características
físicas e químicas
de carambola
a maturação
ARAÚJO ER; FARIAS GA;Mudanças
SAPUCAYem
MJLC;
SILVA PK; COLARES
PNQ; MEDEIROS
MS;durante
PEDROZA
CM; RÊGO ER; RÊGO, MM. 2009.
Mudanças em características físicas e químicas de carambola durante a maturação. Horticultura Brasileira 27: S1156-S1160.
MUDANÇAS EM CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS
DE CARAMBOLA DURANTE A MATURAÇÃO
1
1
Emmanuelle Rodrigues Araújo ; Gabriela de Araújo Farias ; Moryb Jorge Lima da Costa
1
1
1
Sapucay ; Pollyana Karla da Silva ; Pedro Nóbrega Quintas Colares ; Matheus Serrano
2
1
1
de Medeiros ; Camilla Mendes Pedroza ; Elizanilda Ramalho do Rêgo ; Mailson
1
Monteiro do Rêgo
1
Laborarório de Biotecnologia Vegetal – Centro de Ciências Agrárias – Universidade Federal da Paraíba, 583972
000, Areia - PB; Estudante de Agronomia, Laboratório de Análise de Sementes. E-mail: [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO
A carambola (Averrhoa carambola L.)
é uma fruteira de grande potencial devido a
sua capacidade de rápido desenvolvimento,
alta produtividade, seleção de novos tipos
doces, entre outras características. Suas
raízes e folhas são medicinais, com as
seguintes indicações terapêuticas: sedante,
anti-hipertensiva, antianêmica e antidiabética.
O uso de suas folhas também é recomendado
para o tratamento de afecções da pele e
contra picada de insetos.Seu suco pode ser
utilizado como febrífugo e antiescorbútico. O
objetivo deste trabalho foi caracterizar a
composição físico-química de frutos de
carambola, em diferentes estádios de
maturação, para tanto, foram realizadas
caracterizações físicas e químicas de frutos
em dois estádios de maturação avaliando:
peso dos frutos, comprimento, larguras, pH,
vitamina C, sólidos solúveis e acidez titulável.
A acidez titulável variou de (0.278) nas verdes
e (0.28) nas maduras, sendo estes valores
estatisticamente iguais. A quantidade de
vitamina C também não diferiu
estatisticamente e os valores variaram de
(25,14mg/100g) nas frutas verdes e (25,7mg/
100g) nas maduras. O pH apresentou uma
variação de 3,67 para frutas verdes a 4,03
para frutas maduras. Os valores de sólidos
solúveis (SS) também não diferiram
estatisticamente, havendo para esta
característica apenas uma diferença numérica
de 5,64 a 6,4ºBrix (frutas verdes e maduras,
respectivamente).
PALAVRAS-CHAVE: Averrhoa carambola,
planta medicinal, vitamina C.
ABSTRACT
Changes in physical and chemical
carambola characteristics during the
maturation
Carambola (Averrhoa carambola L.) is
a fruiter of great potential due its capacity of
fast development, high productivity, and
election of new candies types, among others
characteristic. Its roots and leaves are
medicinal, with the following therapeutic
indications: sedative, antihypertensive,
antidiabetic and antianemic. The use of its
leaves also is recommended for the skin
disorders treatment and against insects bite.
Its juice can be used as febrifuge and
antiscorbutic. The objective of this work was
to characterize the carambola fruits physicistchemistry composition, in different maturation
stadiums, for in such a way, had been carried
through
physical
and
chemical
characterizations of fruits in two maturation
Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009
S 1156
Mudanças em características físicas e químicas de carambola durante a maturação
stadiums, evaluating: fruits weight, length,
widths, pH, and vitamin C, Total soluble solid
and titratable acidity. The titratable acidity
varied of (0.278) in greens e (0.28) in mature
ones, being these Values Statistics Equal. The
vitamin C amount also did not differ statistically
and the values had varied of (25.14mg/100g)
in green fruits e (25.7mg/100g) in mature ones.
pH presented a variation of 3.67 for green
fruits the 4.03 for mature fruits. The values
of soluble solids (SS) also had not differed
statistically, having for this characteristic
only one numerical difference of 5.64 6.4ºBrix (green and mature fruits,
respectively).
KEYWORDS: Averrhoa carambola, medicinal
plants, vitamin C.
INTRODUÇÃO:
A carambola (Averrhoa carambola L.) pertencente à família Oxalidaceae, é uma fruteira
exótica, introduzida no Brasil no início do século XVIII, sendo cultivada em todo o País,
principalmente nas regiões mais quentes e sem ocorrência de geadas. A caramboleira é uma
frutífera tropical perene podendo alcançar até 10 m de altura. Possui folhas compostas (5
folíolos), dispostas alternadamente.
As suas pequenas flores são completas, de coloração rosa e lilás. O fruto é uma baga
que pode alcançar entre 5 e 25 cm de comprimento e variar na sua coloração de amarelo claro
até tons alaranjados. Devido ao crescente interesse pela carambola tanto como cultura principal,
como alternativa para diversificação em pequenas propriedades, diversos países têm
desenvolvido cultivares produtivas e com características superiores de fruto. Busca-se por
variedades que possuam precocidade de produção, arquitetura da copa em forma de taça (o
que facilita os tratos culturais), vigor moderado e maior tolerância a estresses abióticos. Quanto
aos frutos, diversas características são importantes, entre elas: tamanho, cor, formato e sabor.
As variedades mais conhecidas são as cultivadas na Flórida (EUA) e sudeste asiático (Pommer
et al., 2006). A caramboleira tem sido reportada como sendo uma das fruteiras de grande
potencial devido a sua capacidade de rápido desenvolvimento, alta produtividade, seleção de
novos tipos doces, possibilidade de cultivo em casas de vegetação, frutos com aparência e
sabor únicos e a característica de contornar fatores limitantes de cultivo (Carvalho et al., 2006).
A carambola pode ser consumida como fruta fresca ou sucos, geléias, compotas, doces
caseiros e saladas. Seu consumo minimamente processado também está tendo um aumento
de interesse devido a sua forma de estrela quando fatiado (Carvalho et al., 2006). O sumo das
sementes é utilizado para remover manchas diversas, as flores são consumidas em saladas e
pratos exóticos, e as folhas fazem parte da farmacopéia indiana. O suco da carambola, além
de um refrigerante saudável, também pode ser utilizado como febrífugo, antiescorbútico e
antidisentérico. Segundo Gonçalves e Martins (1998) e Pio Correa (1931) as raízes e folhas
da carambola são medicinais, com as seguintes indicações terapêuticas: sedante, antihipertensiva, antianêmica e antidiabética. O uso de suas folhas também é recomendado para
o tratamento de afecções da pele (erupções, pruridos intensos e eczemas) e contra picada de
insetos. A A. carambola é uma planta promissora como ferramenta para o tratamento do
processo inflamatório e validam, em parte, a indicação do uso popular para afecções da pele
(Moresco et al., 2006). O objetivo deste trabalho caracterização física, química e físico-química
de carambola em dois estádios de maturação (verde e madura).
Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009
S 1157
Mudanças em características físicas e químicas de carambola durante a maturação
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Vegetal do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia – PB. Foram realizadas
caracterizações físicas e químicas de frutos de carambola provenientes do brejo paraibano,
em dois estádios de maturação, definidos como verde e maduro, com análise de 15 frutos por
estádio. Os caracteres avaliados foram: peso dos frutos (g), comprimento (cm) do fruto, maior
largura e menor largura do fruto, pH, vitamina C (mg de ácido ascórbico/100g de polpa), sólidos
o
solúveis ( Brix) e acidez titulável (g de ácido cítrico/100g de polpa). O comprimento e largura
dos frutos foram determinados com auxílio de paquímetro, e o peso através de balança analítica.
Para as análises físico-químicas, os frutos foram triturados em almofariz com auxílio de um
pistilo sendo posteriormente peneirados para obtenção da polpa, sendo diluídas em 100ml de
água destilada, sendo esta amostra submetida às determinações do pH em potenciômetro
(Digimed DM21); sólidos solúveis (SS) expressos em ºBrix, utilizando refratômetro (Abbe 13001720, 0-95% Modelo 2 Waj). Para quantificação da acidez titulável, utilizou-se cerca de 10g de
polpa em 100ml de água destilada, titulando-se a amostra com solução de hidróxido de sódio
0,1N, e utilizando-se três gotas de fenolftaleína a 1% como indicador expressando-se o resultado
final em percentagem de ácido cítrico (Instituto Adolfo Lutz, 2005). Com exceção da acidez
titulável, todos os demais parâmetros mencionados foram determinados de acordo com os
métodos da AOAC (1990). O experimento foi analisado no delineamento inteiramente
casualizado, com 2 tratamentos e 15 repetições. As médias foram agrupadas pelo critério de
Scott Knott a 1% de probabilidade, usando-se o programa computacional Genes (Cruz, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram detectadas diferenças significativas, para as características de comprimento,
largura maior, peso do fruto e pH (Tabela 1). As variáveis vitamina C e acidez titulável, não
diferiram estatisticamente entre as frutas verdes e maduras. O nível de acidez não diferiu
estatisticamente de acordo com o estádio de maturação, tendo as frutas verdes média de
0.278 e as maduras 0.28 g de ácido cítrico/100g de polpa (Tabela 2). Torres et al. (2003)
verificaram em frutos de carambola (Averrhoa carambola L.) que ocorreu uma variação com
relação à acidez titulável, onde os frutos verdes apresentaram maiores médias para esta
variável. Já Neves et al. (2004) verificaram que a acidez titulável diminuiu gradativamente de
acordo com o estádio de maturação. Corrêa et al. (2008) e Brunini et al. (2003), em trabalhos
com papaya e goiaba, encontram acidez de 0.083 e 0.408, respectivamente. Araújo et al.
(2008) encontram em biri-biri valores de acidez, que variam de 1,15 a 1,66g/100g, em frutos
verdes e maduros, respectivamente. No presente trabalho não houve diferença significativa
entre os estádios de maturação para vitamina C sendo as médias 25,14mg/100g para frutas
verdes e 25,7mg/100g para frutas maduras (Tabela 2). Araújo et al. (2008) relataram que em
biri-biri os níveis de vitamina C foram mais elevados nos frutos verdes.
A quantidade de vitamina C na maioria dos frutos tente a diminuir durante o processo de
maturação, assim aconteceu com estudos realizados com manga e acerola (Aina et al., 1990;
Gofur et al., 1994; Santos et al., 1999; Carvalho e Manica, 1993). Em acerola, este fato pode
ser atribuído, segundo Butt (1980), ao decréscimo na atuação da enzima denominada ácido
ascórbico oxidase (ascorbato oxidase), isolada em acerola por Asenjo et al. (1960), os quais
Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009
S 1158
Mudanças em características físicas e químicas de carambola durante a maturação
verificaram que a atividade enzimática nos frutos maduros é maior que nos verdes, fato que
pode explicar as perdas desta vitamina verificadas no decorrer da maturação. Com relação
ao pH, os frutos de carambola apresentaram diferenças significativas, sendo a variação de
3,67 para frutas verdes a 4,03 para frutas maduras. O pH também foi influenciado
significativamente pelo estádio de maturação no trabalho de Torres et al (2006), onde o fruto
verde apresentou 3,52 e o maduro 3,69. Em carambola tipo azedo, o pH variou de 1,25 a 2,0
(Lennox e Ragoonath, 1990). Os valores de sólidos solúveis (SS) não diferiram estatisticamente,
e as médias variaram de 5,64 a 6,4 (Tabela 2). Torres et al. (2003) verificaram que os teores
dos sólidos solúveis em carambola, também aumentaram com o amadurecimento dos frutos.
Em frutos de biri-biri, que pertence a mesma família da carambola (Oxalidaceae), Araújo et al.
(2008) verificaram que os teores de sólidos solúveis variaram de 2,35 a 3,23º Brix, sendo
maiores em frutas de biri-biri maduras.
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S 1159
Mudanças em características físicas e químicas de carambola durante a maturação
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Tabela 1. Resumo da análise de variância das características físico-químicas de frutos de carambola (Averrhoa
carambola L.) coletados em três estádios de maturação.
F.V
Comprimento
Largura
Menor
(cm
NS
Estádios
1.63**
de maturação
0.56
CV (%)
13.76
9.61
Largura
Maior
Quadrados Médios
Peso do
Vitamina C
Fruto
(g)
(mg/100g)
3.40**
2378.79**
0.16
24.28
2.35
NS
25.52
Acidez
Titulável
(%)
0.000013
NS
21.81
°Brix
4.25
NS
16.50
pH
0.93**
4.53
NS e ** = Não significativo e significativo a 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
Tabela 2. Médias das características físico-químicas de frutos de carambola (Averrhoa carambola L.) nos
diferentes estádios de maturação.
Características
Estádio de
Maturação
1
2
Comp.
5.76 b
6.23 a
Largura
Menor
(cm)
Largura
Maior
3.14 a
2.87 a
3.89 b
4.56 a
Peso do
Fruto
(g)
37.89 b
55.7 a
(mc/100g)
Acidez
Titulável
(%)
25.14 a
25.7 a
0.278 a
0.28 a
Vitamina C
°Brix
PH
5.64 a
6.4 a
3.67 b
4.03 a
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, pertencem a um mesmo grupo pelo critério de Scott-Knott (p
= 0.01). ¹SS = Sólidos solúveis
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