
se tornado um político de
perfil tradicional, de direita,
estas são acusações amargas de suportar. Não que no
íntimo ele se julgue um santo, sempre soube que não
se faz política sem sujar as
mãos. Jamais, porém, se teve
na conta de corrupto e muito menos “ladrão safado”,
como vê estampado em cartazes contra ele.
Admite que tem um
ponto vulnerável, já que depositou confiança excessiva
em seu ex-chefe de gabinete.
Mas, ainda que se prove alguma acusação concreta contra
seu funcionário, no que ele
não acredita, ainda assim
seria impossível estabelecer
qualquer ligação entre o subordinado e ele, governador
de estado. Tem a consciência limpa, pelo menos neste
caso. Baseado nestas convicções, Guido Flores de início
suspeita e logo passa a ter
certeza de que por trás do
movimento moralista contra
ele está uma articulação para
minar sua candidatura a presidência. Desconfia do Presidente da República, Ângelo
Torril, mas não consegue um
indício concreto sequer para
sustentar a desconfiança.
Fiel a sua história de
batalhador, ele vai enfrentar os inimigos com todos
os recursos de que dispõe.
Recorre a seu filho, o deputado federal João Titino,
com quem mantém relações
pessoais distantes, mas em
quem confia politicamente,
e à mulher deste, Júlia, deputada estadual aguerrida, para
comandarem nas casas legislativas, e também fora delas,
sua defesa e sua reação.
João e Júlia vasculharão o passado do deputado
Papudo, líder do movimento
contra o governador, e descobrirão episódios comprometedores, que logo estarão
nas páginas dos jornais e nas
redes sociais, colocadas sutilmente por Carlos Alberto,
jornalista e genro de Guido. >> Cont. pag.02
02
PLANOALTO
PLANOALTO
03
QUEM É QUEM
GUIDO FLORES
GRACINDO JR.
Governador do Estado e político de longa tradição.
Foi guerrilheiro urbano e exilado durante a ditatura.
Após receber a anistia, tornou-se um político tradicional,
deputado estadual, deputado federal, senador, governador
e atualmente aspirante à presidência da República. Casado
com Yolanda, pai de Maria e de João Titino, embora este não tenha sido
registrado por ele. Político hábil, bom orador e muito apegado ao poder.
JOÃO TITINO
MILHEM CORTAZ
A difamação, muitas
vezes acompanhada da calúnia, será das armas mais utilizadas, por ambos os lados,
na guerra que se travará.
Mas apesar do poder de fogo de que dispõe,
o governador se verá em
determinado momento fragilizado e acuado. Quando se
derem conta da gravidade da
situação, os contendores de
ambos os lados reformularão
suas posições.
Secretamente, Papudo oferecerá a João vantagens políticas, apoio a
sua candidatura a prefeito e
recursos para a campanha,
caso ele convença Guido a
fazer uma retirada honrosa,
em troca de um relatório final da CPI brando e inconclusivo.
Guido, com seu faro
político, perceberá o tamanho e a profundidade do
problema. Sabe que está
acuado e solitário, mas decide não se entregar. Ele, que
até então não aceitara qualquer hipótese de convocação
para depor na CPI, comunica
à Assembleia Legislativa sua
intenção de lá comparecer
para prestar os esclarecimentos que a casa julgar por
bem.
De vilão, Guido Flores passa
a ser visto como herói. E João
Titino conseguirá, habilmente, insinuar-se como o legítimo herdeiro do líder abatido
em batalha.
A repercussão é
enorme e deixa não só os envolvidos como a imprensa e
a opinião pública surpresos e
curiosos. Guido Flores então
despe-se da sua autoridade
e senta-se diante dos membros da Comissão de Inquérito. O governador se sai bem
e finaliza com uma fala carregada de emoção, avaliando
criticamente o percurso da
sua vida política.
Coincidentemente,
por força dos acontecimentos, Dora, aquela que foi o
primeiro e longínquo amor
de Guido, será internada no
mesmo hospital, vítima de
enfarte ocorrido durante a
violenta ocupação de um
prédio público de que participava Rico, e em que ela se
meteu no afã de defender o
neto. Neto de ambos, aliás.
Após o depoimento,
Guido se fecha em casa e não
fala com ninguém. Naquela
noite, ocorre um fato que
mudará o rumo dos acontecimentos. O governador
é acometido de um AVC e é
internado em estado grave.
Ouvindo os frios argumentos políticos de Júlia,
João resolve reverter inteiramente seu posicionamento.
Despreza os acordos secretos
que fez com Papudo e passa
a acusá-lo violentamente,
bem como a todos os adversários de Guido, inclusive o
Presidente da República, Ângelo Torril, de armarem uma
conspiração que culminou
com a invalidez de um dos
políticos mais emblemáticos
do país. A tendência da opinião pública vira totalmente.
Numa madrugada,
sem ser vista, Dora se livra
do soro e segue até o quarto onde está Guido, aparentemente inconsciente, mas
na verdade incomunicável.
Dora conversará com o ex-amante, lembrando o passado. Para surpresa dela, ele
revelará que consegue mover as pálpebras e criam um
diálogo em que ele apenas
pode dizer sim ou não. Nesta
precariedade, os dois mantêm uma comovente conversa.
Enquanto este encontro ocorre, João inicia sua
caminhada para ser candidato a presidente da República. E Rico, junto com outros
anarquistas, prepara uma
nova invasão de prédio público para protestar contra os
poderes constituídos.
Deputado Federal, filho natural do governador Guido
Flores e de Dora Titino. Não cultiva sentimentos filiais
em relação ao pai, com quem mantém contato por puro
interesse político, o que aliás, é correspondido. Casouse muito jovem, mas sua mulher morreu no parto de
Frederico, de quem João logo se distanciou, deixando o menino aos cuidados
da avó Dora. A carreira política de João teve início no impeachment de um
ex-presidente nos anos 90. Ele foi um cara pintada e durante o episódio
apaixonou-se pela política. Na primeira eleição que participou, fez oposição ao
pai. A relação de paternidade entre os dois não era conhecida do público, mas
Guido se valeu da situação e num golpe de mestre reconheceu publicamente
o filho que o atacava, angariando votos que necessitava para se eleger
senador. A partir daí, os dois fizeram alianças políticas, cheias de manobras de
bastidores. João é filiado a um partido próximo ao de Guido.
FREDERICO
BERNARDO FALCONE
Conhecido como Rico, é filho de João Titino e Françoise
Borges, morta no parto. Neto do poderoso Guido Flores,
foi criado pela avó, Dora Titino. Formado em psicologia,
sempre se manteve afastado da tradição familiar,
principalmente por influência da avó. Mas ao participar
de uma manifestação de protesto e envolver-se num episódio violento, Rico
muda a maneira de pensar e acaba se juntando a grupos anarquistas radicais.
Namorado de Paula, vai se apaixonar por uma amiga dela, Lucrécia, com
quem, entre manifestações de protesto e ocupações políticas em prédios
públicos, viverá relação intensa e inusitada.
ÂNGELO TORRIL
PAULO GORGULHO
Presidente da República, faz um governo de base
esquerdista e populista, com concessões de toda ordem
para manter a governabilidade. Torril é candidato à
reeleição e Guido Flores, seu principal concorrente, supõe
que esteja por trás dos ataques que sofre, embora não
existam indícios concretos. As relações entre o presidente, o governador e
João Titino são aparentemente amistosas. Nos bastidores, no entanto, se
vêem com desconfiança.
JÚLIA CUNHA
DANIELA GALLI
Mulher de João Titino, Júlia é formada em direito,
ex-líder estudantil e atualmente deputada estadual.
Inteligente e de grande habilidade política, ela adora o
poder, é ambiciosa e o mais forte incentivo que o marido
tem na carreira. Júlia é odiada por Dora, sua sogra.
DORA TITINO
JUSSARA FREIRE
Ex-namorada de Guido Flores no final dos anos 60.
Mãe de João Titino, avó de Rico e amigada de Traçado,
um sambista. Professora aposentada e desenvolveu ódio
pela política desde que o namorado a deixou sozinha com
um filho na barriga. O envolvimento do neto com grupos
anarquistas a levará a uma participação que resultará em graves problemas de
saúde e propiciará um emocionante reencontro final com Guido.
YOLANDA
ESTER GÓES
Mulher de Guido Flores, mãe de Maria. Mulher
fina, culta, mas que se acomodou à posição de “esposa
de político”, cumprindo simplesmente os protocolos,
cuidando das atividades normalmente exercidas por
primeiras damas e aproveitando as benesses que o poder
proporciona. Gosta de receber as amigas, vestir-se bem e viajar. Boa mãe e
boa avó, sem exageros. Quando perceber que o marido começa a ser acuado,
ficará ao lado dele e mostrará garra até então desapercebida.
MARIA
FRANCISCA QUEIROZ
Dona de uma loja de modas, é filha do governador
Guido Flores com Yolanda e casada com o jornalista Carlos
Alberto. Mãe de um garoto de três anos, Maria irá se
envolver em uma relação extraconjugal com o deputado e
sindicalista Geraldo, o que acarretará sérias consequências
políticas para seu pai, além de problemas pessoais dela e do filho.
CARLOS ALBERTO
JUAN ALBA
Jornalista e marido de Maria. Profissional
razoavelmente bem sucedido, Carlos Alberto é editor
político de um jornal tradicional e de um blog bastante
popular. A proximidade com o governador do estado lhe
proporciona muitas facilidades. Embora costume “pular a
cerca” nas relações com a mulher, vai reagir mal quando descobrir que ela
tem um amante. Sua reação será de vingança contra a família da mulher,
especialmente o governador.
PAULA CASTRO
MARIAH ROCHA
Namorada de Rico, jornalista recém-formada e
ativista. Estagiária, vai se revelar uma mulher ambiciosa e
determinada, capaz de correr grandes riscos para se dar
bem na carreira. Vai usar da intimidade com Rico para se
aproximar das altas esferas políticas, João, Guido e outros.
LUCRÉCIA
CARLA DIAZ
Jornalista e amiga de Paula e depois de Rico, com que
irá ter, no final, um encrencado envolvimento amoroso.
Ainda muito jovem, foi abusada sexualmente. A jovem
guarda profunda mágoa do incidente. Tal como Rico,
procura se manter afastada da política, mas acabará se
tornando uma ativista.
04
PLANOALTO
PLANOALTO
QUEM É QUEM
GERALDO REBOLO
JORGE UBIRAJARA
05
QUEM É QUEM
ARLETE
CAMARGO
FLORIANO PEIXOTO
HENRI PAGNOCELLI
LANA RHODES
ALEXANDRE BARILLARI
Líder sindical e deputado federal. Mantém
relações políticas sempre ambíguas com o governador
Guido Flores. Vai se tornar amante de Maria provocando
a traição política com o jornalista Carlos Alberto.
Assessor pessoal de Guido Flores e advogado de
profissão. Resolve as situações particulares e políticas mais
delicadas do governador. É tido como uma pessoa da casa
junto à família de Guido.
Prostituta e gosta de visibilidade. Não faz questão
de guardar as informações sobre a sua presença em uma
orgia organizada pelo deputado Papudo.
Assessor do antigo chefe de gabinete do governo e
apontado como cumplice do esquema de corrupção.
DELEGADO SANTEIRO
CLÁUDIA
ADRIANA
JORNALISTA
JANAÍNA ÁVILA
RAUL GAZOLLA
BABI XAVIER
FERNANDO SAMPAIO
Mulher de Geraldo Rebolo. Cansada das traições
do marido, irá articular um esquema de vingança que
envolverá grandes nomes do cenário político atual.
Se torna o responsável pela investigação de um
atropelamento, mas sua integridade profissional será
questionada quando a jornalista Paula decide apurar os
fatos após ele fechar o inquérito por falta de provas.
Deputada, é a escolhida para ser a relatora da CPI
contra o governador Guido Flores.
Repórter.
LUIS SIQUEIRA (PAPUDO)
ANDRÉ MATTOS
Conhecido como Papudo, o deputado estadual é
líder da oposição ao governador Guido Flores. Falastrão,
populista e demagogo, irá articular a CPI contra Guido,
o que considera o seu grande momento na política. É
ponta de lança de um esquema nacional voltado para
desestabilizar Guido. Sua expectativa é conseguir projeção suficiente para se
lançar candidato ao governo do Estado.
RENATA
RAQUEL NUNES
Mulher do deputado Papudo, ficará indignada ao
saber dos escândalos que envolvem seu marido. Seu
principal objetivo passa a ser a desmoralização de Papudo,
embora manterá um casamento de fachada para manter o
status de mulher de político.
TRAÇADO
GIUSEPPE ORISTÂNIO
Sambista, homem do povo. Companheiro de Dora. Em
crise de criatividade, envolve-se com a política da Escola
de Samba, o que sempre desdenhara e acaba se metendo
em situações complicadas. Conhece Júlia de ambientes
populares há longo tempo e sabe das jogadas obscuras
dela com o irmão Álcio, envolvido com a barra pesada.
ÁLCIO CUNHA
NILL MARCONDES
Dono de revendedora de carros usados na Baixada
Fluminense, tem Júlia como irmã já que foram criados
juntos. Envolvido com a barra pesada, sempre faz o serviço
sujo para a irmã e para João. Inteligente, não deixa rastros
que possam expor a sua imagem.
HERNANI
VICTOR FASANO
Secretário de Segurança do governo do estado.
Homem de confiança de Guido Flores, Hernani fica à frente
do comando das ações policiais durante as manifestações
na cidade, além de ser o calcanhar de Aquiles do delegado
Santeiro.
INVESTIGADORA TONINHA
SOARES
JORNALISTA
BIA MONTEZ
MATHEUS ROCHA
ROBERTHA PORTELLA
Braço direito de Santeiro. Irá ajudar o delegado nas
investigações que podem incriminar o deputado Papudo.
Repórter.
SORAIA RIBAS
Integrante da CPI instaurada contra Guido Flores.
JOSIMAR
FRANCO
FLÁVIA MONTEIRO
BRUNO PADILHA
CAMILO BEVILACQUA
Enfermeira e presidente do sindicato dos
trabalhadores da área da saúde. Inteligente, é a principal
aliada de Geraldo, de quem é amante.
Presidente da CPI e amigo pessoal do deputado
Papudo. A amizade entre os políticos, no entanto, será
colocada a prova após os escândalos que envolverão o
nome de Papudo.
Detetive contratado por Adriana para investigar as
puladas de cerca de Geraldo.
ALFREDO
FREDERICO LEÃO
CASEMIRO
ANDRÉ RAMIRO
BEMVINDO SEQUEIRA
JANDIR FERRARI
Enfermeiro e membro do sindicato, será o principal
questionador de Geraldo perante as posições do deputado
junto à categoria.
Presidente da ONG contratada irregularmente
pelo governo do estado.
Amigo de Papudo, irá fornecer importantes
informações para Paula após ser pressionado pela
jornalista.
MELISSA
CAMILA RODRIGUES
Chefe de Gabinete de Guido Flores. Mulher fina,
de boa família e protegida de Yolanda. Vai seduzir João por
sugestão de Yolanda, com o objetivo de ajudar Guido e
terá de enfrentar a fúria de Júlia.
RAMOS
PAULO HAMILTON
Amigo e braço direito de Álcio, é cúmplice na
participação para arrecadar provas que podem incriminar
o deputado Papudo.
ALDOMAR
SANDRO ROCHA
Dono de botequim, é o fornecedor das provas que
colocam a idoneidade do deputado Papudo em jogo.
FICHA TÉCNICA - Gerência de Produção Executiva Alan Oliveira | Assistentes de Direção Rachel Crivella, Ricardo Araripe, Diana Cardoso, Bruno Esposti | Produção Executiva Katya Almeida | Equipe de
Produção Mauricio Quaresma, Renato Cardoso, Gabriella Ferreira, Vanessa Siqueira, Fabíola Araújo, Thiago Gadelha, Denis Castro, Gabriela Pinho, Aparecida Baltazar, Allyne Pinheiro, Maira Machione
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Camargo, Kássia Menezes | Direção de Elenco Fernando Rancoleta | Coordenação de Produção de Elenco Eduardo Pradella | Preparador de Elenco/ Coach Suzana Abranches | Chamadas Luciana
Pieroni | Gerente de Produção do Figurino Ana Neibi | Equipe de Figurino Joana Barbara Borges, Débora Vogel, Rebeca Pinto, Bernard Mendes, Leonardo Rebecchi, Mariana Ramogida, Juliane Marques,
Mariana Faria | Gerente de Produção de Arte/Cenografia Marcos Pimentel | Direção de Arte Carlos Henrique Rangel | Equipe de Arte Diogo Oliveira, Hugo Oliveira, Patricia Florencio, Gisele Lannes,
Gustavo Henrique Galati, Bárbara Reyes Sniesko, Luciane Magalhães, Marina Pavenelli | Líder de Contrarregra Sirnei Martins, Oseas Souza, Rildo Lima, Ademir Fontes | Contrarregras Davi Araujo,
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Cenográficas Anderson da Costa Leal | Engenheira Orçamentista de Cenário Rosane Maria Correia | Cenotécnico Arilson Lugon Moreira, Carlos Alberto Santos | Supervisor de Caracterização Vavá
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06
PLANOALTO
PLANOALTO
ENTREVISTA COM
MARCILIO MOARES
Em momentos de eleição, você acredita que a série Plano Alto pode influenciar de alguma
forma o voto do telespectador?
Marcilio Moraes > Não é o objetivo doutrinar o telespectador, mas incentivá-lo a fazer uma
reflexão sobre a política num plano mais alto, como ela se desenvolve e quais são os fatores
que estão em jogo. Seus personagens não são vistos como bons ou maus, mas como homens
e mulheres que participam da política.
Prestes a eleger novos líderes no Brasil, falar de política é sem dúvida um tema muito
delicado. Você acredita que algum político do cenário real pode se sentir incomodado com
a sua história?
Marcilio Moraes > É um desafio grande, mas acho que eu resolvi bem essa questão. Acredito
que eu consegui fazer do jeito de como é a realidade, de como a política brasileira acontece sem
incomodar ninguém. Todos os lados que estão na luta política podem assistir sem se sentirem
atacados ou acusados.
Já vimos temas políticos em novelas brasileiras, mas sempre em um tom mais jocoso, de
sátira. Na sua opinião, os autores e as emissoras fogem da verissimilhança quando o assunto
é política na ficção? Por quê?
Marcilio Moraes > De fato, não existem obras marcantes retratando políticos na TV brasileira.
Em parte, isso se deve a muitos anos de censura, no regime ditatorial, o que inibia os autores.
Também a vulnerabilidade das redes de TV ao poder do Estado, de que são apenas concessões,
contribuiu muito para que as produções não se aventurassem nesse campo. Sempre foi mais
fácil abordar o assunto em tom jocoso, satírico. Hoje, com a democracia consolidada, com o
surgimento de concorrência na TV aberta, creio que o quadro pode mudar. A série que acabo
de escrever, “Plano Alto”, é um indicativo.
Estamos em um momento em que a sociedade brasileira está discutindo mais política por
causa das redes sociais. A série vai tratar disto também? De que forma?
Marcilio Moraes > As tramas de Plano Alto se desenvolvem no mundo político e também no
ambiente da mídia, tanto a tradicional como as chamadas redes sociais. Ambas interferem
na política e são pelos políticos utilizadas. Mostro esse jogo, nem sempre muito transparente,
entre os dois universos.
Como é o desafio de atrair a atenção do espectador com um tema denso como política?
Marcilio Moraes > O espectador, tradicionalmente, desenvolveu uma certa antipatia pela
política e pelos políticos. Mas no momento atual, a política está presente de tal forma que
todo mundo se envolve com ela, de uma forma ou outra. A discussão política passou a fazer
parte do cotidiano brasileiro como há muito não se via. Creio que este momento favorável
vai contribuir muito para o sucesso da série. No que diz respeito à história que conto, utilizei
os recursos tradicionais da dramaturgia. Criei tramas e personagens humanos, com que o
espectador possa se identificar. Meus personagens não são caricaturas, são pessoas de carne
e osso com o diferencial que se dedicam à política. Não julgo meus personagens. Se alguém o
fizer, serão os espectadores.
Você assiste a seriados como House of Cards, Scandal, Veep? O que acha deles?
Marcilio Moraes > Não sou viciado em seriados como muita gente atualmente. De vez em
quando, vejo um ou outro. Dos que você citou, assisti House of Cards, que achei bem interessante
e que de certa forma influenciou o meu Plano Alto.
Que personagens da política brasileira são, na sua opinião, dignos de filmes de ficção? E por
quê?
Marcilio Moraes > Em princípio, qualquer ser humano é digno de um filme. Tudo depende
da forma como é tratado. A política brasileira está cheia de figuras que, pelo bem ou pelo
mal, são dignas de um filme. O que acontece no cinema, na TV e na ficção brasileira de um
modo geral, é que as obras em sua maioria têm um tom “chapa branca”, convencional, bem
comportado, que foge dos aspectos polêmicos das figuras que retrata. As obras não trazem em
si o embrião do debate, pelo contrário, sempre procuram não melindrar ninguém, procuram
agradar a todos. Aí fica o que o escritor Oswald de Andrade chamava de “geleia geral” da
cultura brasileira. Plano Alto procura um outro caminho.
07
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