Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 DIFERENTES TECNICAS AVALIADAS NA MATURAÇÃO DA BANANA PRATA CATARINA JAILMA RODIGUES DOS SANTOS1*, FRANCIMÁRIO PEREIRA DE ARAÚJO2, FRANCISCO JUVENTINO SILVA DOS SANTOS3, RICARDO DIAS DE ARAÚJO4, ROGÉRIO RUSTENES BRITO5 1 Graduando em Agronomia, IFCE, Limoeiro do Norte-CE. Fone: (88) 9442-1588, [email protected] Graduando Técnico Fruticultura, EEEP Professor Juca Fontenelle, Viçosa do Ceará-CE. Fone: (88) 997804035, [email protected] 3 Graduando Técnico Fruticultura, EEEP Professor Juca Fontenelle, Viçosa do Ceará-CE. Fone: (88) 997804035, [email protected] 4 Professor Laboratorista, EEEP Professor Juca Fontenelle, Viçosa do Ceará-CE. Fone: (88) 99780-4035, [email protected] 5 Esp. Em Fruticultura Irrigada, IFCE, Limoeiro do Norte-CE. Fone: (88) 9646-9217, [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a aplicação de diferentes métodos para o desverdimento da banana Prata Catarina, envolvendo frutos climatérios por produzir etileno, sacos plásticos e ethephon, buscando identificar qual melhor método a ser utilizado para a maturação da mesma, permitindo a uniformidade e a padronização do amadurecimento das bananas, mantendo sua qualidade. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC), contendo 6 tratamentos (T1: abafamento + maracujá; T2: abafamento + maracujá cortado sem polpa; T3: abafamento + Ethephon; T4: ambiente aberto + Ethephon; T5: abafamento; T6: ambiente aberto) e 3 repetições. Passado 72 horas da aplicação dos tratamentos, os frutos foram submetidos as análises de cor, firmeza, acidez titulável, sólidos solúveis, rátio (SS/AT) e pH. Os frutos abafados com maracujá, com maracujá cortado e os de ambiente aberto com ethephon influenciaram nos critérios cor e firmeza, porém no período de 72 horas, as características químicas não obtiveram diferenças significativas. PALAVRAS–CHAVE: Musa sp, frutos climatéricos, desverdimento, pós-colheita. DIFFERENT TECHNIQUES EVALUATED IN THE MATURATION OF BURRO BANANAS CATARINA ABSTRACT: The aim of the present work was to evaluate the application of different methods for the maturation of burro bananas Catarina, which involved climacteric fruit to produce ethylene, plastic bags and ethephon, since we were trying to identify which method was the best at allowing the uniformity and standardization of the ripening of the bananas while maintaining its quality. The experiment was carried out in a completely randomized design (CRD), containing 6 treatments (T1: smothering + passion fruit; T2: smothering + passion fruit cut without pulp; T3: smothering + Ethephon; T4: open environment + Ethephon; T5: smothering; T6: open environment) and three repetitions. Seventy-two hours after the application of the treatments, the fruit were analyzed considering the following criteria: color, firmness, titratable acidity, soluble solids, ratio (SS/TA) and pH. The fruit smothered with passion fruit, passion fruit cut and the ones in the open environment with ethephon suffered the influence of their treatment in two criteria: color and firmness; however, within 72 hours, there were not significant differences for chemical characteristics. KEYWORDS: Musa sp, climacteric fruit, maturation, postharvest. INTRODUÇÃO A banana (Musa spp.) está entre os frutos mais consumidos no mundo na forma in natura, sendo explorada na maioria dos países de clima tropical. Em 2008, o Brasil produziu, aproximadamente, 7 milhões de toneladas (FAO, 2015), sendo a região Nordeste a maior produtora (34%), seguida das regiões Norte (26%), Sudeste (24%), Sul (10%) e Centro-Oeste (6%) (ALVES et al., 2007). A bananeira-‘Prata-Anã’, também conhecida por ‘Enxerto’ ou ‘Prata-de-Santa-Catarina’ é uma planta bastante vigorosa, o que dispensa seu escoramento. Apresenta porte médio a baixo (2,0 a 3,5 m), sendo seus frutos típicos do subgrupo Prata. De acordo com Kader (2002) e Neves (2009), para suprir as demandas do mercado e obter maior vida útil, os frutos climatéricos, como a banana, devem ser colhidos na maturidade fisiológica. Porém, a banana colhida no completo desenvolvimento fisiológico amadurece de forma desuniforme. Assim, visando a homogeneização do lote e o amadurecimento programado dos frutos, pode-se utilizar o processo de climatização (desverdecimento) (BOTREL et al.,2001). A banana produz elevados níveis de etileno durante o amadurecimento. Portanto, considerando que a qualidade está relacionada à minimização da taxa de deterioração, ou seja, à manutenção das características sensoriais do produto, se faz necessário utilizar tecnologias para o desverdecimento que diminuam o impacto dessas perante o metabolismo e, não acelerem, demasiadamente, a maturação (ROCHA, 2005). Tradicionalmente, o desverdecimento da banana é realizado utilizando-se carbureto de cálcio, o qual libera o acetileno quando umedecido em volta das pencas, cobrindo-as com lona plástica (MEDINA, 2004). O acetileno é análogo ao etileno (BISOGNIN et al.,2002). Outra alternativa seria o uso de Ethephon (ácido 2-cloroetilfosfônico), que libera etileno exógeno na casca dos frutos aumentando a intensidade e antecipando o pico respiratório das bananas durante a maturação (NOGUEIRA et al.,2007). Dessa forma, objetivou-se com o presente trabalho avaliar a aplicação de diferentes métodos para o desverdimento da banana Prata Catarina, envolvendo frutos climatérios por produzir etileno, sacos plásticos e ethephon, buscando identificar qual melhor método a ser utilizado para a maturação da mesma, permitindo a uniformidade e a padronização do amadurecimento das bananas, mantendo sua qualidade. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado com frutos de bananeira “Prata Catarina”, em março de 2015 colhidos na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão (UEPE). As análises foram realizadas no Laboratório de Química de Alimentos do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – Campus Limoeiro do Norte. Os frutos para a colheita foram os que cotiam 13 semanas após a retirada da flor da bananeira. Depois de colhidos, os cachos foram levados até o Laboratório Planta Piloto de Fruta e Hortaliças do IFCE – Campus Limoeiro do Norte, onde foram separadas as pencas contendo 12 frutos observando a ausência de danos/defeitos visuais, imersas em solução de hipoclorito de sódio a 2,5% L1 de água, por 10 minutos, enxaguou-se e a secou-se os frutos ao ar livre. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC), contendo 6 tratamentos (T1: abafamento + maracujá; T2: abafamento + maracujá cortado sem polpa; T3: abafamento + Ethephon; T4: ambiente aberto + Ethephon; T5: abafamento; T6: ambiente aberto) e 3 repetições. Para os tratamentos contendo Ethephon, as pencas foram imersas por 10 minutos em solução com 20 mL do produto para 12 L de água. Para os tratamentos contendo abafamento os frutos foram envoltos em sacos plásticos. Passado 72 horas da aplicação dos tratamentos, os frutos foram submetidos as análises de cor, firmeza, acidez titulável, sólidos solúveis, rátio (SS/AT) e pH. Para parâmetro cor utilizou-se uma escala subjetiva de nota, variando de 0 a 4 (0 = 100% verde; 1= 75% verde; 2= 50% verde; 3= 25% verde e 4 = 0% verde). Para firmeza utilizou-se o equipamento penetrômetro, obtendo impacto necessário para penetrar o fruto. As demais análises foram avaliados de acordo com a metodologia proposta pelo Instituto Adolf Lutz (IAL, 2008). Os dados serão submetidos à análise de variância através do programa ASSISTAT (UFCG) versão 7.7 beta e posteriormente as médias serão separadas pelo Teste de Tukey (p<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que apenas a coloração dos frutos (Figura 1A) e a firmeza (Figura 1B) foram os únicos critérios que houve diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos. Para a cor o tratamento 4 obteve melhor resultado, seguido do 1 e 2, com notas 3, 2 e 2 respectivamente, ocorrendo maior pico de produção de etileno. Segundo Campos et al. (2003) a maior produção, e consequentemente, o aumento da concentração de etileno nas embalagens, possivelmente potencializou o rápido amadurecimento nas bananas. A ação do maracujá pode ter ajudado na mudança de cor, já que é um fruto climatérico (Kader et al., 1989; Rhodes, 1980), apresentando alto índice de taxa respiratória. A mudança de cor significa a maturação do fruto pelas altas taxas respiratórias, ocasionando uma perca de sua firmeza, em que entre os tratamentos houve uma diferença significativa, obtendo os melhores resultados os tratamentos 1,2,3 e 4, com valores 32,99; 36,70; 29,98 e 36,32 respectivamente. De acordo com Cano et al. (1997), diferenças em firmeza podem ser relacionadas a diferentes quantidades de polissacarídeos, amido e substâncias pécticas encontradas nas polpas de bananas. Também pode ser um reflexo do aumento da umidade da polpa em razão de trocas osmóticas com a casca. Os açúcares da polpa aumentam mais rapidamente durante o amadurecimento do que os da casca. Além de perder água para a polpa, a casca da banana perde água para o meio ambiente, pela transpiração; dessa forma, observa-se um incremento da relação polpa/casca durante o amadurecimento. Tal relação é também conhecida como “coeficiente de amadurecimento”, que é considerado um índice de maturidade (BOTREL et al., 2001). Figura 1. (A) Cor dos frutos; (B) Firmeza dos frutos . a A a B b b b b Figura 2. (A) Acidez Titulável (AT) dos frutos; (B) Solidos Soluveis (SS) dos frutos. a A a a a a a Ba a a a a a Figura 3. (A) Razão de SS/AT; (B) pH dos frutos. a B A ab b ab a ab a a a a a Em se tratando de acidez titulável (Figura 2A), sólidos solúveis (Figura 2B), ratio (Figura 3A) e pH (Figura 3B) dos frutos, pôde-se observar que não houve diferença significativa entre os tratamentos. Isso pode ser explicado devido os frutos não terem atingido o pique de maturação, consequentemente as transformações bioquímicas foram poucas, no intervalo de 72 horas, não afetando tanto suas características químicas, com presença de amido relativamente baixa. Com relação a pH e acidez titulável (em ácido málico) os resultados estão semelhantes ao encontrados por Lima et al. (2004) que encontraram valores similares para banana em grau 1 de coloração. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a alta relação SS/AT é muito importante e desejável nos frutos, sendo uma das formas mais utilizadas para a avaliação do sabor. CONCLUSÕES Os frutos abafados com maracujá, com maracujá cortado e os de ambiente aberto com ethephon influenciaram nos critérios cor e firmeza, porém no período de 72 horas, as características químicas não obtiveram diferenças significativas. REFERÊNCIAS ALVES, A. B.; LIMA, K. N.; VIEIRA, B. de A. H. Cultivo da banana em Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2007. 90f. (Embrapa Roraima. Documentos 01). BISOGNIN, D. A. et al. Inibição do amadurecimento da banana-’Prata-Anã’ com a aplicação do 1metilciclopropeno. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 24, n. 1, 2002. BOTREL, N., SILVA, O.F., BITTENCOURT, A.M. Procedimentos pós-colheita. In: MATSUURA, U.F.C.A., FOLEGATTI, M.I. da S. Banana. Pós-Colheita. Brasília: Embrapa. Informação Tecnológica -Cruz das Almas: EMBRAPACNPMF, 2001. P 32-39. (Frutas do Brasil; 16). CAMPOS, R. P.; VALENTE, J. P.; PEREIRA, W. E.. Conservação pós-colheita de banana cv. nanicão climatizada e comercializada em Cuiabá - MT e região. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 25, n. 1, p. 172-174, 2003. CEAGESP: PBMH e PIF - PROGRAMA BRASILEIRO PARA A MODERNIZAÇÃO DA HORTICULTURA e PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS. Normas de Classificação de Banana. São Paulo: CEAGESP, 2006. (Documento 29). CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manejo. 2. ed. Lavras: UFLA, 2005. 785 p. 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Circular Técinca 71, EMBRAPA CRUZ DAS ALMAS, Setembro, 2004. Disponível em: < http://www.cnpmf.embrapa.br/publicações > Acessado em 13 de junho de 2015. NEVES, L. C. et al. IN: Pós colheita em frutos tropicais - banana. Manual pós-colheita da fruticultura brasileira, Londrina: EDUEL, 2009. 1 ed., p. 387-397. NOGUEIRA, D. H. et al. Mudanças fisiológicas e químicas em bananas ‘Nanica’ e ‘Pacovan’ tratadas com carbureto de cálcio. Revista Brasileira Fruticultura, v. 29, n. 3, 460-464, 2007. RHODES, M.J.C. The maturation and ripening of fruits. In: Thimann, K.V.; adelman, R. C.; Roth, G.S senescence in plants. Florida: CRC press,; cap. 8, p. 157 – 205, 1980. ROCHA, A. Uso de permanganato de potássio na conservação pós-colheita de banana ‘Prata’. Viçosa, 2005. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa. 82p.