YMAA ALMADA NEWSLETTER N º 1 A N O 1 F E V E R E I R O 2 0 1 0 Estágio Nacional de Shaolin e Taijiquan Estágio Nacional de Shaolin e Tajiquan Quem é quem na YMAA: Mestre Yang Jwing-Ming As Armas no Kung-Fu: Sabre, a rainha das armas curtas Estágio Nacional de Shaolin e Taijiquan Decorreram, nos dias 4 a 7 do presente mês, os estágios de Shaolin e Taijiquan na escola secundária de Cacilhas-Tejo e na Academia Almadense respectivamente. Este evento visou a divulgação de correções e a uniformização das escolas YMAA em Portugal. Em Shaolin foi revisto o programa do 1º nível com correções a nível de posições fundamentais, (Shang Xia Zhi, e China e em Taijiquan foram abordados Forma de Punho Taijiquan, Set Enroscar, Empurrar com as Mãos Peng, Lu, Glossário de termos chineses Colaboração com a YMAA Almada Newsletter Ji e An e Centro. Foi também discutido o método de avaliação utilizado na YMAA, sistema adoptado das escolas americana e chinesa. O sistema baseiase na pontuação de critérios/requisitos interdependentes. Ao somatório das pontuações parciais corresponde uma nota final que exprime a qualidade da performance exibida. O sistema pode ser ainda aplicado no treino diário como ferramenta de auto-diagnóstico. No dia 7 realizaram-se ainda os exames de graduação havendo a destacar a passagem de nível dos colegas Hugo Cunha, Íris Domingos, João Costa, (Shaolin-1ºNível) José Caldeira, Ricardo Tonet, (Shaolin - 2º Nível) e Pedro Cruz (Taiji - 1º Nível), que estão por isso de parabéns. Quem é quem na YMAA Mestre Yang Jwing-Ming Nasceu a 11 de Agosto de 1946, em Xinzhu Xian, na Formosa. Aos 15 anos inicia-se no Kung Fu, sob a orientação do Mestre Cheng, GinGsao, durante 13 anos (1961-1974). Ao longo destes anos, tornou-se num expert no estilo Grou Branco das artes marciais chinesas, englobando técnicas de luta com e sem armas, entre as quais o sabre, o bastão, a lança, o tridente e os bastões curtos. É de salientar que, sob a orientação do mesmo mestre, o Dr. Yang aprendeu ainda Qin Na do estilo Grou Branco, as categorias de massagem Tui Na e Dian Xue, e tratamento herbal. Aos 16 anos, o Dr. Yang começou o estudo do estilo Taijiquan com o Mestre Kao Tao, o qual posteriormente viria a aprofundar com outros mestres e praticantes seniores nomeadamente, o Mestre Li, Mao-Ching (que teve como mestre Han, Ching-Tang) e Wilson Chen (que adquiriu a sua aprendizagem com o Mestre Chang, Xiang-San) em Taipé. Deste modo, Dr. Yang tornou-se proficiente nas sequências de Forma de Punho de Taiji, Tui Shou, Forma de Combate de Dois Homens, Taiji Espada, Taiji Sabre e Taiji Qigong. Quando alcançou os 18 anos, entrou para a Faculdade de Tamkang, em Taipé, para estudar Física. Paralelamente, iniciou a sua aprendizagem no estilo Punho Longo Tradicional de Shaolin, com o Mestre Li, MaoChing no Clube de Guoshu da Faculdade de Tamkang (1964-1968), onde se tornou Instrutor Assistente do seu mestre. Em 1971, completou o Mestrado em Física pela Universidade Nacional de Taiwan, ficando depois ao serviço da Força Aérea Chinesa (1971-1972) onde, também, viria a ensinar Wushu. Após este período, Dr. Yang regressou à Faculdade de Tamkang para leccionar Física, voltando a reencontrar o Mestre Li, Mao-Ching. Com este prosseguiu o seu estudo nas artes marciais chinesas dedicando-se, desta vez, aos estilos de Gongfu do Norte, o qual incluía técnicas de luta sem armas (dando ênfase às técnicas de pernas) e técnicas de luta com a utilização de variadas armas. Em 1974, o Dr. Yang deslocou-se até aos Estados Unidos para estudar Engenharia Mecânica na Universidade de Purdue. A pedido de alguns alunos, começou a ensinar Kung Fu, o que mais tarde resultaria na fundação do Chinese Kung Fu Research Club da Universidade de Purdue, na Primavera de 1975. Torna-se, ainda, fulcral acrescentar que durante a sua permanência em Purdue, o Dr. Yang leccionou em várias cadeiras curriculares da faculdade a arte marcial Taijiquan. Em Maio de 1978, obteve o Doutoramento em Engenharia Mecânica pela Universidade de Purdue. O ano de 1982 ficou assinalado pelo início do ensino de artes marciais em Boston, onde o Dr. Yang viria a fundar a Yang’s Martial Arts Association (YMAA). Desta forma, o Dr. Yang acabaria por desistir da sua carreira de engenharia, para dar continuidade ao seu sonho de se dedicar ao estudo da cultura chinesa e dar a conhecer as artes marciais chinesas ao Ocidente. Deste modo, e com o objectivo de complementar o seu trabalho nesta área, em 1984, fundou o Centro de Publicação YMAA, através do qual publicou 32 livros e mais de 75 vídeos sobre artes marciais e Qigong. Desde então, Dr. Yang tem vindo a observar a evolução da sua escola, que alcançou a categoria internacional, estando hoje representada em 18 países, acumulando mais de 55 escolas. Em 2005, fundou o YMAA CA Retreat Center e a Qigong Public Research Foundation, organizações sem fins lucrativos com o objectivo de construir uma ponte de conhecimento entre o Oriente e o Ocidente. P ÁG.2 As armas no Kung-Fu: Sabre, a rainha das armas curtas O sabre (Dao, chinês: 刀) é uma categoria de espadas chinesas com lâmina de fio de corte único. Muito popular dentre as armas militares, foi usado em grande escala no exército da China imperial, sendo usada com frequência nas guerras chinesas. É, por norma, a 1ª arma a ser introduzida no treino em virtude de ser a mais fundamental das armas curtas e partilhar cerca de 70% das técnicas com as restantes armas facilitando o seu treino. Podem-se distinguir vários tipos de sabre, sejam do norte ou do sul, externo ou interno. Um sabre do norte é em regra mais longo do que o do sul podendo por isso também ser mais pesado. Isto sucede porque sendo os chineses do norte da China de estatura mais elevada, os estilos do norte trabalham a maior distância. Sabres mais pesados podem ser utilizados por pessoas com maior capacidade muscular dando-lhes uma vantagem extra no combate. Liu Ye Dao (柳葉刀) Sabre folha de trigo Yao Dao Sabre de talhe Dinastia Ming Zhan Ma Dao, ou Pu Dao Sabre de lâmina simples ou sabre corta cavalos Yan Ling Dao Sabre pena de ganso Dinastia Song Um sabre é composto por quatro peças, punho ou cabo, guarda, lâmina e lenço. A lâmina, de fio e dorso, é levemente curva desde o cabo até sua terça parte. Nesse ponto, a seção mais larga da lâmina, a curvatura é mais sinuosa. O terço final do dorso é um arco côncavo em ascendente, unindo-se ao fio projetado em curva para cima. As várias secções têm características e usos distintos. A seção interior não é afiada de forma a permitir o deslizamento junto ao corpo. A superfície geralmente lisa pode apresentar pequenas ondulações de forma a fazer ressaltar a arma inimiga. A seção exterior superior é muito afiada de forma a cortar e perfurar sem dificuldade. Tocar nesta parte com as mãos é “proibido” pelo perigo que a lâmina apresenta mas também porque o suor pode provocar a formação de ferrugem obrigando outrora ao polimento da lâmina o que danificava o sabre. Na seção exterior inferior vai aumentando gradualmente a espessura da lâmina o que permite deslizar e bloquear a arma do adversário. A guarda, oval e metálica, separa a lâmina do punho, protegendo o praticante de cortes acidentais enquanto defende as mãos das investidas inimigas. No caso do sabre de Taiji pode ainda servir para trancar a arma do oponente. O punho ou cabo é de madeira e apresenta um leve arco descendente. A extremidade é encastrada em metal e é usada para desferir estocadas. O pano ou lenço, em geral de duas cores, é amarrado ao cabo servindo para limpar o sangue da lâmina prevenindo a rápida corrosão da mesma. Serve ainda para desviar a atenção do oponente que devido ao rápido movimento das cores, não percebe a aproximação de um golpe fatal. O tipo mais comum de sabre é o sabre do norte. Caracteriza-se pelo comprimento da lâmina que deve chegar à orelha do utilizador de forma a garantir a sua proteção. A lâmina não deve ser demasiado flexível nem vibrar muito. No entanto deve ser suficientemente leve e flexivel de forma a obter grande velocidade. A guarda arredondanda permite rotações rápidas do sabre, ao mesmo tempo que protege a mão, que não é bloqueada como acontece com o sabre interno. O sabre de taiji tem uma estrutura diferente uma vez que a lâmina é mais longa, tem uma curvatura mais suave e a parte interior é obrigatoriamente lisa. Tal configuração decorre de nos estilos internos se pretender aderir ao inimigo e não provocar ressaltos da sua arma. A guarda neste sabre serve o duplo propósito de proteger a mão e trancar a arma do adversário. Por ser mais longo (e pesado), o punho é também maior permitindo acomodar as duas mãos. O sabre de Bagua é maior e mais pesado que o sabre do norte. O utilizador deste sabre deve ser por isso mais forte fisicamente mas também internamente de forma a conseguir aderir eficazmente ao adversário mantendo-o à distância correcta. A sua estrutura é do tipo externo no entanto o seu comprimento permite maior aderência. O tamanho do punho permite a pega dupla. Muitos outros tipos de sabre foram criados e desenvolvidos ao longo dos séculos, reconhecendo-se cerca de 18 tipos diferente. Alguns são modificações dos modelos chineses originais inspiradas em armas similares de outras culturas. O Pu Dao, tem forma similar às famosas katanas japonesas. O Liu Ye Dao e o Yan Ling Dao lembram os alfanjes ou bracamantes europeus. Outras variantes tem origem nos Balcãs ou na Turquia, graças ao comércio ou a migrações. Glossário de termos chineses Jin-potência demonstrada nas artes marciais chinesas que deriva dos músculos energizados por qi até ao seu potencial máximo. Chin Na – Agarrar e Controlar. Qi-Energia que circula no corpo humano ou animal, de natureza bioeléctrica. Guarda Manchu (1760) armado com seu dao YMA A Queres colaborar com o YMMA Almada Newsletter? Seja para contar uma história ou partilhar uma experiência pessoal o teu contributo é valioso. Envia o teu artigo para [email protected]. A LMA DA NEWSLET T ER