A proteólise é crítica para o correto desenvolvimento de sabor e textura no queijo cheddar O queijo cheddar percorreu um longo caminho desde seu desenvolvimento no pequeno vilarejo de Cheddar, na Inglaterra, no início do século XII. Na verdade, pode-se afirmar que o cheddar é uma das primeiras variedades de queijo a ter “produção em massa”, uma vez que registros mostram que o Rei Henrique II comprou 4.500 kg de cheddar em 1170. O seu excelente sabor e excepcional vida de prateleira (que melhora com a maturação) tornaram o cheddar um favorito real. E, como dizem, o resto é história. O cheddar teve quase um milênio de popularidade crescente e é hoje a variedade de queijo mais consumida no mundo. Em todas as suas variedades, desde muito jovem até o maturado, de sabor suave a mais forte, o cheddar é a base de dietas do mundo todo, e um segmento de mercado vital para os fabricantes de queijo. Na proteólise primária, grandes micelas de caseína são cortadas em peptídeos, solubilizando a caseína. Quanto maior a proteólise primária, mais peptídeos solúveis serão liberados da caseína. Uma ferramenta comumente usada para medir a extensão da proteólise primária é a razão nitrogênio solúvel sobre nitrogênio total, ou razão NNC/NT, comumente chamado de Índice da Extensão da Proteólise (IEP). Quanto mais a proteólise primária tiver progredido, mais peptídeos solúveis terão sido liberados da caseína, elevando a proporção NNC/NT. Durante a maturação do queijo, a proteólise secundária libera aminoácidos a partir da proteína e peptídeos. A proteólise primária sofre um impacto direto do coalho. A proteólise secundária sofre um efeito indireto do coalho, uma vez que é influenciada pelas peptidases originárias da cultura e que precisam de um substrato para sua ação enzimática... um substrato proporcionado pelos peptídeos liberados da caseína pelo coalho residual. A proteólise secundária irá funcionar de forma efetiva para ajudar no desenvolvimento das qualidades desejadas de sabor e textura, sem criar defeitos no queijo, desde que a proteólise primária seja efetivamente controlada. A quimosina 100% pura assegura que defeitos como o sabor amargo não sejam desenvolvidos, desde que se use uma cultura adequada. A relação entre o nitrogênio não proteico e o nitrogênio total, NNP/TN, também chamado Índice da Profundiade de Proteólise (IPP), é um indicador do grau de proteólise e como tal pode ser usada para monitorar a proteólise secundária. Coagulação Muitos fatores estão envolvidos na fabricação de um queijo cheddar de alta qualidade, desde a qualidade do leite até as culturas, e um sem número de parâmetros de processamento. Mas um dos fatores mais importantes, e o que é menos frequentemente analisado com seriedade pelos processadores, é o tipo de coalho utilizado. Isto se deve, em parte, ao impulso da história e o que se tornou o padrão entre as práticas habituais, ainda que nem sempre seja a melhor. Historicamente, o coalho de bezerro (quimosina) tem sido usado na fabricação de queijo cheddar. Com o desenvolvimento da quimosina produzida por fermentação, os fabricantes de queijo puderam afastar-se das fontes animais e beneficiar-se da funcionalidade superior da quimosina 100% pura. Proteólise Primária O coalho tem três funções principais. A função que os processadores melhor entendem é a coagulação do leite. Mas tanto a proteólise primária (durante o primeiro estágio do processo de maturação) como a secundária (durante a maturação) são funcionalidades do coalho igualmente críticas. O controle dos dois estágios da proteólise é crítico para controlar o desenvolvimento da textura e o sabor do queijo acabado. No caso do cheddar, mais proteólise resulta em melhor sabor e textura. De acordo com o Dr. Donald MacMahon, Professor de Produtos Laticínios da Utah State University, “Em geral, é seguro dizer que uma menor proteólise na produção do queijo cheddar resulta em menos sabor ou desenvolvimento de sabor em uma fase mais tardia. Com maior proteólise, você obtém mais sabor e uma maior maciez”. Proteólise Secundária Efeito do Coalho Cada tipo de coalho tem seu próprio grau de proteólise. Os coalhos microbianos tendem a causar mais proteólise na maturação do queijo do que a quimosina produzida por fermentação. Ainda que as quimosinas possam ser obtidas de diferentes mamíferos, alguns promovem menos proteólise do que a quimosina padrão de bezerro. Na produção de cheddar, o padrão ouro é a quimosina de bezerro, que vem sendo usada há séculos com sucesso. Para conseguir um processo de maturação normal/benéfico, é preciso ter um tipo de proteólise bem definido. Precisa ser pequeno, mas definido. Historicamente, a quimosina de bezerro tem proporcionado este tipo de proteólise levando à popularidade de seu uso no mundo todo. A quimosina obtida por fermentação, como a disponibilizada pela DSM em sua linha Maxiren® * de coagulantes, proporciona uma proteólise idêntica à obtida com a quimosina de bezerro. Com a quimosina obtida por fermentação obtém-se uma maturação equilibrada. Assim, continua sendo o coalho de escolha na fabricação de queijo cheddar. Proteólisee desenvolvimento de sabor Os sabores característicos do queijo cheddar são desenvolvidos principalmente durante o processo de maturação, fase em que a proteólise secundária está ativa e é importante para este processo. Isto é particularmente importante para um cheddar com baixo teor de gordura e redução de sódio, variedades que estão tendo uma demanda cada vez maior pelos consumidores. A qualidade dos queijos de baixo teor de gordura, por exemplo, compara-se de forma desfavorável com os de teor habitual por causa de sua maior concentração de proteína na umidade do queijo, um maior grau de fusão das partículas de caseína e um sabor desequilibrado. Uma maneira de abordar a fabricação de queijo com baixo teor de gordura é a redução da fração do volume da matriz de caseína, e redução da extensão de agregação de caseína. Isto pode ser conseguido mudando diversas variáveis do processo. A regulação destas variáveis é fortemente influenciada pela atividade proteolítica do coalho, bem como o tipo de cultura, lavagem da massa, condições de maturação e taxa de resfriamento da massa. Isto é importante para assegurar que a razão entre os produtos de degradação da proteína e da gordura nos queijos de baixo teor de gordura e/ou baixo teor de sal sejam alterados para transmitir uma percepção de sabor similar à dos queijos com níveis normais de gordura e sal. Proteólise e textura A rapidez e a eficiência com que a massa do queijo é formada é um fator crítico para a eficiência do processamento de queijo. Neste processo, a atividade do coalho é fundamental, mas é preciso analisar cuidadosamente os aspectos específicos desta atividade. Com relação ao impacto da escolha do coalho sobre os queijos de baixo teor de gordura, o Dr. MacMahon explica “Em relação aos queijos de baixo teor de gordura, trabalhos recentes indicaram que pode ser até benéfico aumentar a quantidade de coalho em relação ao que é normalmente usado, para poder haver um pouco mais de ruptura no corpo do queijo. É interessante que o mesmo efeito poderia ser obtido selecionando um coalho com uma atividade proteolítica mais geral ao invés de alterar a quantidade de coalho.” Com relação à proteólise e textura em geral, Kees Muijlwijk, Gerente Global de Aplicação em Laticínios da DSM diz “Para poder prosseguir com o processamento do queijo cheddar é importante poder controlar a proteólise que está ocorrendo. Uma menor proteólise primária resulta em menor desdobramento da proteína. Isto poderia ser refletido em uma maior dificuldade de fatiar ou picar porque o queijo fica mais quebradiço. Uma proteólise primária excessiva resulta em problemas de fatiamento porque o corpo do queijo fica muito macio. E devemos lembrar que, se o queijo vai ser submetido a outro processamento, o estado final do queijo está relacionado com o estado original do queijo natural usado.” A afirmativa de Muijlwijk deixa claro que é importante escolher o coalho correto para a fabricação de queijo cheddar, mesmo que este queijo passe rapidamente para outro fabricante para novo processamento. Muijlwijk diz ainda que “o uso de 100% de quimosina resulta em um controle muito melhor da proteólise que ocorre no queijo que vai ser novamente processado”. Forças de mercado Há uma combinação de realidades do mercado que direciona a atenção do processador de volta à funcionalidade de seu coagulante. As Diretrizes Nutricionais para Americanos de 2005 recomenda que se limite o consumo de sódio a 2.300 mg por dia, mas o consumidor Americano típico ingere cerca de 3.400 mg por dia... 50% a mais do que a ingestão recomendada. Ao mesmo tempo, o queijo representa 7,8% da ingestão coletiva de sódio nos Estados Unidos. Há muita pressão para que se reduza o teor de sódio do queijo, mas a seleção apropriada de coalho pode ajudar os processadores nisso com menor impacto sobre as qualidades sensoriais. Além disso, o queijo cheddar é um dos queijos mais populares dos Estados Unidos, e há um maior interesse em queijos com perfil de sabor mais forte, mais maturados. Isto é particularmente verdadeiro atualmente, uma vez que os consumidores voltaram a consumir refeições preparadas em casa devido às pressões econômicas, e os Americanos buscam melhorar esta experiência com cheddars mais saborosos. Mais uma vez, sabor e coalho andam lado a lado, e maximizar a proteólise pode afetar de forma significativa as características organolépticas do queijo cheddar. Quer seja visto como o “queijo do Rei” ou como o rei dos queijos, o cheddar é o protagonista no consumo global de queijo. Controlar o processo de fabricação exige cuidadosa atenção a muitos fatores, mas a seleção do coalho é a pedra angular sobre a qual o cheddar é construído. Escolher um coalho com 100 % de quimosina permite o controle da proteólise pelo fabricante do queijo, produzindo as qualidades de sabor e textura que se deseja, quer o cheddar tenha sabor médio ou forte. Globalfood Sistemas Integrados e Tecnologia para Alimentos Ltda. Rua Alberto Sampaio, 45 - Vila Santa Catarina - 04373-030 - São Paulo, SP Tel.: (11) 5564-1100 - Fax: (11) 5564-1101 www.globalfood.com.br / [email protected] * Maxiren® é marca registrada de Royal DSM N.V.