Inventário dos espaços de sociabilidade cinematográfica da cidade de São Paulo (1895-1929) José Inácio de Melo Souza Parceria AHMWL /DPH/ SMC/ PMSP e Cinemateca Brasileira Programa de Pós-Doutorado – Bolsista do CNPq-Brasil http://www.arquivohistorico.sp.gov.br http://www.cinemateca.org.br Código: Denominação padrão: 00228 HALLEY Vicente de Paula Araújo publicou que o Pavilhão Halley estava na avenida Ipiranga (provavelmente ele está se referindo à estrada do Ipiranga no Cambuci) em 27/10/1910, sendo propriedade de Rodrigo Sayago e Cia. Em junho de 1911 vamos encontrá-lo no largo do Cambuci, transferindo-se para rua da Consolação, 371, esquina com Fernando de Albuquerque, tradicional espaço para circos no bairro, instalando-se em terreno talvez de propriedade de Antonio Álvares Leite Penteado. Ele pertencia à empresa circense Rodrigo S. Soares e Cia. (Circo Soares). Tinha sido vendido no leilão promovido por Albino de Morais em 20/9/1911, contendo “perfeito e completo aparelho Pathé, 400 telhas de zinco, grande pano de cobertura com 16 metros de raio. Esplêndida arquibancada de madeira de lei, toda de desarmar, quantidade de madeira, instalações elétricas, sino grande, campainhas, cadeiras de palha; coreto para música [...]”, e tudo mais que existisse no circo. Nesse mesmo dia, Soares pediu à Prefeitura a transferência de titularidade para a empresa Carvalho, Medeiros e Cia., provável arrematador do pavilhão. O funcionário da Polícia Administrativa e Higiene, Alberto da Costa, deferiu o pedido, fazendo notar que o “pavilhão tem servido já para funções cinematográficas”. Em 17 de novembro daquele ano, o fiscal Alfredo Augusto Silva solicitou a vistoria do circo, “[...] onde se realizavam espetáculos cinematográficos”, posto que se processavam reformas. O engenheiro Lúcio Martins Rodrigues afirmou que era um “circo de cavalinhos”, impróprio para espetáculos cinematográficos por falta de higiene e conforto para o público. A Polícia Administrativa e Higiene inquiriu o engenheiro sobre quais medidas seriam necessárias para que o circo funcionasse com projeções cinematográficas. O engenheiro Martins Rodrigues declarou que o proprietário faria o “apedregulhamento da arena”, e com isso poderia ser dada a licença para funcionamento. O diretor substituto de Obras e Viação, Adelmar de Melo Franco, perguntou se a instalação do aparelho projetor estava de acordo com o “Regulamento Policial”. O engenheiro Arthur Saboya dirimiu a questão em 28 de dezembro informando que o “aparelho [projetor] acha-se instalado convenientemente, isto é, sem oferecer perigo algum. As arquibancadas são sólidas e também oferecem segurança. Falta o apedregulhamento do solo, mas creio que esta parte é toda secundária e diz mas respeito à Repartição Sanitária que continua insistindo nesse assunto. [...] A instalação é feita parte em zinco e parte em pano. Não se deve, como tenho informado diversas vezes embora talvez erroneamente, equiparar tal construção de circo de cavalinho para efeito de pagamento de licença mas sim de um galpão sem divisão”. O circo estava funcionando com licença em janeiro de 1912, quando se publicou em O Estado de S. Paulo uma reclamação sobre a falta de mictórios no pavilhão. Fez-se uma vistoria em 19 de janeiro, constatando-se as más condições do circo. O processo foi despachado, então, para Saboya. Ele declarou que a parte que lhe 1/2 Inventário dos espaços de sociabilidade cinematográfica da cidade de São Paulo (1895-1929) Parceria AHMWL /DPH/ SMC/ PMSP e Cinemateca Brasileira Programa de Pós-Doutorado – Bolsista do CNPq-Brasil http://www.arquivohistorico.sp.gov.br http://www.cinemateca.org.br competia, segurança e instalação da cabine de projeções já tinha sido examinada. O fato de se urinar em qualquer lugar, era uma questão de polícia, porém nada impedia de se exigir que o proprietário instalasse um “mictório público em lugar conveniente”. Alberto da Costa, concordou com o engenheiro, declarando que “é verdade que é proibido urinar fora dos mictórios, mas isto cabe à polícia impedir”. Não se sabe se este circo é o mesmo ambulante Cinema Halley que trabalhou pelo interior de São Paulo; em janeiro de 1911 estava em Americana e, em 1913, em Matão. José Inácio de Melo Souza 2/2