INTERSETORIALIDADE ENTRE RECURSOS DE SAÚDE: GARANTIA DE CUIDADOS DOS
USUÁRIOS DE SERVIÇOS TERCIÁRIOS
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MS. Marli Elisa Nascimento Fernandes ,
2
2
Wanilde Barbosa de Morais , Marilda Alice Oliveira ,
2
2
Julinha Maria Costa Oliveira , Margareth Rovariz
Correspondência para:
Marli Elisa Nascimento Fernandes
Serviço Social do Núcleo das Enfermarias do Hospital de Clínicas
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Cidade Universitária Zeferino Vaz, s/n Distrito de Barão Geraldo
Caixa postal 6142
CEP 13083-970 Campinas-SP,
BRASIL
E-mail: [email protected]
1 Mestre
em Saúde da Criança e Adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP
Assistente Social e Coordenadora do Serviço Social do Núcleo das Enfermarias do HC-UNICAMP
2 Assistentes Sociais do Núcleo das Enfermarias do HC-UNICAMP
INTERSETORIALIDADE ENTRE RECURSOS DE SAÚDE: GARANTIA DE CUIDADOS DOS
USUÁRIOS DE SERVIÇOS TERCIÁRIOS
MS. Marli Elisa Nascimento Fernandes, et al
RESUMO
Objetivo: Mapear o processo assistencial da linha de cuidado dos usuários em condições de alta.
Metodologia: Estudo observacional prospectivo foi definido protocolo terapêutico durante as
visitas da equipe multiprofissional das enfermarias do Hospital de Clínicas da UNICAMP. Foram
realizadas no período de janeiro 2008 a junho de 2009, 681 contra referências de cuidados junto à
equipe da rede de saúde assistencial local e regional. Variáveis categóricas pautadas no PNAS
(2004) foram: gênero, ciclo de vida, procedência, recurso articulado, proposta terapêutica.
Resultados: das freqüências quanto ao Gênero: (422) masculino (259) feminino. Ciclo de vida:
(84) crianças e adolescentes (34) jovens, (357) adultos e (206) idosos. Procedência: (233)
Campinas, (448) Outras cidades/Estados. Recursos articulados: (239) atenção primária; (120)
programas de assistência domiciliar, (36) ONG, (19) CAPS, (6) Poder Judiciário, (261) atenção
secundária. Proposta terapêutica: (237) curativos e medicamentos, (99) inclusões, (20) suportes
nutricionais, (147) cuidados domiciliares, (129) suportes e equipamentos, (24) reabilitações, (25)
apoio. Conclusão: A contra referência na pré-alta hospitalar realizada pelo Serviço Social constitui
pré-requisito para viabilizar o processo de cuidado aos usuários de serviços terciários que
necessitam de seguimento pela atenção básica no território do usuário, garantindo o que esta
preconizada pelo Sistema Único de Assistência Social –SUAS.
Palavras chaves: linha de cuidado, intersetorialidade e saúde.
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COORDINATION BETWEEN RESOURCES HEALTH: CARE WARRANTY OF USERS OF
TERTIARY SERVICES
Ms. Marli Elisa Nascimento Fernandes, et al
ABSTRACT
Objective: Map the process of care line of care for patients in high humidity. Methodology: A
prospective observational study was defined therapeutic protocol during the visits of the
multidisciplinary team of wards of the Clinical Hospital of UNICAMP. Were carried out from January
2008 to June 2009, 681 referrals from care by the team of health care network of local and regional
level. Variables grounded in PNAS (2004) were: gender, life cycle, origin, feature articles,
therapeutic proposal. Results: the frequencies on the Gender: (422) male (259) female. Life cycle:
(84) children and adolescents (34) Young, (357) and adults (206) elderly. Provenance: (233)
Campinas; (448) other cities / states. Resources articulated: (239) primary care (120) home care
programs, (36) ONGs (19) CAPS (6) Judiciary, (261) secondary care. Therapeutic purposes: (237)
dressings and medicines, (99) inclusions, (20) supports nutrition, (147) Home Care, (129) media
and equipment (24) rehabilitation, (25) support. Conclusion: The reference against the predischarge produced by the Social Workers is a prerequisite for making the process of care to
service users who require tertiary follow-up care in the territory of the patients, ensuring that
recommended by the Social Assistance Unique System SUAS.
Key words: line of care, and health care.
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INTRODUÇÃO
A intersetorialidade é a articulação entre sujeitos de setores sociais diversos e, portanto,
de saberes, poderes e vontades diversos, para enfrentar problemas complexos. É uma nova forma
de trabalhar e de construir políticas públicas que pretende possibilitar a superação da
fragmentação dos conhecimentos e das estruturas sociais para produzir efeitos mais significativos
na saúde da população (Junqueira, 2000; Santos et al, 2003).
A intersetorialidade faz parte do projeto ético político do assistente social e na visão
preconizada pelo SUS, que consiste nas ações e na relação em rede dos seguimentos sociais, de
saúde, nas diversas instâncias do território do usuário (Mioto et al, 2006).
A lógica de processo de trabalho do serviço social junto aos usuários internados na
Enfermarias do Hospital de Clínicas consiste no apoio e acolhimento da família e sua participação
no processo de cuidado do paciente. Para tanto elaborar o diagnóstico social é necessário para
intervenção que possibilite a garantia dos direitos de cidadania, pelo acesso à dinâmica hospitalar
durante o período de internação e após a sua desospitalização.
De acordo com Junqueira (2005) cabe a gestão dos serviços públicos responsabilizaremse pelas soluções dos problemas sociais como também incorporar o processo de decisão dos
usuários. Neste sentido os encaminhamentos precisam ser de maneira integrada, respeitando a
contribuição e a autonomia de cada pessoa, minimizando ações fragmentadas.
Mediante esta complexa atenção à saúde da população num serviço terciário, novo
modelo de gestão colegiada de atenção clínica está sendo construído por um conjunto de
profissionais de saúde com o propósito da promoção do cuidado do paciente, estabelecendo
ações conjuntas por equipe de referência, com projeto terapêutico integrado e intersetorialidade do
serviço terciário e os recursos de atenção a saúde disponíveis no território do usuário.
Neste estudo o objetivo foi mapear o processo assistencial da linha de cuidado dos
usuários em condições de alta.
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METODOLOGIA
Estudo observacional prospectivo foi definido protocolo terapêutico que consiste nas
avaliações: médica, social, de cuidados de enfermagem, de suporte nutricional, de reabilitação
através de sessões de fisioterapia, inclusão em programas assistenciais, de apoio psíquico e
psicológico e outros cuidados terapêuticos que o paciente necessitasse. Neste contexto de
cuidado a participação e interação do tratamento e cuidados dos familiares e acompanhantes foi
um dos quesitos imprescindíveis para definição das condutas durante as visitas semanais
realizada pela equipe multiprofissional das Enfermarias do Hospital de Clínicas da UNICAMP.
Para tanto foram realizadas, 681 contra referências de cuidados junto à equipe da Rede
de Saúde assistencial local e regional no período de janeiro 2008 a junho de 2009. As variáveis
categóricas pautadas no PNAS (2004) foram: gênero, ciclo de vida, procedência, recurso
articulado para o cuidado do paciente durante a previsão de alta para garantia do cuidado após
alta hospitalar e a proposta terapêutica definida pela equipe.
RESULTADOS
Com relação às freqüências quanto ao Gênero: (422) eram masculinos (259) eram do
sexo feminino.
No ciclo de vida: (84) eram crianças e adolescentes (34) jovens, (357) eram
adultos e (206) idosos. Quanto à procedência: (233) Campinas, (448) eram de outras cidades e ou
Estados da Federação. A freqüência dos recursos articulados são descritos na Tabelas 1 e 2:
Tabela 1: Distribuição dos tipos de recursos articulados para atenção aos usuários durante a
previsão de alta hospitalar
Programa
Atenção
Assistência
Primária
Domiciliar
239
120
Centro
ONG
36
Assistência
Poder
Assistência
Psicosocial
Judiciário
Secundária
19
6
261
5
Tabela 2: Distribuição das propostas terapêuticas solicitadas aos usuários com alta hospitalar
Curativos e
Inclu
Suporte
Cuidados
Suportes e
Medicament
são
Nutricio-
Domicilia-
Equipamen
Reabilita
nal
res
tos
ção
20
147
129
24
os
237
99
Apoio
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DISCUSSÃO
O serviço de saúde terciário tem nas suas diretrizes o atendimento de demandas de média
e alta complexidade e é neste contexto que a intersetorialidade envolve capacidade de resolver
situações, de efetividade e de eficácia, pois, em todas as experiências reconhece-se claramente
que ela se constrói sobre a necessidade das pessoas e setores concretos. (Junqueira, 2000).
Por se tratar de cuidado da saúde este modelo não se restringe somente a procedimentos
clínicos, mas envolve processo de atenção que vise à integralidade do sujeito, seja pela escuta
qualificada, da emissão do diagnóstico social definido pelas informações de sua condição de vida,
do seu meio social, oferecendo orientações e o apoio psicosocial (Campos, 2007).
Assim, cada necessidade é vista de maneira integrada, nos espaços onde se manifestam,
considerando os diversos atores sociais envolvidos como sujeitos da sua história (Martinelli, 2002).
No presente estudo observa-se que há prevalência de usuários do sexo masculino, do
ciclo de vida na maioria de faixa etária produtiva, é preocupante uma vez que o adoecimento
interfere diretamente no contexto social e familiar e em todo seu cotidiano. A população idosa
atendida no estudo confirma necessidade de estreitamento dos serviços terciários com outros
serviços da rede, para melhor atenção a saúde do idoso.
Conforme citado por Campos et al, (2007) os principais motivos que tem levado a
expansão mundial no cuidado extra-hospitalar é o menor custo dessas ações em relação ao
tratamento intra-hospitalar propiciando a otimização dos leitos de serviços terciários.
Neste sentido a integralidade da atenção a saúde só pode ser alcançada com a
articulação entre os diversos níveis do sistema. É papel dos hospitais a responsabilização pela
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continuidade do cuidado, promovendo a vinculação do paciente aos serviços extra-hospitalares
(Campos et al, 2007).
A contra referências realizadas nos territórios dos pacientes que tiveram maior prevalência
foi junto à rede básica e de assistência domiciliar, o que configura a efetivação do papel da
unidade básica de saúde absorver demanda primária de saúde dos usuários, otimizando a
rotatividade dos leitos terciários garantindo o acesso de outros usuários do serviço.
A prevalência da assistência domiciliar de alta complexidade foram para 147 pacientes, o
que nos remete pensar na importância da intersetorialidade para o processo de cuidados dos
pacientes principalmente para os familiares pois possibilita maior segurança na alta hospitalar do
paciente.
O projeto em fase de implantação demonstra que o investimento e iniciativa dos
profissionais de saúde podem culminar em benefícios aos usuários durante o tempo de
tratamento.
CONCLUSÃO
A contra referência na pré-alta hospitalar realizada pelo Serviço Social constitui prérequisito para viabilizar o processo de cuidado aos usuários de serviços terciários que necessitam
de seguimento pela atenção básica no território do usuário, garantindo o que esta preconizada
pelo Sistema Único de Assistência Social –SUAS.
REFERÊNCIAS
Junqueira LAP. Intersetorialidade, transetorialidade e redes sociais na saúde. Revista de
Administração Pública, RAP (6), 2000.
Machado JMH, Porto MFS. Promoção da saúde e intersetorialidade: a experiência da
vigilância em saúde do trabalhador na construção de redes. Epidemiologia e Serviços de
Saúde 2003; 12(3) : 121 – 130.
Mioto RCT, Nogueira VMR. Sistematização, Planejamento e Avaliação das Ações dos
Assistentes Sociais no Campo da Saúde. In Serviço Social e Saúde Formação e Trabalho
Profissional. Cortez Editora, 2006.273-304.
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Junqueira LAP. Articulações entre o serviço público e o cidadão. X Congreso Internacional del
CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santiago, Chile, 2005, 18 - 21
Oct.
Política Nacional Assistência Social – PNAS, Cortez Editora, 2004.
Campos GWS. Reforma política e sanitária: a sustentabilidade do SUS em questão? Ciência
& Saúde Coletiva, 12(2):301-306, 2007.
____________, Amaral MA. A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e
redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciência
& Saúde Coletiva, 2007,12(4):849-859.
Martinelli ML. Serviço Social em Hospital – Escola: Um espaço diferenciado de ação
profissional. Revista Serviço Social e Saúde, 2002, 1-11.
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