Tecnologia dos Produtos Hortícolas Gestão Agro-Alimentar 2.º ano, 1.º semestre Apontamentos de Apoio às Aulas Tecnologias Pós-Colheita Ana Sofia Rodrigues, DCPA- ESAPL, 2006/2007 Objectivo da TPC? Pós-Colheita? • O intervalo de tempo que medeia entre o instante em que determinado produto é colhido e o instante que é consumido/adquirido pelo utilizador é de extensão extremamente variável em função da natureza do produto, e geralmente não muito longo no caso dos hortofrutícolas... e ao longo desse período, a qualidade tende, em geral, a diminuir... (Empis e Moldão, 2000) Ana Sofia Rodrigues, DCPA- ESAPL, 2006/2007 1 Introdução - Objectivos da TPC Os hortofrutícolas são tecidos vivos sujeitos a alterações contínuas após colheita. Algumas delas são totalmente indesejáveis pois diminuem a Qualidade e implicam perdas... Estas alterações não podem ser evitadas... Mas... recorrendo a determinadas técnicas e cuidados especiais (ao longo de toda a fileira do produto) é possível RETARDAR essas modificações! Adiar o inevitável !!! Tecnologias Pós-Colheita Introdução - Objectivos da TPC O objectivo da aplicação das TPC é manter a Qualidade (aparência, textura, sabor, valor nutricional e sanitário, ...) e reduzir as perdas quantitativas entre a colheita e o consumo • Manuseamento eficiente dos produtos após colheita • Aplicação de tecnologia adequada 2 Introdução - Qualidade em Hortícolas Qualidade O factor Q. é hoje, mais do que nunca, determinante para a valorização dos produtos A diminuição da Q. ao longo do tempo limita o período em que o produto é Comercializável e determina a frequência mínima de abastecimento do ponto de venda imagem (do produto, do produtor e do estabelecimento) risco para consumidor Introdução - Definição de Qualidade Características intrínsecas • Características estéticas - relacionadas com a apreciação visual: frescura, tamanho, defeitos, forma, homogeneidade, cor e brilho. aspecto, • Características organolépticas - sabor e aroma. • Características higiénico-sanitárias - estado microbiológico, componentes tóxicos (resíduos de pesticidas), resíduos de adubos, aditivos e produtos de limpeza e desinfecção. • Características nutritivas - valor nutritivo, vitaminas, minerais, fibra. Características extrínsecas • Apresentação - embalagem, iluminação, fenómenos de contraste. • Identificação - rótulos, etiquetas, certificação • Facilidade de uso - produtos + ou - preparados e arranjados para consumo imediato. • Reputação no mercado - cuja fidelidade se relaciona com uma determinada empresa/marca. • Relação qualidade/preço - feiras, promoções etc.. marcas comerciais, logotipos e símbolos de 3 2 ATITUDES de comercialização Comercializar o produto durante um intervalo de tempo tal que a sua qualidade não sofra alteração em relação à do produto de origem. Comercialização antes que ocorra a primeira diferença detectável Período de Vida de Qualidade Elevada Promover a comercialização enquanto a sua qualidade, fosse superior a determinado valor. Assegurar uma qualidade mínima em que o período de tempo dependerá da qualidade inicial do produto. * Ambos os períodos de Q. acima referidos terminam antes do momento em que o produto se torne impróprio para consumo CONSUMIR DE PREFERÊNCIA ATÉ... Principais factores com influência na F. P-C Temperatura HR Teores de gases Higiene, desinfecção 4 Introdução - Elementos de fisiologia vegetal pós-colheita Destaques Principais factores com influência na F. P-C Produto e práticas culturais: Cultivar/variedade Condições edafo-climáticas; Práticas culturais Grau de maturação; Colheita; transporte (continua) Introdução - Elementos de fisiologia vegetal pós-colheita Sintomas de deficiências de nutrientes nos cachos e frutos da bananeira. Nutrient es Sintomas N Cachos raquíticos, menor número de pencas. P Frutos com menor teor de açúcar. K Cachos raquíticos, frutos pequenos e finos, maturação irregular, polpa pouco saborosa. Ca Maturação irregular, frutos verdes junto com maduros, podridão dos frutos, pouco aroma e pouco açúcar. A sua falta pode ser uma das causas do empedramento da banana ‘Maçã’. Mg Cacho raquítico e deformado, maturação irregular, polpa mole, viscosa e de sabor desagradável, apodrecimento rápido do fruto. S Cachos pequenos. B Deformações do cacho, poucos frutos e atrofiados. A sua falta pode levar ao empedramento da banana ‘Maçã’. Fe Pencas anormais, frutos curtos. Zn Frutos tortos e pequenos, com ponta em forma de mamilo (Cavendish) e de cor verde-pálida. 5 Condições de transporte e manuseamento Fonte: Almeida, 2004 Condições de transporte e manuseamento Ferida produzida pelo pedúnculo de outro fruto durante o transporte a granel. Dano por impacto em pêra. Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) 6 Condições de transporte e manuseamento Dano por compressão em tomate. Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) No tomate para agro-industria (processamento), os danos não são tão preocupantes... FONTE: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/ Condições de transporte e manuseamento Perda de escamas protectoras em bolbos de cebola devido a atrito entre bolbos /abrasão contra superfícies ásperas. Dano por compressão em tomate. Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) 7 Condições de transporte e manuseamento FONTE: http://www.saratexp.com/packing/index%20PACKAING%20APPLE.htm Apresentação no ponto de venda 8 Condições de colheita Colher na época certa usando os índices de maturação recomendados pela pesquisa Que o material de colheita esteja limpo e desinfectado Evitar os danos mecânicos Manter as estradas interiores do pomar arranjadas Reduzir a pressão dos pneus do transporte onde são transportados os frutos Utilizar embalagens adequadas e um transporte a baixa velocidade e cuidadoso Um rápido arrefecimento das frutas e não interromper nunca a cadeia do frio Grau de Maturação 1- Testes de Maturação De entre os numerosos testes de maturação existentes para os hortofrutícolas, são normalmente utilizados na prática os que a seguir se descrevem, pela objectividade, reprodutibilidade e fácil acessibilidade que os caracterizam 1.1. Cor da epiderme 1.2. Consistência da polpa 1.3. Índice refractométrico 1.4. Acidez Total 1.5. Acidez Total e Índice refractométrico 1.6 Teor de Amido - Teste do Iodo 9 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação Indicadores da maturação de maçãs. Cultivar Amido (1-5) Firmeza polpa (lbs) SST (brix) ATT (cmol/L) Cor Gala 17 a 19 2,0 a 3,0 > 11 5,2 a 6,0 Verde-clara Fuji 16 a 18 2,5 a 3,5 > 12 3,7 a 5,2 Verde-clara Golden delicious 15 a 17 2,5 a 3,0 > 12 6,7 a 8,2 Verde-clara Fonte: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br Grau de Maturação 1- Testes de Maturação Índices de Colheita das principais cultivares de Pêssegos e Ameixas para conservação em câmara fria. TIPOS CULTIVARES SST (º BRIX) ATT (%) Firmeza de polpa (lbs) PESO (gr.) 100-130 PÊSSEGO INDUSTRIA MESA DUPLA FINALIDADE Diamante 12-14 0.81 13.5 Jade 13-14 0.72 11.5 Chimarrita 12 0.35 12.0 Chiripá 14 0.37 9.0 95 12-14 0.66 9.7 110-148 13 0.74 13.0 135 Riograndense Eldorado 120 AMEIXA* Amarelinha 13,6 7,82 Santa Rosa 11-13 10-12 Reubennel 16,6 10,5 * Fonte: Kluge et al. 1996; Kluge et al. 1999 10 Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme (tabelas de cor, reflexão da luz; subjectivo, não destrutivo) A determinação da cor da epiderme pode ser efectuada através da comparação com cartas colorimétricas – padrão ou com escala arbitrária estabelecida pelo próprio produtor. 1.1.1. Por comparação com cartas colorimétricas-padrão Comparar a cor da epiderme dominante de cada fruto com as da tabela padrão. Os resultados podem ser expressos em percentagem de frutos por classe de cor ou ainda por um “índice médio”, se cada classe tiver sido afectada por um coeficiente. Em variedades cujos frutos apresentem coloração homogénea, fazer a leitura na zona do fundo, não corada pelo sol. 1.1.2.Por comparação com uma escala arbitrária estabelecida pelo próprio produtor Ex. Morango- o fruto deve ter no mínimo 50% a 75% da superfície de cor vermelho-brilhante, quando destinado para consumo fresco. Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme O colorímetro usa sensores que simulam o modo como o olho humano vê a cor. O colorímetro expressa a cor na forma numérica e quantifica a diferença de cor entre um standard e uma amostra de produção. A determinação de cor por parte deste instrumento baseia-se nos 3 elementos primários das cores que são: z Cor (Hue- posição relativa da cor entre vermelho e amarelo) z Luminosidade (Value) L* z Saturação (Chroma-intensidade da cor) C* Com eles forma-se um sistema em que cada elemento tem um valor numérico correspondente a L* a* (verde-vermelho) b* (azul-amarelo), respectivamente, em que L* é a luminosidade e a* e b* são a saturação Exemplos de valores que tomam as variáveis são L* = 42,83, a* = 45,04, b* = 9,52 Colorímetro marca Minolta, modelo CR-300 SISTEMA CIE (L* a* b* ) (Ribeiro et al., 2004, actas simpósio) Luminosidade =L Saturação C*=(a*2+b*2)1/2 Coloração Hº=arctg(b*/a*) (quanto maior o valor de luminosidade mais claro é o fruto) (quanto maior o valor de saturação mais brilhante é o fruto) (quanto maior o valor de coloração mais intensa é a cor) 11 Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme Fonte: Almeida, 2004. Luminosidade =L Saturação C*=(a*2+b*2)1/2 Coloração Hº=arctg(b*/a*) (quanto maior o valor de luminosidade mais claro é o fruto) (quanto maior o valor de saturação mais brilhante é o fruto) (quanto maior o valor de coloração mais intensa é a cor) 12 Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme • L* - luminosidade •0 = preto •100 = branco • C*- croma •C* = 0, cinzento •Maior valor indica maior pureza intensidade da cor • hº- tonalidade (cor propriamente dita) •0º = vermelho •90º = amarelo •180º = verde •270º = azul •Olho distingue ∆hº > 2,5 ou FONTE: http://www.specialchem4coatings.com Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme 13 Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme Desenvolvimento (não comestível) Qualidade organoléptica Maturação Fisiológica Maturação Comercial Sobrematuração (senescência) Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) Grau de Maturação 1.1.Cor da epiderme É uma das principais mudanças que ocorre no amadurecimento das frutas de caroço. Esta alteração acontece principalmente na epiderme das frutas, caracterizada pela degradação da clorofila e síntese de outros pigmentos como Antocianinas e Carotenóides. O metabolismo da clorofila é influenciado fortemente por parâmetros ambientais, como luz, temperatura e humidade, sendo os efeitos desses factores pertinentes e específicos para cada tecido vegetal. Pela epiderme ou casca do pêssego pode-se acompanhar a evolução da coloração de recobrimento ou de superfície (vermelho ou amarelo, segundo a cultivar) e a coloração de fundo (verde). Com o passar do amadurecimento a coloração de fundo esverdeada muda para branco-creme em cultivares de polpa branca ou amarelada-clara em cultivares de polpa amarelada ou alaranjada. Esta mudança de coloração de fundo, que estão associadas à maturação de pêssegos, nectarinas e algumas cultivares de ameixa, são restringidas durante o período de conservação em armazenamento refrigerado. Entretanto, intensificam-se após a retirada das frutas das câmaras frias. 14 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.2 Consistência da polpa-dureza (objectivo, destrutivo) A firmeza da polpa é dada pelas substâncias pécticas que compõem as paredes celulares. A perda da consistência do fruto pode resultar de dois factores: 1. 2. 3. 4. Perda excessiva de água e diminuição da pressão de turgescência das células, quando o fruto é conservado em atmosfera com humidade relativa baixa Decomposição enzimática da lamela média e da parede celular. Com a maturação, as substâncias pécticas vão sendo solubilizadas, ocasionando o amolecimento dos tecidos das frutas. A perda da firmeza da polpa ocorre devido à expansão celular ocasionado principalmente pela bioconversão de hidratos de carbono complexos da parede celular, como as substâncias pécticas, celulose e hemicelulose, ou do amido, acumulado em amiloplastos, juntamente com a participação de um sistema enzimático envolvendo essencialmente enzimas como a poligalacturonases (PG) e pelas pectinametilesterases. Com o avanço do amadurecimento ocorre libertação do cálcio que estava preso aos grupos carboxílicos ácidos (pectato de cálcio) que formavam a protopectina, pela solubilização da protopectina das paredes celulares. Modificando assim a textura e por conseqüência a firmeza, que diminui gradualmente com o progresso da maturação. Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.2 Consistência da polpa - dureza (objectivo, destrutivo) Esta característica pode ser estimada com um penetrómetro e exprime-se em libras ou kg/cm², ou em kg/0,5 cm², conforme se trate de maçãs ou de pêras. No primeiro caso utiliza-se um ponteiro com 11mm de diâmetro, enquanto que no segundo caso terá 8 mm. Os valores considerados para as pêras e para as maçãs variam de região para região, cabendo ao produtor encontrar o valor mais correcto e adequado às suas condições. A título de orientação, apresentam-se nos quadros seguintes os valores médios do grau de consistência para algumas variedades de maça e pêra. Geralmente abaixo de 4,5kg o consumidor rejeita!!! 15 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.2 Consistência da destrutivo) polpa – Firmeza/dureza (objectivo, DUREZA DE Colheita aconselhada Ponta Kg Kiwi Pequena 8,0 Pêra Conferencia Pequena 5,0 6,5 Pêra Guyot Pequena 3,5 Pêra Packham's Pequena 5,5 6,5 Maçã Annurca Grande 9,5 Maçã Golden Delicious Grande 7,0 7,5 10 Maçã Granny Smith Grande 6,0 6,5 Maçã Romme Beauty Grande 5,0 6,0 Maçã Granvenstein Grande 7,0 7,5 FONTE: http://www.infoagro.com/comercio/instrumental/penetrometro-fruta.htm FONTE: http://www.spi.pt/documents/books/hortofruticolas Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.2 Consistência da polpa – Firmeza/dureza(objectivo, destrutivo) PENETRÓMETRO- instrumento de fácil operação, ideal para o controlo de maturação das frutas durante a colheita ou pós-colheita (amadurecimento durante armazenagem). O princípio da medição é a resistência que a fruta oferece à penetração da haste do aparelho. Ideal para frutas como: maçã, pêra, kiwi, melão, manga, entre outras. P. Electrónico P. Digital http://www.unityinst.com.br http://www.sammar.com.br/penetrometro.htm 16 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.3 Índice refractométrico (teste químico, objectivo, destrutivo) Embora outros compostos também estejam envolvidos, o teor de sólidos solúveis totais (SST) fornece um indicativo da quantidade de açúcares presente nas frutas. Com a maturação o teor de SST tende a aumentar devido a biossíntese ou à degradação de polissacáridos. De acordo com o avanço da maturação os ácidos transformam-se em açúcares, assim, elevando o teor de sólidos solúveis. Para medição, utiliza-se o aparelho refractómetro e os valores são expressos em ºBrix. O índice refractométrico ou ºBrix quantifica a percentagem de matéria seca solúvel contida no sumo dos frutos. A sua determinação é feita com o auxílio de um refractómetro (escala 0-30%): z verter algumas gotas de sumo (extraído de duas áreas da polpa opostas, localizadas na zona equatorial) na superfície do prisma do refractómetro; z fazer a leitura directamente na escala ponderada, cuja sensibilidade é normalmente de 0,2 unidades; z nos casos em que a correcção de temperatura não seja feita automaticamente, deverá consultar-se uma tabela de correcção. i. ii. Relativamente às maçãs, considera-se que o valor mínimo aceitável é de 11%, ainda que este nível seja por vezes difícil de alcançar nas variedades mais precoces. Para pêras, recomenda-se os valores mínimos referidos no quadro seguinte. Estes valores são definidos em função da época de produção. Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.3 Índice refractométrico (pêras) Fonte: Trigueiros, 2000 'Red Delicious' deve ser colhida ~ 10%. Se for para consumo imediato ~ 12%. 17 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.3 Índice refractométrico RefractómetrosUtilizados para medição do teor em açúcar em frutas, sucos de frutas, bebidas, -escala: 0 à 32% brix. http://www.sammar.com.br Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.4 Acidez Total (teste químico, objectivo, destrutivo) A determinação da acidez total baseia-se numa reacção ácido-base: z retirar para um copo de 50 ml, 10 cm³ de sumo, utilizando uma proveta ou uma bureta; z adicionar cerca de 10 c.c. de água destilada e três gotas de fenolftaleína (indicador); z adicionar uma pequena porção de antioxidante, por exemplo a tioureia, para evitar a oxidação do sumo; z adicionar lentamente ao sumo diluído, a partir de uma vareta graduada, uma solução decimal de hidróxido de sódio, até que a cor da solução a titular mude para uma tonalidade rósea; z registar a quantidade de base gasta; z 1. 2. o resultado pode ser expresso em meq/l (miliequivalentes de ácido málico/litro de sumo) ou em g/l (gramas de ácido málico/litro de sumo) e obtém-se através da aplicação das expressões seguintes: Acidez (meq/l ) = ml NaOH × 10 Acidez (g/l) = ml NaOH × 0,67 18 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.5 Acidez Total e Índice Refractométrico A proporção entre os teores em ácidos e açucares existentes nos frutos condiciona a sua qualidade organoléptica. Para o caso particular da maçã Golden Delicious, estabeleceu-se um Índice de Qualidade – Thiault – que envolve os 2 parâmetros, através da expressão seguinte: Índice de Thiault = ST + 10×A ST- açucares (g/l) A- acidez titulável (g/l ácido málico) Quanto mais elevado o valor do Índice, melhor a Qualidade; ≥ 180 a altura da colheita (mínimo de 170) Grau de Maturação 1- Testes de Maturação Quadro 5. Índices de Colheita das principais cultivares de Pêssegos e Ameixas para conservação em câmara fria. TIPOS CULTIVARES SST (º BRIX) ATT (%) Firmeza de polpa (lbs) PESO (gr.) Diamante 12-14 0.81 13.5 100-130 Jade 13-14 0.72 11.5 Chimarrita 12 0.35 12.0 Chiripá 14 0.37 9.0 95 12-14 0.66 9.7 110-148 13 0.74 13.0 135 PÊSSEGO INDUSTRIA MESA DUPLA FINALIDADE Riograndense Eldorado 120 AMEIXA* Amarelinha 13,6 7,82 Santa Rosa 11-13 10-12 Reubennel 16,6 10,5 * Fonte: Kluge et al. 1996; Kluge et al. 1999 19 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.6 Teor de Amido - Teste do Iodo (teste objectivo, destrutivo) Durante a maturação das peras e das maçãs, o amido transforma-se em açúcares mais simples, por hidrólise. O seu desaparecimento progressivo informa-nos sobre o grau de maturação e pode ser visualizado mediante a aplicação de um teste colorimétrico. Para tal, deve proceder-se do modo seguinte: z z z z z cortar o fruto transversalmente na zona equatorial; imergir uma das metades numa solução aquosa, contendo 1% de iodo e 4% de iodeto de potássio, durante cerca de 30 segundos; esperar cerca de um minuto antes de registar o resultado (estimativa percentual de área corada pelo iodo na presença de amido); comparar a superfície corada, com cartas de referência já editadas para os vários tipos de resposta, radial e concêntrica e classificá-la numa das categorias consideradas; a solução de iodo deve ser renovada com regularidade, não sendo aconselhável ultrapassar três meses. Grau de Maturação 1- Testes de Maturação 1.6 Teor de Amido - Teste do Iodo (teste objectivo, destrutivo) COMPOSIÇÃO DA SOLUÇÃO A solução a utilizar é a preconizada pela União Europeia e é constituída pelos seguintes reagentes: 10 g de iodo em palhetas 40 g de iodeto de potássio 1 l de água destilada Após preparada, deverá ser conservada em frasco de vidro, ao abrigo da luz, e renovada de 3 em 3 meses. COMO APLICAR O TESTE: Verter a solução num recipiente com fundo plano até atingir cerca de 2 a 3 mm de altura. Cortar segundo o plano equatorial os frutos a testar e emergir uma das metades no reagente durante cerca de 30s. Deixar escorrer pelo menos 5 a 10 minutos ao ar ou em contacto com um papel absorvente. 20 Grau de Maturação 1.6 Teste do Iodo Geralmente, maças com índices, do teste amido-iodo, de 1, 2, e 3 são considerados imaturas. Maças com índices de 4, 5, e 6 são consideradas maduras. Maças com índices de 7, 8, e 9 são consideras demasiado maduras. Normalmente, maças com índices de 3 ou 4 são óptimas para longa conservação em AC. 1.6 Teste do Iodo Empire Red Delicious Fonte: Chu e Wilson, 2000 http://www.gov.on.ca/OMAFRA 21 1.6 Teste do Iodo Fonte: http://mcintosh.botany.org Fonte: Clements, 2001, University of Massachusetts, UMass Extension and UMass Fruit Advisor. Grau de Maturação 1.6 Teste do Iodo Immature 'Jonathan' apples, harvested 8/31/99, SW Michigan, starch index 2–3 Mature 'McIntosh' apples ready for CA storage, harvested 8/31/99, SW Michigan, starch index 4–5 Somewhat over-mature—but still good for fresh eating—'Honeycrisp' apples, harvested 8/31/99, SW Michigan http://www.msue.msu.edu/berrien/hort/documents/sitest/starchindextest.html 22 Grau de Maturação 1.6 Teste do Iodo Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) 1.6 Teste do Iodo FONTE: http://www.wilsonirr.com/ 23 Grau de Maturação 2. Amostragem (maças e peras) A dimensão da amostra condiciona os resultados e depende da heterogeneidade do lote. Colheita do mesmo pomar, variedade e dia. a) No campo – amostra de 50 frutos, um em cada árvore e ao acaso, a uma altura padrão (privilegiar todas as exposições) b) Na central fruteira – 30 se amostra homogénea (categoria, calibre, cor…) devendo os frutos ser retirados de diferentes embalagens. 3. Outros exemplos Kiwi (elementos fornecidos pela SOKIWI-Sociedade comercial de produtores de Kiwi, S.A.) O melhor método é o Indice refratométrico (IR): IR mínimo: 6,2% (Nova Zelândia e Portugal); 6,5% (EUA) : 7% e 8-8,5% (Trigueiros, 2000) : 6,5-7,0% (Antunes et al., 2004, actas simpósio) Dureza da polpa: 7 a 10kgf Amostragem: por cada parcela 20 frutos, de calibre médio, em diagonal no pomar, à mesma altura, e colhidos a meio do comprimento dos rebentos. Centrifugação, filtração em papel de filtro e leitura no refractómetro. Grau de Maturação KIWI Para se efectuar a colheita no momento adequado, deve-se usar o Refractómetro, aparelho que mede a concentração de açucares (Brix) existentes no suco dos frutos no momento da leitura. Dos estudos realizados, conclui-se que o grau refractométrico mínimo desejável para a colheita dos frutos é de 6,2 graus Brix. Consideram-se óptimos os valores compreendidos entre 7 e 9 graus Brix, enquanto 10 representa o valor máximo. Frutos colhidos com grau Brix abaixo do mínimo tem o seu tempo de conservação frigorífica reduzido, além de que não apresentam as suas características organolépticas típicas, pois não tiveram possibilidade de acumular em quantidade suficiente os açúcares que lhes conferem o seu delicado sabor (Brix óptimo para consumo: 14 a 16 graus Brix). Colher frutos aleatoriamente de diversos pontos e diversas plantas, de modo que esse número seja representativo para a área em questão; Colher sempre os frutos de ramos mais vigorosos; Evitar frutos de ramos sem folhas, com lesões na epiderme, ou qualquer distúrbio não característico da cultivar; Fazer a leitura no Refractómetro imediatamente após a colheita dos frutos (não deve exceder de uma hora após a colheita). Obtido os graus Brix desejável, recomenda-se fazer a colheita em duas etapas procurando seleccionar na primeira os frutos de melhores aspectos qualitativos e, na segunda etapa os frutos pequenos, mal formados e "queimados" pelo sol. Os frutos devem ser colhidos sempre sem o pedúnculo, com a polpa firme, tendo cuidado para que o mesmo não sofra lesões físico-mecânicas, usando para isto sacolas de colheita adequadas. Recomenda-se colher com o tempo seco, evitando os dias de chuva ou muita humidade, pois o mesmo favorece as podridões por ataque de “mofo cinzento” durante a armazenagem e comercialização. 24 Grau de Maturação 1- Testes de Maturação (continuação) Existem outros métodos de determinação Tempo decorrido desde a floração ou desde a sementeira Média das unidades de calor acumuladas durante o desenvolvimento (computação dos dados meteorológicos, objectivo, não destrutivo) Cor das sementes (observação visual, subjectivo, destrutivo); desenvolvimento das sementes Calibre de fruto (tamanho, forma), ou volume que expresso em peso - massa constitui a densidade (g/cm3) Estado de desenvolvimento geral (determinados sintomas externos) Grau de Maturação Quadro 6. Tempo decorrido desde a floração CULTIVARES de maça Dias da floração à colheita (computação, objectivo/não destrutivo) Yellow Transparent 70-100 Lodi 75- 95 McIntosh 125-130 Cortland 125-140 Gala 135-145 Golden Delicious, Jonathan 140-145 Mollies Delicious, Empire 140-145 Grimes Golder, Red Delicious 140-150 Mutsu 145-170 York Imperial 155-175 Rome, Winesap 160-165 Staymen 160-175 Granny Smith 180-210 Fonte: http://www.uky.edu/Agriculture/IPM/appleipm/appleipm/hort.php 25 Grau de Maturação Momento de colheita em função do diâmetro alcançado. Momento de colheita em função desenvolvimento das sementes. Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) Grau de Maturação Na cebola, o emurchecer da folhagem é a manifestação externa de que a cultura está pronta para ser colhida Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) 26 Introdução - Elementos de fisiologia vegetal pós-colheita Destaques Principais factores com influência na F. P-C Produto prá ticas culturais: culturais: Produto ee pr práticas Cultivar/variedade Cultivar/variedade Condi Condiç edafoclimá ticas; Prá Condições ões edafo edafo-clim climáticas ticas; Pr Práticas ticas culturais culturais Grau maturaç Grau de de matura maturação; ão; Colheita Colheita Práticas P-C Transporte; grau de processamento Ambiente P-C (condições de armazenamento, embalagem) temperatura; teor de O2 e de CO2 teor de etileno Humidade relativa, deslocação de ar Introdução - Elementos de fisiologia vegetal pós-colheita Destaques Principais factores com influência na F. P-C Processos fisiológicos na pós-colheita dos produtos hortofrutícolas Respiração Síntese e acção do etileno Transpiração 27 Respiração Actividade fundamental em todos os seres vivos C6H12O6 + 6O2 Conduz à armazenadas 6CO2 + 6H2O (+Q) quebra de (amido, orgânicos, lípidos, proteínas) macromoléculas açucares, ácidos A Intensidade Respiratória é um indicador da actividade fisiológica do vegetal Quociente Respiratório (QR) Respiração Intensidade Respiratória (mg/kg.h) intensidade com que respira um produto vegetal IR = M P.t M = CO2 libertado ou O2 absorvido (mg) P = Peso do fruto em kg t = tempo (h) em que se mede M A respiração não se realiza sempre com a mesma Intensidade, podendo ter um ritmo bastante variável durante a vida de certos vegetais... 28 Respiração Fig.1.1 - Variação do ritmo de Intensidade Respiratória na maçã (Torrellardona, 1983). Respiração Durante o amadurecimento, pode produzir-se um aumento brusco da IR. Fenómeno conhecido por “Máximo Respiratório”, “Crise Climatérica” ou “Período Climatérico” e de máxima importânciaindicador do Estado de Maturação. “Pré-Maturação” ou “Maturação de Colheita” ≠ “Maturação de Consumo” 29 Respiração Quociente Respiratório (QR) QR = Varia em função do substrato utilizado: glucose QR = 1,0 C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O ácido málico QR = 1,3 C4H6O5 + 3O2 4CO2 + 3 H2O CO2 libertado (mL) O2 consumido (mL) lípido QR = 0,7 valores ~2, quando ocorre respiração anaeróbia Quociente Respiratório (QR) Açúcares: Glucose: C6H2O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + E Sacarose: C12H22O11 + 12O2 12CO2 + 11H2O + Q Ácidos orgânicos como: Ác. málico: C4H6O5 + 3O2 4CO2 + 3H2O + Q · Ácidos gordos de cadeia longa como: Esteárico: C12H36 + 26O2 Oleico: C12H34O2 + 25,5O2 18CO2 + 18H20 + Q 18CO2 + 17H2O + Q Açúcar: QR = 6/6 = 1 Ác. málico: QR = 4/3 = 1,3 Ácidos gordos: QR = 18/26 = 0,8 ou QR = 18/25,5 = 0,71 30 Respiração Os prod. podem ser classificados segundo a sua Taxa Respiratória (TR) (mg CO2 libertado/kg.h) (quadro1.1) muito baixa, baixa, moderada, alta, muito alta, extremamente alta Quadro1.1 - Classificação de produtos hortícolas em função da Taxa de Respiração (TR). Classe Muito baixa Baixa Moderada Alta Muito alta Extremamente alta Taxa respiratória (a 5ºC) Produto <5 frutos e vegetais secos, tâmara 5-10 aipo, alho, ananás, batata, cebola, citrinos, kiwi, maça, melancia, papaia, uvas 10-20 aboborinha, alface, alperce, azeitona, banana, cenoura, cereja, figo, manga, meloa, mirtilo, nectarina, pepino, pêra, pêssego, rabanete, repolho, tomate 20-40 alho-francês, cenoura com folhas, couve-flor, folhas alface, framboesa, groselha, rabanete com folhas 40-60 alcachofra, brócolos, couve-Bruxelas, couve, endivia, flores de corte, rebentos soja, cebolinho >60 cogumelos, ervilhas, espargos, espinafres, milho doce, salsa Fonte: Kader, 1992 31 Respiração • Quanto mais homogénea a TR durante o amadurecimento, maior será o tempo de prateleira do produto. • Deve-se considerar a sensibilidade do produto a certas pressões parciais de gases na atmosfera, a sensibilidade ao frio durante o período pós-colheita e o seu comportamento respiratório. •As taxas de O2 também devem ser bem monitoradas, pois com a diminuição excessiva de O2 ou com o aumento excessivo de CO2, pode-se levar a produção de álcool. Respiração Em contacto com O2, os prod. continuam a sofrer oxidação dos compostos após a colheita redução do peso seco redução de compostos oxidáveis perda do sabor característico, especialmente do doce redução valor energético do prod. A Taxa de Deterioração (Perecimento) é geralmente proporcional à TR e esta inversamente proporcional à CAPACIDADE de CONSERVAÇÃO (Fig.1.2) 32 Respiração Actividade Respiratória Fig.1.2 - Actividade Respiratória pós-colheita vs. Capacidade de Conservação (Moldão e Empis, 2001). Respiração O calor de respiração está directamente ligado à temperatura dos produtos. A necessidade de o eliminar torna mais demorado o ajustamento da temperatura ideal nas câmaras de conservação e nos transportes refrigerados. Instalações de ventilação de frio suplementar. Necessidade Parâmetro importante no desenho de câmaras frigorificas. O calor de respiração libertado será tanto menor quanto menor a temperatura de conservação (quadro1.2). 33 Respiração Quadro1.2 - Calor de respiração de algumas hortaliças (watts/ton). Produto Ervilha-quebrar Espargo Couve-Bruxelas Cenoura Couve-flor Alface Tom ate Cebola 0ºC 95 60 58 51 43 33 15 14 10ºC 232 150 191 100 129 82 36 28 Fonte: Instituto Internacional do Frio, 2002 Respiração A redução de O2 e/ou o aumento de CO2 e água fazem diminuir a velocidade de respiração do prod. assim como a redução da temperatura. Os efeitos da redução de O2 no processo respiratório dependem da estrutura, morfologia, fisiologia e bioquímica do vegetal e o efeito inibidor pode variar de uma forma muito distinta!!! A anaerobiose favorece a fermentação- sabores e aromas estranhos!!! E desenvolvimento de microorganismos anaeróbios como o Clostridium botulinum!!! 34 78% N2; 20,95% O2; 0,03% CO2; 0,94% gases nobres Respiração Níveis O2 < 2% durante períodos prolongados - alteração de aroma e sabor (Soldevilla, 2000) (quadro1.3) O excesso de CO2 acarreta transtornos fisiológicos!!! (>15-20% - fermentação, acumulação de etanol e acetaldeído) (quadro1.4) empardecimento interno (incremento de enzimas oxidativas) formação de cavernas na polpa alteração do sabor aumento de danos produzidos por baixas temperaturas Danos por redução de O2 e/ou aumento de C O2 Danos CO2, Golden Delicious normal O2, (21%) e 15 % CO2, a 32° durante 4 ½ meses Danos CO2 Danos CO2 Elevado CO2 e baixo O, Delicious e Golden Delicious Fonte:http://www.postharvest.tfrec.wsu.edu/marketdiseases/lowo2highco2.html 35 Danos por redução de O2 McIntosh Jonathan McIntosh Delicious Golden Delicious Golden Delicious Fonte: http://www.postharvest.tfrec.wsu.edu/marketdiseases/lowo2.html Quadro1.3 - Concentrações mínimas de O2 toleradas, para conservação e transporte de diversos produtos hortícolas. Produto Concentração Mínima (%) Frutos secos. Algumas var. de maça e pêra, brócolo, cogumelos, alho, cebola, PMP. Maioria das var. de maça e pêra, kiwi, cereja, nectarina, pêssego, morango, ananás, azeitona, meloa, feijão-verde, alface, couve-bruxelas, couve-flor, repolho. Abacate, tomate, pimento, pepino, alcachofra Citrinos, ervilha, espargo, batata 0,5 1,0 2,0 3,0 5,0 Fonte: Moldão e Empis, 2000 36 Quadro1.4 - Concentrações máximas de CO2 toleradas, para conservação e transporte de diverso produtos hortícolas. Fonte: Moldão e Empis, 2000 Respiração O ponto de equilíbrio O2 / CO2 óptimo varia de espécie para espécie e até de variedade para variedade!!! (em aulas posteriores serão referidas as AM/AC/AV) (quadro1.5, 1.6 e 1.7) A presença ou excesso de água na superfície do prod. proporciona um ambiente adequado para o desenvolvimento microbiano!!! Muitas plantas de origem tropical e sub-tropical são sensíveis aos danos pelo frio (<10ºC)!!! “chilling injury” 37 Quadro1.6 -TR de alguns produtos em diferentes temperaturas e atmosfera. Fonte: Moldão e Empis, 2000 Quadro1.7 -TR de cenoura em diferentes condições de temperatura, composição de atmosfera e tratamentos mecânicos. Fonte: Moldão e Empis, 2000 38 Etileno O etileno é uma hormona proveniente do metabolismo das plantas, regula o crescimento e senescência. É um hidrocarboneto simples, sendo um gás em condições normais de pressão e temperatura. A Produção é estimulada por: auxinas ferimentos de órgãos; ataque de pragas/doenças exposição a radiações ionizantes obstáculos físicos ao crescimento temperatura As taxas de síntese variam desde valores muito baixos (<0,1 µl/kg.h) a extremamente elevados (>100 µl/kg.h) (Quadro1.8) Etileno Quadro1.8 - Classificação de produtos hortícolas em função da Taxa de Produção de Etileno (µl C2H4/kg.h), a 20ºC. Classe 20ºC (µl C2H4/kg.h) Produto Muito baixa <0,1 Baixa 0,1-1,0 Moderada Alta 1,0-10,0 10,0-100,0 Muito alta >100,0 Alcachofra, espargos, couve-flor, cereja, uvas, romã, morango, citrinos, raízes, batata, cenoura, maioria das flores de corte Amora, mirtilo, framboesa, pepino, beringela, azeitona, pimento, ananás, dióspiro, abóbora-menina, melancia Banana, figo, melão, manga, tomate Maçã, damasco, pêssego, ameixa, abacate, meloa, kiwi, nectarina, papaia, pêra Maracujá, cherimoia Fonte: Kader, 1992 39 Fig.1.4 - Formação de etileno a partir do aminoácido Metionina (Salisbury, 1991). •A conversão da metionina em S-adenosil-metionina (SAM) requer o 1 molécula de ATP e 1 de H2O. O O2 é essencial no final da reacção, para a conversão de ácido 1-amino-ciclopropano-1-carboxil (ACC) em etileno Etileno Inibidores da síntese de etileno: aminoetoxivinilglicina (AVG), rizobitoxina, aminoácidos e ácido aminooxiacético (AOA). Inibem a síntese da enzima ACCsintase, que por sua vez faz a conversão de SAM a ACC. Benzoato sódico Poliaminas Vitamina k Metadiona Ião cobalto, níquel (inibem conversão de ACC em etileno) As poliaminas, com as auxinas e citoquininas afectam a síntese da ACC. 40 Etileno Inibidores da acção do etileno: ião prata CO2 O2 (<1% podem bloquear a síntese de etileno de forma irreversível!) Nobornadieno (estruturalmente similar ao etileno, compete nas reacções e o complexo resultante é inactivo) 1-metilciclopropeno (Serciloto et al., 2001) maças (1 ppm durante 24h) Inibe escaldão superficial KMnO4- oxidante do etileno CH2=CH2 + KMnO4 MnO2 + CO2 + H2O Os vegetais podem ser armazenados a vácuo durante longos períodos de tempo; sob estas condições, a quantidade de O2 disponível é mínima, o que suprime a respiração e a produção de etileno O CO2 compete pelo mesmo receptor do etileno e possui efeito antagónico, retardando o amadurecimento (fig.1.6, 1.7) Ozono Etileno • O O3 reage rapidamente com o etileno existente na câmara produzindo CO2 e H2O O3(g)+ C2H4(g) --> 2 CH2O(g) + O(g) 41 Ozono - armazenamento para frutas Etileno Actividade bactericida Actua apenas na superfície da maioria das frutas. Deve estar em concentrações suficientemente altas para permitir a sua decomposição sobre as paredes da câmara frigorífica, sobre as caixas de madeira e qualquer outro objecto presente, e manter-se numa concentração suficiente para proporcionar um efeito bactericida e fungicida. Controlo de odores Aplica-se entre substituição de frutas nas câmaras, ou na reutilização de caixas de conservação. As temperaturas baixas podem reduzir a velocidade na actuação do controlo do odor mas a HR não tem qualquer efeito, poedndo mesmo ser aumentada, com todas as vantagens que dai advem. Níveis de 0,01 a 0,04 cm3 de OZONO por m3 de ar eliminam os odores. Evita perda de aromas característicos da fruta e permite o armazenamento conjunto de diferentes tipos de fruta. Actividade fungicida São necessárias baixas concentrações de OZONO, para evitar desenvolvimento fungos. Contudo, são necessárias concentrações mais altas, para destruir as colónias já existentes. A actividade fungicida do OZONO aumenta com o aumento da humidade relativa, dado que o OZONO não penetra profundamente dentro da fruta, actuando mais à superfície da mesma. O papel de etileno O OZONO reage rapidamente com o etileno; inicialmente formando um produto intermédio (óxido de etileno), que rompe a ligação Carbono para produzir dióxido de carbono e água. Uso potencial do OZONO para preservar alimentos em contentores Dotar os meios de transporte com geradores de Ozono, podendo ser utilizado em camiões frigoríficos, contentoress, vagões de comboios, barcos, etc Ozono Etileno BIBLIOGRAFIA American Society of Rotring Engineering by Smock. Refrigeration Engineering. Centro Experimental del Frío. Madrid. Colbert, J.W. Removal of ethylene from storage atmospheres. Ewell, A.W. Ozono and its application in food preservation. Gane, R. Effect of ozone on fruits. Report on Food Investigation Board. Nagy, R. Ozone: Chemistry and Technology. Advances in Chemistry Ozone Chemistry and Technology. Advances in Chemistry vol. 21.Washington. Schemer, H.A. Ozone in relation to storage of apples. US Department of Agriculture. Circular nº 765 Smoch and Watson. Ozone and apple, storage. Refrigeration Engineering. Watson, R.D. Some factors influencing the toxicity of ozone to fungi in cold storage. Journal of ASRE. Welsbach Ozone Equipment. Food preservation and storage. Philadelphia. 42 Produção de etileno (µL/kg.h) Etileno Dias de conservação Fig.1.6 - Efeito do CO2 sobre a produção de etileno da pêra “Bosc” durante a conservação em 1% O2 e -1ºC (Soldevilla, 2000). Firmeza da polpa (kg) Etileno Meses de conservação Fig.1.7 - Efeito do CO2 sobre a retenção da firmeza durante a conservação (5% O2) de maça “Golden Delicious” (Soldevilla, 2000). 43 Etileno Hortícolas climatéricos e não-climatéricos De acordo com a sensibilidade ao etileno, durante a maturação, os vegetais podem ser considerados climatéricos e não-climatéricos (Quadro1.9). Nos Climatéricos, o etileno tem capacidade de desencadear o processo de amadurecimento do prod. Imaturo Nos não-climatéricos pode ser usado para promover a pigmentação da epiderme. Frutos não-climatéricos não amadurecem após colheita O “Período climatérico”, é acompanhado por aumento dos níveis de etileno (fig.1.8; 1.9) Etileno Quadro1.9 - Classificação de Hortícolas em climatéricos e não-climatéricos.. Frutos climatéricos Frutos não-climatéricos Hortaliças climatéricas Hortaliças não-climatéricas cogumelos berinjela abacate ananás tomate pepino ameixa azeitona pimento banana cacao damasco cereja feijoa framboesa figo groselha goiaba laranja kiwi lichi maça lima manga limão maracujá melancia melão morango meloa quiabo nectarina romã papaia tâmara Fonte: Kader, 1992 pêra toranja pêssego uva 44 Etileno Quadro1.9 - Classificação de Hortícolas em climatéricos e não-climatéricos.. Climacteric fruits Nonclimacteric fruits Apple Muskmelon Blackberry Lychee Apricot Nectarine Cacao Okra Avocado Papaya Carambola Olive Banana Passion fruit Cashew apple Orange Biriba Peach Cherry Peas Blueberry Pear Cucumber Pepper Breadfruit Persimmon Date Pineapple Cherimoya Plantain Eggplant Pomegranate Durian Plum Grape Prickly pear Feijoa Quince Grapefruit Raspberry Fig Rambutan Jujube Strawberry Guava Sapodilla Lemon Summer squash Jackfruit Sapote Lime Tamarillo Kiwifruit Soursop Longan Tangerine/Mandarin Mango Tomato Loquat Watermelon Etileno Níveis de sensibilidade ao etileno em hortofrutícolas baixa Artichoke Beet Berryfruit Cassava Cherry Daikon Date Feijoa Fig Garlic Ginger Grape Onion Pineapple Pomegranat e Sweet corn Sweet pepper Sweet potato Yam média Apricot Asparagus Aubergine Canteloupe Celery Grapefruit Guava Kumquat Litchi Mandarin Mango Mushroom Nectarine Okra Olive Papaya Passionfruit Peach Pea Plum Potato Pumpkin Squash Tamarillo alta Apple Atemoya Avocado Banana Bok choy Broccoli Cabbage Carrot Cauliflower Cherimoya Cucumber Custard apple Honeydew melon Kiwifruit Lettuce Mangosteen Nashi Parsnip Pear Persimmon Plantain Rambutan Sapote Spinach Tomato Watermelon Source: http://postharvest.ucdavis.edu/Produce/ProduceFacts/index.html 45 Etileno Hortícolas Climatéricos e não-climatéricos Grau de maturação do tomate: 1, Verde maduro; 2, Inicio de cor; 3, Pintor; 4, Rosado; 5, Vermelho pálido e 6, Vermelho. Por ser climatérico, o tomate alcança o grau 6 mesmo que seja colhido no grau 1. Grau de maturação do pimento. Por ser não climatérico, o fruto deve alcançar a cor desejada na planta. Fonte: Camelo, 2003 (FAO, boletim 151) Etileno Fig. 1.8-TR de frutos climatéricos e não-climatéricos (Moldão e Empis, 2000). 46 g de CO2 libertado (100g de fruta/24h) Etileno Fig.1.9 - IR da pêra “Willians” (Torrellardona, 1983). Etileno Fig.1.10 - Evolução da TR e do etileno em frutos climatéricos e capacidade de conservação (Herrero e Guardia, 1992). 47 Etileno Fig.1.11 – Senescência-Resposta hormonal (http://koning.ecsu.ctstateu.edu/Plant_Physiology/senescence.html). Taxa de Respiração Etileno Tempo Fig.1.12 -Efeito da temperatura na redução e atraso do pico climatérico (Kader, 1992). 48 Realizar o amadurecimento das bananas tão rápido quanto possível. 1) Temperatura de maturação 16-20ºC; HR 95-100% 2) Mantenha a temperatura entre 13,3° - 14,4° C após alcançar a cor correcta. 3) Manter 100 - 150 ppm etileno pelo menos 24 horas. (pode ser usada mistura de azoto-etileno) 4) Permita que entre ar fresco no recinto de maturação 10-20 min 1 vez /dia, após aplicação de etileno. 5) Inspeccione as bananas pelo menos 2 vezes/dia. Temperatura de amadurecimento do tomate entre 18-21°C Humidade para amadurecimento e armazenagem entre 85-95% Etileno- manter 100-150 ppm até que o tomate comece a mudar de cor a ligeiramente vermelho. (Tempo - entre 24-36 horas) Ventilação; durante 10-20 min./dia mas após aplicação de etileno manter durante 24 horas. Isto ajuda a manter os níveis de CO2 baixos- níveis altos não permitem o amadurecimento. Tomates que tenham sido amadurecidos até ao ponto em que começaram a mudar ligeiramente a cor para vermelho poderão ser armazenados cerca de mais 2 semanas a 12ºC até que fiquem vermelhos. Nota: só tomates completamente desenvolvidos é que poderão ser amadurecidos... 49 Etileno Ethephon (C2H6ClO3P)- estimulador de etileno Nomes comerciais: Bromeflor, Cerone, Chlorethephon, Ethrel, Florel, Prep and Flordimex Amadurecimento de frutos, indução floral (manga), abertura de botões florais, abcisão de frutos e folhas, perda de dominância apical em macieira, pepino, ornamentais,... Etileno Efeitos positivos: Amadurecimento de frutos Promove desenvolvimento da cor (degradação da clorofila) Estimula deiscência Favorece abcisão Promove floração em Bromeliáceas Efeitos negativos: Amarelecimento Manchas castanhas (foliares) Aumento de fibrosidade do espargo Queda de folhas (couve-flor, etc.) Acastanhamento da polpa e sementes de beringela Favorece: aumento de pectinas solúveis, e portanto a redução da dureza da polpa, despolimerização de polissacáridos, perda de ácidos, taninos e fenóis. Acumulação de metabolitos de "stress" (isocumarina na cenoura, que provoca amargor; terpenos em batata, pisantina em ervilha,...). 50 Transpiração Consiste na perda de água através de estomas, cutícula, ou lentículas Mantém-se após a colheita, não havendo reposição de perdas A quantidade perdida depende de vários factores: Internos Estrutura vegetal (espessura da cutícula, revestimentos cuticulares, estomas) Superfície de evaporação Externos Humidade atmosférica Composição da atmosfera (pressão parcial CO2) luz, temperatura movimentação do ar Quadro 1.13 -Pressão de vapor de água no ar (PV) com 100% de HR a diferentes temperaturas e défice de pressão de vapor (DPV) a diferentes HR. Fonte: Soldevilla, 2000 A rápida descida da temp. do produto (eliminar o calor de campo) é essencial para evitar as perdas de peso e optimizar a conservação dos produtos - PRÉ-REFRIGERAÇÃO (redução em minutos) 51 Perda de peso (%P.F.) Transpiração Semanas de conservação Fig.1.13 -Perda de peso em maçã “Golden Delicious” em função da temperatura e da HR (Soldevilla, 2000) Transpiração Horas Fig.1.14 -Perda de massa, em uvas, quando submetidas a diferentes condições de HR e velocidade de ar (Carvalheira, 1993). 52 Transpiração Efeitos bem marcados quer na qualidade sensorial e nutricional quer sob o ponto de vista de rendimento (perda de massa)... Como controlar ??? Descida da temp. (desce a pressão de vapor)- eliminação de calor de campo!!! Utilização de atmosferas saturadas Utilização de embalagens adequadas Transpiração Níveis inadequados de água no interior de um sistema de embalagem pode induzir: acumulação de água condensada na superfície de hortaliças crescimento microbiano; prejuízo às propriedades de barreira a gases de filmes hidrofílicos; Para reduzir os níveis de humidade de um sistema embalagem semi-permeável incorporação de humectantes (ex: sorbitol) entre duas camadas de um filme plástico de alta permeabilidade à humidade utilização de saquetas contendo compostos dissecantes 53 Transpiração Como controlar ??? Utilização de revestimentos / películas comestíveis / filme edível (revestimentos poliméricos muito usados em PMP) barreira de transferência de massa (humidade) e de gases (CO2 e O2) conferem protecção mecânica retêm compostos voláteis podem servir de transporte para aditivos alimentares minimizam a migração de lípidos e outros solutos Hidrocoloidais Lipídicos Compostos REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS CONCEITO Revestimentos preparados com compostos comestí comestíveis que, associados à superfí superfície do alimento em finas camadas, actuam como barreira aos factores externos, protegendo o alimento e aumentando o seu perí período de conservaç conservação. Fonte: ConsulAI, Consultoria Agro-Industrial, Lda 54 REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS → Actuam como uma barreira controlando a perda de água e reduzindo a taxa de respiraç respiração, prevenindo reacç reacções enzimá enzimáticas e a consequente degradaç degradação do produto → Protecç Protecção fí física do produto atravé através do revestimento → Comestí Comestível → Biodegradá Biodegradável - “environmental friendly” friendly” → A acç acção destes revestimentos pode ser complementada por: 9 Agentes microbioló microbiológicos 9 Vitaminas 9 AntiAnti-oxidantes 9 Pigmentos Fonte: ConsulAI, Consultoria Agro-Industrial, Lda REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS APLICAÇÕES Produtos Alimentares Frutos e Vegetais Frescos Frutos secos Peixe Queijo Carne Doces Produtos NãoNão-Alimentares Vedantes porosos Madeira Fonte: ConsulAI, Consultoria Agro-Industrial, Lda 55 REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS Não tem cheiro, cor ou gosto Revestimento Barreira selectiva Cria uma “Atmosfera Modificada Passiva” Passiva” Fonte: ConsulAI, Consultoria Agro-Industrial, Lda REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS FONTE: http://www.agricoat.co.uk/ 56 Transpiração Revestimentos Comestíveis Hidrocoloidais Barreira aos gases mas fraca barreira ao vapor de água, dada a sua natureza hidrofílica. Classificados quanto à Composição: glucídicos (derivados de celulose, alginatos, pectinas, goma-arábica, amido*) proteicos (gelatina, caseina, proteína de soja, glúten, zeína, soro de leite) Lípídicos Indicados para minimizar a migração de água (baixa polaridade) cera de abelha e carnaúba (exsudado de Copernica cerifera) boa flexibilidade e coesividade cuidados em PH, com a espessura excessiva (impermeabilização) Compostos Lípidos e hidrocolóides Transpiração Revestimentos Comestíveis Quadro 1.14 -Revestimentos comestíveis. http://www.ift.org/pdfs/crfsfs/crfsfs-sup-n1p142-160.pdf 57 Transpiração Revestimentos Comestíveis http://www.ift.org/pdfs/crfsfs/crfsfs-sup-n1p142-160.pdf Quadro 1.15 –Aplicações e funções dos Revestimentos comestíveis. Transpiração Revestimentos Comestíveis Quadro 1.15 -Funções dos revestimentos comestíveis. Fonte: Moldão e Empis, 2001 58 Transpiração http://www.ift.org/pdfs/crfsfs/crfsfs-sup-n1p142-160.pdf Revestimentos Comestíveis Quadro 1.16 - Permeabilidade de revestimentos comestíveis. HPMC=hydroxypropyl-methylcellulose; MC=methylcellulose; DATEM=diacetylated tartaric ester of monoglycerides; AM=acetylated monoglycerides 59