OPINIÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO MUNICÍPIO DE PAULÍNIA Vera Lúcia Sanchez Cezaretto, Nancy Torres de Campos Bicudo e Rosemari Gallani Avansini Rua Severino Vilar Filho, 74 - Parque São Domingos - CEP 05127-110 Telefone: 3901.3698 - E-mail [email protected] PALAVRAS CHAVES Pesquisa em Paulínia, Meio Ambiente, Opinião do Morador de Paulínia. OPINIÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO MUNICÍPIO DE PAULÍNIA INTRODUÇÃO O Município de Paulínia localiza-se a Nordeste do Estado de São Paulo, a 118 Km da Capital, com área total de 154 Km² e faz divisa com os municípios de Cosmópolis, Campinas, Jaguariuna e Nova Odessa. A população do município está estimada em 40.000 habitantes, com equilíbrio entre o sexo masculino e feminino, sendo que cerca de 87% dessa população vive em área urbana. O Município de Paulínia pertence a XI Região de Governo do Estado de São Paulo, com área total de 10.303 Km². Esta região de governo tem sede em Campinas e é desenvolvida tanto na agricultura como na pecuária, contribuindo com cerca de 20% e 30%, respectivamente, na produção estadual. É, também, a terceira maior área industrial do país, responsável pela geração de 9% do PIB nacional e 18% do estadual. Região bastante favorecida com relação aos transportes de carga, possui entroncamento ferroviário que interliga todo o país, inclusive a Argentina e a Bolívia. Com relação ao transporte aéreo o Aeroporto Internacional de Viracopos está localizado em suas proximidades; e o acesso rodoviário é facilitado pelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes e D.Pedro I. A reunião de fatores geográficos, climáticos e de acesso, levaram Paulínia a tornar-se o desenvolvido polo petroquímico que é hoje, com grande número de empresas de grande porte, entre elas a Bann Química, a Replan, a DuPont, a Rhodia, a Shell Química, a Hércules, a J.Bresller, a Galvani, etc. Em decorrência desse conglomerado de empresas no município, surgiram os problemas ambientais. A CETESB preocupada com a qualidade do meio ambiente do Estado de São Paulo e, neste caso, especificamente, com o Município de Paulínia, inaugurou em março de 1.988, um escritório no local, onde estratégias de prevenção e controle da poluição passaram a ser elaboradas e aplicadas. Dentro desse espírito, em 1.989, foi realizada a primeira pesquisa em Paulínia que denominouse “Pesquisa de Opinião” e que possibilitou um diagnóstico da situação ambiental, através da percepção dos moradores. Hoje, passados 5 anos tornou-se desejável a aplicação de nova pesquisa, com a finalidade de acompanhar a evolução da qualidade ambiental, após adoção de ações de controle desenvolvidas pela CETESB na região, e compará-las com as percepção dos moradores de Paulínia. OBJETIVOS Global: Traçar um perfil das condições ambientais do Município de Paulínia, através das atitudes, hábitos, percepções, esperanças, intenções e opiniões dos seus moradores. Comparar esse perfil como dados obtidos através das ações de controle realizadas pelo Escritório da CETESB em Paulínia. Específicos: Avaliar o grau de significância dos problemas ambientais; levantar as principais fontes de emissão de poluição ambiental; avaliar freqüência, intensidade e característica dos poluentes; identificar atitudes sobre aspectos ligados a poluição ambiental, controle, meios de comunicação e ação governamental; correlacionar os dados da pesquisa ambiental, de caráter subjetivo, com as medidas objetivas adotadas pelo Escritório da CETESB em Paulínia; comparar os dados nesta pesquisa, com aqueles obtidos na pesquisa anterior, realizada em 1.989. METODOLOGIA Amostragem: A amostra para esta pesquisa foi definida a partir daquela realizada anteriormente, já que um dos objetivos era fazer uma comparação entre as duas pesquisas. Para a primeira pesquisa utilizou-se como referência amostral o mapa da cidade de Paulínia, dividido em quadrados, que para efeito metodológico foram chamados de “Unidade de Área”. O total de ruas constante no mapa foi de 464 e para a escolha da amostra, optou-se pela amostragem aleatória simples, sorteando-se um número de ruas proporcionais a cada total existente na unidade que compõe o universo, o que resultou em 136 ruas sorteadas, cerca de 29% do total. O tamanho da amostra anterior foi de 272 entrevista, sendo duas residências por rua, levando em consideração um p = q = 50% (onde p representa a porcentagem de itens da amostra que possuem determinada característica e q é a porcentagem de itens que não possuem a característica), para um nível de confiança de 95% e um limite de erro de 6%. Convém lembrar que segundo Gahoda et al,”... Nenhum método conhecido pelo homem pode eliminar inteiramente a incerteza. Porém, o método científico, mais do que qualquer outro processo, pode diminuir os elementos de incerteza que resultam de falta de informação. Assim fazendo, reduz o perigo de uma escolha errada entre várias alternativas”. Instrução de Amostragem: Na pesquisa anterior em cada rua amostrada sorteou-se duas residências, sendo uma do lado par e outra do impar. A casa sorteada foi a quinta, contada sempre a partir da menor numeração da rua. Em caso da ausência foi amostrada a residência imediata. Nas ruas com menos de cinco moradias, a casa amostrada foi a de maior numeração e em caso de ausência desta amostrou-se a casa anterior. Os estabelecimentos comerciais e industriais foram excluídos não só da amostra como Também da contagem de intervalo entre as residências amostradas. No entanto, estes estabelecimentos fizeram parte da amostra quando existia residência conjugada. Todos os casos que fugiram à regra estabelecida, foram examinados em separado. Já na pesquisa atual foi sorteada apenas uma residência por rua. No sorteio foi definido que a entrevista seria no lado par e quando não encontrado residência e/ou morador a entrevista foi feita no lado impar. Em determinadas ruas não foi possível realizar a entrevista, sobrando um certo número de pesquisas a serem efetuadas. Como havia alguns bairros novos na cidade, que não fizeram parte da amostra anterior, foi feita novo sorteio envolvendo esses bairros. Devido a utilização de apenas uma residência em cada rua a amostra diminuiu de tamanho, praticamente para a metade, o que poderia influenciar a precisão e a confiabilidade dos resultados. Porém, levando-se em conta que o dimensionamento da amostra do trabalho anterior foi baseado na condição mais desfavorável (p = q = 50%), que conduz a um tamanho exagerado da amostra e que sempre que o pesquisador se afaste de 50% de probabilidade de ocorrência, a confiabilidade prevista aumenta, pode-se avaliar a falta de precisão e confiabilidade no presente estudo, da seguinte forma: sempre que o resultado referente a uma dada característica da população levou a valores abaixo de 15% ou acima de 85%, tanto a confiabilidade como a precisão estarão dentro dos obtidos no trabalho de confiança cai para 90% com margem de erro de 7%. Tanto para o primeiro grupo de resultados como para o segundo, ainda há certa margem de segurança sempre que esses limites não sejam atingidos. Formulário: O formulário, também, foi basicamente o mesmo utilizado anteriormente, salvo pequenas alterações em algumas questões e inclusão de outras. As questões fechadas da pesquisa anterior foram em número de 9 e na atual foram 11. Na nova pesquisa o morador respondeu questões como: se havia participado da pesquisa anterior, informou sobre dados que envolviam a classificação social, o local de moradia, quais os problemas urbanos enfrentados, quais as fontes de poluição e seus poluentes. Além da aplicação da Escala de Likert, como facilitador na ordenação dos indivíduos, segundo suas atitudes com relação a imagem das indústrias, conceitos de poluição, controle, participação da comunidade, meios de comunicação e ação governamental;. As demais questões foram abertas e referiam-se a opinião dos moradores com relação aos problemas ambientais. RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS A Pesquisa de Opinião Ambiental propiciou um Diagnóstico Ambiental em Paulínia, segundo a percepção, o comportamento e as opiniões dos seus moradores, levando em consideração os resultados obtidos através das ações de controle adotadas pelo Escritório da CETESB no Município, no período de 1.989 e 1.994. Possibilitou, ainda uma comparação com a pesquisa realizada em 1.989. Nesta pesquisa foram entrevistados 127 e apenas 7 deles fizeram parte da amostra anterior. Tal fato não tira a precisão na comparação entre as duas pesquisas, já que foi adotada, intencionalmente, a mesma metodologia de amostragem. Sexo e Idade Pode-se notar que entre os entrevistados que compuseram a amostra desta pesquisa, houve predominância de moradores pertencentes ao sexo feminino. Isto deve ter ocorrido porque as entrevistas foram realizadas em dias de semana e durante o dia, quando é mais comum a mulher estar em casa. Metade da amostra tinha idades que variaram entre 35 e 54 anos e outra boa parcela estava entre as faixas etárias de 30 a 34 anos e de 55 a 64 anos (30%). Escolaridade e Classificação Social dos Indivíduos Em termos de grau de escolaridade dos entrevistados, notou-se que a grande maioria estava entre os que não tinham nenhum estudo até os que possuíam ginásio incompleto. Observa-se no item de classificação social, que a maior parte da amostra estava nas classes C e D. Provavelmente, este resultado esteja relacionado com o item escolaridade que tem peso significativo na classificação social. Tempo de Residência No tempo de residência nota-se que 52% moram em Paulínia entre 01 a 10 anos e 39% moram há mais de 11 anos. Portanto, a grande maioria são pessoas que residem a longo período no local. Grau de Satisfação em Morar e Motivos A maior parte dos entrevistados têm grande satisfação em morar no local e outra parcela significativa tem, também, satisfação ainda que moderada. Comparando-se os dados obtidos acima com os anteriores (pesquisa de 1.989), verifica-se que houve aumento de cerca de 20% no total de moradores com grande satisfação em morar em Paulínia, passando da faixa de 50% para 70%. Vários foram os motivos apresentados para os moradores terem satisfação no entanto os mais citados, por ordem de prioridade, foram ter: sossego, tudo/facilidade de serviços públicos, boa vizinhança, segurança, etc... Portanto, citações semelhantes àquelas encontradas na pesquisa anterior. Convém salientar que houve 3 citações espontâneas sobre satisfação em morar devido a ausência de poluição e que esses moradores são residentes em bairros distintos e distantes entre si. Apesar de ter casos de insatisfação, que representam um número bastante reduzidos (5%), o que salta aos olhos é que a tranqüilidade do local tem influencia preponderante no sentir dos indivíduos. Os motivos apresentados para terem insatisfação foram exatamente os mesmos citado pelos satisfeitos, ou seja, não ter: sossego, tudo/facilidade de serviços públicos, boa vizinhança, segurança e acrescidos da poluição ambiental e do saneamento, sendo este último item a principal causa de insatisfação. Problemas do Cotidiano e o Saneamento Básico Com relação a preocupação dos moradores de Paulínia sobre os problemas do cotidiano, verifica-se que a poluição do ar é a maior preocupação, que entre moderada e grande representam 20%; depois vem o desemprego (15%), a poluição das águas (13%) e a segurança (13%), a preocupação com vetores (10%); em menor escala a ausência de áreas verdes (7%); e a poluição sonora (5%). Os itens sobre água potável (5%), deficiência da rede de esgotos (4%), coleta e reciclagem de lixo e a poluiçã9o do solo (3%) tiveram número pequeno de citações no entanto, devem ser olhados com atenção, pois envolvem a saúde pública. Em função disso, fez-se uma triagem sobre o assunto junto à Prefeitura e verificou-se que desde 1.993 o lixão da cidade tornou-se um aterro sanitário controlado, em decorrência das alterações que sofreu, tais como: utilização de máquina para comparação/cobertura de lixo e máquina para triturar podas de árvores; implantação de incinerador de resíduos hospitalares/serviços públicos (inclusive para terceiros), usina de seleção de lixo e coleta seletiva, sendo este último item, ainda incipiente, atendendo apenas 3% do município. O esgoto da cidade não recebe nenhum tratamento antes de ser jogado no Rio Atibaia, no entanto, a água potável aferecida à população é de boa qualidade, visto que o município é abastecido pela SABESP, através de captação superficial no Rio Jaguari. É importante salientar que a maioria das indústrias de Paulínia, margeiam o Rio Atibaia e outras o Ribeirão Anhumas. Portanto, o Rio Abitada recebe, também, despejos industriais, após tratamento prévio, além de receber as águas do Ribeirão Anhumas que por sua vez recebe 40% dos esgotos sem tratamento coletados no Município de Campinas. Convém mencionar que o Município de Paulínia está localizado na Bacia do Rio Piracicaba e fazem parte dela os rios Atibaia, Jaguari, Corumbataí e Piracicaba. O Ribeirão Anhumas é afluente do Rio Atibaia que tem 2 pontos de monitoramento realizado pela CETESB. Tanto o Rio Jaguari como o Rio Atibaia são considerados Classe II. Em comparação com a pesquisa anterior, os dados sobre problemas do cotidiano, mostram a grande preocupação com a poluição do ar que aumentou de 45% para 56% e que também aumentou de forma significativa a preocupação com os itens desemprego, poluição das águas, segurança e ausência de áreas verdes. Já nos itens de coleta de lixo, ausência de rede de esgotos e presença de insetos, ratos, a preocupação foi menor. A poluição do Ar Os dados de tempo de residência foram cruzados com os de preocupação com a poluição do ar e como resultado, notou-se que no primeiro ano de permanência no local, metade dos entrevistados têm preocupação com a qualidade do ar e a partir desse período este número aumentou e se manteve numa média de 70%. Trabalhou-se com os dados daqueles moradores satisfeitos em morar e que tinham grande preocupação com a qualidade do ar e notou-se que apesar de 120 estarem satisfeitos, mais da metade deles sentem preocupação com a poluição do ar (entre satisfação moderada e grande soma-se 66%). Cruzando, ainda os mesmos dados de ar com os que acham o lugar tranqüilo, verifica-se que os moradores mesmo achando o lugar tranqüilo, não excluem a preocupação com a qualidade do ar. No entanto, fica visível que a poluição do ar em rigor não abala a satisfação em morar. Todos os entrevistados, distribuídos entre as várias classes sociais, preocupam-se com a poluição do ar. Com total de citações em ordem decrescente: Classe B - 83%; Classe A 67%; Classe C - 66%, Classe D - 65% e Classe E - 50%. Verifica-se a existência de preocupação dos moradores, com a qualidade do ar em todas as faixas etárias. Nas classes de 18 a 24 anos e de mais de 65 anos os preocupados estão em torno de 40%. Nas demais classes o percentual de preocupados foi maior, tendo a seguinte distribuição: 87% na faixa de 45 a 54 anos; 78% de 25 a 29 anos; 67% de 35 a 44 anos; 63% de 30 a 34 anos e 59% de 55 a 64 anos. Dos 7 moradores que estão insatisfeitos em morar em Paulínia, 6 deles têm grande preocupação com a qualidade do ar. Em comparação com a pesquisa anterior, houve um acréscimo de 24%, quanto a grande preocupação com a poluição do ar. É importante ilustrar que o fato de morar em Paulínia, acompanhado de várias indústrias de grande porte, já é fator de constante preocupação dos moradores quanto a poluição ambiental, apesar das indústrias estarem localizadas no lado oposto da zona urbana do município, conforme se verifica no Mapa do Rio Atibaia e Ribeirão Anhumas - Trecho Paulínia. Este fato, no entanto, não interfere no sentir dos indivíduos quando citam a grande satisfação em morar em Paulínia. Os Incômodos Percebidos A maioria dos 127 entrevistados citaram os poluentes: odor, fumaça e poeira, como provenientes de significativa por 40% e 35%, respectivamente. Já o odor é percebido por 2/3 dos entrevistados e, apesar de ser considerado muito significativo, seus episódios são eventuais, da mesma forma que a fuligem e a poeira. Com relação ao período do dia em que são percebidos os poluentes, nota-se que a fuligem, a fumaça e a poeira, ocorrem em horário variados, no entanto, o odor percebem que o tempo nublado chuvoso favorece à sua percepção e um pequeno número de moradores acredita que haja influência da direção dos ventos e quando o céu está claro. Observa-se que as citações quanto a percepções dos poluentes odor, fumaça e fuligem, no que diz respeito a freqüência, período e condições climáticas, foram concentradas na categoria “eventualmente e independe”, o que não ocorreu com a pesquisa anterior, onde os números foram apresentados de forma mais equitativa. O odor foi caracterizado de 21 formas diferentes e as mais citadas foram: gás, esgoto/podre, produto químico, enxofre/repolho e fossa/fezes. Os poluentes decorrentes de canaviais foram os que tiveram maior número de citações (64). As indústrias mencionadas como geradores de poluição do ar foram 13, sendo as mais citadas Petrobrás e Rhodia, segundo 52 e 30 moradores, respectivamente. Depois aparecem a Shell Química, a J.Bresller, as duas Galvanis (Pedreira e Fertilizantes), a Bann Química, Zenaca e DuPont. O poluente odor foi citado por moradores dos 27 bairros envolvidos na pesquisa. Fica claro que a percepção de poluentes ocorreu em todos os bairros, mas alguns deles aparecem mais. No entanto, é necessário analisar-se que em determinados bairros foram feitas mais pesquisas, não só por serem maiores como, também, porque a escolha da amostra foi feita através de sorteio. Comparou-se, então o número de pesquisas com o número de citações e verificou-se que os bairros com maior número de citações foram: Vila Nunes, Jardim América, Jardim Calegari, Jardim Planalto, Nova Paulínia, Sta. Cecília e Monte Alegre. Os demais bairros participantes da amostra foram: P.Represa, Nova Veneza, P.Figueira, N.Aparecida, J.P.Nogueira, J.Fontaire, Presidente Medici, Bressani, J.Itapuã, Morumbi, Sta. Terezinha, J.Primavera, J.Flamboyant, Vista Alegre, Bela Vista, J.Aranha, S.Domingos, S.Luiz, Patropi e A .Pinheiros. Convém salientar que 26 moradores, apesar de sentirem a poluição do ar, não conseguiram identificar qual a fonte geradora e outros 24 citaram que “nada incomoda”. Comparando-se esses dados com os obtidos na pesquisa anterior, verifica-se que poucas foram as diferenças na percepção dos moradores, exceção feita às citações de canavial, que tiveram elevado número de citações na atual pesquisa. Este fato, talvez, decorrente da época em que foram aplicados os questionários, desta vez quando vivenciava-se o final da safra de cana-de-açúcar e na anterior quando da entre-safra. Recuperou-se, ainda, os dados de registar de reclamações espontâneas, feitas nos anos de1.990 a 1994, no Escritório da CETESB em Paulínia, por moradores incomodados por poluentes provenientes de fontes industriais. Verificou-se que total de reclamações aumentou ano a ano no que tange a poluição do ar, principal problema ambiental do município, segundo os reclamantes. Já os demais poluentes, com um número bem menor de queixas espontâneas, também, tiveram acréscimo no seu total até 1.993, depois houve ligeira queda, exceção feita a resíduos sólidos que oscilou durante todo o período. Presume-se que a presença de um Escritório da CETESB em Paulínia, deve ter colaborado para facilitar o acesso do morador à instituição. Algumas pessoas, inclusive, mencionam que a CETESB é o único órgão que dá atenção aos reclamos da população, dando retorno sobre as medidas adotadas. Este fato sem dúvida gera resultados, pois a pessoa que se considera atendida, acaba sendo um elemento multiplicador de informação sobre as atividades desenvolvidas pela CETESB, surgindo, assim, novos reclamantes, que antes não sabiam a quem dirigir suas queixas. Foi feito, também, um apanhado das multas aplicadas nos anos de 1.986 a 1.989 e obteve-se:6 multas em 1.986,8 em 1.987 e 1.988 e um total de 10 em 1.989. A partir de 1.990 os dados de multas estão separados por poluente, conforme segue: Em 1.990 registrou-se 61 multas de ar, 11 de água, 8 de ruído, 7 de resíduo sólido e 1 de carga perigosa; já em 1.991 foram 73 multas de ar, 11 de água, 14 de ruídos e 12 de resíduo sólido; no ano de 1.992 ocorreram 80 multas de ar, 15 de água, 21 de ruído e 9 de resíduo sólido; em 1.993 foram 86 de ar, 29 de água, 26 de ruído, 5 de resíduo sólido e 8 de carga perigosa; já em 1.994 houve 99 multas de ar, 23 de água, 22 de ruído, 10 de resíduo sólido e 5 de carga perigosa. Devido a diferença na forma de manter os dados arquivados, é difícil estabelecer comparações, pode-se apenas notar que o número de multas têm aumentado ano a ano, com mais intensidade a partir de 1.991, tendo uma situação de pico ocorrida em 1.992. O caso é que algumas indústrias fizeram ampliações no decorrer dos últimos anos, no entanto, neste caso, também, é difícil estabelecer paralelos. Talvez a dedução mais lógica seja, novamente, que a presença da CETESB nas proximidades, tenha não só facilitado a reclamação por parte dos moradores, mas, ainda, a chegada rápida dos técnicos no local da ocorrência. A Coleta de Lixo É bem clara a despreocupação dos moradores de Paulínia, quanto a coleta de lixo, fato já citado anteriormente, mesmo quando esse dado foi cruzado com tempo de residência. Os números obtidos na pesquisa anterior, quando esse despreocupados com a coleta de lixo e satisfeitos em morar, apontam um total Alto, onde a grande maioria demonstra nenhuma (83%) e pouca (5%) preocupação com esta variável, na pesquisa atual esse índice fica até mais elevado, passando para 93% as citações de nenhuma e 3% com pouca preocupação. Entre os 7 insatisfeitos em morar em Paulínia, 3 deles tem grande preocupação com a coleta de lixo e outros 4 não tem nenhuma. Presumindo-se, em função disso, que o Município de Paulínia é bem atendido em termos de coleta de lixo. Com relaçào aos motivos de preocupação relacionados à coleta de lixo, nota-se que são poucos os preocupados (15) e que o item principal é ausência de freqüência na coleta, condições do aterro sanitário, depois surge a coleta inadequada o que provoca aparecimento de insetos, ratos e emissões de odor. Melhor Qualidade de Vida Quando questionados sobre o que faltava em Paulínia para que houvesse melhoria na qualidade de vida da população, os moradores consideraram como o mais urgente, por ordem de prioridade, o seguinte: maior número de empregos (20%), melhores condições educacionais (15%), solução dos problemas habitacionais e ter maiores opções culturais(13%). Em bem menor escala foi citado como necessário melhorar: o sistema de saúde, o saneamento básico, as condições ambientais, o comércio local, a segurança, o transporte coletivo e a política do município. Vale lembrar que 6% dos entrevistados cons8idetaram que Paulínia já apresenta boa qualidade de vida, não necessitando de mais nada. O resultado mostra com clareza que a grande carência dos moradores é um maior número de empregos. Provavelmente esta seja uma carência a nível nacional e não específica de Paulínia. Nota-se, ainda, que a questão da segurança, foi um item pouco mencionado de forma espontânea, diferente de quando questionada nos problemas do cotidiano, que foi tida como fonte de preocupação. O mesmo ocorreu com a questão ambiental que quase não foi muito citada de forma espontânea, apenas 6% correlacionaram qualidade ambiental com qualidade de vida. Talvez isto tenha ocorrido por5 este assunto ter sido amplamente discutido em itens anteriores. O questionamento sobre o que faltava em Paulínia para a melhoria da qualidade de vida da população não foi feita na pesquisa realizada em 1.989, portanto, não foi possível se estabelecer comparações. Perfil de Atitudes Os 127 entrevistados foram perfilados em função de suas atitudes, opiniões e esperanças, através da Escala de Likert, frente às questões afirmativas relacionadas à presenças das indústrias do Município de Paulínia e outras opinativas que forma envolviam o meio ambiente. A Escala de Likert tem por objetivo dar aos indivíduos posições aritmética que permitam a distinção de grau, isto é, a ordem de posições das pessoas com relação à característica que se mede. É uma escala que possibilita a obtenção de dados de forma sutil e boa depuração de resultados. A escala vai de um extremo a outro da qualidade discutidas, neste caso: concorda, concorda mais ou menos, não concorda e não sabe. Os resultados obtidos foram analisados de formas e visões distintas, uma delas sendo aquela que envolve a imagem das indústrias da região e outra os dados opinativos, ambas vistas segundo visão positiva e negativa. Vendo-se em primeiro lugar a imagem que os moradores têm das empresas, dentro de uma visão positiva nota-se, que são as indústrias as grandes geradoras de empregos em Paulínia e que tornam a cidade mais próspera. Nessa mesma linha, verifica-se que os entrevistados não querem a transferência das indústrias do local, concordam que haja necessidade de participar da comunidade para melhor solução dos problemas ambientais. Já na afirmativa “a CETESB possui programa de controle de poluição para a região”, a maioria respondeu que “não sabe”. Quanto ao aspecto negativo nota-se que os moradores acreditam que as empresas locais são as responsáveis pela poluição ambiental no município, que elas não estão controlando suas fontes poluídoras. Quanto à estarem ou não dispostas a discutir seus problemas ambientais com a comunidade, foi grande o número de pessoas que citaram desconhecer o assunto. Com relação às questões de caráter opinativo verifica-se, dentro de uma visão negativa, que os moradores sentem que a poluição provoca a desvalorização do imóvel e que interfere no bem estar da pessoa. No limiar entre positivo e negativo, verifica-se que menos da metade acredita que a Prefeitura está preocupada com a questão ambiental, o mesmo ocorrendo com a afirmativa “que as informações sobre meio ambiental são sensacionalistas”, no entanto, vale considerar que nestes itens boa parte citou que “não sabe”. Com relação à poluição ambiental ser ou não um problema grave, os entrevistados ficaram divididos entre sim e não. Algumas afirmativas apresentadas na pesquisa anterior não fizeram parte da pesquisa atual, no entanto, preservou-se aquelas questões através das quais se obteria a imagem que os moradores tinham das indústrias locais e o nível de conhecimento relativos ao meio ambiente. Pode-se, portanto, estabelecer comparações entre uma e outra pesquisa. Na maioria das questões o resultado atual foi bastante próximo daquele obtido em 1.989. Em apenas três afirmativas o resultado foi diferente, no entanto de caráter positivo, visto que, foi bem menor o número daqueles que acreditam que para melhorar a qualidade ambiental é necessário a transferência das indústrias do município e que as informações sobre meio ambiente são sensacionalistas. Mas, principalmente, um total bem maior dos que acham que a poluição ambiental na região não chega a ser um problema grave. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se pelos resultados obtidos nesta pesquisa que Paulínia apresenta a procura de emprego como sendo o tema precípuo e com destaques a carência nos aspectos educacionais, habitacionais e culturais influindo na qualidade de vida da região, os demais itens sobre qualidade de vida e problemas do cotidiano sem grande conseqüência negativa no dia-adia. Nota-se, portanto, discreto equilíbrio entre as necessidades da comunidade e a disponibilidade de recursos do meio físico, gerando assim satisfação em morar. Alguns fatores abordados são de responsabilidade da CETESB e podem ser alterados trazendo melhores condições de vidas: • • • • • controlar a qualidade das águas do Rio Atibaia e do Ribeirão Anhumas, tanto nos efluentes industiais como enviando esforços no sentido de incentivar a Prefeitura Municipal de Campinas e de Paulínia a tratar os esgotos domésticos lançados e, conseqüente melhoria da poluição visual e recuperação da piscosidade; incentivar a Prefeitura do Município de Paulínia a manter o controle do Aterro Sanitário; controle da poluição do ar, dando continuidade ao programa existente, através de ações efetivas e diretas da engenharia nas indústrias onde registrou-se maior número de citações de odor, juntamente com a área comunitária, através de novos trabalhos de pesquisas sociais; elaboração de programa de educação ambiental e divulgação das ações da CETESB para moradores, para suprir falta de informação encontrada na comunidade; elaboração de programa de educação ambiental para industriais, contendo informações do resultado desta pesquisa sobre a imagem das empresas locais e formas para reverter o processo. No que diz respeito a competência da Prefeitura Municipal de Paulínia, destaca-se as atividades da usina de seleção de lixo e coleta seletiva, sugerindo-se a ampliação e a abrangência de novos bairros, visto que os resultados já obtidos têm sido percebidos pela comunidade local. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ASTI VERA,A . Metodologia de Pesquisa Científica. Porto Alegre, Globo, 1.983 BOYD WESTSALL - Pesquisa Metodológica. Getúlio Vargas. CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo 1.994, Julho/95. HISTÓRICO DE PAULÍNIA. Prefeitura Municipal de Paulínia, Janeiro/1.994. LAKATOS. E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, Atlas, 1.985. MENDENHALL OTT SCHEAFFER. Elementary Survey Sampling. Wadsworth Publishing Company, Inc, Belmont, Califórnia, 1971. NOGUEIRA ORACY. Pesquisa Social - Introdução à suas Técnicas. Companhia Editora Nacional, 1975. PESQUISA DE OPINIÃO AMBIENTAL, Município de Paulínia, CETESB, 1.989. SCHNEIDERMAN B. 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