A.6.4 - Geografia Física. Compreendendo a dinâmica fluvial do Rio Itapecuru a partir dos dados históricos de pluviosidade de 1980 e 2000: estudo das inundações ocorridas em Codó-MA. Alex S. Lima¹. 1. Prof. Adjunto da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, Campus de Codó; *[email protected] Palavras Chave: Pluviosidade; Inundações; Codó. Introdução O presente trabalho é parte da pesquisa intitulada “Delimitação da área de risco de inundação no perímetro urbano do município de Codó-MA e suas implicações na dinâmica sócio-econômico-ambiental”, financiada pela FAPEMA. Em 2009, muitos municípios maranhenses passaram por situação de emergência devido às inundações dos rios Mearim e Itapecuru. Dentre tais municípios pode-se citar o de Codó, que se encontra às margens do rio Itapecuru e que sofreu com a inundação. Segundo os dados municipais e da Defesa Civil, foram aproximadamente 3 mil pessoas afetadas e mais de 900 desabrigadas, sendo que mais de 170 casas sofreram sérias avarias e 50 tiveram perda total. Em Codó já havia sido registrada outra inundação, em 1986. Tucci (2008) considera que as áreas de risco de inundações que apresentam intervalos longos de repetição geralmente são alvo de especulação imobiliária e invasão por famílias de baixa renda. Destaca ainda que quanto menor a frequência do evento, maiores serão os prejuízos. Nesse sentido, é importante entender o comportamento pluviométrico ao longo dos anos para que se possa minimamente entender a dinâmica de tais desastres naturais. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é de analisar os dados de sete postos pluviométricos para compreensão da dinâmica fluvial do rio Itapecuru. Resultados e Discussão Os dados pluviométricos utilizados na pesquisa foram das estações Codó (443006), Fazenda Sobral (443007), ambas no município de Codó e Aldeias Altas (443012), Mendes (543004), Colinas (644003), Porto do Lopes (644012), Campo Largo (644015), todas a montante desta, com dados das décadas de 1980 e 2000, considerando o período chuvoso de janeiro a maio. A partir de dois eventos de inundação ocorridos na cidade de Codó, em 1986 e em 2009, analisou-se a série histórica das duas décadas para compreender algum padrão nas ocorrências de cheias excepcionais. Analisando a Tabela 1, constatou-se que durante a década de 1980 o ano mais chuvoso foi o 1985 e 1986 ocorreu a inundação. Apenas Campo Largo e Aldeias Altas ficaram abaixo da média para a década, em 1986. Tabela 1. Anos mais chuvosos da década de 1980. Posto Porto do Lopes Mendes Fazenda Sobral Colinas Codó Campo Largo Aldeias Altas Total Anos/período de janeiro a maio 1985 1986 1.467,8 mm 1.073,4 mm 1.926,3 mm 1.242,7 mm 2.173,7 mm 1.787,8 mm 1.630,7 mm 1.188,0 mm 2.219,6 mm 1.619,1 mm 1.455,0 mm 685,7 mm 1.790,6 mm 813,7 mm 12.663,7 mm 8.410,4 mm Média déc. 1980 (jan. a mai.) 882,6 mm 1.016,2 mm 1.373,9 mm 988,1 mm 1.332,2 mm 829,5 mm 1.179,9 mm 7.602,4 mm Fonte: Dados pluviométricos das estações da ANA. Comparando a tabela anterior com a tabela 2, percebe-se que a inundação de 2009 foi um fenômeno mais intenso que o de 1986. Nota-se que a tabela 1 evidencia o ano de 1985 com maior pluviosidade na soma dos postos para o período de janeiro a maio. Tabela 2. Anos mais chuvosos da década de 2000. Posto Porto do Lopes Mendes Fazenda Sobral Colinas Codó Campo Largo Aldeias Altas Total Anos/período de janeiro a maio 2004 2009 1.156,5 mm 1.161,3 mm 1.157,7 mm 1.740,9 mm 1.745,4 mm 1.682,2 mm 1.180,1 mm 1.205,2 mm 1.740,7 mm 1.588,3 mm 1.194,3 mm 2.309,0 mm 2.219,1 mm 1.421,4 mm 10.393,8 mm 11.108,3 mm Média déc. 2000 (jan. a mai.) 861,4 mm 1.082,3 mm 1.367,8 mm 930,5 mm 1.326,8 mm 921,5 mm 1.190,0 mm 7.680,3 mm Fonte: Dados pluviométricos das estações da ANA. O segundo ano mais chuvoso dessa década foi 1984, indicando que o evento de 1986 foi o resultado de três anos com precipitações acima da média da década para este período na bacia hidrográfica do rio Itapecuru. Diferentemente disso, em 2009 se teve um período único com intensa precipitação, com todos os postos acima da média para o interstício. Conforme o exposto acima se suscita alguns questionamentos, como: Por que somente em 1986 ocorreu inundação se 1984 e 1985 as precipitações foram mais intensas? Por que o ano de 2004 também teve precipitações acima da média e não ocorreu inundação? Tem-se uma ideia do que pode ter ocorrido: primeiro, a década de 1980 apresentava um cenário de baixa intensidade da ocupação do espaço agrário, permitindo maior infiltração e manutenção ao longo do ano do curso principal do rio Itapecuru. Segundo, apesar de os postos apresentarem precipitações acima da média, em 2004, houve má distribuição durante os meses, sendo que janeiro e fevereiro choveu abaixo da média esperada, e nos meses de março a maio as precipitações se deram acima da média. Como em 2009 a população urbana mais que duplicou (1986 = 34 mil hab.; 2009 = 86 mil hab.), o impacto do desastre foi bem mais sentido, sobretudo pelo adensamento urbano na área. Conclusões As análises dos dados permitem concluir que os 23 anos que separam os dois eventos de inundações deixam algumas lacunas quanto às causas. Entretanto, considerando apenas tais dados, pode-se entender que o evento de 2009 é indicativo das mudanças no uso e ocupação da bacia hidrográfica do rio Itapecuru, interferindo na dinâmica fluvial. A década de 1990 apresentou médias esperadas para cada período, sendo uma década seca. Agradecimentos Agradecimento à FAPEMA pelo financiamento desta pesquisa à UFMA. _________________ TUCCI, C. E. M. Águas Urbanas. Rev. Estudos Avançados, 22 (63), 2008, p.97-112. http://www.ana.gov.br/PortalSuporte/frmVisulizaEstacao.html?kml=http:// www.ana.gov.br/PortalSuporte/temp/A11497300.kml 67ª Reunião Anual da SBPC