FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE MESTRADO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL Aline de Freitas Rodrigues MALÁRIA EM RONDÔNIA: Análise Temporal e Espacial, 1994 a 2005 Porto Velho 2007 Aline de Freitas Rodrigues MALÁRIA EM RONDÔNIA: Análise Temporal e Espacial, 1994 a 2005 Dissertação apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Biologia Experimental. Orientadora: Drª. Ana Lúcia Escobar Co-Orientador: Dr. Reinaldo Souza Santos Porto Velho 2007 Aline de Freitas Rodrigues MALÁRIA EM RONDÔNIA: Análise Temporal e Espacial, 1994 a 2005 Dissertação apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Biologia Experimental. Aprovada em 30 de Abril de 2007. BANCA EXAMINADORA _________________________________ Drª. Ana Lúcia Escobar Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR _________________________________ Ms. Rui Rafael Durlacher Secretaria Estadual de Saúde – SESAU _________________________________ Dr. Ari Miguel Teixeira Ott Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR AGRADECIMENTOS À minha orientadora, professora Ana Lúcia Escobar que com um voto de confiança proporcionou-me a oportunidade de adentrar no mundo da pesquisa. Sou lhe grata também pelo carinho, respeito e amizade. Ao professor Reinaldo Souza Santos que mesmo distante fez-se presente em momentos importantes, auxiliando-me com disposição e paciência. À minha mãe, sempre presente, torcendo por minhas conquistas, amparandome nas dificuldades e cujo amor me dá a solidez interna necessária para superá-las. À minha irmã Ariele pelo carinho e amizade. Ao meu companheiro Alex e sua família pelo apoio e incentivo. Às minhas amigas Marcia, Filomena, Raquel e Adriana pela amizade incondicional durante o decorrer deste trabalho. Às minhas amigas Aracelly e Edilene que mesmo não traçando junto a mim este caminho sempre se fizeram presentes. Ao meu colega Pedro pela disponibilização de preciosas informações. Aos colegas de jornada Carlos, Alexandre e João pela compreensão e apoio. Ao corpo docente do curso de Mestrado em Biologia Experimental da UNIR pela honra de compartilhar momentos de intensa aprendizagem. Às instituições UNIR, CNPq e CESIR pelo apoio à pesquisa e financiamento. “Como poderei ver o próximo, se estiver ocupado apenas de mim mesmo? Como poderia compreender o medo, a tristeza, a solidão, a esperança, o amor – se eu também não sentisse o meu medo, minha tristeza, solidão, esperança ou amor? – “estar em” no mundo significa estar ligado à vida e ao desenvolvimento de mim e de outros seres.” (Erich Fromm) RESUMO Descreveu-se a evolução temporal e espacial de malária no Estado de Rondônia de 1994 a 2005. O número de casos da doença decresceu até 2000, entretanto, um acréscimo de 105,7% foi observado de 2001 a 2005, especialmente na cidade de Porto Velho. Na análise espacial foram trabalhados os indicadores: Índice Parasitário Anual (IPA), variação populacional, número de famílias assentadas e percentuais da área total desmatada no município. Classificou-se o IPA em períodos: período 1 (P1) de 1994 a 1996; período 2 (P2) de 1997 a 1999; período 3 (P3) de 2000 a 2002 e período 4 (P4) de 2003 a 2005. O número de áreas com risco de transmissão e o IPA decresceram do P1 (93,1) ao P3 (43,4), com aumento no P4 (71,4). A distribuição espacial foi determinada através da construção de mapas temáticos e uso de técnicas de estatística espacial: Índices de Moran Global e Local (Box Map e Moran Map). O índice de Moran global do IPA foi igual a 0,52; 0,51; 0,54 e 0,71 com p-valor = 0,01 nos P1, P2, P3 e P4, respectivamente. Estes valores indicam que o IPA está correlacionado no espaço. Pelo Box Map identificaram-se áreas de maior, menor e intermediário risco. Em todos os períodos, a área de maior risco apresentou também maior: crescimento populacional, número de famílias assentadas (exceto no P3) e percentual do total de área desmatada em relação às outras áreas de risco. Pelo Moran Map foram localizados os municípios com autocorrelação estatisticamente significante (p ≤ 0,01). Os municípios da área de maior risco Q1 (+/+) localizavam-se na região noroeste, nordeste de Rondônia. Destacam-se os municípios de Alto Paraíso, Buritis, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste e Rio Crespo que permaneceram nessa área em todos os períodos, e com IPA acima de 100. A área de menor risco concentrouse nos municípios da região sudeste. A área de risco intermediário Q4 localizou-se na fronteira com a Bolívia e Estado do Amazonas e entre os municípios da área de maior risco. A análise apresentou evidências significativas de dependência espacial em nível estadual e municipal, sugerindo que a localização geográfica associada com fatores sócio-ambientais é importante como determinante da malária no Estado. Palavras-chave: Malária. Rondônia. Análise espacial. ABSTRACT The spatial and temporal evolution of malaria was described in the state of Rondônia from 1994 to 2005. The number people infected decreased until the year 2000; however, there was an increase of 105.7% from the year 2001 to 2005, especially in the city of Porto Velho. The following indicators were used in the spatial analysis: Annual Parasitic Indice (API), population variation, number of families settled and percentage of deforested land in the municipality. The API was classified in periods: period 1 (P1) from 1994 to 1996; period 2 (P2) from 1997 to 1999; period 3 (P3) from 2000 to 2002 and period 4 (P4) from 2003 to 2005. The number of areas under the risk of transmission and the API decreased from P1 (93.1) to P3 (43.4), with an increase in P4 (71.4). The spatial distribution was determined through the making of thematic maps and the use of spatial strategy techniques: Local and Global Moran Indices (Box Map and Moran Map). The global Moran indice of the API was equal to 0.52; 0.51; 0.54 and 0.71 with p-value = 0.01 in P1, P2, P3 and P4, respectively. These values indicate that the API is correlated in the space. Through the Box Map we identified areas of higher, lower and medium risks. In all periods, the area under a higher risk also presented a higher increase in population, in number of families settled (except in P3), and in percentage of deforested land, when compared to the other areas under risk. Municipalities with statistically significant autocorrelation were localized through the Moran Map (p ≤ 0.05). The municipalities in the area under the highest risk Q1 (+/+) were situated in the northwestern region, northeast of Rondônia. Among them we highlight the municipalities of Alto Paraíso, Buritis, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste and Rio Crespo, which remained in this area in all periods, with an API above 100. The area under the least risk was concentrated in the southeastern municipalities. The area under the medium risk Q4 was situated in the border of Bolivia and the state of Amazonas and in the municipalities of the area under the highest risk. The analysis presented significant evidences of state and municipal spatial dependence, suggesting that the geographical localization associated with socio-environmental factors is important as determining malaria in the state. Key-words: Malaria. Rondonia. Spatial analysis. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Gráfico de espalhamento de Moran.................................................. 32 Figura 2 – Distribuição do número de lâminas positivas para malária, Rondônia, 1994 a 2005....................................................................................... 36 Figura 3 – Internações por espécie parasitária, Rondônia, 1998 a 2005........... 38 Figura 4 – Distribuição dos casos de malária segundo grupo etário, Rondônia, 2003 a 2005........................................................................................................ 39 Figura 5 – Distribuição do Índice Parasitário Anual pelos municípios de Rondônia, 1994 a 2005....................................................................................... 46 Figura 6 – Estratificação de áreas de risco para malária pautada no resultado do gráfico de espalhamento de Moran (Box Map), Rondônia, 1994 a 2005.................................................................................................................... 47 Figura 7 – Estratificação de áreas de risco para malária pautada no resultado do Índice de Moran Local (Moran Map), Rondônia, 1994 a 2005.................................................................................................................... 48 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Alguns dados epidemiológicos para malária, Rondônia, 1994 a 2005.................................................................................................................... 37 Tabela 2 – Áreas de maior e menor risco para ocorrência da malária geradas pelo Box Map, 1994 a 2005................................................................................ 44 Tabela 3 – Áreas de risco intermediário para ocorrência da malária geradas pelo Box Map, 1994 a 2005................................................................................ 45 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEM – Campanha de Erradicação da Malária DDT – dicloro-difenil-tricloroetano DENERu – Departamento Nacional de Endemias Rurais ILP – Índice de Lâminas Positivas INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária FUNASA – Fundação Nacional de Saúde PCMAN – Programa de Controle da Malária na Bacia Amazônica PIACM – Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária na Região Amazônica SIG – Sistemas de Informações Geográficas SISMAL – Sistema Nacional de Informação para Malária SIVEP-Malária – Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica de Malária SNM – Serviço Nacional de Malária SUCAM – Superintendência de Campanhas de Saúde Pública SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS........................................................................................................ 14 2.1 GERAL............................................................................................................. 14 2.2 ESPECÍFICOS................................................................................................. 14 3 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 15 3.1 MALÁRIA.......................................................................................................... 15 3.1.1 Epidemiologia.............................................................................................. 15 3.1.2 Índice Parasitário Anual (IPA).................................................................... 17 3.1.3 Controle da Malária no Brasil..................................................................... 18 3.1.4 Malária na Região Amazônica.................................................................... 23 3.1.5 Rondônia e a Malária................................................................................... 26 3.2 ANÁLISE ESPACIAL........................................................................................ 29 3.2.1 Dependência e Autocorrelação Espacial.................................................. 30 3.2.2 Indicadores Globais e Locais de Autocorrelação Espacial..................... 30 3.2.3 Diagrama de Espalhamento de Moran...................................................... 31 3.2.4 Box Map e Moran Map................................................................................. 32 4. METODOLOGIA................................................................................................ 33 4.1 INDICADORES E FONTE DE DADOS............................................................ 33 4.2 ANÁLISE ESPACIAL........................................................................................ 34 5 RESULTADOS.................................................................................................... 36 5.1 ANÁLISE TEMPORAL...................................................................................... 36 5.2 ANÁLISE ESPACIAL........................................................................................ 39 5.2.1 Área de Maior Risco de Transmissão: Q1 (+/+)........................................ 40 5.2.2 Área de Menor Risco de Transmissão: Q2 (-/-)......................................... 41 5.2.3 Áreas de Risco Intermediário de Transmissão: Q3 (+/-) e Q4 (-/+)......... 42 6 DISCUSSÃO....................................................................................................... 49 7 CONCLUSÕES................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 56 Apêndice A - Mapa do Estado de Rondônia...................................................... 62 FICHA CATALOGRÁFICA Rodrigues, Aline de Freitas R6961m Malária em Rondônia: análise temporal e espacial, 1994 a 2005. / Aline de Freitas Rodrigues. Porto Velho, Rondônia, 2009. 62f. Dissertação (Mestrado em Biologia Experimental) Fundação Universidade Federal de Rondônia / UNIR. Orientadora: Profª. Drª. Ana Lúcia Escobar. 1. Malária 2. Rondônia. 3. Análise espacial. I. Escobar, Ana Lúcia. II. Título. CDU: 616.936(811.1) Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ozelina Saldanha Biblioteca Central / UNIR 11 1 INTRODUÇÃO Apesar de muito antiga, a malária continua sendo um grande problema de saúde pública em diferentes regiões do mundo. Ainda se faz presente em cerca de 100 países, especialmente Índia, Brasil, Afeganistão, países do sudeste asiático e da África situados ao sul do Deserto do Saara (Camargo, 2003). Estes países englobam zonas nas quais o controle da malária apresenta sérios obstáculos devido a alterações ambientais e/ou sociais importantes, tais como implantação de projetos agropecuários ou outro tipo de atividades envolvendo a remoção da floresta primária (Escobar, 1994). Estima-se que a malária cause anualmente cerca de um milhão de óbitos e 300 a 500 milhões de novos casos em decorrência da infecção. Nos países que apresentam grandes epidemias, os gastos com o combate à doença chegam a consumir até 40% do total destinado às despesas com saúde pública (Barata, 1995). No Brasil, a transmissão da malária foi eliminada, ou reduzida drasticamente, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Atualmente, sua incidência está concentrada nos estados que compõem a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão) com mais de 99% dos casos registrados. A maioria dos casos ocorre em áreas rurais, mas há registro da doença, também em áreas urbanas. Em 2001, do total de casos registrados na região amazônica 11,9% corresponderam a infecções adquiridas na área urbana. A malária em áreas indígenas continua sendo um sério problema a ser resolvido. Ao final do ano de 2001 foram registrados 13.313 casos, em uma população de 358.493 habitantes indígenas, o que representou uma incidência parasitária anual de 37,1 casos por mil habitantes, bem superior à média da região amazônica (18,8) (Ministério da Saúde, 2003). Na região extra-amazônica são notificados apenas 1% do total de casos de malária do Brasil. Destes, 92% são importados dos estados da área endêmica e países da África. Casos autóctones esporádicos ocorrem em áreas focais restritas desta região (Ministério da Saúde, 2003). Devido à sua ampla incidência é a doença que mais debilita o homem amazônico. Nesta região a malária não está homogeneamente distribuída, incidindo 12 prioritariamente em populações vivendo em condições insatisfatórias de habitação e trabalho devido à ocupação desordenada de terras, à exploração manual de minérios, a projetos de assentamento e colonização agrária e à intensa migração da zona rural para a periferia de cidades (Silveira; Rezende, 2001). Em 2005, dos 603.127 casos registrados para a região amazônica, 77,2% foram verificados para os estados do Amazonas, Pará e Rondônia. Neste mesmo ano, Rondônia registrou 118.611 casos correspondendo a 19,7% do total de casos para esta mesma área. O geoprocessamento, num país de dimensão continental como o Brasil, com uma grande carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre os problemas de saúde apresenta-se como uma ferramenta em potencial, pois os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) têm possibilitado uma melhor compreensão do processo saúde-doença nas populações, além da descoberta de padrões espaciais e relações entre os seus componentes, que incluem não só as características da divisão territorial, mas também aquelas relacionadas ao ambiente físico, proximidade e qualidade dos serviços de saúde e redes sociais das áreas de estudo (Carvalho; Cruz, 1998). Em estudos epidemiológicos, experiências usando técnicas de análise espacial têm se acumulado nas áreas de mortalidade, doenças crônicas e de notificação compulsória. A utilização dessas técnicas é útil no estabelecimento de áreas de alto risco para doenças endêmicas, epidêmicas e eventos sob vigilância epidemiológica sendo essenciais para planejar, implementar e avaliar intervenções de saúde pública em áreas urbanas e periurbanas (Almeida et al., 2004; Leal; Szwarcwald, 1997) Nesse contexto, este trabalho resultará na elaboração de dois artigos para publicação: o primeiro, intitulado “Comportamento epidemiológico da malária no Estado de Rondônia, 1994 a 2005”, consiste na descrição da evolução temporal da malária em Rondônia conduzindo-se a análise dos casos de malária por ano, espécie parasitária, sexo, faixa etária, internações e índice parasitário anual, com o objetivo de contribuir para o conhecimento da epidemiologia da malária nos municípios do Estado de Rondônia. No segundo artigo, “Análise espacial de áreas de risco para ocorrência de malária em Rondônia, 1994 a 2005”, trata-se do uso de 13 sistemas de informações geográficas como ferramenta na confecção de mapas de risco para malária, com identificação de áreas com associação espacial estatisticamente significante. Esta análise se configura como importante instrumento na detecção de diferenciais municipais de risco epidemiológico para malária, subsidiando desta forma ações de planejamento, organização e execução das ações de saúde em Rondônia. 14 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Analisar a distribuição temporal e espacial da malária no Estado de Rondônia. 2.2 ESPECÍFICOS Descrever a distribuição temporal e espacial da malária no Estado de Rondônia, no período de 1994 a 2005; Identificar a existência de conglomerados de municípios com maior risco para malária; Verificar evidências da dependência espacial da malária nos municípios de Rondônia mediante técnicas de análise de dados espaciais; Apontar macro fatores que atuam como determinantes de risco para malária nos municípios. 15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 MALÁRIA 3.1.1 Epidemiologia A malária, também conhecida como impaludismo, febre palustre, sezão e maleita, é uma das enfermidades parasitárias mais importantes entre as que afetam as populações dos países tropicais e subtropicais do mundo (Matsumoto et al., 1998). Os agentes etiológicos da doença são protozoários que pertencem ao filo Apicomplexa, família Plasmodiidae e ao gênero Plasmodium. Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies. No entanto, apenas quatro parasitam o homem: P. vivax; P. falciparum, P. malariae, e P. ovale. Este último existe apenas na África (Pedroni, 2005). Os mosquitos da ordem dos dípteros, família Culicidae, gênero Anopheles, popularmente conhecidos como carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego ou bicuda são os agentes transmissores da malária. As espécies Anopheles darlingi, An. aquasalis, An. albitarsis, An. cruzii e An. bellator são os principais vetores da doença no Brasil (Consoli; Oliveira, 1994). A transmissão natural se faz pela picada da fêmea desses mosquitos infectados pelo plasmódio, mas também pode haver contágio por meio de transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas e agulhas infectadas. Os sinais e sintomas clínicos da malária são: febre, o acesso malárico (calafrio, calor e suor, associados à lise das hemáceas parasitadas), anemia, além de sintomas gerais, como cefaléia, mialgia, mal-estar, indisposição e, nos casos graves, comprometimento visceral (esplenomegalia e hepatomegalia) (Rey, 2001). Ainda não existe vacina contra a malária, por isso, a melhor forma de prevenção é evitar o contato com o mosquito transmissor, utilizando repelentes, mosquiteiros sobre as camas ou redes de dormir, telas nas janelas e portas e não permanecer ao ar livre nos horários de maior concentração dos insetos (ao amanhecer e ao anoitecer) (Ministério da Saúde, 2006). 16 O tratamento adequado e oportuno da malária ainda é o principal alicerce para o controle da doença, pois, o parasito da malária mantém-se na cadeia epidemiológica principalmente devido ao atraso e à inadequação do diagnóstico e do tratamento, pela sua resistência às drogas e pela fragilidade da vigilância epidemiológica (Ministério da Saúde, 2005). O atraso no diagnóstico e no tratamento, por razões diversas, tem sido decisivo para disseminação das espécies de plasmódio e manutenção da transmissão, bem como, para aumentar o risco de quadros graves e de óbitos por malária. Vários fatores são responsáveis por esse atraso e variam segundo o contexto populacional, características de transmissão e o nível de estruturação dos serviços de saúde, tais como: insuficiência de estrutura dos serviços locais de saúde e de laboratórios ou até mesmo a falta dessas estruturas em áreas de difícil acesso da população; insuficiência de recursos humanos capacitados no diagnóstico e tratamento da malária; baixo controle de qualidade do diagnóstico laboratorial; falta de métodos diagnósticos rápidos para populações de difícil acesso; interrupção no abastecimento de medicamentos na instância local; presença de portadores assintomáticos e pouco esclarecimento da população sobre a doença (Ministério da Saúde, 2003). A presença do vetor constitui outro determinante direto para a elevada incidência de malária e dentre os fatores colaboradores encontram-se: a existência de criadouros, baixa efetividade dos inseticidas, exposição ao vetor e pouca integração entre medidas de controle e de prevenção (Ministério da Saúde, 2003). O An. darlingi é a espécie de maior importância epidemiológica, pela sua abundância, ampla distribuição no território nacional, alto grau de antropofilia e endofagia e pela capacidade de transmitir diferentes espécies de Plasmodium. Tem como criadouros preferenciais: água limpa, de baixo fluxo, quente e sombreada, situação muito freqüente na região amazônica (Ministério da Saúde, 2005). Incluem-se como medidas de proteção individual a utilização de repelentes e mosquiteiros em áreas que contêm o mosquito vetor da doença e como medidas de proteção coletiva o combate ao vetor alado, às larvas, medidas de saneamento básico e medidas para melhorar as condições de vida da população. 17 3.1.2 Índice Parasitário Anual (IPA) de Malária O índice parasitário anual (IPA) de malária mede o número de exames positivos de malária, por mil habitantes. Esse indicador estima o risco de ocorrência anual de casos de malária em determinado espaço geográfico servindo como proxy da incidência desta doença (Mendonça, 2005; Ripsa, 2002). O método de cálculo do IPA pode ser verificado a seguir: número de exames positivos de malária população total residente X 1.000 Segundo o Ministério da Saúde, os graus de risco expressos em valores do IPA podem ser classificados em três categorias: baixo (<10,0), médio (10,0 a 49,9) e alto (≥50,0) casos por mil habitantes (Mendonça, 2005; Ripsa, 2002). O IPA é utilizado em análises geográficas e temporais de áreas endêmicas como parte do conjunto de ações de vigilância epidemiológica para prevenção e controle da doença. É útil também para subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas e ações de saúde direcionadas ao controle de doenças de transmissão vetorial (Ripsa, 2002). De acordo com a Rede Interagencial de Informações para a Saúde – Ripsa (2002), o IPA apresenta algumas limitações: Expressa o número de exames positivos e não de casos de malária, o que pode resultar em duplicidade de registro, quando o mesmo paciente é submetido a mais de um exame (para verificações de cura, de recrudescências ou de recaídas); Presta-se melhor à análise comparada de áreas endêmicas circunscritas, nas quais toda a população está em risco de contrair malária. A sensibilidade do indicador fica reduzida quando aplicado a grandes extensões geográficas, onde existam populações não expostas; A estratificação de áreas de risco pode representar dificuldades para o cálculo do indicador, pela eventual indisponibilidade de dados populacionais com a desagregação requerida; 18 A qualidade dos dados depende das condições técnico-operacionais do sistema de vigilância epidemiológica, em cada área geográfica, para detectar, notificar, investigar e realizar testes laboratoriais específicos para a confirmação diagnóstica dos casos de malária; O indicador abrange o conjunto de formas clínicas de malária, sem identificar as espécies de plasmódio circulantes, que têm significação distinta na dinâmica de transmissão, no tratamento e na evolução da doença. 3.1.3 Controle da Malária no Brasil Em 1880, o médico francês Charles Afonse Laveran observou e descreveu parasitas da malária no interior de glóbulos vermelhos humanos. Em 1897, o mecanismo natural de transmissão foi elucidado pelo médico britânico Ronald Ross, ao encontrar formas do parasita da malária no interior de um mosquito que havia se alimentado do sangue de um portador (Del Portillo, 2005). Os pesquisadores italianos Amico Bignami, Giuseppe Bastianelli e Batista Grassi em 1899 comprovaram experimentalmente, que a malária humana é transmitida somente por anofelinos. A descoberta dos transmissores levou a tentativas imediatas de seu controle. A primeira tentativa foi feita pelo italiano Cláudio Fermi, através da aplicação de óleo nos criadouros para o combate ás larvas. Ross, em 1899, recomendou o tratamento dos criadouros com querosene. Em 1905, no litoral de São Paulo, Carlos Chagas observou que os anofelinos locais picavam no intradomicílio, decidindo combatê-los queimando enxofre no interior das habitações, isto é, dirigindo o combate aos anofelinos adultos (Deane, 1992). O marco histórico de grande relevância para o controle da malária no Brasil foi a identificação da espécie Anopheles gambiae em 1930 por um entomólogo da Fundação Rockfeller em território nacional. Esse achado teve grande repercussão, em função da grande capacidade vetorial da espécie e do risco de sua expansão pelo continente americano. Entretanto, se passou quase uma década sem que o problema fosse enfrentado com a energia e a prontidão que seriam necessárias (Silveira; Rezende, 2001). 19 A decisão de se trabalhar na perspectiva da eliminação do An. gambiae deuse quando o governo brasileiro e a Fundação Rockefeller criaram o Serviço de Malária do Nordeste (SMN). Essa operação mobilizou extraordinários recursos para as ações de combate anti-larvário e contra o vetor alado. Passou-se a aplicar Verde de Paris em todos os criadouros e a aspergir piretróide em todas as casas, além do tratamento com atebrina e algumas vezes quinina de todo caso identificado. A erradicação do An. gambiae foi obtida em um período inferior a dois anos, mesmo antes do advento do inseticida DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) (Escobar, 1994). No início dos anos 40, o controle da malária passou a ter três instituições atuando em diferentes espaços geográficos: o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) na região amazônica, o Serviço Estadual de Malária de São Paulo e o Serviço Nacional de Malária (SNM), que criado em 1941, cobria o restante do país. A partir de 1950, o SNM passou a atuar também na Amazônia e de início, a metodologia e o instrumental tecnológico utilizados eram aqueles mesmos adotados e disponíveis pela campanha de erradicação do An. Gambiae. A malária era naquele momento altamente prevalente e dispersa pelo país, com mais da metade dos casos registrados na região extra-amazônica (Brito, 2003). Em 1945, chegou ao país o DDT e com ele a expectativa do completo controle da transmissão da malária. Este inseticida não apenas matava os insetos por contato, mas tinha um prolongado efeito letal residual. A introdução do uso da cloroquina no tratamento da malária também fortaleceu a crença de que se dispunha naquele momento de instrumentos potentes para pretender a erradicação da malária (Silveira; Rezende, 2001). Entretanto, isso não foi suficiente para interromper a transmissão em áreas como a região amazônica onde as condições climáticas, o padrão de ocupação do espaço, as características das habitações e o grau de desenvolvimento socioeconômico representaram obstáculos para a efetividade dessa estratégia (Ministério da Saúde, 2003). Em 1956, foi criada a Campanha de Erradicação da Malária (CEM) que substitui o SNM, a princípio como parte do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu) e, a partir de 1965, como uma agência autônoma (Brito, 2003). Empreendeu-se um extraordinário esforço no combate à malária, que resultou em forte impacto na transmissão da doença, quando não na sua completa interrupção, 20 tal como ocorreu em extensas áreas das regiões sul, sudeste e nordeste. Em 1970, havia-se alcançado os mais baixos níveis de registro de casos de malária no país (Loiola; Silva; Tauil, 2002). O chamado modelo “técnico-campanhista” se mostrava eficaz para aquelas situações em que os pressupostos básicos da erradicação se confirmavam: a) a transmissão é intradomiciliar; b) a malária humana não tem outros reservatórios animais e, com isso, o esgotamento da fonte de infecção humana pode ser obtido naturalmente ou pelo uso da medicação específica; c) o emprego de inseticida eficaz, por contato superficial, faz com que sejam eliminados os mosquitos infectados. Mas nem sempre esses pressupostos se mostraram verdadeiros, pois o modelo encontrava seus limites não apenas na sua inadequação a determinados padrões ou condições de transmissão, ou seja, nos seus pressupostos “técnicos”; mas também, e especialmente, porque não admitia ajustes que adequassem a ação ao que havia de particular em cada situação, desde que não deixava espaço para a decisão técnica local, ou seja, pela sua organização “campanhista” (Silveira; Rezende, 2001). O reconhecimento de que o modelo não tinha aplicação universal levou o Brasil no início dos anos 70, a considerar áreas de “erradicação a curto prazo” e de “erradicação a longo prazo”, como se o cumprimento da meta fosse apenas “uma questão de tempo”. Não se admitia ainda a necessidade de revisão dos objetivos, do modelo de organização e das práticas seguidas. Houve nesse momento um reordenamento institucional que incorporava a CEM a uma nova instituição, a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), que reunia além da CEM, a Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) e o DENERu. Essa incorporação, no entanto, não representou em verdade a instituição de uma nova política no controle das chamadas “grandes endemias” no país, pois as “campanhas” foram reunidas, mas não integradas (Brito, 2003). Desde o início dos anos 80 buscavam-se novos caminhos e eram já formalmente explicitados novos objetivos. Entretanto, pouca ou nenhuma mudança de fato ocorria. As ações se mantinham as mesmas e a malária na região 21 amazônica seguia sendo um desafio, pela ocupação humana desordenada que desde meados da década de 60 vinha se fazendo. Nesse mesmo momento, estava em curso no país a “reforma sanitária”, que tinha como proposta fundamental a reorganização do setor saúde pela construção de um sistema único e hierarquizado e de um modelo integral de assistência com base no município. A execução direta de ações pelo nível federal de governo, como fazia a SUCAM atuando de forma independente e muitas vezes isolada, não era admitida pela nova ordem que se pretendia instituir (Silveira; Rezende, 2001). Em 1989, entrou em atividade o Programa de Controle da Malária na Bacia Amazônica (PCMAN). Esse programa contribuiu para a implementação das operações descentralizadas através de iniciativas diversas e melhorou a estrutura das unidades de saúde, para o controle de doenças (Loiola; Silva; Tauil, 2002). Em 1991, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) passa a congregar todas as instituições vinculadas ao Ministério da Saúde relacionadas com a epidemiologia e o controle de doenças: Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP), parte das Secretarias Nacionais de Ações Básicas de Saúde (SNABS) e de Programas Especiais de Saúde (SNPES) e a SUCAM. Cada uma das antigas instituições passou a ocupar um espaço próprio dentro daquela que havia sido criada. A SUCAM passou a constituir uma “Coordenação de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores” (CCDTV), onde os programas individualizados por doença foram mantidos na forma de gerências nacionais. Apesar da resistência inicial das instituições que vieram a compor a FUNASA; e, ainda, apesar da longa prática campanhista que fez com que a participação de estados e municípios fosse pouca ou nenhuma no controle das doenças de transmissão vetorial, é inegável que houve avanços na descentralização das ações (Silveira; Rezende, 2001). Em 1992, iniciou-se a mudança de estratégia de erradicação para controle integrado da malária, a partir da Conferência Interministerial, realizada em Amsterdã. Essa nova estratégia consistiu na adoção do diagnóstico e tratamento dos casos como prática geral do controle e na escolha seletiva de objetivos, estratégias e métodos específicos de controle, ajustados às características particulares da transmissão, existentes em cada localidade (Loiola; Silva; Tauil, 2002). Segundo a OPAS (1992), citado por Escobar (1994), através dessa implementação foram 22 obtidos bons resultados, com decréscimo de 62% no número total de mortes por malária para o Brasil de 1994 a 1998. Em 1994, foi desenvolvido o Sistema Nacional de Informação para a Malária (SISMAL), operante a partir de 1996. No nível nacional, a FUNASA procurava também desenvolver instrumentos de predição, através de Sistema de Informações Geográficas para a Malária (SIG-Malária) (Silveira; Rezende, 2001). A mais recente intervenção para controle da malária no Brasil foi o Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária na Região Amazônica (PIACM). Este Plano, previsto para durar até dezembro de 2002, foi lançado pelo Ministério da Saúde, no mês de julho de 2000, em parceria com estados e municípios, diante da grave situação da doença no país, em 1999. A principal meta do PIACM era reduzir em 50% os casos da doença até o final do ano de 2001. Diferentemente das outras iniciativas, este teve uma característica muito mais clara, mais vigorosa e transparente de parceria entre os níveis federal, estadual e municipal (Loiola; Silva; Tauil, 2002). Em 2003, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) implantou o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica de Malária (SIVEP-Malária), visando melhorar o fluxo, a qualidade e a oportunidade de informações entre os municípios e estados. Esse sistema permite a entrada e análise de dados por meio da Internet, o que possibilita agilidade na análise das informações epidemiológicas para a adoção de medidas de controle adequadas e oportunas. A SVS, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), na perspectiva de contribuir para a efetividade das ações de controle, desenvolveu o Projeto da Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas (RAVREDA), para subsidiar a política de medicamentos do Ministério da Saúde (Ministério da Saúde, 2005). 23 3.1.4 Malária na Região Amazônica O estabelecimento de doenças endêmicas, especialmente malária, em regiões de floresta tropical como a Amazônia brasileira tem sido consistentemente avaliado como resultante de processos interativos entre o homem e o meio ambiente que levam à ruptura do equilíbrio ecológico existente (Sawyer, 1996). O desmatamento, por exemplo, contribui para a substituição das florestas tropicais por áreas degradadas, favorecendo a migração/adaptação de vetores (Vasconcelos; Novo; Donalisio, 2006). Nesse sentido, definir e qualificar a malária como “doença ambiental” inclui reconhecer os seus determinantes espaciais no que se refere às formas de ocupação e uso do meio pelo homem (Barbieri, 2001). A Amazônia brasileira é a região de maior transmissão de malária. Os estados responsáveis pela maioria dos casos constituem duas “grandes fronteiras”. A primeira é a mineral, com a presença dos garimpeiros que chegam a regiões remotas da Amazônia em busca de ouro, cassiterita e outros minerais. A maioria deles vive em condições precárias, dormindo sob abrigos com tetos improvisados e paredes incompletas ou inexistentes. Nesta área, as atividades de controle são deficientes devido à dificuldade de acesso. O fluxo migratório é intenso, com os garimpeiros mudando de lugar constantemente (Escobar, 1994). Nos garimpos abertos a incidência é alta, dadas as facilidades de exposição, uma vez que os garimpeiros trabalham com pouca roupa e nos horários de maior atividade vetorial; há multiplicidade de criadouros decorrente da forma como o espaço é alterado; e existência de muitos portadores assintomáticos. Já nos garimpos fechados, onde alguns fatores sociais e econômicos são controlados, a malária não é um problema sério, sendo as medidas de controles desenvolvidas com relativa facilidade (Barata, 1995). A segunda fronteira, onde a transmissão da malária continua aumentando, é caracterizada pela atividade agropecuária. Nas etapas iniciais de ocupação há, o estabelecimento de altos níveis de prevalência de malária, facilitado pela abundância de vetores contaminados pelo Plasmodium, pela precariedade das habitações e pela significativa contaminação por exposição extradomiciliar devido à existência de atividades relacionadas à derrubada da floresta para o plantio ou 24 pastagem. Nota-se também que em novas áreas de ocupação a presença masculina pode ser maior do que a feminina: dadas às especificidades da atividade nesse estágio inicial e as suas precárias condições, a imigração da mulher e filhos pode ocorrer em um período posterior à migração masculina (Barbieri, 2001). Após a fase inicial de ocupação há uma estabilização dos assentamentos, e com a presença de áreas desmatadas e melhoria nas condições habitacionais, criase um novo “equilíbrio ambiental” caracterizado por uma menor interação entre o homem e os vetores transmissores, com redução nos níveis iniciais de prevalência de malária e sua estabilidade em níveis baixos. Há também, nessa fase, uma maior inserção de unidades familiares, com maior equilíbrio em termos de Razão de Sexo e distribuição populacional entre grupos etários, definindo um perfil ocupacional cujas características individuais e domiciliares relacionam-se a um perfil mais brando de malária. A redução de malária em áreas de colonização e pecuária irá depender também do tipo de interação com áreas vizinhas. A proximidade de uma área urbana ou de colonização a um garimpo com alta prevalência de malária pode conferir aos primeiros uma alta prevalência da doença, sobretudo quando houver uma mobilidade considerável de pessoas entre as áreas (por exemplo, colono que trabalha parcialmente no garimpo e mora em um sítio, ou um garimpeiro que reside em um núcleo urbano) (Barbieri, 2001). Na década de 60, foi promovida intensa migração para a região amazônica em decorrência do projeto geopolítico de integração das regiões Norte e CentroOeste, através de diversas modalidades de assentamentos de colonos. Cidades inteiras foram construídas em curto período de tempo, sendo que o custo desta ocupação foi elevado, colaborando para isso a malária (Escobar, 1994). Projetos desenvolvimentistas, implantados a partir da década de 70, promoveram grandes investimentos e estimularam ainda mais o deslocamento de grandes contingentes populacionais, sem contato prévio com a malária, para as áreas endêmicas (Ministério da Saúde, 2005). Os casos de malária vinham diminuindo desde 1989, em parte, graças à estabilização da incidência nas áreas de colonização, passada a etapa inicial de ocupação e, em parte, graças às mudanças adotadas na estratégia de controle, que conferiram maior autonomia às direções locais, que buscaram adaptar os 25 instrumentos disponíveis às diversas situações epidemiológicas. Entretanto, esta nova atitude encontrou seu limite na escassez de profissionais devidamente capacitados para avaliação da estrutura epidemiológica e organização de uma proposta coerente de intervenção. A padronização extrema das condutas, vigente durante a fase campanhista, dificultou uma atitude mais flexível por parte dos profissionais. Agregou-se a esta dificuldade a desorganização do aparelho do Estado no nível federal e, em grande medida, também no nível estadual, e a indefinição dos papéis desses dois níveis face às propostas de municipalização (Barata, 1995). Em 1990, todos os estados da Amazônia Legal apresentaram índice parasitário anual acima de sete lâminas por 1.000 habitantes: Maranhão (7,2), Amazonas (16,9) Pará (22,6), Mato Grosso (28,8), Acre (38,5), Amapá (43,2) Rondônia (128,3) e Roraima (146,5). A enorme disparidade de risco entre os estados fica ainda mais acentuada quando se analisa a situação dos municípios. Verifica-se, assim, que a malária é um problema localizado e relacionado com a exploração das riquezas minerais em garimpos abertos e com a ocupação agrícola das terras da região norte, originalmente cobertas pela floresta amazônica. Relativamente poucas localidades respondem pela produção da maioria dos casos. São de grande importância para o controle da doença os deslocamentos freqüentes de indivíduos que, por razões ocupacionais principalmente, se movimentam entre a área endêmica e as diversas áreas indenes do país (Barata, 1995). Observou-se queda na incidência de malária na região amazônica a partir de 1999, coincidindo com a implementação do Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária (PIACM). Esse fenômeno acentuou-se após 2003, como resultado do Programa Nacional de Controle da Malária (PNCM), que reduziu 63% a incidência da doença na maioria dos estados desta região. Por outro lado, em Rondônia, essa incidência se manteve alta em 2003, não acompanhando, portanto, essa tendência (Reymão, 2005). 26 3.1.5 Rondônia e a Malária Rondônia ocupa 243.044 km2 da parte sudoeste da Amazônia Brasileira, correspondendo a 2,8% da área do país, predominando a floresta tropical úmida, ricas bacias hidrográficas, alta pluviosidade, temperatura média anual elevada e relevo acidentado (Simão, 2006). A economia do Estado esteve relacionada com aspectos históricos que, através de seus atores, buscaram penetrar, conhecer, ocupar e explorar as riquezas da Amazônia Ocidental. No século XVII a economia estava relacionada com a penetração das bandeiras, à procura da mão de obra indígena, do ouro e da prata do Peru (Escobar, 1994). No século XIX, houve o surgimento da demanda no mercado internacional de borracha nativa, provocando um grande estímulo à sua produção, promovendo o chamado “primeiro Ciclo da Borracha”, entre 1877 e 1880. Com a implementação da produção da borracha na Malásia, como também a descoberta da borracha sintética originada do petróleo, a economia extrativista da região passou por um período de estagnação, entre 1910 e 1940, ressurgindo apenas em 1943, durante a segunda Guerra Mundial (Fernandes; Guimarães, 2001). Até 1970, os movimentos migratórios originados historicamente pelos ciclos do ouro, borracha e cassiterita e pela construção da Estrada de Ferro MadeiraMamoré, não foram suficientemente consistentes para descaracterizar Rondônia como uma região sub-povoada dentro do contexto nacional, apresentando em 1950, 1960 e 1970 densidades demográficas de 0,15, 0,28 e 1,46, respectivamente (Ministério da Saúde, 1990). A construção da BR-364, ligando Cuiabá a Porto Velho, a transferência da fronteira agrícola do Centro-Sul para Rondônia e a implantação pelo Governo Federal através do Instituto Nacional de Controle e Reforma Agrária (INCRA) de projetos de colonização para pequenos agricultores foram instrumentos decisivos na consolidação da ocupação desta área, que em 1980, atingiu uma densidade demográfica de 2,02 hab/km2 e uma taxa geométrica de crescimento de 16% ao ano entre 1970 e 1980. Essa transformação na área econômica apresentava as seguintes conseqüências: expansão e diversificação da produção agrícola; 27 surgimento de novo padrão de crescimento, concentrado na estrutura agropecuária; exploração do ouro e formação do garimpo (Escobar, 1994). Rondônia é, portanto, dos estados da região norte, aquele que juntamente com o Acre experimentou o mais intenso movimento migratório na década de 70, com a instalação de muitos projetos de colonização agropecuária. A influência da colonização em Rondônia foi tão marcada que mais de 90% de seus atuais municípios são originários de Projetos Integrados de Colonização (PICs) (Silveira; Rezende, 2001). Martine (1991), citado por Ott (2002), relata que no caso específico de Rondônia ocorreu um aumento populacional por deslocamento e não por crescimento vegetativo. Trata-se, portanto, de uma redistribuição espacial da população que "segue, grosso modo, a dinâmica espacial das atividades produtivas, que se re-alocam no espaço em função de transformações no cenário econômico nacional e internacional, determinando onde e como a população afetará e será afetada pelo meio ambiente". Segundo Cemin (1992), a massiva migração ocorrida em Rondônia afetou de modo profundo o meio ambiente, dado que significou a transformação do modelo de base extrativista vegetal e mineral para o modelo agropecuáriol. Se o primeiro impactava relativamente pouco a floresta, o segundo somente poderia subsistir pela derrubada da mata. Os colonos que recebiam lotes estavam obrigados a derrubar a floresta para iniciar suas lavouras e para garantir a posse da terra, conforme determinavam as normas do INCRA. No início, as derrubadas não foram extensas, limitadas que estavam pela reduzida disponibilidade financeira dos pequenos agricultores e pelo uso quase exclusivo da mão de obra familiar. À medida que, a agricultura de subsistência e de mercado foi sendo abandonada, instalou-se a pecuária como atividade dominante e a derrubada de florestas atingiu o seu ápice em meados dos anos oitenta (Ott, 2002). Da mesma forma, o novo ambiente impactou fortemente as populações migradas para Rondônia, que eram predominantemente do sul/sudeste brasileiro, com pouco ou nenhum conhecimento sobre o novo ambiente. A derrubada da mata e a presença do homem espantavam os mamíferos existentes na área, mas não espantavam as fêmeas dos anofelinos que tinham o seu suprimento sangüíneo 28 assegurado involuntariamente pelo ser humano. A precariedade das habitações, que não contavam com tela de proteção nas portas e janelas, e a exposição do homem nos horários de pico de atividade anofélica, facilitaram sobremaneira a proliferação da malária, que assumiu caráter epidêmico e foi causa de muitas mortes e abandono puro e simples de muitos lotes (Ott, 2002). A década de 80, entretanto, não significou apenas o ponto mais alto da destruição ambiental e da ocupação desordenada em Rondônia. Segundo Márquez (1987), citado por Brito (2003), esta década significou, também, a verificação do maior número de casos (278.408) de malária, que em 1988 foi responsável por 50% de todos os casos registrados no país (Ministério da Saúde, 1990). Em 1991, o Estado de Rondônia estava dividido em 23 municípios, 16 dos quais registraram mais de mil casos cada um e foram responsáveis por mais de 88% de todos os casos de malária (Alvorada do Oeste, Ariquemes, Cerejeiras, Costa Marques, Colorado do Oeste, Guajará-Mirim, Jaru, Ji-Paraná, Machadinho D’Oeste, Ouro Preto do Oeste, Pimenta Bueno, Porto Velho, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé, Vila Nova do Mamoré e Vilhena. Oito destes municípios tiveram um IPA por mil habitantes acima de 100: Ariquemes (499,0), Cerejeiras (107,6), Costa Marques (849,4), Jaru (203,7), Machadinho D’Oeste (798,1), Porto Velho (189,8), São Miguel do Guaporé (202,3) e Vila Nova do Mamoré (748,4) (Escobar, 1994). Ainda no ano de 1991, as atividades de garimpo foram as principais responsáveis pela transmissão nos municípios de Guajará-Mirim e Vila Nova do Mamoré. Nos municípios de Alvorada do Oeste, Cerejeiras, Colorado do Oeste, Costa Marques, Ouro Preto do Oeste e São Miguel do Guaporé as atividades ligadas à colonização foram as mais associadas à transmissão. No município de Machadinho D’Oeste, tanto a mineração como a colonização estavam envolvidas. Os municípios de Jaru, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Rolim de Moura e Vilhena foram receptores de casos de malária de outras regiões do Estado. Malária peri-urbana e casos de malária do garimpo de Bom Futuro representaram cada um, 10% dos casos do município de Ariquemes, e 80% foram provenientes de projetos de colonização. No município de Porto Velho, 25% dos casos foram de transmissão peri-urbana, 10% de atividade garimpeira e os demais de áreas rurais. A persistência da transmissão da malária na zona urbana de todos os municípios do 29 Estado, em maior e menor quantidade, certamente estavam relacionados com a existência de criadouros, em especial igarapés e rios que margeiam ou cortam as cidades, além das atividades desenvolvidas na mata pelos habitantes da zona urbana (Escobar, 1994). 3.2 ANÁLISE ESPACIAL As primeiras análises espaciais aplicadas a problemas epidemiológicos foram realizadas pelo médico John Snow em 1854, que relacionou os casos de cólera em Londres com a distribuição espacial dos poços de água. Nesse caso essa aplicação serviu como instrumento para se conhecer o comportamento da epidemia de cólera (Simão, 2006). No Brasil, desde finais da década de 80 que na área da saúde vem se discutindo e experimentando diversas abordagens, onde a localização espacial e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) têm papel destacado (Carvalho; SouzaSantos, 2005). Os SIG são ferramentas computacionais capazes de capturar, armazenar, recuperar, analisar e apresentar dados espaciais. As partes componentes de um SIG incluem um banco de dados, informação espacial ou cartográfica e um mecanismo para relacionar todas as informações. Estabelecidas estas condições o SIG é capaz de gerar um mapa permitindo a visualização do padrão espacial do fenômeno (Câmara et al., 2004b). Além da percepção visual da distribuição espacial do problema, é muito útil traduzir os padrões existentes em considerações objetivas e mensuráveis, como no caso dos epidemiologistas que procuram respostas para questões como: A distribuição dos casos de uma doença forma um padrão no espaço? Existe associação com alguma fonte de poluição? Evidência de contágio? Variou no tempo? (Câmara et al., 2004b). Em resumo, os métodos de análise espacial na saúde coletiva vêm sendo utilizados principalmente em estudos ecológicos, na detecção de aglomerados espaciais ou espaço-temporais, na avaliação e monitoramento ambiental e aplicados ao planejamento e avaliação dos serviços de saúde (Bailey, 2001). 30 De acordo com Cressie (1991), citado por Carvalho e Souza-Santos (2005), os principais objetivos dos estudos ecológicos são a identificação de regiões de sobre-risco em relação à média global do processo estudado e a busca de fatores potencialmente explicativos dos diferenciais de incidência encontrados, seja no campo da análise exploratória, “mapeando” doenças, ou buscando modelos explicativos, identificando diferenciais de risco e apontando medidas preventivas. Portanto, a relação espacial entre os dados de malária contribuirá significativamente para o avanço na compreensão desta doença. 3.2.1 Dependência e Autocorrelação Espacial Um aspecto fundamental da análise espacial é a caracterização da dependência espacial, que demostra como os valores estão correlacionados no espaço. A autocorrelação é a expressão do conceito de dependência espacial e é utilizada para estimar quanto o valor observado de um atributo numa região é dependente dos valores desta mesma variável nas localizações vizinhas (Câmara et al., 2004b). Portanto, a dependência espacial pode ser entendida como a tendência de que o valor de uma ou mais variáveis associadas a uma determinada localização assemelhe-se mais ao valor de suas amostras vizinhas do que ao restante das localizações do conjunto amostral (Ramos, 2002). 3.2.2 Indicadores Globais e Locais de Autocorrelação Espacial A dependência espacial pode ser medida de diferentes formas. O índice de Moran é a estatística mais difundida e mede a autocorrelação espacial a partir do produto dos desvios em relação à média. O índice global de Moran é a expressão da autocorrelação considerando apenas o primeiro vizinho e fornece um único valor como medida da associação espacial para todo o conjunto de dados, o que é útil na caracterização da região de estudo como um todo. No entanto, quando lidamos com grande número de áreas, é muito provável que ocorram diferentes regimes de associação espacial e que apareçam máximos locais de autocorrelação espacial, onde a dependência espacial é ainda mais pronunciada. Assim, muitas vezes é 31 desejável examinar padrões em maior detalhe. Para tanto, é preciso utilizar os indicadores locais que produzem um valor específico para cada área, permitindo assim a identificação de agrupamentos (Câmara et al., 2004a). A estatística espacial local foi desenvolvida para quantificar o grau de associação espacial a que cada localização do conjunto amostral está submetida em função de um modelo de vizinhança pré-estabelecido. Convencionou-se chamar de Indicadores Locais de Associação Espacial (LISA) os operadores estatísticos com esta finalidade (Ramos, 2002). Anselin (1995), citado por Ramos (2002), aponta que existe uma proporcionalidade direta entre o valor da autocorrelação global e os valores das autocorrelações locais. Ele demonstra que os LISAs permitem a decomposição dos indicadores globais em contribuições individuais, indicando porções territoriais de não estacionariedade e identificando aglomerados significativos de valores semelhantes em torno de determinadas localizações. A significância estatística do uso do índice de Moran local é computada de forma similar ao caso do índice global. Para cada área, calcula-se o índice local, e depois se permuta aleatoriamente o valor das demais áreas, até obter uma pseudodistribuição para a qual possamos computar os parâmetros de significância. Uma vez determinada a significância estatística do índice local de Moran, é útil gerar um mapa indicando as regiões que apresentam correlação local significativamente diferente do resto dos dados. Estas regiões são áreas com dinâmica espacial própria e que merecem análise detalhada (Câmara et al., 2004a). 3.2.3 Diagrama de Espalhamento de Moran Outra ferramenta utilizada na exploração de padrões de associação espacial é o diagrama de espalhamento de Moran, uma maneira adicional de visualizar a dependência espacial. Construído com base nos valores normalizados (valores de atributos subtraídos de sua média e divididos pelo desvio padrão), permite analisar o comportamento da variabilidade espacial. A idéia é comparar os valores normalizados do atributo numa área com a média dos seus vizinhos, construindo um gráfico bidimensional de z (valores normalizados) por wz (média dos vizinhos), que é dividido em quatro quadrantes, exemplificado na Figura 1. Os quadrantes podem ser 32 interpretados como: Q1 (valores positivos, médias positivas) e Q2 (valores negativos, médias negativas): indicam pontos de associação espacial positiva, no sentido que uma localização possui vizinhos com valores semelhantes. Q3 (valores positivos, médias negativas) e Q4 (valores negativos, médias positivas): indicam pontos de associação espacial negativa, no sentido que uma localização possui vizinhos com valores distintos (Câmara et al., 2004a). Figura 1 – Gráfico de espalhamento de Moran 3.2.4 Box Map e Moran Map O Box Map e o Moran Map são dispositivos gráficos de visualização baseados nos resultados obtidos para os indicadores locais e para o gráfico de espalhamento de Moran. No Box Map, os valores variam de 1 a 4, sendo cada objeto classificado conforme sua posição em relação aos quadrantes do gráfico de espalhamento de Moran: 1 (Q1), 2 (Q2), 3 (Q3) e 4 (Q4), recebendo uma cor correspondente no mapa gerado. No Moran Map, somente os objetos para os quais os valores de LISA foram considerados significantes (p ≤ 0,01) aparecem classificados no quadrante do gráfico de espalhamento de Moran. Os demais objetos ficam classificados como sem significância (Neves et al., 2002). Neste caso os valores são os seguintes: 0 (não significante), 1 (Q1), 2 (Q2), 3 (Q3) e 4 (Q4). 33 4 METODOLOGIA 4.1 INDICADORES E FONTE DE DADOS Foi realizado estudo ecológico descritivo da malária no Estado de Rondônia no período de 1994 a 2005, pautado em dados secundários. Os dados de 1994 a 2002 foram disponibilizados pela FUNASA armazenados no SISMAL; os de 2003 a 2005 foram obtidos no SIVEP-Malária da SVS do Ministério da Saúde. Para aqueles municípios criados em 1994 e 1995 os registros de casos de malária somente constam a partir do ano de 1996. Para Chupinguaia e Pimenteiras do Oeste as notificações só foram verificadas a partir de 1997. Os dados obtidos encontram-se distribuídos por lâminas positivas, sexo, faixa etária, tipo de malária e internações. Para a representação gráfica (histograma) da faixa etária houve necessidade de ajuste das freqüências, para que as áreas das barras (colunas) se tornassem proporcionais às freqüências, em virtude da existência de intervalos de classes diferentes. O ajuste foi feito dividindo-se o número de casos de cada classe pela amplitude da respectiva classe, obtendo-se como resultado o “número de casos por unidade de intervalo” (Berquó; Souza; Gotlieb, 1981). As estimativas populacionais utilizadas para calcular a variação populacional em cada período por município e como denominador no cálculo do Índice Parasitário Anual (IPA) foram obtidas no site do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) tendo como fonte o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, estas informações não estavam disponíveis nos anos de 1994, 1995 e 1996 para os municípios criados em 1994 e 1995, sendo utilizado para esses municípios no ano de 1996 os dados populacionais constantes na base de dados do SISMAL. A malha digital do Estado de Rondônia com os 52 municípios atuais foi obtida no site do DATASUS. Os dados referentes ao número de famílias assentadas pelos programas oficiais de acordo com o município de assentamento foram disponibilizados pelo INCRA. Obteve-se o percentual de área desmatada de 2002 a 2005, com base nos registros obtidos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). 34 Para cada período foi considerada a média do número de famílias assentadas e do percentual de área total desmatada nos municípios. A variação populacional foi expressa pelo percentual da diferença entre a estimativa da população do município no início e do final de cada período. Foram calculados o IPA, Índice de Lâminas Positivas (ILP) e Índice de Lâminas Positivas para Plasmodium falciparum (ILPF). Para o IPA adotou-se as seguintes agregações: a) Sem registro; b) 0 a 9,9; c) 10 a 49,9; d) 50 a 99,9; e) 100 a 399,9; f) 400 a 699,9 e g) 700 a 1399,9 casos/mil habitantes. A organização dos dados e a construção dos indicadores foram desenvolvidos no programa Excel. 4.2 ANÁLISE ESPACIAL Os critérios para definição da metodologia da análise espacial foram definidos conforme proposta de Atanaka-Santos, et al., 2007. Para a construção dos mapas recorreu-se ao artifício de agregar o IPA de malária em período de três anos. Os períodos adotados foram: período 1 (P1) de 1994 a 1996; período 2 (P2) de 1997 a 1999; período 3 (P3) de 2000 a 2002 e período 4 (P4) de 2003 a 2005. O IPA de cada período foi calculado a partir da média dos IPAs anuais. Em relação aos municípios criados no período estudado calculou-se a média do IPA considerando como denominador o número de anos após a criação do município. Os mapas foram gerados no programa Terra View fazendo-se a relação da malha digital do município com risco para malária por meio dos valores do IPA. Para o estudo exploratório do padrão espacial foram utilizados os índices de Moran global e local (LISA). O índice global que fornece uma medida geral da associação espacial existente no conjunto de dados mediu o grau de correlação espacial entre os pares de vizinhança, ponderado pela proximidade geográfica. O índice de Moran local produziu um valor específico para cada área, permitindo a identificação de aglomerados de áreas com padrões significativos de associação espacial. Os valores produzidos correspondem aos verificados para os quatro quadrantes do diagrama de espalhamento de Moran, onde: No quadrante I (+/+) se localizavam os municípios com alto IPA e estavam no entorno de municípios vizinhos que também tinham um alto IPA; no quadrante II (-/-), 35 pelo contrário, encontravam-se os municípios com baixo IPA e no entorno de municípios que também tinham baixo IPA. Nesses quadrantes o estatístico de Moran teve valor positivo e apresentou uma idéia da possível associação do comportamento da malária. No caso em que os valores no diagrama prevaleceram nos quadrantes III (+/-) e IV (-/+) o valor do estatístico de Moran foi negativo, indicando que as relações que prevalecem são aquelas onde os municípios tinham alto IPA e estavam rodeados de outros com baixo IPA quadrante (III). O contrário verifica-se para o quadrante IV, onde os municípios tinham baixo IPA e estavam rodeados de outros com alto IPA. Para determinação das áreas de maior, menor e intermediário risco para malária, elaborou-se mapas representativos do índice de Moran Local para o IPA denominado Box Map. Para visualização das áreas com autocorrelação espacial estatisticamente significantes (p ≤ 0,01) foram utilizados mapas representativos para o IPA do Moran Map. 36 5. RESULTADOS 5.1 ANÁLISE TEMPORAL No período de 1994 a 2005 o comportamento da malária em Rondônia passou por dois momentos distintos. O primeiro compreendido entre os anos de 1994 e 2000 revelava um Estado com expressiva redução do número de casos, que de 133.838 caiu para 54.239 num período de sete anos, correspondendo a um percentual de redução de 59,5%. O segundo entre 2001 e 2005 contraditoriamente demonstra uma ascensão gradativa e representativa do número de casos que de 57.666 aumentou para 118.636 em cinco anos demonstrando aumento de 105,7% (Figura 2). 160.000 140.000 Lâminas Positivas 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Figura 2 – Distribuição do número de lâminas positivas para malária, Rondônia, 1994 a 2005. O IPA no período apresentou comportamento similar ao observado para lâminas positivas, onde nos anos de 1994 a 2000 ocorreu um decréscimo considerável do IPA de 103,7 para 39,3 casos/mil habitantes fazendo com que o Estado de Rondônia, considerado de alto risco até 1998, passasse a ser 37 considerado de médio risco. Esta tendência começou a mudar e verificou-se um aumento gradativo do IPA de 41,0 em 2001 para 77,3 casos/mil habitantes em 2005 fazendo com que o Estado retornasse à situação de alto risco (Tabela 1). Tabela 1 – Alguns dados epidemiológicos para malária, Rondônia, 1994 a 2005. Ano IPA ILP (%) ILPF (%) 1994 103,7 26,0 34,6 1995 100,4 23,3 40,1 1996 75,2 19,9 28,3 1997 55,2 18,3 21,4 1998 61,0 19,6 22,5 1999 48,8 18,3 23,6 2000 39,3 16,2 25,2 2001 41,0 17,9 25,8 2002 49,8 20,6 29,7 2003 64,5 26,3 30,8 2004 72,4 27,3 26,9 2005 77,3 28,0 22,1 No período o ILP para malária variou de 16,2% a 28,0% do total de exames positivos. Este índice sofreu redução até 2000 quando o percentual observado foi de 16,2%, a partir de então, verificou-se uma tendência ascendente deste índice que de 17,9% em 2001 passou para 28,0% em 2005 (Tabela 1). O índice de lâminas positivas para P. falciparum (ILPF) apresentou variação descendente de 1994 (34,6%) a 1997 (21,4%), sofrendo acréscimo contínuo até 2003 (30,8%). De 2003 a 2005, observou-se diminuição do ILPF para 22,1% (Tabela 1). Verificou-se no período (1998 a 2005) redução no percentual de internações hospitalares por malária de 1998 (14,1%) a 2005 (9,4%) resultando na diminuição de 32,9% desse indicador. 38 No período, o percentual de internações hospitalares decorrentes de infecções pelos protozoários P. vivax e P. falciparum foi de 27,3 e 22,8 respectivamente. Observou-se aumento gradativo das internações ocasionadas por essas duas espécies de 1998 a 2005. Opostamente, verificou-se redução da notificação de outras formas de malária e malária não especificada (Figura 3). 70 60 % de internações 50 40 30 20 10 0 1998 1999 P. falciparum 2000 P. vivax 2001 P. malariae 2002 2003 Malária não especificada 2004 2005 Outras formas Figura 3 – Internações por espécie parasitária, Rondônia, 1998 a 2005. No período de 2001 a 2005 verificou-se diferença acentuada na distribuição dos casos de malária entre os sexos, onde o percentual encontrado para o sexo masculino foi de 67,4%. Analisado o período de 2003 a 2005 verificou-se que o número de casos de malária é maior nas faixas etárias intermediárias, sendo mais incidente nas faixas de 10 a 19 e 20 a 39 anos. Nas faixas extremas de menor de 1 ano e de 80 a 99 anos, o número de casos se reduz de forma representativa (Figura 4). 39 Figura 4 – Distribuição dos casos de malária segundo grupo etário, Rondônia, 2003 a 2005. 5.2 ANÁLISE ESPACIAL O IPA em Rondônia decresceu do primeiro (93,1) ao terceiro (43,4) período, entretanto, no quarto (71,4) este índice sofreu considerável aumento. Os mapas da Figura 5 demonstram a variação dos municípios segundo risco de transmissão para malária, de acordo com classificação adotada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS): - Alto risco (IPA maior que 49,9 casos/mil habitantes): 25 (50,0%) municípios no período 1 (P1), 19 (36,5%) no período 2 (P2), 14 (26,9%) no período 3 (P3) e 16 (30,8%) no período 4 (P4). - Médio risco (IPA entre 10 e 49,9 casos/mil habitantes): 12 (24,0%) municípios no P1, 6 (11,5%) no P2, 10 (19,2%) no P3 e 16 (30,8%) no P4. - Baixo risco (IPA menor que 9,9 casos mil/habitantes): 13 (26,0%) municípios no P1, 27 (51,9%) no P2, 28 (53,8%) no P3 e 20 (38,5%) no P4. No período 1 (P1) em 2 municípios (Chupinguaia e Pimenteiras do Oeste) não houve registro de casos. 40 A medida de autocorrelação espacial traduzida pelo índice de Moran global do IPA foi igual 0,52; 0,51; 0,54 e 0,71 com p = 0,01 de 1994 a 1996 (P1), de 1997 a 1999 (P2), de 2000 a 2002 (P3) e de 2003 a 2005 (P4) respectivamente. Estes valores indicam que o IPA está correlacionado no espaço. Observou-se dependência espacial, isto é, semelhança do IPA entre seus municípios vizinhos e com menor dispersão de casos. A força de correlação aumentou do primeiro ao quarto período. Esta variação, em comparação com o mapeamento dos valores do IPA (Figura 5), indicou a existência de uma dinâmica específica de transmissão no Estado que foi passível de verificação por meio de análise de áreas de risco visualizadas nos mapas gerados pelo Box Map (Figura 6). Através da visualização dos mapas gerados pelo Moran Map foi possível identificar áreas, ou seja, agrupamentos de municípios de alto e baixo valor de IPA com autocorrelação espacial estatisticamente significante (p ≤ 0,01) (Figura 7). 5.2.1 Área de Maior Risco de Transmissão: Q1 (+/+) Os municípios localizados na área considerada como de maior risco apresentaram redução expressiva do IPA. Entretanto, apesar da redução, os IPAs médios foram de 600,7; 336,9 e 203,0 nos períodos P1, P2 e P3, respectivamente, com aumento deste índice no P4 (242,5). A área homogênea de maior risco para malária identificadas pelo Box Map apresentou 15 municípios no P1, 13 no P2, 11 no P3 e 13 no P4. Esta área sofreu nítido processo de espalhamento, para a região norte/noroeste/nordeste do Estado. Vale ressaltar que permaneceram nessa área em todos os períodos 11 municípios (Alto Paraíso, Buritis, Campo Novo de Rondônia, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste, Monte Negro, Nova Mamoré, Rio Crespo e Vale do Anari) (Figura 6). Verificou-se nessa área que a proporção de agrupamentos de municípios com autocorrelação estatisticamente significante, com 95% de intervalo de confiança, aumentou de 9 no P1 para 10 no P2, retornando a 9 no P3 e 10 no P4. Destes municípios, 8 (Alto Paraíso, Buritis, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste, Nova Mamoré e Rio Crespo) permaneceram nessa área em 41 todos os períodos. Estes municípios com IPA pronunciado em relação aos municípios vizinhos, localizavam-se predominantemente na região fronteiriça a Bolívia e aos estados do Amazonas e Mato Grosso (Figura 7). Outra variação importante nesta área de maior risco foi o intenso crescimento populacional no P1 (45,4%), passando a crescer em taxas expressivamente menores nos períodos subseqüentes. A média de famílias assentadas sofreu redução expressiva do P1 (426,7) para o P2 (193,9), a redução continuou de forma gradativa até atingir média de 66,8 famílias assentadas no P4. O percentual de área desmatada analisada para os períodos P3 (2,7%) e P4 (2,6%) não sofreu variação expressiva (Tabela 2). 5.2.2 Área de Menor Risco de Transmissão: Q2 (-/-) Verificou-se redução gradativa do IPA de 28,1 lâminas positivas/mil habitantes no P1 para 7,0 no P3 com aumento para 12,7 no P4. Identificou-se nos mapas da Figura 6, gerados com base no Box Map, maior número de municípios agrupados em áreas consideradas como de menor risco. Observou-se aumento do número desses municípios do P1 (32) ao P4 (37). Um grande agrupamento geográfico de IPA reduzido nos quatro períodos estava localizado predominantemente na região sul/sudeste do Estado Entre os municípios localizados na área de menor risco de transmissão de malária não houve variação considerável no número de municípios com autocorrelação estatisticamente significante com 95% de intervalo de confiança sendo verificados 20 municípios no P1; 16 no P2 e 19 no P3 e P4. Destes municípios, 11 (Cacoal, Castanheiras, Chupinguaia, Espigão D’Oeste, Parecis, Pimenta Bueno, Presidente Médici, Rolim de Moura, Santa Luzia D’Oeste, São Felipe D’Oeste e Urupá) permaneceram na área de menor risco em todos os períodos. Observou-se o município de Cerejeiras isolado no P2 e Ouro Preto do Oeste isolado no P3 (Figura 7). Essa área teve diminuição populacional no P1 (-12,1%) aumentando nos períodos seguintes, de 2,0% no P2 para 3,0% no P4. Este crescimento foi expressivamente menor que a média apresentada pelos municípios que constituíram 42 a área de maior risco. Houve aumento na média de famílias assentadas por município do P1 (79,2) para ao P3 (207,4), não sendo verificado famílias assentadas no P4. Quanto ao percentual da área total desmatada nos municípios, constatou-se redução do P3 (1,7%) para o P4 (1,2%), percentuais estes também inferiores ao apresentado pela área de maior risco (Tabela 2). 5.2.3 Área de Risco Intermediário de Transmissão: Q3 (+/-) e Q4 (-/+) Na área de risco intermediário, observam-se duas situações: (1) os municípios que foram enquadrados como Q3, isto é, municípios com o IPA acima da média e seus vizinhos abaixo da média, e (2) os municípios que foram enquadrados como Q4, isto é, municípios com IPA abaixo da média e seus vizinhos acima da média. Os municípios localizados em ambas as áreas apresentaram comportamento semelhante às áreas de maior e menor risco com reduções do IPA do P1 ao P3 e aumento no P4 (Tabela 3). Nos mapas gerados com base no Box Map para área de risco intermediário, classificada como Q3 apenas o município de Theobroma esteve enquadrado nesta área no P1, São Francisco do Guaporé no P2 e Costa Marques no P4. No P3 constaram 2 municípios (São Francisco e Costa Marques). O município localizado nesta área no P1 encontra-se no nordeste do Estado, no P2, P3 e P4 fazem limite com o país da Bolívia no sudoeste do Estado (Figura 6). Nesta área nenhum município apresentou correlação espacial estatisticamente significante pelo Moran Map (Figura 7). Nos mapas gerados com base no Box Map para área de risco intermediário, classificada como Q4 observou-se redução do número de municípios localizados nessa área de 4 no P1 e P2 para 1 no P4. Dos 5 municípios desta área no P3, 2 (Governador Jorge Teixeira e Seringueiras) mudaram para a área de menor risco (Q2) no P4, enquanto que, outros 2 (Ariquemes e Porto Velho) passaram para área de maior risco (Q1), permanecendo nessa área apenas o município de GuajaráMirim no P4 (Figura 6). Na análise dos mapas gerados pelo Moran Map, dos municípios considerados Q4, Guajará-Mirim e Porto Velho apresentaram autocorrelação espacial 43 estatisticamente significante no P1, enquanto que, Ariquemes e Porto Velho estiveram presentes nessa área no P2 e P3. Estes dois últimos localizados na região noroeste do Estado passaram para área de maior risco (Q1) no P4 (Figura 7). A variação populacional nas áreas de risco intermediário Q3 e Q4 não sofreu variação representativa. Esta variação foi menor nos municípios da área de risco intermediário Q3. Nos municípios Q3 foi observada média de famílias assentadas apenas nos P1 (78,2) e P3 (197,4). Já nos municípios Q4, média de famílias assentadas foi observada no P1 (204,7), P2 (172,6) e P3 (206,6). Quanto ao percentual da área total desmatada nos municípios, constatou-se um aumento do P3 (2,6%) para o P4 (3,1%) nos municípios do Q3. Foi verificada redução do percentual da área total desmatada do P3 (1,3) para o P4 (0,2) nos municípios do Q4. Os percentuais dessas duas áreas foram maiores em relação à área de menor risco nos períodos considerados (Tabela 3). 44 Tabela 2 – Áreas de maior e menor risco para ocorrência da malária geradas pelo Box Map, 1994 a 2005. Período Área de risco - Área características Número de Municípios IPA (lâm+/mil hab) Variação populacional (%) Maior risco Nº de famílias Q1 (+/+) assentadas (*) 1994-1996 n = 15 1997-1999 2000-2002 n = 13 n = 11 2003-2005 n = 13 Média 600,7 336,9 203,0 242,5 Min e máx 234,9 e 1364,2 125,8 e 655,2 67,3 e 381,9 87,2 e 524,4 Média 45,4 9,3 10,9 12,8 Min e máx 2,5 e 211,2 -30,5 e 29,2 6,4 e 18,9 5,6 e 22,4 Nº de mun 3 9 4 4 Média 426,7 193,9 124,2 66,8 Min e máx 63 e 1287 37 e 428 33 e 233 31 e 119 % do total de área Média - - 2,7 2,6 desmatada (**) Min e máx - - 0,5 e 6,4 0,9 e 4,3 9 10 9 10 MoranMap (nº municípios) p 0,01 Não Sign. Número de Municípios IPA (lâm+/mil hab) Variação populacional (%) Menor risco Nº de famílias Q2 (-/-) assentadas (*) 6 3 2 3 n = 32 n = 34 n = 34 n = 37 Média 28,1 7,5 7,0 12,7 Min e máx 0,4 e 163,4 0,2 e 73,46 0,5 e 47,47 0,2 e 50,0 Média -12,1 2,0 1,5 3,0 Min e máx -21,5 e 13,7 -3,95 e 29,5 -4,6 e 8,7 -7,5 e 16,6 Nº de mun 5 10 4 0 Média 79,2 95,6 207,4 0,0 Min e máx 29 e 316 21 e 252 39 e 686 0e0 % do total de área Média - - 1,7 1,2 desmatada (**) Min e máx MoranMap (nº municípios) p 0,01 Não Sign. - - 0,3 e 5,4 0,4 e 3,2 20 16 19 19 14 19 15 18 (*) Para cálculo da média foram considerados apenas os municípios com famílias assentadas pelos programas oficiais (**) Corresponde a % total de área desmatada nos municípios no ano de 2002, 2003, 2004 e 2005. 45 Tabela 3 – Áreas de risco intermediário para ocorrência da malária geradas pelo Box Map, de 1994 a 2005. Área características 1994-1996 1997-1999 2000-2002 2003-2005 Número de Municípios n=1 n=1 n=2 n=1 Média 227,9 126,3 87,9 118,7 Min e máx 227,9 e 227,9 126,3 e 126,3 68,8 e 107,1 118,7 e 118,7 Média 9,9 3,4 10,7 10,7 Min e máx 9,9 e 9,9 -3,4 e -3,4 7,9 e 13,6 10,7 e 10,7 Nº de mun 1 0 2 0 IPA (lâm+/mil hab) Variação Área a de risco intermediário Q3 (+/-) Período Área de risco - populacional (%) Nº de famílias Média 78,2 0,0 197,4 0,0 Min e máx 22 e 176 0e0 99 e 361 0e0 % do total de área Média - - 2,6 3,1 desmatada (**) Min e máx - - 2,2 e 2,9 3,1 e 3,1 0 0 0 0 assentadas (*) MoranMap (nº municípios) p 0,01 Não Sign. 1 1 2 1 n=4 n=4 n=5 n=1 Média 114,4 53,8 32,1 53,6 Min e máx 80,4 e 157,2 51,9 e 57,6 8,9 e 50,1 53,6 e 53,6 Média 6,4 6,4 6,7 4,4 Número de Municípios IPA (lâm+/mil hab) Variação populacional (%) Área de risco intermediário Nº de famílias Q4 (-/+) assentadas (*) Min e máx -4,7 e 29,2 3,2 e 13,5 3,0 e 11,0 4,4 e 4,4 Nº de mun 2 2 4 0 Média 204,7 172,6 206,6 0,0 Min e máx 141 e 678 23 e 401 22 e 468 0e0 % do total de área Média - - 1,3 0,2 desmatada (**) Min e máx MoranMap (nº municípios) p 0,01 Não Sign. - - 0,1 e 2,9 0,2 e 0,2 3 0 2 0 1 4 3 1 (*) Para cálculo da média foram considerados apenas os municípios com famílias assentadas pelos programas oficiais. (**) Corresponde a % total de área desmatada nos municípios nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2005. 46 5a. IPA de 1994 a 1996 (P1) 5c. IPA de 2000 a 2002 (P3) 5b. IPA de 1997 a 1999 (P2) 5d. IPA de 2003 a 2005 (P4) Figura 5 – Distribuição do Índice Parasitário Anual pelos municípios de Rondônia, 1994 a 2005. 47 6a. 1994 a 1996 (P1) 6b. 1997 a 1999 (P2) 6c. 2000 a 2002 (P3) 6d. 2003 a 2005 (P4) Figura 6 – Estratificação de áreas de risco para malária pautada no resultado do gráfico de espalhamento de Moran (Box Map), Rondônia, 1994 a 2005. 48 7a. 1994 a 1996 (P1) 7b. 1997 a 1999 (P2) 7c. 2000 a 2002 (P3) 7d. 2003 a 2005 (P4) Figura 7 – Estratificação de áreas de risco para malária pautada no resultado do Índice de Moran Local (Moran Map), Rondônia, 1994 a 2005. 49 6. DISCUSSÃO O padrão de redução apresentado pelo IPA entre 1994 e 2000 deve-se em grande parte à instituição do controle integrado no país a partir de 1992. Naquele momento houve uma grande expansão da rede de diagnóstico e atendimento aos casos de malária, assim como a incorporação de muitos recursos localmente disponíveis para atenção ao doente. Ao lado disso outros eventos e condições estiveram presentes, como um novo arsenal terapêutico no tratamento da malária por P. falciparum, e a introdução de testes imunoenzimáticos para rápido diagnóstico (Silveira; Rezende, 2001). Estes fatores, associados a investimentos financeiros importantes, como do PCMAN (1989 a 1996), diminuição da migração desordenada de outras regiões e melhoria das condições de vida da população residente, certamente contribuíram para a tendência de redução da malária observada em Rondônia. Entretanto, um aumento de 105,7% do número de casos de 2001 a 2005 compromete o cumprimento da meta estabelecida pelo programa de controle integrado. As razões para isso certamente não são aquelas que nas décadas de 70 e 80 serviram à explicação dos altos níveis de transmissão na região, pela ocupação desordenada e predatória de novos espaços por população altamente suscetível. É possível que as razões para o recrudescimento que agora se observa se encontrem na incompleta, e às vezes equivocada, implementação do controle integrado, onde o controle seletivo do vetor não foi além da intenção, o controle químico que se fazia deixou de ser feito, o monitoramento das condições de risco é precário, senão inexistente, a transferência da execução para os níveis regionais e locais é ainda parcial, e vem gerando dificuldades de natureza organizacional e administrativa (Silveira; Rezende, 2001). A redução no ILP observada de 1994 a 2000 refletiu o melhor acesso dos doentes aos exames, bem como a melhoria do diagnóstico e tratamento, que proporcionaram redução importante do número de doentes como fontes disseminadoras do plasmódio. Entretanto, a partir de 2001, este índice sofreu aumento, revelando a necessidade de intensificação das ações dos serviços de saúde. 50 A incidência de malária no período de 1994 a 2005 decorreu de infecções por P. vivax e P. falciparum, apesar da diminuição da proporção de malária por P. falciparum. O declínio da proporção por P. falciparum está vinculado à melhoria do manejo de casos por meio de diagnóstico precoce e tratamento imediato, a uma diminuição da atividade extrativa mineral descontrolada e a um menor deslocamento de população em virtude da estabilização dos projetos de colonização agrícola. O aumento das internações hospitalares por P. vivax e P. falciparum ocorreu como conseqüência da redução das notificações de outras formas de malária e malária não especificada. Entretanto, apesar da redução destas notificações, esta última ainda representa grande parte dos casos. Sawyer (1995) apresenta evidências de que fatores como o perfil etário jovem e predominância de população masculina constituem importantes fatores de risco da prevalência de malária. Essas características populacionais definem um perfil ocupacional com clara divisão do trabalho, em que normalmente aos homens na faixa etária economicamente ativa são facultadas atividades ligadas à produção. Os indivíduos das faixas etárias extremas, crianças menores de 1 ano e idosos acima de 80 anos, tradicionalmente sempre estiveram menos expostos à infecção. Distintos padrões de transmissão e intensidade de malária foram evidenciados ao se destacar os municípios por períodos. Observou-se redução do IPA e do número de municípios de alto risco do P1 ao P4, com considerável aumento do número de municípios de baixo e médio risco na região sudeste e uma pequena fração em direção ao nordeste do Estado (Figura 5). A dependência espacial calculada estatisticamente pelo Índice de Moran Global revelou que os valores do IPA nos municípios de Rondônia estão correlacionados no espaço. Entretanto, por ser esta uma medida geral, ao produzir um único valor para todo o conjunto de dados de área, foi útil apenas na caracterização da região de estudo como um todo (Câmara; Monteiro, 2001). No entanto, através do cálculo do índice de Moran Local, que gera um valor específico para cada área levando em consideração os municípios vizinhos, foi possível classificar áreas de risco diferenciado para malária, descartando-se a aleatoriedade espacial na distribuição da doença. 51 Pelo índice de Moran Local pautado no gráfico de espalhamento de Moran (Box Map) revelou áreas com associação espacial positiva (municípios vizinhos com valores semelhantes) e negativa (municípios vizinhos com valores distintos). A associação espacial positiva foi verificada para áreas de maior risco Q1 (+/+), com alta incidência de malária e áreas de menor risco Q2 (-/-), com nenhuma ou baixa incidência. Já a associação espacial negativa foi observada para áreas de risco intermediário Q3 (+/-) e Q4 (-/+), com diferença pronunciada do IPA entre o município e seus vizinhos (Figura 6). A identificação destes agrupamentos aponta diferentes riscos na transmissão da doença que, na prática, não se restringem aos limites de um município. Em cada área com associação espacial, positiva ou negativa, estavam localizados municípios com autocorrelação espacial estatisticamente significante (p 0,01). Esta autocorrelação é visualizada pelo índice de Moran Local (Moran Map) (Figura 7). As áreas de maior risco com autocorrelação espacial significante podem ser consideradas críticas, onde possivelmente agregam-se municípios em pleno processo epidêmico de malária. No P1, dos 9 municípios existentes na área de maior risco geradas pelo Moran Map, 7 (Alto Paraíso, Buritis, Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho D’Oeste e Monte Negro) foram criados no período de 1992 a 1995 e desmembrados dos municípios de Ariquemes, Machadinho D’Oeste e Porto Velho, considerados de alto risco em 1991. Portanto, os municípios que constituem a área de maior risco são de urbanização mais recente, verificado a partir do desmembramento de municípios com elevado risco no início da década de 90 e caracterizada pela proliferação de loteamentos irregulares, desprovidos de infraestrutura básica e destinados à população de baixa renda, oriunda, em grande parte, da mobilidade intra-urbana e da migração. As particularidades observadas nos municípios em 1991 determinaram de forma importante o comportamento de risco elevado da malária no P1. Nos períodos subseqüentes, com suavização das atividades de garimpo e colonização, e com a expansão da rede de diagnóstico e tratamento observou-se redução do número de áreas e da intensidade de transmissão de malária. 52 Nas tabelas 2 e 3 verificam-se as diferenças apresentadas entre as áreas de maior, menor e risco intermediário para malária, levando em consideração indicadores como variação populacional, número de famílias assentadas e percentual de área total desmatada. Estes determinantes, além de evidenciarem distintos processos da ocorrência de malária, também auxiliam na compreensão dos diferentes padrões apresentados pela doença. No P1, houve intenso fluxo migratório (crescimento populacional de 45,4%), aliado à intensa mobilidade populacional provocada pela atividade garimpeira, e ocupação estimulada pelos programas de colonização e assentamento, com média 426,7 famílias assentadas por município. Tal fato indicou uma dinâmica específica da malária que se apresentou de forma epidêmica, com IPA médio de 600,7 casos/por mil habitantes nesse período (Tabela 2). Nos períodos 2, 3 e 4 observou-se uma fase de transição entre processo epidêmico e endêmico, com visível redução do IPA. Houve mudanças nas características de uso da terra, o que significou também mudanças demográficas, com importante redução da variação populacional e do número de famílias assentadas (Tabela 2). Mesmo considerando as evidências de uma drástica redução do IPA a partir do P2, a malária ainda persistiu como problema no Estado, que permaneceu com considerável número de municípios na área de maior risco, visível pelo Moran Map no P4. Além disso, identificou-se na área de maior risco, um único aglomerado geográfico, cuja dinâmica expressa o espalhamento dessa área em direção ao noroeste do Estado (Figura 7d). Nas áreas de menor risco vale ressaltar que no P1 metade dos municípios de menor risco foram criados, a partir de 1992, sendo desmembrados principalmente de municípios de baixo e médio risco. Do P1 ao P4 houve aumento no número de municípios de menor risco (Tabela 2), o que sugere maior estabilidade no processo de ocupação indicado por: expressivo aumento do número de municípios com baixo IPA; crescimento populacional menor; menor área desmatada; média de famílias assentadas menor. Nesta região, possivelmente os casos notificados sofreram grande influência do fluxo populacional de casos importados de outra região ou outro estado. 53 A área de risco intermediário pressupõe situação de transitoriedade entre área de maior e menor risco, fato observado na dinâmica apresentada pelos municípios de Porto Velho e Ariquemes que, no P1, P2 e P3 foram enquadrados como de área de risco intermediário Q4 e, no P4, estavam localizados em área de maior risco. Situação inversa foi verificada para o município de Governador Jorge Teixeira que presente na área de risco intermediário Q3 no P1, P2 e P3 evoluiu para área de menor risco no P4. Outro exemplo pode ser verificado para o município de Theobroma que no P1 estava enquadrado na área de risco intermediário Q3 evoluiu para Q1 no P2 e para Q2 no P3 e P4 (Figura 6). A influência exercida pelos municípios vizinhos na dinâmica da distribuição de casos de malária em Rondônia provocou a mudança observada na classificação de risco de alguns municípios entre os períodos. Esta ocorrência está relacionada principalmente às diferentes etapas do processo de ocupação e/ou organização dos serviços de saúde. No P3, a configuração dos municípios de risco intermediário Q3 e Q4 que fazem fronteira com a Bolívia e Estado do Amazonas, possivelmente seriam modificada ao se incluir os registros de casos de malária dessas duas localizações. Desta forma, interpretar a situação dos municípios de transição requer cautela, dada a complexidade de fatores internos e externos envolvidos. Os municípios localizados na área de risco intermediário Q3 são mais vulneráveis que os do Q4, por apresentarem nos quatro períodos valores superiores do IPA, de crescimento populacional e de área total desmatada (Tabela 3). 54 7. CONCLUSÕES Em Rondônia, ocorreu redução da intensidade de transmissão de malária nas áreas expostas ao risco, com redução importante do número de áreas com elevado risco de transmissão no período de 1994 a 2005. A tendência observada para a fórmula parasitária foi, como em todo o país, de acentuada queda na proporção de infecções por P. falciparum. A evolução do IPA, do ILP e do número de lâminas positivas, mostrou similaridades, com tendências de redução entre 1994 e 2000, e de aumento de 2001 a 2005. Verificou-se que os indivíduos do sexo masculino no período de 2001 a 2005 e da faixa etária de 10 a 19 e 20 a 39 anos no período de 2003 a 2005 foram os mais acometidos pela malária. Este perfil populacional indica a relação da ocorrência desta endemia com o comportamento ocupacional desses grupos. Os resultados encontrados apresentaram evidências significativas de dependência espacial tanto em nível estadual como municipal, sugerindo que a localização geográfica é importante como determinante da malária no Estado. Correlacionando-se o padrão espacial do IPA em Rondônia pode-se afirmar que os municípios que constituem a área de maior risco são os de urbanização mais recente caracterizada em todos os períodos por maior: crescimento populacional, número de famílias assentadas (exceto no P3) e percentual do total de área desmatada em relação às outras áreas de risco. A maioria dos municípios de Rondônia apresentou associação espacial positiva estando, portanto, localizados no Q1 e Q2. Pela visualização gerada pelo Moran Map observou-se claramente que os agregados com valores elevados de IPA (Q1) sofreram processo de espalhamento para a região 55 noroeste e nordeste do Estado. Já nos municípios com baixos valores de IPA (Q2) este processo se deu em direção ao sudeste. As ferramentas de análise espacial aumentaram a compreensão da dinâmica espacial dos dados, pois contribuíram na identificação de agrupamentos contínuos, de altos e baixos valores de IPA, e áreas de transição, determinando áreas de risco para além dos limites político administrativos ao detectar situações de risco diferenciado para malária. Também foi possível avaliar os agrupamentos de acordo com o nível de significância da associação espacial, selecionando os agrupamentos mais importantes. Tal avaliação pode ser útil na definição de municípios prioritários para desenvolvimento de ações estratégicas de vigilância e distribuição de recursos, considerando os diversos fatores envolvidos na transmissão de malária dos municípios e seus vizinhos. Esta análise, portanto, demonstrou que a combinação de informações de saúde com as técnicas de análise espacial, uma vez mais, contribui para o entendimento da epidemiologia da malária em Rondônia, sobretudo contextualizando geograficamente os eventos com seus determinantes sócioambientais. As técnicas de análise espacial, Box Map e Moran Map merecem ser avaliadas e comparadas com a atual metodologia utilizada pela SVS na determinação de áreas de risco e repasse financeiro para controle da malária. 56 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. M; CAIAFFA, W. T; ASSUNÇÃO, R. M; PROIETTI, F. A. Dinâmica intra-urbana das epidemias de Dengue em Belo Horizonte, MG, 1996-2002. In: VI Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Recife: ABRASCO, 2004. ANSELIN, L. 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Itapuã do Oeste 23. Jaru 24. Ji-Paraná 25. Machadinho 26. Ministro D'Oeste 27. Mirante da Serra Andreazza 28. Monte Negro 29. Nova Brasilândia 30. Nova Mamoré D'Oeste 31. Nova União 32. Novo Horizonte 33.Oeste Ouro Preto do do 34. Parecis Oeste 35. Pimenta Bueno 36. Pimenteiras do 37. Porto Velho Oeste 38. Presidente Médici 39. Primavera de 40. Rio Crespo Rondônia 41. Rolim de Moura 42. Santa Luzia 43. São Felipe D’Oeste 44. São Francisco do D'Oeste 45. São Miguel do Guaporé 46. Seringueiras Guaporé 47. Teixeirópolis 48. Theobroma 49. Urupá 50. Vale do Anari 51. Vale do Paraíso 52. Vilhena