EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: FATORES PSICOLÓGICOS. Margarete Vaz de Paula* Elisabeth T Fylyk** PUC-PR*** RESUMOa Diante da necessidade e preocupação cada vez maiores da população com a saúde e qualidade de vida, o presente estudo teve como objetivo verificar a Educação Física no Ensino Médio e seus fatores psicológicos, mais especificamente no que esses fatores influenciam para a não participação dos alunos nas aulas, estas que só atraem benefícios que por sua vez foram relatados pelos próprios alunos quando questionados. Dentro da pesquisa realizada, foi feita uma análise de dados das respostas do questionário que foi aplicado aos alunos, o que se viu foi um excesso de desmotivação por parte dos adolescentes que dizem não gostar das aulas de Educação Física, justamente pelo conteúdo ser muito repetitivo e pela baixa estima dos menos habilidosos nos esportes. Outros fatores foram encontrados, não só dos que não fazem como também os que participam efetivamente das aulas, que se fazem relevantes e estão mais bem descritos neste trabalho. A intenção desta pesquisa em nenhum momento foi de julgar a atitude de alunos e professores durante as aulas, mas sim de analisá-los para o bom desenvolvimento das mesmas também por outros profissionais, buscando oportunizar uma pesquisa para se obter uma ferramenta a mais no trabalho com os adolescentes. Palavras-chave: Adolescência. Educação Física Escolar. Ensino Médio. Fatores Psicológicos. Saúde. INTRODUÇÃO Hoje em dia tanto se fala da importância da atividade física para o aumento da qualidade de vida, mas mesmo assim a população que a pratica regularmente não chega nem perto do desejado, diante disso esse estudo se valida facilmente pelo alto índice de problemas de saúde relacionados ao sedentarismo, que afetam principalmente a população inativa, como hipertensão, problemas cardiovasculares, entre outros. Diante disso torna-se necessário analisar o que está havendo com os adolescentes e os motivos que os levam a não se interessar nessa boa prática. O presente estudo abordou os fatores psicológicos no Ensino Médio, mais especificamente os que influenciam o aluno a não participar das aulas de Educação Física, verificando as questões físicas, sociais e comportamentais da fase adolescente. Autores como COOL; PALACIOS; MARCHESI (1995), GALLAHUE (2005) e SANDSTROM (1975), entre outros fundamentam este estudo. Para tanto, a pesquisa seguiu a seguinte trajetória, na primeira parte do estudo houve um enfoque na busca de um entendimento sobre o adolescente e sua fase de transição. Na segunda parte, houve uma preocupação maior com a questão da Educação Física no Ensino Médio, na seqüência, na terceira e última etapa foram * Aluna pesquisadora do curso de Licenciatura em Educação Física ** Profª. Ms Orientadora Elisabeth Tarasiuk Fylyk *** Pontifícia Universidade Católica do Paraná analisados os dados à luz do referencial teórico gerando assim a conclusão do trabalho. REFERENCIAL TEÓRICO A adolescência, de acordo com Cool; Palácios; Marquesi (1995, p.263) “é a etapa que se estende dos 12-13 até aproximadamente ao final da segunda década de vida. É uma etapa de transição entre a infância e a etapa adulta”. Portanto podese dizer que a adolescência refere-se a uma etapa de preparação para a idade adulta, sendo um momento inicial dessa transição. Segundo Kaplan apud Cool; Palacios; Marchesi (1995, p.290) “a adolescência é um momento de recapitulação da infância passada, de toda a experiência acumulada e agora é posta em ordem”. A fase adolescente por estar num período da transição da ingenuidade infantil para a realidade adulta gera muitas dúvidas, revoltas e tensões. Cool; Palacios; Marchesi (1995, p.268) apontam e supõem que “a adolescência seja uma época de turbulências, de mudanças dramáticas, de abundantes tensões e sofrimentos psicológicos”. Com relação ao desenvolvimento, os corpos infantis são fundamentalmente iguais, exceto os caracteres sexuais primários (pênis e vagina). “O processo de transformação física acontece por uma série de mecanismos hormonais, que desencadeiam um longo processo de modificações que será evidenciado de formas diferentes em cada sexo” (COOL; PALACIOS; MARCHESI, 1995 p.265). Durante todo o processo de crescimento, também existe o ganho de peso, tanto em meninas quanto em meninos, porém de estruturas diferenciadas que segundo Gallahue e Ozmun (2005, p.355) “o ganho de peso em meninos adolescentes ocorre basicamente por causa de aumentos na altura e na massa muscular. A massa adiposa tende a permanecer relativamente estável nesse período”. Já no sexo oposto de acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p.355) “em meninas, todavia, o ganho de peso adolescente deve-se muito a aumentos na massa adiposa e na altura e, em menor grau, a aumentos na massa muscular”. As idades nas quais ocorrem essas mudanças podem variar. Os meninos começam em média pelos 12-13 anos e vão até os 16-18 anos. Já as meninas têm o início pelos 10-11 anos e terminam pelos 14-16 anos (COOL; PALACIOS; MARCHESI, 1995). A influência da maturação sobre o adolescente acontece principalmente por ser essa fase, a adolescente, que se dá maior importância ao desenvolvimento do corpo do que em qualquer outra fase da vida. A comparação entre o desenvolvimento do seu corpo e o do outro é certa, Gallahue e Ozmun (2005, p.360) confirmando essa afirmação apontam que “as alterações físicas e o aparecimento de características sexuais secundárias são freqüentemente uma causa do aumento de interesse do indivíduo por seu próprio corpo e de um aumentado nível de autopercepção”. Nos meninos, a maturação precoce geralmente é encarada positivamente, pois o evidencia dos demais por sua capacidade atlética e força evoluídas, por sua voz grave, o que naturalmente enaltece as características masculinas, mas, Simkis apud Sisto; Oliveira; Fini. (2000 p.183) afirma: Ao entrar na puberdade mais cedo geralmente acarreta amadurecimento biológico, que não necessariamente coincide com amadurecimento cognitivo e emocional, o que se constitui, portanto, num fator de risco para uma iniciação sexual prematura e suas negativas conseqüências. Já o menino que amadurece tardiamente pode sentir-se inseguro, fora dos padrões para sua idade, sentindo-se assim inferiores. Com relação às meninas quando a maturação ocorre precocemente, existe a vergonha do próprio corpo que está em desenvolvimento, o que faz com que as meninas tentem escondê-lo para que não fique em indecência perante as outras meninas. Ao contrário dos meninos, as meninas que se desenvolvem tardiamente não encontram tantos problemas de ordem psicológica. Pois como as meninas amadurecem antes dos meninos aquelas que têm a maturação tardia acaba se desenvolvendo na mesma média que nos meninos. É na adolescência também que se desenvolve a identidade pessoal. O desenvolvimento do eu e da identidade pessoal está diretamente ligado à própria história do adolescente. É nessa fase que o ser humano começa a ter memória bibliográfica, interpretação das experiências do passado e o meio para enfrentar os desafios do momento e das expectativas do futuro, ter relações sociais com os demais tentando se relacionar como uma pessoa psicossocialmente madura e sadia. Na adolescência a imagem corporal já está estabelecida, mas as mudanças fisiológicas fazem com que haja uma reanálise da imagem corporal. Nessa fase a preocupação com o próprio corpo se torna prioridade. Uma boa condição física na adolescência traz confiança e uma auto-estima elevada, como afirma Sandstrom (1975, p.244) “a boa saúde física é um fator importante na obtenção pessoal de uma posição entre os de seu próprio grupo. Há uma correlação positiva entre vigor físico e prestigio social”. Um outro fator importante de socialização é o amigo, os colegas estão presentes em todas as fases do ser humano, mas é na adolescência que esses colegas se tornam, de uma forma muito mais intensa, referências de comportamento. Segundo Sprinthall E Collins (2003, p.358) “... o grupo de colegas, juntamente com a família e a escola, são os principais contextos em que os adolescentes desenvolvem as características pessoais e sociais de que necessitarão na vida adulta”. É nesta fase que as afinidades aparecerão e as amizades se tornarão mais estáveis, adquirindo assim melhores amigos. A escolha desta pessoa confiável também faz com que o adolescente descubra que seus sentimentos e emoções são naturais e se tornem mais tranqüilos. Como afirma Pilnik apud Zekcer (1985, p.36) As confidências, compreensões, identificações são detectadas com a maior naturalidade e esse desnudar emocional diante do outro é uma autoafirmação de que o que pensa interna e externamente consigo, também acontece com o companheiro, portanto não estão fora da normalidade. Com relação à motivação desses, agora adolescentes, nas aulas, verifica-se que conduzir uma aula em que todos estejam satisfeitos, felizes e motivados é uma tarefa para poucos, uma vez que a motivação depende de uma série de fatores: internos ou intrínsecos e externos ou extrínsecos. Como fatores internos podem ser citados: a necessidade, atração e a disposição. A necessidade se refere à necessidade de se fazer algo, pois segundo Munhoz apud Oliveira (2006, p.94) “as necessidades humanas emergem da natureza intrínseca da pessoa...”, já a atração e a disposição para realizar tal evento é o que vai tentar satisfazer tal necessidade. Mas são os fatores externos que terão a missão de incentivar as necessidades e provocar a atração e muitas vezes até a disposição do indivíduo. Só é preciso não confundir aquilo que a satisfaz uma necessidade, com a motivação para isso, pois ninguém pode criar uma necessidade de realização em outra pessoa já que esta não pode ser instigada de fora para dentro. Justificando essa afirmação Munhoz apud Oliveira (2006, p.95) transcreve que O que pode ser feito é aumentar ou diminuir a intensidade de uma necessidade por meio da satisfação ou não-satisfação, bem como é possível ativar necessidades que estão latentes, tornando-se ativas. Mas não é possível fazer existir necessidades que não existem como não é possível fazer com que a motivação passe a existir. Dentre os fatores externos que influenciam na motivação das aulas, mais especificamente nas de Educação Física os principais são: o professor e a metodologia utilizada, o conteúdo aplicado, o relacionamento do professor com a turma e a estrutura da escola, entre outros fatores específicos de cada realidade. É preciso colocar esses fatores motivacionais, junto com a seriedade que o tema exige dentro das aulas do ensino médio, que segundo o PCNEM apud LDB, Lei nº 9.394/96, art.36 (1999, p.22) é definido como a “etapa final da educação básica”. É necessário perceber a importância da Educação Física dentro do contexto escolar, onde a mesma através de movimentos em todos os eixos trabalhados: jogos, esportes, danças, lutas e ginástica forma (quando bem aplicada) desenvolvem não só uma cultura corporal ou cultura física, que é de extrema importância, mas também um indivíduo capaz de exercer sua cidadania com respeito mútuo, crítico e com uma consciência sobre sua própria qualidade de vida que se será levada também fora da vida escolar. Na atualidade, devido ao alto número de pessoas sedentárias e com conseqüências patológicas desse hábito, é extremamente necessário que a Educação Física escolar deixe somente de estar voltada ao movimento pelo movimento utilizando o esporte para isso, mas também esteja muito preocupada com a saúde e uma conseqüente qualidade de vida para os adolescentes e para os futuros adultos. METODOLOGIA O presente estudo é caracterizado de forma descritiva e tem caráter qualitativo. A pesquisa foi abordada em forma de estudo de caso, a população foi composta por 60 alunos do Ensino Médio de um colégio da rede estadual de ensino do estado do Paraná, onde foi aplicado um questionário composto por 9 questões abertas e 1 fechada e realizada observação de dez aulas de Educação Física. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Através dos dados coletados verificou-se a necessidade de compreender a opinião do aluno de Ensino Médio com relação à Educação Física escolar, para tanto a discussão foi feita através da análise das respostas e depoimentos de extrema riqueza descritos pelos próprios alunos, ressaltando que em cada resposta foram elencadas mais um fator de análise. Quando questionados se gostam das aulas de Educação Física, a grande maioria, setenta e sete por cento (77%) dos alunos responderam que sim, contra vinte e três por cento (23%) que afirmaram não gostar. O que já nos mostra uma rejeição à disciplina de quase um quarto dos alunos, o que prevê algum acontecimento relevante neste dado, que será revelado a seguir. Mais importante do que saber a porcentagem de adesão às aulas, é descobrir os motivos para isso. Os alunos que afirmaram gostar das aulas de Educação Física mostraram seus motivos, onde a grande maioria (60%) disse gostar por praticarem atividades físicas e esportes, o que mostra um número animador em busca de uma vida ativa, um depoimento trazendo o fator saúde se faz pontual nesse caso: Atividades físicas são essenciais para uma vida mais saudável. (Aluno 57) A segunda resposta mais elencada refere-se a sair da rotina da sala de aula, que está muito ligada ao terceiro motivo que é a distração e diversão obtida nas aulas, um fator psicológico importantíssimo nos dias atuais. Isso demonstra que a Educação Física escolar atrai os alunos pela possibilidade de extravasar seus sentimentos e energias acumuladas e/ou oprimidos em sala, muitas vezes pelo estresse devido ao excesso de preocupação, como o vestibular que se aproxima ou até mesmo pela sobrecarga de tarefas em determinado período do ano letivo, não que tais aulas e cobranças não sejam importantes, mas um equilíbrio acaba por ser fundamental. A importância de o aluno ter esse momento divertido e prazeroso é comprovada no seguinte depoimento: Porque temos aulas práticas e saímos para a quadra onde temos uma aula diferente e divertida. (Aluno 26) Talvez a maior expectativa neste caso esteja em descobrir as respostas dos que não gostam das aulas, onde o motivo de maior citação cinqüenta por cento (50%) foi que as aulas são muito repetitivas, o que nos leva a uma reflexão sobre os conteúdos trabalhados na escola que estão desmotivando tais alunos, muito bem explícito no seguinte depoimento: São sempre os mesmos esportes praticados, desde a 5ª série, não tem inovações. (Aluno 28) Tal resposta está muito ligada à que relata que existe muita aula teórica oito por cento (8%). Uma vez que os fatores extrínsecos são importantíssimos para o incentivo à motivação, vale lembrar que a variedade e criatividade das aulas ministradas pelo professor são diretamente ligadas ao interesse dos alunos. A preguiça adolescente também se mostra quando dezessete por cento (17%) dos alunos disseram não ter disposição para a prática das aulas, muito bem representado pela explanação que diz: Na verdade não é que eu não gosto, eu tenho é preguiça e não gosto de fazer algo forçado. (Aluno 03) A questão da vergonha sentida pelos menos habilidosos também se mostra clara nos resultados onde oito por cento (8%) dos alunos afirmaram não participar das aulas pelo fato da gozação dos colegas mais habilidosos, podendo se observar a seguir: Não gosto de praticar esportes com meus colegas de classe, se você faz algo de errado eles te crucificam, acham que são os melhores, e na verdade são uns zero à esquerda. (Aluno 02) A questão dos atestados também foi levantada, dezessete por cento (17%) responderam ter dispensa médica para as aulas, mas também não se viu um incentivo por parte dos docentes a fim de incluir tal aluno em alguma atividade de socialização, ou atividades que não utilizassem sua limitação física, evitando assim atestados “forçados”. Aos que disseram gostar ou não das aulas foi perguntado os fatores que os motivam a ter esta opinião. Aos que disseram simpatizar com as aulas, todas as respostas colocadas no porque gostam das aulas foram repetidas como fator motivacional, apenas um novo motivo aparece agora, motivo que pode ser considerado especial no incentivo à motivação: o professor. Que de acordo com Nerici (1981, p.40) “é preciso ressaltar que a ação do professor é insubstituível na ação educativa, e que os bons resultados de um método dependem mais da sua atitude didática do que do próprio método”. Entusiasmo e comprometimento por parte do professor é o primeiro ponto para o sucesso das aulas. Com relação ao professor o depoimento mais relevante foi: Jogar vôlei e handebol é o que mais gosto, e amo me exercitar e correr, o que contribui muito é ter uma boa professora, e de todas do colégio a do 3ºC é a melhor. (Aluno 09) Os alunos que não gostam das aulas repetiram também o motivo do porque, acrescentando alguns: executar o que não gosta e os professores. Colocaram que já que não gostam de tal atividade não deveriam ser obrigados a realizá-las. Porém as outras disciplinas nem todos gostam e acaba por ser obrigatório, mas nesse caso a aceitação ocorre mais facilmente. As seguintes explanações destacam-se: Porque os professores te obrigam a fazer algumas modalidades que você não gosta e nem sabe jogar. (Aluno 49) Os professores (eles simplesmente mandam jogar depois de ‘explicar’ as regras, ficam todos fazendo o que querem, do seu jeito) eles não mudam o jeito das aulas para que haja interesse. (Aluno 30) Uma questão relevante foi a de que se o melhor amigo participa ou não das aulas o aluno o acompanha, nesta, setenta e sete por cento (77%) dos pesquisados disseram não acompanhar; vinte e oito por cento (28%) afirmaram se deixar influenciar e acompanhar seu amigo. Sobre a relação do adolescente com o melhor amigo Tiba (1985, p.57) cita que “na adolescência, o melhor amigo já tem características de escolha afetiva e, preferivelmente, eles ficam juntos; podem, porém ficar juntos dentro de uma turma”. Sobre a função da Educação Física escolar foi relatado que ela serve para ensinar a praticar esportes e atividades físicas quarenta e dois por cento (42%) e também para ensinar hábitos saudáveis trinta e três por cento (33%). O interessante que até os alunos que disseram não gostar das aulas assumiram a importância da Educação Física escolar no contexto da qualidade de vida que inclui o fator físico e psicológico, onde distrair e aliviar o estresse vinte e um por cento (21%) acaba também sendo importante. Pode ser que esse não gostar seja algo mais subjetivo, porque podem não reprovar totalmente as aulas como pode ser visto nos relatos. O item analisado anteriormente se mistura muito com o próximo, onde referese aos benefícios que as aulas de Educação Física proporcionam. Foram citados novamente a promoção da saúde quarenta e sete por cento (47%) e a capacidade de diminuir o estresse do dia a dia dezenove por cento (19%), apenas a resposta que diz que ela proporciona socialização trinta por cento (30%) foi diferente, comprovando a importância deste fator Setian; Colli e Marcondes(1979, p.95) transcrevem que “um aspecto importante da atividade física liga-se à oportunidade de contato com os outros adolescentes e outros grupos sociais, através da qual terá possibilidades para estabelecer amizades, desenvolver a disciplina de trabalho em grupo”. Quando indagados se a Educação Física escolar é importante no currículo escolar, setenta e oito por cento (78%) disseram que sim e vinte e dois por cento (22%) que não. Na resposta positiva fatores que já foram citados explicaram o porquê dessa necessidade: saúde, esportes e atividades físicas, alívio do estresse, aprendizagem para o trabalho em grupo, o único fato novo é que a disciplina desperta interesse para uma possível carreira nesta área. Na resposta negativa houve ênfase nas respostas que dizem que não pretendem ser profissionais da área, como se esse fosse o intuito das aulas, a repetição dos conteúdos reaparece, assim como a falta de habilidade de alguns, acrescentando agora a questão de que a disciplina não tem cobrança, por isso não é importante. Ao pedir sugestões sobre o que deveria ser melhorado nas aulas houveram as seguintes: as aulas deveriam ser mais diversificadas, deveria ter mais aulas na semana, a estrutura deveria ser melhor e as aulas deveriam ser livres para fazerem só o que gostam. Levar a importância de se manter uma vida longe do sedentarismo, de se tornarem adultos saudáveis física e psicologicamente é um dos objetivos da Educação Física no ensino médio, neste sentido oitenta e oito por cento (88%) dos alunos disseram que as aulas os motivam a praticar atividades físicas fora da escola e doze por cento (12%) dizem que não acreditam que as aulas podem motivá-los a tal prática, devido a auto motivação, a falta de incentivo da escola, a falta de atribuição de nota à disciplina, pelo desprazer de realizar as aulas obrigado e por não gostar de esportes. CONCLUSÃO Diante dos objetivos elencados, conclui-se com esse estudo que realmente os fatores psicológicos interferem na participação dos alunos nas aulas, seja positiva ou negativamente. Com relação aos aspectos fisiológicos da fase adolescente, comprova-se que eles influenciam, na maioria das vezes ao desenvolvimento de alguns fatores psicológicos que atrapalham a participação desses alunos nas aulas, como a vergonha do corpo que existe por mais que não tenha aparecido nos relatos, mas em observação realizada conseguiu-se identificar, principalmente nas meninas, justamente por haver uma maior exposição do aluno durante as aulas de Educação Física do que nas outras disciplinas, acarretando timidez e vergonha do próprio corpo perante os colegas. Concluiu-se que os fatores psicológicos mais comuns na adolescência são baixa estima por não possuir habilidade nos esportes, timidez excessiva em se expor frente aos colegas e o desenvolvimento precoce e tardio desses jovens que afetam diretamente sua auto confiança, para mais ou para menos. Pode-se concluir também que os fatores que podem influenciar na motivação dos alunos na participação nas aulas são variados, porém o maior motivo de desmotivação é o conteúdo repetitivo que a escola traz, aliado também a obrigação de fazer o que não gosta, por não ter habilidades nos esportes e pelos professores. Já a motivação é obtida pelos esportes e as atividades que são realizados, porque faz bem para a saúde, alivia o estresse e se sentem bem por saírem da sala de aula, porque existe a descontração e a diversão durante as aulas. Embora não seja a maioria, verificou-se que a influência dos colegas e do melhor amigo também interfere, pois os alunos líderes acabam por persuadir os outros, e o aluno sem o melhor amigo sente-se um pouco desprotegido, optando muitas vezes em acompanhá-lo. Através da pesquisa pôde-se constatar que apesar de ter uma porcentagem considerável que não gosta e não participa efetivamente das aulas, a grande maioria demonstrou conhecimento sobre os benefícios das aulas na escola, o que já é um grande passo para uma possível “reconquista” desses alunos pelos professores. REFERÊNCIAS COOL, Cezar; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro - Desenvolvimento psicológico e educação-Psicologia Evolutiva, v.1. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. EDUCAÇÃO, Ministério da. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio (PCNEM) - Bases Legais. 188 p.Brasília, 1999. GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005. NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Metodologia do ensino. 2 ed. Sao Paulo: Atlas, 1981 OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. Profissão líder: desafios e perspectivas. São Paulo: Saraiva 2006. SANDSTROM, Carl Ivar.A psicologia da infância e da Adolescência, 5ª ed. 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