AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE A SUSTENTABILIDADE EM PRODUTOS AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM PRODUTOS: O MODELO PERSUS Dissertação de Mestrado IVAN MOTA SANTOS IVAN MOTA SANTOS Belo Horizonte 2012 Belo Horizonte 2012 S237a Santos, Ivan Mota. Avaliação da percepção dos usuários sobre a comunicação da sustentabilidade em produtos: o modelo persus. [manuscrito] / Ivan Mota Santos. – 2012. 104 f. il. color. fots. tabs.; 31 cm. Orientadora: Lia Krucken Coorientadora: Sebastiana Luiza Bragança Lana Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Design. Bibliografia: f. 102-103 1. Desenho Industrial – Percepção – Teses. 2. Designers – Percepção – Teses. 3. Ecodesign – Desenvolvimento sustentável - Teses. I. Krucken, Lia. II. Lana, Sebastiana Luiza Bragança. III. Universidade do Estado de Minas Gerais. Escola de Design. IV. Título. CDU: 7.05 Ficha Catalográfica: Cileia Gomes Faleiro Ferreira CRB 236/6 ! ! "! AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os professores do Programa de Pós-graduação em Design (PPGD) da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), principalmente à Professora Lia Krucken, minha orientadora e mentora no aprendizado e crítica do design desde o período da graduação. Agradeço também à minha coorientadora, Professora Sebastiana Lana, à Professora Regina Álvares, que despertou em mim o interesse pelo estudo da Percepção aplicado ao design. E, ainda, aos demais professores do programa e ao Rodrigo, por toda ajuda e atenção. Aos professores, colegas e funcionários da Escola de Design, principalmente os Professores Carlos Miranda, Paulo Miranda e Heleno Polisseni. À minha família: minha mãe, companheira inseparável e melhor amiga, minha “irmãzona” pelos conselhos e exemplo de força e determinação. Ao meu pai, que desde cedo me ensinou a importância e o prazer da leitura. Aos primos, tios e à Vovó Maria, meu muitíssimo obrigado. Agradeço à Ester, meu refúgio de tranquilidade e carinho, sempre disposta a ouvir lamúrias e alegrias e, acima de tudo, dividir este sonho. Agradecimento especial ao Instituto Niten e ao Sensei Jorge Kishikawa, não só pelos ensinamentos, mas pelo apoio concedido durante todo o período deste estudo. Também aos coordenadores e amigos, Adeval Santana, Alessandro Fonseca, Matheus Drawin e Bernardo Carvalho, e ao meu “padrinho”, Celso Bolivar. Além destes, todos os outros colegas que compartilham a vontade de se superar e aprender sempre. A todos os participantes do estudo experimental que dedicaram o seu tempo a este projeto. E também aos amigos inseparáveis da turma, Risada, Big Ron, Thiago, Dudu, Bastieri, Cabeças e Léo, e aos amigos da Miho, Pedrinho, Piva e Geraldão. Por fim, gostaria de dedicar este trabalho a duas pessoas muito importantes na minha vida, que compartilham desta minha vitória de um plano distante: ao meu avô, Antônio Ferreira, professor da arte de viver, e ao Professor Romeu Dâmaso, exemplo de dedicação ao ensino do design. Muito obrigado! ! #! RESUMO Nas últimas décadas, a sustentabilidade vem se configurando como uma preocupação central em projetos de design, como se pode observar pelo crescente número de projetos de design e estudos acadêmicos sobre o tema. Este trabalho, especificamente, visa contribuir para a investigação relacionada à comunicação de produtos, considerando a forma como o usuário percebe as estratégias de sustentabilidade adotadas no seu desenvolvimento. De fato, uma das questões norteadoras deste trabalho é: como as estratégias de sustentabilidade adotadas no desenvolvimento de produtos são percebidas pelos usuários e como os usuários comunicam e expressam seu conhecimento acerca desses recursos? Neste sentido, o objetivo geral é apresentar um modelo experimental de métodos da Percepção aplicada ao Design de Produto, visando coletar informações relevantes sobre o processo de comunicação de estratégias e recursos de design para a sustentabilidade a partir da interação direta com usuários e da avaliação de produtos selecionados na bibliografia. Foram conduzidos três experimentos a partir de questionários baseados em métodos de pesquisa da percepção, sendo o primeiro deles virtual, com 30 usuários participantes. Para o segundo e o terceiro experimentos foram selecionados 22 usuários, entre eles alguns com conhecimento em desenvolvimento de produtos. Os resultados revelam tendência dos participantes a entender a sustentabilidade em produtos com enfoque acentuado nas medidas adotadas na produção para reduzir os impactos ambientais. Além disso, os usuários apresentaram aceitação da utilização de materiais reciclados e reutilizados como recursos válidos para tal finalidade. Pôde-se também identificar que a experiência e o contato com o produto e com as informações sobre os recursos e estratégias de design adotadas para garantir o perfil sustentável dos produtos alteraram a impressão inicial dos usuários. Esse método mostrou-se capaz de contribuir para o entendimento sobre a percepção dos usuários dos recursos adotados no desenvolvimento de produtos e para a melhoria dos modelos de comunicação de sustentabilidade. Palavras-chave: Design e Sustentabilidade. Comunicação. Usuário. ! $! ABSTRACT In recent decades, sustainability has emerged as a central concern in design projects, as can be seen by the increasing number of design projects and academic studies on the subject. This study aims to contribute to research products communication process, considering how the user perceives sustainability strategies adopted in their development. In fact, one of the guiding questions of this study is: how users perceive sustainability strategies adopted in the development of products, and how users communicate and express their knowledge about these resources? In this sense, the overall goal is to present an experimental model of perception methods applied to product design in order to collect relevant information about the strategies and design features for sustainability communication process through direct interaction with users and the evaluation of selected products in the bibliography. The main stages of the research are structured as: a) theoretical bases, b) analysis of communication models of sustainability, c) conducting an experimental study, followed by d) analysis of the results. The main expected results are: 1) identification of the descriptive terms used by most users in the definition of sustainable products across the board and when questioned about the products found in the literature, 2) analysis of communication patterns present in the literature regarding these products and research of actual contact between them and the users, 3) comparison of the impression of users on the communication of sustainability in the products when they have models of communication and without the use of this resource, 4) glossary of resources and design strategies for sustainability. Three experiments were conducted from questionnaires based on research methods of perception, being the first virtual applied with 30 users. For the second and third experiment were selected among them 22 users , some with expertise in product development. The results show a tendency for participants to understand sustainability in products with a strong focus on measures taken in production to reduce environmental impacts. Moreover, users had an acceptance of the use of recycled and reused materials as valid resource for this purpose. It might also identify that the experience and contact with the product and information about resources and design strategies adopted to ensure the sustainable nature in products, changed the initial impression of the users. This method was able to contribute to the understanding of the users' perception of the features adopted in product development and improvement of communication models of sustainability. Keywords: Design and Sustainability. Comunication. User. ! %! LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro do Desenvolvimento Sustentável ICSID International Council of Societies of Industrial Design MP3 Miniplayer 3 PPGD Programa de Pós-graduação em Design UEMG Universidade do Estado de Minas Gerais UNEP United Nation Enviromental Programme ! &! LISTA DE ILUSTRAÇÕES ! Figuras FIGURA 1 - (a) O produto como meio de comunicação; (b) a pesquisa do usuário no fluxo de informações para o designer..................................... 14 FIGURA 2 - Informação e sustentabilidade.................................................... 15 FIGURA 3 - Fases gerais da pesquisa........................................................... 22 FIGURA 4 - As forças que influenciam o processo de design....................... 27 FIGURA 5 - Influência das novas tecnologias no processo de design.......... 28 FIGURA 6 - Cadeira Wassily modelo B32 de Marcel Breuer......................... 29 FIGURA 7 - Cadeira Lounge Chair Wood de Charles Eames....................... 30 FIGURA 8 - Nova configuração do Triple Bottom Line com o aspecto subjetivo.................................................................................................... 34 FIGURA 9 - Estrela de valor: dimensões de valor de produtos e serviços 39 FIGURA 10 - Comunicação em garrafa da Coca-Cola.................................. 44 FIGURA 11 - Comunicação no site da Apple................................................. 45 FIGURA 12 - Camiseta, embalagem e catálogo - coleção Miho, 2008.......... 46 FIGURA 13 - Representação do processo de produção das peças de moda. 49 FIGURA 14 - "Case" da coleção 2010........................................................... 49 FIGURA 15 - Representação do processo produtivo dos "cases"................. 50 FIGURA 16 - Futon da coleção 2010............................................................. 50 FIGURA 17 - Representação da cadeia de valor do futon............................. 51 FIGURA 18 - Produto analisado pelo modelo de Proctor (2009)................... 52 FIGURA 19 - Ícones do modelo de Barbero e Cozzo (2009)......................... 53 FIGURA 20 - Produto analisado pelo modelo de Fuad-Luke (2009)............. 54 FIGURA 21 - Produtos selecionados para o experimento............................. 58 FIGURA 22 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade – Softbowls, Mio........................................................................................ 59 FIGURA 23 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade – Softseating, Molo.................................................................................... 59 FIGURA 24 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade - 61 Softbowls.................................................................................................. ! '! FIGURA 25 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade – Softseating................................................................................................ 62 FIGURA 26 - Comparação entre produtos..................................................... 63 FIGURA 27 - Características importantes da interação produto-usuário....... 67 FIGURA 28 - Experimento 1 do modelo Persus (Avaliação Preliminar da Percepção da Sustentabilidade em Produtos).......................................... 70 FIGURA 29 - Experimento 2 do modelo Persus (Avaliação Subjetiva do Perfil de Sustentabilidade do Produto)..................................................... 73 FIGURA 30 - Experimento 3 do modelo Persus (Avaliação Sensorial e Emocional do Perfil de Sustentabilidade do Produto)............................... 75 FIGURA 31 - Imagem representativa do círculo de emoções de Desmet..... 76 FIGURA 32 - Estrutura geral do modelo Persus............................................ 79 FIGURA 33 - Termos utilizados pelos usuários para descrever a sustentabilidade em produtos................................................................... 82 FIGURA 34 - Quantidade de menções dos termos utilizados pelos usuários para descrever a sustentabilidade em produtos........................ 83 FIGURA 35 - Produtos mais citados pelos usuários como sendo sustentáveis (papel reciclado, sandália Goóc e sacola "ecológica")........ 84 FIGURA 36 - Aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos estudados................................................................................................. 85 FIGURA 37 - Fatores de impressão positiva sobre o perfil de sustentabilidade dos produtos.................................................................. 86 FIGURA 38 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o produto Softbowls..................................................................................... 87 FIGURA 39 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o produto Softseating................................................................................... 88 FIGURA 40 - Livre associação de recursos de design para a sustentabilidade........................................................................................ 89 FIGURA 41 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Mio.......................................................... 90 FIGURA 42 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Molo........................................................ 91 FIGURA 43 - Livre associação de recursos de design para a sustentabilidade após contato com produtos e glossário de informações 92 ! (! FIGURA 44 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Mio.......................................................... 93 FIGURA 45 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Molo........................................................ 94 FIGURA 46 - Aceitação e fatores de impressão positiva sobre o perfil de sustentabilidade dos produtos.................................................................. 95 FIGURA 47 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Mio....................................................................................................... 96 FIGURA 48 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Molo..................................................................................................... 97 FIGURA 49 - Autoavaliação comparativa das impressões dos usuários nos dois momentos do experimento................................................................ 98 FIGURA 50 - Momentos da aplicação dos experimentos.............................. 99 Quadros QUADRO 1 - Fases e atividades da pesquisa............................................... 21 QUADRO 2 - Tipologias de estratégias de design para a sustentabilidade... 41 QUADRO 3 - Fatores mercadológicos e recursos de ecodesign................... 47 QUADRO 4 - Requisitos ambientais e sustentabilidade................................ 47 QUADRO 5 - Informações de recursos de ecodesign................................... 48 QUADRO 6 - Perfil dos produtos selecionados............................................. 68 QUADRO 7 - Questões norteadoras e resultados esperados: coleta de termos descritivos da sustentabilidade em produtos................................ 71 QUADRO 8 - Questões norteadoras e resultados esperados: avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos.................... 72 QUADRO 9 - Questões norteadoras e resultados esperados: associação de recursos de design para a sustentabilidade........................................ 74 QUADRO 10 - Questões norteadoras e resultados esperados: terceira 78 etapa do estudo experimental.................................................................. QUADRO 11 - Dados da amostragem........................................................... 81 ! )! SUMÁRIO1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problematização e contexto da pesquisa 1.2 Justificativa e pressupostos 1.3 Questões norteadoras 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo geral 1.4.2 Objetivos específicos 1.4.3 Resultados esperados 1.5 Estrutura do documento 2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS 2.1 Referencial metodológico 2.2 Procedimentos gerais da pesquisa 2.3 Estrutura geral da pesquisa 2.4 Amostra 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................... 24 3.1 Design e desenvolvimento sustentável.................................................... 25 3.1.1 Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século XX................................................................................................................... 25 3.1.2 Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI........ 31 3.1.3 Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade................... 36 3.2 Comunicação, design e sustentabilidade................................................. 41 3.2.1 Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e consumo: estudo de caso.............................................................................. 42 3.2.2 Modelos de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade............................................................................................. 52 !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011 e o Manual de Formatação da UEMG. ! *+! 4 ANÁLISE DOS MODELOS EXISTENTES DE COMUNICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE.................................................... 56 4.1 Critérios de seleção de produtos.............................................................. 56 4.2 Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados.......... 58 4.3 Comparação dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade por produtos selecionados................................................... 60 4.4 Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para a sustentabilidade.............................................................................................. 63 5 PROPOSTA DO MODELO DE AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS: MODELO PERSUS.................................................................... 65 5.1 A interação produto-usuário...................................................................... 66 5.2 Perfil dos produtos avaliados.................................................................... 67 5.3 Perfil do usuário........................................................................................ 68 5.4 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos................................................................................................... 69 5.4.1 Termos descritivos da sustentabilidade em produtos........................... 70 5.4.2 Questões norteadoras e resultados esperados.................................... 70 5.4.3 Avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos. 71 5.4.4 Questões norteadoras e resultados esperados.................................... 72 5.5 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto........................................................................................................... 72 5.5.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade................. 73 5.5.2 Questões norteadoras e resultados esperados.................................... 74 5.6 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto........................................................................... 75 5.6.1 Técnica de avaliação............................................................................. 76 6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................... 80 6.1 Amostragem............................................................................................. 80 6.2 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos.............................................................................................. 81 6.2.1 Coleta de termos descritivos................................................................. 81 6.2.2 Produtos citados.................................................................................... 83 ! **! 6.2.3 Análise comparativa da aceitação perfil sustentável de produtos......... 84 6.2.4 Comparação entre impressões de leigos e profissionais...................... 86 6.3 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto........................................................................................................... 88 6.3.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade................. 88 6.4 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto........................................................................... 91 6.4.1 Análise sensorial e emocional: associação de recursos de design para a sustentabilidade.................................................................................. 91 6.4.2 Avaliação da aceitação perfil sustentável de produtos......................... 94 6.4.3 Análise emocional da sustentabilidade em produtos............................ 95 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 100 7.1 Em relação aos objetivos......................................................................... 100 7.2 Em relação aos resultados esperados..................................................... 101 7.3 Proposta para outras pesquisas............................................................... 101 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 102 APÊNDICES................................................................................................... 104 ! *"! 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problematização e contexto da pesquisa O início do século XXI é marcado pela valorização dos processos de design, da sua forma de abordar problemas e da sua natureza crítica e criativa. Do ponto de vista da sustentabilidade, a contribuição do design para o desenvolvimento de produtos, serviços e sistemas que visam a reduzir os impactos negativos, gerados pelo modelo de consumo atual, é imprescindível para a evolução rumo a uma sociedade realmente sustentável. Pode-se perceber, em diversas obras relevantes, a constatação da contribuição do design para a construção de um cenário futuro mais promissor. O design imaginativo será um fator crucial para a decretação da sustentabilidade na vida diária das pessoas. As práticas de design atuais ainda estão presas em ciclos consumistas de inovação e produção, dificultando nossa percepção sobre como devemos desenvolver uma cultura material mais significativa e sustentável (WALKER, 2011). Nesse contexto, torna-se cada vez mais importante entender como a relação entre o ciclo que envolve designer, produto e usuário pode ser mais bem compreendida e otimizada para contribuir ao desenvolvimento dessa cultura material mais significativa e sustentável. Esse ciclo faz com que a produção de bens de consumo evolua e reflete diretamente os valores e a forma de interação com os objetos de uma sociedade. Para Crilly e Clarkson (2006), o produto se torna um meio de comunicação entre designers e usuários e ainda gera um componente retroalimentar para o contínuo melhoramento e atualização do produto pelo designer, com a pesquisa direcionada ao usuário (FIG. 1). ! *#! FIGURA 1 - (a) O produto como meio de comunicação; (b) a pesquisa do usuário no fluxo de informações para o designer Adaptado de Crilly e Clarkson (2006, p. 1). Fonte: Dias (2009). Considerando que se pode entender o produto como um meio de comunicação entre o designer e o usuário, ampliam-se as possibilidades de utilizar esse canal comunicativo como uma forma de contribuir para o desenvolvimento sustentável, extrapolando as decisões técnicas envolvidas na concepção do produto, podendo aprofundar seu papel de forma a informar e orientar o consumo consciente. Vários autores, como Reis (2010), Walker (2006, 2011) e Proctor (2009), sinalizam que a contribuição do design para a sustentabilidade pode encontrar limites no modelo de consumo atual. Para os autores, fica claro que o desenvolvimento de produtos com apelo cada vez mais maduro do ponto de vista da sustentabilidade, com qualidade e personalidade, mas inseridos no modelo de consumo atual, corre o risco de contribuir para a inserção destes no modelo defasado de consumo e produção insustentável que é mantido até o presente. Dessa forma, Vezzoli (2010) afirma ser crucial o papel do designer na formação de novos estilos de vida sustentáveis, a partir da conscientização e da mudança de comportamento e consumo incentivados por bons produtos, serviços e sistemas. O Manual de Comunicação e Sustentabilidade desenvolvido pelo Conselho Empresarial Brasileiro do Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, 2011) prevê o uso da comunicação como um forte agente de informação e mudança (FIG. 2). Essa publicação corrobora a visão dos autores citados em relação ao processo de contínuo aprimoramento do canal de comunicação entre empresas e consumidores, a fim de possibilitar o consumo consciente a partir da transparência dos processos empresariais e da construção de modos de consumo cada vez mais sustentáveis pelos usuários mobilizados. ! *$! FIGURA 2 - Informação e sustentabilidade Fonte: CEBDS (2011, p. 22). Percebe-se então, como a comunicação e o design se tornam importantes nesse cenário. Obras como as de Fuad-Luke (2009), Proctor (2009) e Barbero e Cozzo (2009) associam aos produtos, a comunicação das estratégias de design para a sustentabilidade, a fim de ampliar o conhecimento do usuário sobre os aspectos sustentáveis da produção de bens de consumo. Por meio de modelos informacionais dedicados, os autores indicam caminhos para utilizar o próprio produto como canal de informação e incentivo ao consumo consciente. Nesse sentido, este trabalho propõe um estudo dessa interface entre o produto como agente comunicador e o usuário, contribuindo para o entendimento da percepção do destinatário da mensagem e a eficácia desses modelos para a construção de uma cultura material sustentável, na medida em que contribui para a orientação do consumo e do desenvolvimento de novos e melhores processos e produtos. ! ! ! ! *%! 1.2 Justificativa e pressupostos A pesquisa se revela importante no contexto do design e do desenvolvimento sustentável a partir do enfoque no usuário como fonte de coleta de impressões sobre a percepção da sustentabilidade em produtos. Conforme visto na contextualização do trabalho, a inserção do usuário no processo de comunicação de recursos e estratégias adotadas pelas empresas para promover o desenvolvimento sustentável é um instrumento valioso para mobilizar e educar o consumo, de forma a alterar o comportamento em relação à cultura material. Deste modo, o estudo baseia-se nos seguintes pressupostos: • A investigação sobre a contribuição do design para a sustentabilidade encontrase difundida entre estudos metodológicos, históricos e sobre o ensino do design, (interface com a produção), mas ainda existem poucos trabalhos dedicados à comunicação desses recursos e estratégias desenvolvidos pelos designers aos usuários (interface com o consumo); • os produtos cumprem etapas do processo de comunicação de recursos sustentáveis, influenciando a identidade da cultura material onde se inserem; • as estratégias de design adotadas no desenvolvimento de produtos são portadoras de significados e podem influenciar as escolhas e preferências dos usuários; • o usuário possui uma imagem formada, baseada em “conhecimento popular” sobre características de sustentabilidade dos produtos de seu cotidiano. Esse conhecimento é culturalmente influenciado, sendo parcialmente obtido através das interações com vetores de informação e se relaciona a significados atribuídos ao produto que os contém; • uma vez portador desse conhecimento, o usuário é capaz de explicitá-lo, seja na forma de expressões ou comportamento de consumo, bem como é capaz de atuar como agente participante na significação dos produtos. ! *&! 1.3 Questões norteadoras Mediante a apresentação da problemática, do contexto e dos pressupostos da pesquisa, formulam-se as seguintes questões: • Como as estratégias de sustentabilidade adotadas no desenvolvimento de produtos são percebidas pelos usuários? Como os usuários comunicam e expressam seu conhecimento acerca desses recursos? • A informação sobre o produto influencia o julgamento do mesmo? Informar os usuários acerca das características técnicas relevantes pode alterar sua percepção sobre um produto? • Como definir quais atributos são relevantes para o design de produtos sustentáveis quando levados em conta aspectos subjetivos da percepção dos usuários? • Como incorporar informações e impressões subjetivas dos usuários no processo de desenvolvimento de produtos e na produção de novos produtos sustentáveis? 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo geral Este estudo tem como objetivo geral apresentar um modelo experimental de métodos da Percepção aplicada ao Design de Produto capaz de identificar informações relevantes sobre o processo de comunicação de estratégias e recursos de design para a sustentabilidade. 1.4.2 Objetivos específicos • Coletar dados referentes à percepção dos usuários em relação aos recursos de design adotados em projetos de produtos sustentáveis. • Analisar como a comunicação de estratégias de design contribui para a construção de valor percebido em produtos, considerando a diferença perceptiva ! *'! entre usuários de diferentes formações e o acesso a diferentes modelos de comunicação. • Investigar como a comunicação dessas estratégias pode dotar o usuário de informações relevantes para a decisão de escolha. 1.4.3 Resultados esperados • Revisão das principais bibliografias relacionadas ao tema do design e do desenvolvimento sustentável, evidenciando as estratégias de projeto de design, levando em consideração aspectos teóricos e práticos. • Apresentação de breve entendimento histórico (séculos XX e XXI) acerca da evolução da participação do design para o desenvolvimento sustentável a fim de identificar quais recursos e estratégias foram desenvolvidos ao longo das últimas décadas. • Proposta de uma fonte de dados em língua portuguesa – em forma de glossário – referente a recursos de design com foco em sustentabilidade para estudantes, profissionais de design e empresas. • Apresentação de um estudo experimental dos métodos relacionadas à Percepção no entendimento da relação entre o usuário e o projeto, a partir de sua aplicação em produtos reais, no caso específico em análise, ou seja, a sustentabilidade. 1.5 Estrutura do documento O capítulo 1 dedica-se à apresentação do contexto da pesquisa, evidenciando as questões norteadoras, pressupostos e objetivos do trabalho. O segundo capítulo tem como foco as considerações metodológicas, explicitando os procedimentos e a estrutura da pesquisa. No capítulo 3 descrevem-se a fundamentação teórica e a revisão da bibliografia. No quarto capítulo encontram-se a análise dos modelos de comunicação estudados, os critérios de seleção dos produtos e a elaboração do glossário de recursos e estratégias de design para a sustentabilidade. No capítulo 5 serão apresentados o modelo ! *(! proposto, os experimentos e as atividades realizadas. O capítulo 6 relata e discute os resultados do estudo experimental e o sétimo capítulo traz as considerações finais. ! *)! 2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS 2.1 Referencial metodológico Esta pesquisa, por sua natureza, caracteriza-se como uma pesquisa aplicada que, segundo Silva (2005), objetiva gerar conhecimentos – para aplicação prática – dirigidos à solução de problemas específicos e propõe-se a coletar dados a serem aplicados na prática do desenvolvimento de produtos, no âmbito do design sustentável. Quanto aos objetivos, ela se enquadra nas características da pesquisa exploratória, que, de acordo com Gil (1996), visa a proporcionar mais familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito. No caso desta proposta, considera-se a possibilidade de se observar e analisar como os usuários percebem as estratégias de sustentabilidade ao interagirem com os produtos projetados pelos designers e se os modelos de comunicação, quando associados a essa interação, geram mudanças na percepção. Trata-se, portanto, de um estudo que visa a inserir o usuário numa comunicação mais participativa no processo de produção e desenvolvimento de recursos sustentáveis. Acredita-se que: O desenvolvimento e a avaliação de um produto devem romper com o tradicional processo – centrado na mera transmissão de informações –, segundo o qual o emissor é o único sujeito ativo da relação, uma vez que este é fundado numa lógica fechada, linear e unívoca, entre dois polos: o emissor, que codifica e envia as mensagens, e o receptor, que recebe e decodifica as informações transmitidas (DIAS, 2009, p. 11). ! 2.2 Procedimentos gerais da pesquisa A presente pesquisa é composta de três fases inter-relacionadas, conforme mostra a FIG. 3, sendo a primeira referente à fundamentação teórica dedicada inicialmente à compreensão dos elementos fundamentais da relação entre o design e o desenvolvimento sustentável do ponto de vista histórico e metodológico. Num segundo momento, há a revisão dos aspectos relacionados à comunicação e percepção das estratégias de design para a sustentabilidade, com a análise dos modelos apresentados pela literatura de referência. A análise desses modelos, a construção da ! "+! informação, iconografia utilizada e produtos apresentados fornecem dados e critérios para a construção dos experimentos. A terceira fase engloba a estruturação do método de avaliação da percepção dos usuários das estratégias de design para a sustentabilidade e realização de um estudo experimental. Nessa fase serão referenciados os estudos da percepção utilizados como modelo, bem como os resultados esperados e atividades referentes a cada experimento. Para melhor compreensão da pesquisa, foi estruturado o QUADRO 1 relacionando as atividades básicas de cada uma das fases da pesquisa. QUADRO 1 - Fases e atividades da pesquisa FASES ATIVIDADES 1.1 Referencial teórico e estado da arte Fase 1: Fundamentação teórica 1.2 Identificação de fatores históricos da relação sustentabilidade 1.3 Identificação de fatores metodológicos da relação entre design e sustentabilidade 1.4 Identificação de fatores de comunicação em produto-usuário Fase 2: 2.1 Análise dos modelos apresentados Análise dos 2.2 Análise dos recursos e estratégias apresentados modelos de 2.3 Análise da iconografia comunicação de 2.4 Seleção dos produtos para o experimento sustentabilidade 2.5 Seleção de métodos da percepção para o experimento Fase 3: 3.1 Definição dos participantes do estudo experimental Modelagem e 3.2 Realização dos testes aplicação do estudo 3.3 Processamento e analise de dados experimental Fonte: Do autor. ! ! ! ! ! ! design- 3.4 Finalização da dissertação ! "*! 2.3 Estrutura geral da pesquisa A estrutura geral da pesquisa e do estudo experimental é apresentada na FIG. 3. Pode-se perceber o caráter interdependente das fases da pesquisa. A primeira e a segunda fase fornecem base de dados e questões norteadoras importantes para o desenvolvimento e aplicação do método de avaliação da percepção. Os aspectos relacionados às técnicas de avaliação da percepção e da relação produto-usuário serão apresentados na terceira fase do trabalho. Após a aplicação do método em estudo experimental serão descritos e analisados os resultados. FIGURA 3 - Fases gerais da pesquisa Fonte: Do autor. ! ""! 2.4 Amostra O primeiro experimento contou com a participação de 30 usuários. Como este experimento foi realizado virtualmente, a partir de uma plataforma digital buscou-se diversificar a amostragem, abrangendo diversas faixas etárias, interesses e perfis. Para a realização dos demais experimentos, foram selecionados 22 participantes entre usuários dotados de conhecimento no desenvolvimento de produtos e leigos. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! "#! 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica foi desenvolvida de forma a contemplar aspectos importantes para a definição das demais etapas do trabalho. Tendo como principal objetivo a investigação das informações balizadoras do estudo experimental a ser realizado posteriormente, essa primeira fase da pesquisa foi dividida em três grandes áreas dedicadas a averiguar questões relacionadas a: a) o design e o desenvolvimento sustentável; b) a comunicação de produtos de design com foco em sustentabilidade. Dessa forma, foram estruturados os temas relevantes a cada uma das temáticas, conforme se vê: 1. Design e desenvolvimento sustentável • Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século XX • Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI • Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade 2. Comunicação, design e sustentabilidade • Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e consumo: estudo de caso • Modelos de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade Os principais autores abordados: Ashby e Johnson (2002), Barbero e Cozzo (2009), Bistagnino (2008), Chapman (2005), Crul e Diehl (2006), Fiell e Charlotte (2006), Fuad-Luke (2009), Krucken e Trussen (2009), Manzini e Vezzoli (2002), Moraes (2010), Proctor (2009), Reis (2010), Vezzoli (2010) e Walker (2006, 2011). ! ! ! ! "$! 3.1 Design e desenvolvimento sustentável Na última década, pôde-se observar significativo aumento da produção de trabalhos de pesquisa em design que investigam a relação entre o design e o desenvolvimento sustentável, a partir da seleção e classificação de produtos. As bibliografias referentes ao tema têm se mostrado extremamente dedicadas a contribuir construtivamente para definir os aspectos do papel do design para uma nova configuração do consumo, principalmente apresentando projetos desenvolvidos no cenário atual. Deste modo, pode-se perceber que as mudanças cada vez mais rápidas e a evolução e maturidade das soluções de design para a sustentabilidade se devem a uma constante busca da prática do design aplicada às atuais preocupações referentes ao desenvolvimento sustentável. Vezzoli (2010) destaca, ainda, uma mudança na maneira como o design tem se portado perante o tema, apresentando soluções ligadas a novos sistemas de produção e consumo, superando as soluções isoladas e, ainda, aumentando a complexidade das questões envolvidas no projeto, sejam elas ambientais ou sociais em uma perspectiva mais madura. Esta abordagem permite compreender a dimensão de mudança contínua em que está inserida a cultura material e como o design tem respondido às demandas atuais. O acompanhamento das bibliografias revela um momento único de convergência global de informações e, segundo Reis (2010), ressalta uma verdadeira revolução sustentável no design de produtos. 3.1.1 Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século XX Esta parte do estudo pretende identificar como o processo de design se insere na conformação da cultura material. Nesse sentido, será apresentada uma visão de como os bens de consumo podem ser entendidos a partir do seu contexto de criação e de como se podem entender os valores e ideários de determinado período histórico. A partir do repertório de materiais, processos e formas que formatam os produtos desenvolvidos, veem-se os aspectos mercadológicos, tecnológicos e os referenciais envolvendo o processo de desenvolvimento de produtos. Nesse cenário, também se encontram os aspectos ligados ao uso de recursos ! "%! naturais e a compreensão sobre a relação do homem com o planeta. Assim, pode-se observar a evolução da linguagem de produtos e dos recursos utilizados para promover a sustentabilidade e o consumo consciente. Partindo-se do princípio de que o foco deste trabalho encontra-se na análise dos recursos e soluções de design para sustentabilidade encontrados nos produtos contemporâneos, torna-se necessário dedicar-se ao entendimento dos métodos aplicados ao desenvolvimento de produtos no último século, que levaram ao aperfeiçoamento dessas estratégias. A preocupação com o desenvolvimento sustentável, além dos outros fatores que influenciam o desenvolvimento de produtos, como os mercadológicos e tecnológicos em escala global, vão afetar diretamente a configuração dos métodos de design. Ashby e Johnson (2002) colocam a sustentabilidade como um dos fatores que influenciam os métodos de design na atualidade, juntamente com: o clima do mercado, a linguagem estética vigente, os desejos do consumidor e as disponibilidades tecnológicas e científicas. A partir dessa abordagem (FIG. 4) pode-se perceber a extensão e a complexidade referentes aos desafios do desenvolvimento sustentável associado ao mercado, ao consumo e à cultura material. ! "&! FIGURA 4 - As forças que influenciam o processo de design Fonte: Adaptado de Ashby e Johnson (2002, p. 8). A preocupação com os impactos ambientais advindos da produção de bens de consumo vem alterando a maneira como designers abordam o desenvolvimento de produtos, fazendo com que métodos e estratégias de design com foco na sustentabilidade sejam cada vez mais aprofundados e consigam atender cenários complexos. Também se nota que o aumento da produção de produtos ecologicamente coerentes e de ferramentas de projeto mudou a prática e cultura do design, reconfigurando aspectos de consumo e, consequentemente, nossa cultura material. Percebe-se que a proposta do modelo de Ashby e Johnson (2002) das cinco forças que influenciam o processo de design pode ser compreendida como um modelo dinâmico que coloca os materiais e processos como o repertório para que os designers desenvolvessem novas linguagens em produtos (FIG. 5). ! "'! FIGURA 5 - Influência das novas tecnologias no processo de design Fonte: Adaptado de Ashby e Johnson (2002, p. 9). Nesse panorama, entender o século XX e o caminho percorrido pelo design nesse período torna-se essencial para o entendimento dos antecedentes desses recursos de ecodesign contemporâneos. Adota-se aqui o entendimento de Fiell e Charlotte (2006), que apresentam uma abordagem da história do design a partir dos recursos de linguagem dos designers, neste caso: estilos, materiais e concepção. Isso posto, percebe-se a relação direta dos recursos tecnológicos e metodológicos disponíveis em cada período da história e os bens de consumo provenientes desses aspectos temporais. Fuad-Luke (2009), por exemplo, defende que a produção de bens sustentáveis, conforme entendido hoje, é anterior à Revolução Industrial. Para ele, os móveis e utensílios produzidos nos períodos históricos anteriores à Revolução Industrial seguiam uma lógica de produção local que valorizava os recursos disponíveis e os processos de produção não degradantes. Fuad-Luke (2009) ainda acentua uma relação direta entre o nascimento da preocupação com o meio ambiente e com o advento dos processos industriais. Ele afirma que os fundadores do Movimento Britânico Arts and Crafts já notavam a ! "(! degradação ambiental associada às novas práticas industriais desenvolvidas entre as décadas de 1850 e 1910. As décadas de 1920 e 1930, segundo ele, foram dominadas pelo discurso modernista que defendia o uso de formas associadas à função e ao desenvolvimento de produtos de fácil produção em massa, alta qualidade, duráveis e de baixo custo, contribuindo, assim, para a reforma social. Nesse sentido, a economia e o uso racional de materiais e energia andavam de mãos dadas com o funcionalismo e modernismo. O desenvolvimento de materiais e processos também acompanhou a mesma lógica e, segundo o próprio autor, o principal exemplo do período foi o uso do metal tubular no desenvolvimento do mobiliário. A cadeira Wassily modelo B32 de Marcel Breuer (FIG. 6), é uma referência direta desse ideário, presente também na escola Bauhaus, de onde Breuer é oriundo. FIGURA 6 - Cadeira Wassily modelo B32 de Marcel Breuer Fonte: www.puracal.pt, em dezembro de 2011. O exemplo comprova a hipótese apresentada por Ashby e Johnson (2002), vista anteriormente, relacionada à evolução de materiais e processos tendo como resultado produtos mais leves, duráveis, baratos e com menos impacto ambiental. Nas décadas de 1930 e 1940 percebe-se que esses princípios modernistas foram somados à utilização de materiais orgânicos, com economia de energia, alta durabilidade, satisfazendo necessidades ergonômicas e emocionais dos usuários. ! )*! Como exemplo, Fuad-Luke (2009) mostra as peças de compensado de madeira de Charles e Ray Eames (FIG. 7). FIGURA 7 - Cadeira Lounge Chair Wood de Charles Eames Fonte: www.darioalarez.net, em dezembro de 2011. Nas décadas de 1950 e 1960, dois diferentes movimentos influenciaram a maneira de vestir, pensar e agir. O primeiro movimento é o Streamline, que valorizou a aerodinâmica e influenciou o desenvolvimento de produtos nos setores ligados aos meios de transporte, como aeronaves e locomotivas. O segundo é o movimento hippie, que valorizava o consumo consciente e o equilíbrio com a natureza. Nesse período, a aceleração e propagação dos processos industriais levaram a questão ambiental a ser entendida como o impacto da produção e consumo no equilíbrio do sistema ecológico (VEZZOLI, 2010), gerando discussões e investigações. Assim, na década de 1970 foram publicados os primeiros estudos científicos sobre o tema. Durante os anos 1980, segundo o autor: Os debates internacionais sobre a questão ambiental se tornaram mais intensos e tiveram maior propagação. [...] as instituições assumiram uma conduta pautada por uma série de normas políticas e ecológicas, as quais se baseavam no princípio do poluidor-pagador, e a partir das quais se analisavam as atividades produtivas (VEZZOLI, 2010, p. 20). ! )+! Dessa forma, as décadas de 1980 e 1990 foram caracterizadas como as definidoras dos conceitos, legislações internacionais e criação dos programas internacionais de desenvolvimento sustentável, como a United Nation Enviromental Programme (UNEP), Programa Ambiental das Nações Unidas. Como foi visto nesta etapa, os recursos metodológicos de design para a sustentabilidade e as estratégias utilizadas pelos designers para alcançar as metas do desenvolvimento sustentável têm evoluído de acordo com diversos fatores que influenciam o processo de design. Esses fatores podem ser entendidos historicamente a partir de movimentos estéticos e conceituais, desenvolvimento de materiais e processos e abordagens sistêmicas relacionadas ao processo de desenvolvimento e fabricação de produtos. Consegue-se averiguar que o século XX forneceu aos designers uma série de recursos e estratégias ligados à preocupação ambiental, principalmente referente à redução do uso de materiais, utilização de materiais biodegradáveis, desenvolvimento de linguagens estéticas e aumento da vida útil dos produtos. Esse novo cenário permitiu ao design assumir importante papel na busca pelo desenvolvimento sustentável e por novos estilos de vida e no consumo. 3.1.2 Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI Esta etapa tem como objetivo apresentar como as bibliografias especializadas têm percebido a aproximação do design com a sustentabilidade e como seu processo influencia ou pode ser influenciado pelas diretrizes do desenvolvimento sustentável. Serão vistas as obras que o aproximam do desenvolvimento sustentável a partir de diversos ângulos. Seja do ponto de vista metodológico, histórico ou teórico, o ponto crucial desse olhar sobre o design é a evolução da participação dessa área do conhecimento humano nas ações dedicadas ao desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis, que se apresentam de forma cada vez mais variada e complexa. Essa variedade e complexidade podem ser entendidas como fruto de uma exploração cada vez mais intensa dos métodos de design na busca pelo direcionamento ao desenvolvimento sustentável ! )"! Na investigação das contribuições à teoria do design, no que diz respeito a modelos teóricos ligados à sustentabilidade, pode-se verificar um enfoque com caráter ecológico recorrente. Para Bistagnino (2008), um tratamento sistêmico e maduro da atuação desse profissional pode ser baseado nos modelos naturais de relação entre os reinos biológicos. A coordenação, interdependência e o equilíbrio encontrado entre esses reinos na natureza são resultado de uma interação que não deixa qualquer resíduo, elemento, energia ou material resultante. Assim, os modelos industriais e de consumo humano, da mesma maneira, deveriam ser equilibrados, a fim de garantir que resíduos advindos de certas atividades (outputs) fossem utilizados como recursos em outras (inputs). Esse modelo teórico deveria ainda, segundo o autor, colocar o homem como o ator e motivador central desse processo, fazendo com que todas as decisões de projeto levassem em consideração a melhoria da condição humana no planeta. Dessa maneira, seria garantida a participação do design na construção de um novo humanismo, ou seja, o desenvolvimento de projetos ampliados, sistêmicos, tendo como foco o homem. Ainda segundo Bistagnino (2008), esses sistemas devem abrir caminho para uma nova percepção humanística, que direcione práticas sustentáveis em uma nova necessidade da relação entre o homem e os recursos naturais. Dessa forma, o desenvolvimento de um produto inserido nesse panorama abrange todas as atividades referentes à cadeia de valor envolvida e todo o ciclo de vida desses produtos e/ou serviços. Chapman (2005) refere uma miopia em relação ao conceito de progresso, geralmente ligado ao incremento e aumento da produção e dos ciclos de consumo. Essa visão é apresentada como causa do desequilíbrio na relação entre os meios produtivos industriais e a manutenção dos recursos naturais como acontece hoje e a resultante dos impactos gerados por esse sistema. Como se pode inferir, em quase todas as obras aqui apresentadas há a constatação da finitude dos recursos do planeta e da necessidade imediata de mudanças na forma como é entendido nosso papel no ecossistema, a partir da reestruturação da nossa forma de produzir e consumir produtos e serviços. Um desses modos de tratamento, contudo, assume uma visão peculiar sobre a relação do design com a cultura material, de forma a colocar a prática e a experimentação a favor de uma nova visão da contribuição do design para o tema. ! ))! Walker (2006) propõe um questionamento à maneira sobre como o design se posiciona na busca pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, apresentando evidências de que a atuação desses profissionais ainda é marcada por comportamentos típicos do modelo defasado de produção e consumo inconsequentes. O autor busca uma visão antropológica do processo de design e direciona a teoria e a prática para uma avaliação que visa a reconfigurar os preceitos teóricos e práticos. Posteriormente, Walker (2011) apresenta o resultado dessas explorações teóricas e práticas, buscando ampliar a percepção dos conceitos de sustentabilidade utilizados como alicerces do desenvolvimento sustentável. Para o autor, a sociedade atual ainda está inábil para conseguir imaginar como seria uma sociedade plenamente sustentável. Assim, torna-se necessário abrir espaço para o desenvolvimento de alternativas humanísticas que permitam ao indivíduo participar do processo de mudança plena de nossa cultura material. Walker (2011) sugere uma reestruturação do conceito do triple bottom line1, que define as dimensões ambiental, social e econômica do desenvolvimento sustentável. O autor defende um ponto de fraqueza do modelo atual no que diz respeito à participação individual na construção de uma produção de bens sustentáveis. De acordo com Walker (2011), da maneira como é apresentado até o momento, as diretrizes são coletivas e amplas, não tendo qualquer tipo de espaço para a interpretação pessoal e a criação de significados subjetivos, ponto-chave na atuação do profissional de design. Assim, o autor apresenta uma nova configuração que também inclui o fluxo de informações como componente importante, como será apresentado na FIG. 8. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 Tripé da sustentabilidade: aspectos econômico, social e ambiental. ! )#! FIGURA 8 - Nova configuração do Triple Bottom Line com o aspecto subjetivo Fonte: Adaptado de Walker (2011, p.190). Pode-se perceber, até aqui, constante reposicionamento que salienta o processo de aprendizado atual e, além disso, como o design está contribuindo para a discussão sobre o tema. Porém, falta ainda averiguar se os aspectos ligados à prática do design estão gerando estratégias e soluções válidas para essa nova configuração dos produtos e serviços sustentáveis. Percebe-se, então, como esses novos enfoques afetam os métodos de design e ampliam a necessidade da pesquisa e desenvolvimento com foco no usuário. Esses modelos mostrarão o quão vasta e variada pode ser a interação entre o design e as diretrizes de sustentabilidade no desenvolvimento de projetos. Entre as diversas obras que apresentam estudos metodológicos que relacionam o design e a sustentabilidade, focou-se naquelas da última década do século XX e da primeira década do século XXI. Percebe-se que, nesse período, além de uma profusão de novos produtos e serviços com apelo sustentável, houve um aparecimento periódico de novas aplicações práticas dos métodos de design, o que ampliou sua participação nas ações para o desenvolvimento sustentável, principalmente no processo de desenvolvimento de produtos, mas, também, em métodos de pesquisa científicos. ! )$! Na obra dedicada ao design e sua relação com os materiais, Ashby e Johnson (2002) apresentam uma visão em que o processo estaria centrado em meio a fatores que influenciariam sua condução, a tomada de decisões e as especificações de produção, uso e descarte de produtos. Como visto anteriormente, a sustentabilidade está diretamente ligada às preocupações ambientais, porém as interações entre os aspectos sociais, culturais e econômicos já são estabelecidas como determinantes para todo o processo de design, bem como no modelo de Walker (2011). Soma-se a esse contexto a preocupação com a identificação, pelo indivíduo, dos objetos que consome e o poder da significação desses bens de consumo no quadro econômico. Como se pode perceber, os autores já inter-relacionam a linguagem estética e os valores da sociedade com a prática do design. Essa evidência é confirmada quando se definem os materiais e processos (tecnologias) como recursos de linguagem para que o profissional possa atuar na formação da cultura material, conforme reforçado por Fuad-Luke (2009). Desse modo, o cruzamento entre a obra de Ashby e Johnson (2002) e as de Walker (2006, 2011) atesta espaço para a atuação do design como um dos atores encarregados de contribuir para a conformação de uma nova cultura material. Porém, não foram apresentadas, ainda, todas as abordagens metodológicas que colocam o desenvolvimento sustentável nos métodos de design. Haja vista que uma revisão de todos os procedimentos metodológicos seria inaplicável ao estudo, selecionou-se um exemplo para ilustrar o quadro geral. Para tal escolha, foram revisados métodos que utilizam checklists ou diretrizes para garantir o perfil sustentável dos produtos. O Metaprojeto, ou Metadesign, por exemplo, segue parâmetros de projeto como checklists, ou linhas-guia, para conformação do projeto nas exigências estipuladas pelo desenvolvimento sustentável. Segundo Moraes (2010), os aspectos ambientais também se relacionam de forma sistêmica com outros fatores que ampliam a visão metaprojetual, sendo eles: os fatores mercadológicos, o sistema produto/design, as influências socioculturais, as tecnologias produtivas e materiais empregados e os fatores tipológicos, formais e ergonômicos. Podem-se encontrar as diretrizes ou linhas-guia, também, em Manzini e Vezzoli (2002), sempre com o foco no desenvolvimento de produtos industriais, como: análise de ciclo de vida do sistema-produto, desenvolvimento do projeto do ciclo de vida, minimização dos recursos, escolha de recursos e processos de baixo impacto ! )%! ambiental, otimização da vida dos produtos, extensão da vida dos materiais e facilitação da desmontagem. Verificam-se nesses direcionadores do desenvolvimento de produtos preocupações com a separação de componentes de materiais diversos, desmontagem e manutenção, medidas para facilitação de reciclagem de materiais poliméricos e metálicos, fatores que reduzem a utilização de recursos e ampliam o ciclo de vida de produtos e materiais que estão sendo consumidos em escala global. Como se pode perceber, diversas diretrizes de design para a sustentabilidade evoluíram dos ideários do século XX, devido à necessidade de se atender a um cenário mais complexo. Essas diretrizes demonstram as diversas soluções, recursos e estratégias de design para a sustentabilidade possíveis. A partir desses preceitos uma variedade de propostas surgiu e ainda poderão surgir muitas outras com vista a acelerar o percurso à configuração de uma nova sociedade plenamente sustentável. Nesse sentido, tornou-se importante olhar o passado, para investigar como a cultura material evoluiu no último século e como o design atuou neste aspecto. Nesse momento, diferentemente, serão estudados os resultados práticos dessas experiências advindas dos métodos aplicados do design. Será apresentado um panorama geral do início do século XXI referente a trabalhos que expõem os recursos e estratégias de design mais utilizados para promover o desenvolvimento sustentável. Os principais trabalhos bibliográficos referentes ao tema coletaram produtos de diversas partes do mundo, a fim de indicar e classificar as soluções desenvolvidas, como será visto a seguir. ! 3.1.3 Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade As últimas décadas apresentaram uma gama de estratégias para o desenvolvimento sustentável advindas do uso do design como instrumento de criação de alternativas em diversos setores. Este capítulo tem como objetivo apresentar as principais referências dedicadas ao tema e investigar como o design pode contribuir para o desenvolvimento sustentável com soluções criativas e, além disso, a importância do estudo dessas estratégias para o processo de design. Nesse sentido, procurou-se estudar exaustivamente a produção referente ao tema, pois é importante identificar quais são essas estratégias e como se pode adotar métodos científicos para ampliar sua utilização e melhorar continuamente. Será visto ! )&! que dois dos caminhos possíveis são a indexação e a classificação, utilizada hoje nas academias para o ensino e prática do design sustentável. Porém, com um número cada vez mais alto de produtos com apelo sustentável, também caberá aos designers orientar o consumo consciente, para que a iniciativa não se torne mais um elemento do ciclo de produção e consumo insustentável que é mantido atualmente. Nas últimas décadas evidencia-se o crescimento da produção de bens de consumo com perfil sustentável. Na mesma direção, da década de 1970 até os dias de hoje, um número exponencialmente mais alto de estudos tem mostrado a importância do tema e a compreensão de que é preciso uma saída para o modelo de consumo atual (VEZZOLI, 2010). Nesse cenário, o design tem assumido importante papel, principalmente no desenvolvimento de estratégias para o desenvolvimento de produtos. Esse fato fez com que diversos estudiosos fossem a campo coletar exemplos de trabalhos desenvolvidos por designers e apresentá-los de forma ampla para enriquecer as discussões sobre o tema. No início do século XXI, então, consegue-se facilmente encontrar referências que visam a apresentar o estado da arte da contribuição prática do design para o desenvolvimento sustentável. Reis (2010) afirma que esse fenômeno prova que a sustentabilidade não é um efeito passageiro e as pessoas estão constantemente buscando mais informação, produtos e inovações nessa área. E isso fez com que designers respondessem com bens elegantes, eficientes e de baixo impacto, que olham para um futuro sustentável. Em sua obra podem-se encontrar mais de 100 projetos divididos em oito setores: eletrônicos, energia, mobiliário, utensílios e casa, iluminação, produtos de varejo, esportivos e vestuário, entre diversos outros. Barbero e Cozzo (2009) apresentam também mais de uma centena de projetos dedicados a aproximar a prática projetual em design das diretrizes do desenvolvimento sustentável. As autoras mostram que o design é um dos fatores importantes para se revisitar os conceitos de crescimento e desenvolvimento, que não correspondem mais à maneira como eram tratados anteriormente. O sistema econômico atual encontrou barreiras relacionadas à finitude dos recursos naturais e ao aumento exponencial do impacto gerado ao ecossistema, o que demandou uma busca por novas soluções que direcionassem a produção de produtos e serviços para outros modelos menos impactantes. ! )'! São revisitados diversos aspectos econômicos, geográficos e produtivos, pois uma nova forma de pensar a cultura material estaria se formando a partir de necessidades latentes. Esse novo cenário prevê o uso adequado de recursos locais e resgate, melhoria e desenvolvimento de novas formas de produção artesanais, como enfatizaram Proctor (2009) e Fuad-Luke (2009). Assim, em várias dessas obras há a preocupação em adaptar o processo de design a setores não industriais, a fim de garantir o desenvolvimento de sistemas capazes de alargar-se de tal forma a atingir novos tipos de conhecimento técnico referente ao ciclo de vida desses produtos e à cadeia de valor envolvida (REMMEN; JENSEN; FRYDENDAL, 2007). Se a sustentabilidade vista a partir da atividade projetual deve levar em consideração aspectos diferenciados das economias nacionais em que está inserida (CRUL; DIEHL, 2006), também as peculiaridades da produção artesanal devem ser estudadas para tal objetivo. Pode-se perceber que aspectos referentes à metodologia de design desenvolvida no século XX, e representada, principalmente, pela contribuição da tríade Bürdek (2006), Baxter (2003) e Löbach (2001) foram ampliados para atender a novos desafios. Para Baxter (2003), a inovação é um ingrediente vital para o sucesso dos negócios e as empresas precisam introduzir continuamente novos produtos, para impedir que empresas mais agressivas acabem tomando parte de seu mercado. Esses novos produtos devem buscar a inovação superando o maior desafio do design contemporâneo nessa nova visão sistêmica. Segundo Krucken (2009a, p. 5): Desenvolver e/ou suportar o desenvolvimento de soluções a questões de alta complexidade, que exigem uma visão alargada do projeto, envolvendo produtos, serviços e comunicação, de forma conjunta e sustentável. Essa averiguação não se deve somente aos fatores ligados a uma reflexão sobre os impactos gerados pela produção de bens de consumo aos recursos naturais, do ponto de vista da produção. Percebe-se também a necessidade de se entender esse cenário do ponto de vista dos consumidores. Krucken e Trussen (2009) propõem as dimensões relacionadas ao consumo de produtos, representadas na “estrela de valor” (FIG. 9). KK9K<AE=FKq=KHG<=EK=JJ=HJ=K=FL9<9KF9S=KLJ=D9<=N9DGJU #! ! )(! FIGURA 9 - Estrela de valor: dimensões de valor de produtos e serviços #!/,KLJ=D9<=N9DGJ<AE=FKq=K<=N9DGJ<=HJG<MLGK=K=JNAhGK Fonte: Krucken e Trussen (2009). GFL=%,/%(9<9HL9hgG<GK9MLGJ=K Essas dimensões definem o significado desses bens para os consumidores e )KN9DGJ=KK==KL9:=D=;=E<=>GJE9AFL=?J9<9=<AFeEA;9*G<=K=;GFKA usuários e influenciam diretamente as formas de consumo. Dessa forma, torna-se inviável pensar um modelo de criação de novos produtos e serviços no processo de <=J9JHGJL9FLGIM=9IM9DA<9<=J=KMDL9<GEG<G;GEGGHJG<MLGiHJG<MRA<G design, que não leve em consideração o usuário. Krucken, Trussen e Santos (2012) =;GFKMEA<G=FNGDN=GKAKL=E9<=HJG<MhgG=<=;GFKMEGHJG<MLGJ=K;GF mostram que a inclusão e a comunicação das soluções de projeto devem sempre KMEA<GJ=K=LG<99J=<=IM=K=<=K=FNGDN==ELGJFG<GHJG<MLGGMK=JNAhG envolver os consumidores e usuários. -=;GFKA<=J9JEGKME99:GJ<9?=E9EHD9<=KMKL=FL9:ADA<9<=G:K=JN9EGK Pode-se perceber, assim, a relação entre a complexidade envolvendo o IM=LG<9K9K<AE=FKq=K<=N9DGJ<=HJG<MLGKGMK=JNAhGK=KLgGAFL=JJ=D9;AG processo de design apresentada pela autora com as forças que o influenciam, conforme visto anteriormente no trabalho de Ashby e Johnson (2002). Como foi F9<9K);GFKMEA<GJ9G9<IMAJAJHJG<MLGK<=>GJE9;GFK;A=FL=<=K=EH=F@9 explicitado, o modelo atual apresenta uma conjuntura de fatores que fizeram emergir H9H=D>MF<9E=FL9DF9N9DGJAR9hgG=HJ=K=JN9hgG<=KK9K<AE=FKq=K<=IM9DA uma série de projetos de design com foco em sustentabilidade. Esses trabalhos foram <9<=GF>GJE=J=>GJh9E'9FRAFA"1)9KJ=D9hq=K=FLJ=9IM9DA<9<= apresentados de forma abrangente por autores como Barbero e Cozzo (2009), Fuad<GKHJG<MLGKF9KKM9K<AN=JKA<9<=K:AGDn?A;9K=;MDLMJ9AK=GKHJG<MLGJ=K= Luke (2009), Proctor (2009) e Reis (2010). Porém, essa enorme quantidade de =FLJ=GKDG;9AK<=HJG<MhgG=GK;GFKMEA<GJ=KHJ=;AK9EK=JJ=;GF@=;A<9K exemplos distintos e de diversas tipologias, setores produtivos e países diferentes poderia confundir o entendimento do seu objetivo e de sua natureza. definição de!design atualmente utilizada International Council of /-/Na#/-4.)#!1 2423%.3!"),)$!$% $%pelo 01/$43/2 % 2%15)?/2 Societies of Industrial Design (ICSID) (Conselho Internacional de Sociedades de Design Industrial) e desenvolvida em 2005: G9N9DA9JMEHJG<MLG9KH=KKG9K:MK;9EAF>GJE9hq=KIM=HGKK9E9LM9J ;GEGS?9J9FLA9KU GMSHAKL9KU 9 A<=FLA>A;9hgG <GK HJG<MLGJ=K GK =D=E=FLGK <9@AKLnJA9<GHJG<MLGE9J;9<GJ=K<=A<=FLA<9<==AF<A;9<GJ=K<=IM9DA<9<= KG;AG9E:A=FL9D<GHJG;=KKG<=HJG<MhgGKK9KAF>GJE9hq=K9BM<9E9H=J;= ! #*! O design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em todo o ciclo de vida. Assim, o design é o fator central de humanização inovadora de tecnologias e fator crucial de trocas econômicas e culturais (ICSID, 2011). Nesse conceito já se pode detectar a influência dos conceitos de sustentabilidade e do triple bottom line na construção da definição da prática do design como entendido hoje, ou seja, englobando desempenho econômico, social e ambiental. Porém, a produção global de bens não acompanha, de maneira simultânea, os avanços vistos nos fóruns internacionais, congressos acadêmicos e projetos conceituais dedicados à sustentabilidade. Anteriormente, foi visto um histórico que mostrou que essas mudanças acontecem em ritmos diferentes nos espaços científicos, acadêmicos e no mercado. Assim, torna-se necessário definir o que são as estratégias ou recursos de design para a sustentabilidade, como se pode encontrar nas bibliografias citadas, que adiantam possibilidades e prospectam caminhos futuros. Barbero e Cozzo (2009) afirmam que o design voltado para o desenvolvimento sustentável é caracterizado por uma vibrante habilidade criativa para procurar estratégias alternativas de sistemas, tecnologias e produção e que produtos projetados dessa maneira são flexíveis e duráveis, modulares ou multifuncionais e adaptáveis ou recicláveis. Essa visão reforça o entendimento de Ashby e Johnson (2002), apresentado no início deste estudo. Nessas obras, percebe-se a amplitude das soluções possíveis. Fuad-Luke (2009) sugere mais de 170 recursos de design para a sustentabilidade. O autor dedica mais atenção às fases do processo de design e situa os recursos ligados à sustentabilidade em relação às fases do projeto e do ciclo de vida do produto. Já Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009) exibem tipologias que classificam esses recursos de acordo com a natureza da solução de projeto adotada. Em ambas as obras as autoras desenvolvem nove tipologias diferentes, mas visam a recomendar diretrizes para as estratégias de desenvolvimento de produto que, quando conjugadas, geram variado repertório de possibilidades. A síntese das tipologias é apresentada no QUADRO 2. ! #+! QUADRO 2 - Tipologias de estratégias de design para a sustentabilidade BARBERO e COZZO (2009) PROCTOR (2009) 1. Design de componentes 1. Biodegradável 2. Redução de materiais e design para 2. Comércio justo desmontagem 3. Uso de monomateriais e biomateriais 3. De origem local 4. Reciclagem e reuso 4. Baixo consumo Energético 5. Miniaturização 5. Poucos resíduos 6. Design de serviços 6. Sem substâncias tóxicas 7. Tecnologias sustentáveis 7. Reciclável 8. Design sistêmico 8. Reciclado 9. Ecocomunicação 9. Boa gestão de recursos Fonte: Barbero e Cozzo (2009); Proctor (2009). As bibliografias atuais apresentam um leque de soluções de design para a sustentabilidade. Nesse contexto, as práticas de design geram um novo capítulo na história da cultura material, que abre possibilidades para um futuro cenário totalmente sustentável. As soluções atuais, porém, não deixam de ser válidas; em vez disso, elas devem ser utilizadas como repertório para aprofundar ainda mais a atuação do design como promotor de estratégias para o desenvolvimento sustentável. 3.2 Comunicação, design e sustentabilidade Nesta etapa será apresentado como os autores organizam e classificam os diversos recursos de design para a sustentabilidade a fim de apresentá-los aos usuários. Foram estudadas as principais referências dedicadas a simplificar a comunicação desses recursos ao usuário, utilizando-se de modelos de informação que podem ampliar o entendimento das estratégias de design para a sustentabilidade. Destaca-se como os autores avaliam e entendem os recursos de design para a sustentabilidade utilizados nos produtos. Dessa forma, a informação é sintetizada e facilitada. Serão averiguadas, também, as diferenças de cada modelo. Existem diversos trabalhos dedicados a estudar os aspectos de sustentabilidade com o foco do processo de design, como o de Reis (2010), Manzini e Vezzoli (2002) e ! #"! Benson, Stephens e Stephens (2009). Porém, a revisão foi direcionada para o entendimento dos trabalhos que se dedicam exclusivamente ao projeto de produtos, sendo os principais autores: Barbero e Cozzo (2009), Fuad-Luke (2009), Proctor (2009) e Reis (2010). 3.2.1 Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e consumo: estudo de caso O estudo de caso foi realizado durante o desenvolvimento de alguns produtos na empresa Miho, de Belo Horizonte. A colaboração de profissionais das áreas de design gráfico e de design de produto com interesse na prática e no estudo das teorias do Ecodesign foi de suma importância para o desenvolvimento do projeto. Porém, não será apresentado aqui o processo de desenvolvimento dos produtos, e sim aspectos relacionados à validação dos recursos metodológicos de design para a sustentabilidade, sendo utilizados como informação para a criação de valor dos produtos. Nesse sentido, essas informações foram tratadas como fatores de grande valia, para que o usuário compreendesse as estratégias adotadas pela empresa para garantir o desenvolvimento de produtos de alta qualidade com redução e controle dos impactos ambientais. O estudo mostra como foram selecionadas e apresentadas as estratégias de ecodesign em manuais de venda, web site e outras mídias. Viu-se que a relação entre o processo de desenvolvimento de produtos e as questões ambientais é hoje um importante foco de estudo no design. Como foi apresentado anteriormente, para Ashby e Johnson (2002), as questões relacionadas à redução de impacto ambiental no projeto de um produto são uma das forças que influenciam um projeto. Pode-se averiguar coerência com outros autores, como Reis (2010), que demonstra a mudança da percepção das questões ambientais. Para o autor, nas últimas décadas a melhoria constante no entendimento da questão associada ao desenvolvimento de tecnologias, métodos e ferramentas vem causando uma revolução de produtos sustentáveis. Vezzoli (2010) reporta que o design deixou de atuar de maneira pontual para o desenvolvimento de sistemas produto/serviço, estratégias e estilos de vida sustentáveis. ! #)! Em sua obra sobre o Metaprojeto, Moraes (2010) menciona as questões referentes à sustentabilidade socioambiental como um dos aspectos contemporâneos mais importantes em relação ao design. Porém, como o autor apresenta uma abordagem sistêmica, as decisões projetuais dedicadas à sustentabilidade devem estar em consonância com outros fatores que, conjugados, formam as forças que irão influenciar e configurar o planejamento sistêmico do projeto: tendências mercadológicas, estratégias, tecnologias e linguagem estética. Entende-se, então, que o projeto de design tangencia vários aspectos normalmente direcionados a diferentes áreas, mas cumprindo importante papel na formação dos atributos dos produtos e da marca. No caso citado, Santos e Ribeiro (2011) salientam como a empresa interpreta esses atributos e os apresenta aos usuários: A coleção “O Mundo Descartável” propõe uma reflexão a respeito da superficialidade das relações, dos objetos que são inutilizados rapidamente e da falta de significados mais constantes e duradouros. É sobre as escolhas conscientes, relativas - ou não - ao consumo; sobre as relações do homem com o mundo contemporâneo e de sua incapacidade sensitiva. A intenção é levantar questionamentos e reflexões, além de contribuir com a função prática destes produtos, provando que é possível fazer moda contemporânea de maneira sustentável. Os produtos da coleção “O Mundo Descartável” foram todos desenvolvidos a partir de matéria-prima residual, orgânica e reciclada. Em todo o conceito da coleção foi utilizada a estética do excesso e o objetivo é chamar a atenção para como as coisas são dispensadas no planeta, para a maneira que se vive conectado ao presente sem cogitar resultados das ações em um futuro próximo. É uma coleção propositalmente sem datações ou referências temporais justamente por propor uma moda mais durável, que não se desatualize com as estações (MIHO, 2010). Pode-se concluir que uma empresa que se configura como escritório de design que atua nas áreas de gráfico, de produto e de moda e que trabalha conjugando esses serviços ao conceito do design consciente (termo usado pela empresa para denominar o direcionamento de seus processos, produtos, metodologias e serviços, que estão estritamente voltados para o desenvolvimento sustentável) deve voltar todas as decisões para o baixo impacto ambiental gerado em todos os seus processos. Assim, as informações presentes nos canais de comunicação da empresa confirmam os preceitos propostos por Moraes (2010), porém não existe uma estrutura comunicacional referente ao projeto de design focado na informação a ser transmitida, principalmente a transformação desses recursos de design voltados para sustentabilidade em valor percebido para os usuários. Encontram-se atualmente no mercado diversos exemplos da comunicação de soluções concentrados no perfil sustentável de produtos, de forma a ampliar a ! ##! percepção de valor dos consumidores e usuários. No caso das grandes empresas e multinacionais que operam globalmente, a própria necessidade de uma linguagem comunicacional comum gera organização do discurso e da imagem corporativa, facilitando o reconhecimento dos públicos de relacionamento da marca, das soluções sugeridas. Para micro e pequenas empresas, por sua vez, a tarefa pode ser considerada mais difícil. Nos casos ilustrados a seguir pode-se visualizar como diferentes setores apresentam suas soluções de sustentabilidade para os consumidores. Independentemente das soluções, a mensagem é inserida no contexto comunicativo da marca, adotando suas características visuais como tipografia, cores e formas, por exemplo. FIGURA 10 - Comunicação em garrafa da Coca-Cola Fonte: Web Site da empresa Coca-Cola. Percebe-se que as soluções dedicadas a ampliar o perfil de sustentabilidade de produtos são utilizadas como forma de aumentar o valor percebido sobre o produto, mas também sobre a marca. No caso da embalagem de refrigerante (FIG. 10), a comunicação acompanha o próprio produto, sendo impressa no rótulo, além de veiculada em outras mídias como a televisão, internet, entre outros. Mas no caso de outros setores, com outras tipologias de produtos e formas de consumo, a comunicação pode adotar técnicas variadas. No caso da Apple, fabricante de produtos eletroeletrônicos, por exemplo, a comunicação desses recursos é encontrada no site (FIG. 11). ! #$! FIGURA 11 - Comunicação no site da Apple Fonte: Web site da empresa Apple. Diversos dados referentes à política de redução de impactos ambientais são expostos ao público em forma de gráficos e relatórios. Mais uma vez nota-se que as diretrizes de comunicação da marca assumem a forma como a comunicação é planejada, fazendo desses dados técnicos mais um atrativo de vendas para a marca. No caso da primeira coleção da empresa Miho, já se levava em consideração diversos desses aspectos, como foi averiguado anteriormente. Assim, as informações sobre matérias-primas, processos e estratégias comerciais, como parcerias, eram apresentadas em manuais e no site da empresa de forma descritiva: As garrafas utilizadas na produção das embalagens são recolhidas diretamente após o uso pelos próprios fornecedores (buffets e adegas). Este vidro é recolhido e levado ao parceiro instituto Kairós, que faz a limpeza e o corte dos anéis. A folha de fibra de bananeira e sua viscose são produzidas no instituto Kairós. Seu processo de produção é 100% artesanal, desde a colheita das folhas em cultura até o seu cozimento e secura ao sol. Fabricado pela empresa Menegotti, a malha utilizada nas roupas (linha Ecologic) é 100% de algodão orgânico e seu tingimento é feito por pigmentos naturais, como a clorofila, imbuia, cebola, ipê roxo e cedro rosa, entre outros. A tinta utilizada nas estampas é produzida industrialmente, constitui-se de pigmento orgânico e fixador ainda químico. O catálogo manteve o conceito. Produzido pela empresa sul-americana com papel Silprint 120 g/m 100% reciclado (MIHO, 2010) (FIG. 12). ! #%! FIGURA 12 - Camiseta, embalagem e catálogo - coleção Miho, 2008 Fonte: Miho (2010). Todas as informações sobre os materiais, processos, parceiros e produção são encontradas no site da empresa, bem como nas demais mídias impressas, como manuais de venda, catálogos e editoriais. Porém, essa informação ainda não possuía uma abordagem informacional planejada, só aparecendo em forma de texto, apesar de estrategicamente conter todos os elementos aludidos por Fuad-Luke (2009) em sua legenda: pré-fabricação, fabricação, uso e pós-uso. Dessa forma, utilizou-se da organização dessas informações de maneira a garantir coerência entre os recursos de sustentabilidade e os fatores mercadológicos relevantes (QUADRO 3). ! #&! QUADRO 3 - Fatores mercadológicos e recursos de ecodesign O QUE É A EMPRESA? Um escritório de design sustentável Uma empresa de moda sustentável Um empreendimento de ecodesign FATORES MERCADOLÓGICOS Desenvolvimento de métodos e abordagens coerentes aos princípios do desenvolvimento sustentável. Exemplo: seleção de materiais e insumos. Colaboração de profissionais de design, artes visuais e marketing. Exemplo: soluções de uso e linguagem estética. Valorização de parcerias e desenvolvimento de núcleos de produção artesanal. Exemplo: seleção e desenvolvimento de processos. Fonte: Santos e Ribeiro (2011). ! Neste sentido, percebe-se que o principal benefício da empresa é a oferta de produtos e serviços com utilização de processos e recursos de sustentabilidade. Essa ideia deve ser clara e direta para que os consumidores possam entender o que se trata e como os produtos e serviços são pensados de maneira sustentável. Com o propósito de analisar requisitos ambientais de projeto, foi adotada a proposta de check-list para mensuração básica dos impactos gerados pelo processo de produção dos produtos (QUADRO 4). QUADRO 4 - Requisitos ambientais e sustentabilidade REQUISITOS AMBIENTAIS SIM Utilização de matérias-primas recicladas, recicláveis, reutilizadas X Utilização de poucos componentes no mesmo produto X Fácil desmembramento dos componentes X Extensão da vida útil dos produtos X NÃO Utilização de insertos metálicos X Utilização de adesivos informativos X Fonte: Santos e Ribeiro (2011). Nota-se que o benefício principal agregado à empresa resulta da busca por processos, materiais e estratégias sustentáveis. Essas ferramentas têm se tornado importantes para empresas que buscam comunicar suas atividades referentes à ! #'! contribuição para o desenvolvimento sustentável. Dessa maneira, o design vem assumindo posição de destaque no desenvolvimento de recursos metodológicos, linguagens estéticas e modelos de comunicação que transformem essas informações em valor agregado aos produtos. Para a apresentação do estudo de caso, destacam-se alguns dos produtos idealizados e produzidos pela empresa e apresentado o resultado do processo de desenvolvimento da informação ligado à organização e comunicação da cadeia de valor como ferramenta educacional e informacional de recursos de design voltados para a sustentabilidade. São evidenciados três produtos neste estudo: um acessório, um objeto utilitário e uma peça de moda. Entender-se-á, assim, a estrutura utilizada para comunicar de maneira clara e unificada os recursos de sustentabilidade e a cadeia de valor como forma de estimular o consumo consciente. Para tal, foram selecionados os principais aspectos relacionados aos métodos de design e às estratégias de sustentabilidade adotadas pela empresa: materiais (orgânicos, reciclados, reutilizados), linguagem estética (estampas, design de superfície) e processos produtivos. Essas informações foram organizadas conforme o QUADRO 5. QUADRO 5 - Informações de recursos de ecodesign INFORMAÇÕES DE RECURSOS DE ECODESIGN Seleção de Soluções Processos de Produto materiais de uso produção final Fonte: Santos e Ribeiro (2011). Após a seleção das informações, os ícones referentes a cada material, processo ou solução de uso são desenvolvidos e organizados de forma a representar a cadeia de valor do referido produto. A FIG. 13 mostra a aplicação desse modelo em uma camiseta, um dos principais produtos da empresa. ! #(! FIGURA 13 - Representação do processo de produção das peças de moda Fonte: Miho (2010). A linha de acessórios, por sua vez, utiliza recursos diferentes cujo impacto é diverso ao dos produtos de moda. Assim, o material utilizado é o principal fator de redução de impacto dos acessórios, por exemplo, um porta-celular ou Miniplayer 3 (MP3) (FIG. 14). FIGURA 14 - "Case" da coleção 2010 Fonte: Miho (2010). Toda a linha de acessórios foi desenvolvida a partir do uso do Ecoprene, material similar ao Neoprene, mas com menos impacto de produção devido ao uso de resíduos deste último para sua fabricação. Esse material é trabalhado pelo grupo de costura parceiro da empresa de forma artesanal, garantindo o impacto estético característico das peças da empresa (FIG. 15). ! $*! FIGURA 15 - Representação do processo produtivo dos "cases" Fonte: Miho (2010). O futon (FIG. 16), uma das peças da coleção dedicadas ao uso doméstico, igualmente, teve seu processo de produção representado como forma de aproximar o usuário dos conceitos de sustentabilidade assumidos pela marca. Nesse caso, uma característica peculiar foi a reutilização de espuma de poliuretano doada por empresa parceira e utilizada inicialmente como preenchimento de embalagens de itens eletrônicos importados. FIGURA 16 - Futon da coleção 2010 Fonte: Miho (2010). Essas espumas são unidas e forradas com um tecido produzido a partir de polímero reciclado e resíduo de algodão. Finalmente, a costura artesanal é utilizada para acabamento das peças (FIG. 17). ! $+! FIGURA 17 - Representação da cadeia de valor do futon Fonte: Miho (2010). A informação sintetizada e iconográfica representada pelas FIG. 10 a 17 é inserida posteriormente em manuais de venda, web site, loja on-line, editoriais e demais mídias impressas ou digitais. O propósito é aproximar o usuário do processo de produção, fazendo-o entender os diversos recursos que garantem a natureza sustentável do bem de consumo. Dessa maneira, a decisão de compra é influenciada positivamente, tanto pelo entendimento de soluções intangíveis e, muitas vezes, imperceptíveis, mas também devido à confiabilidade gerada pela sensação de transparência em relação a todo o processo de transformação. A partir do estudo de caso, pode-se averiguar como a abertura do processo de produção de produtos sustentáveis pensada como uma forma de aproximar o usuário da marca pode cumprir importante papel no processo de percepção de valor de produtos. Seja ela percebida como uma preocupação global inevitável, seja como uma maneira de incentivar o consumo consciente, apresentar os recursos de design para a sustentabilidade adotados no projeto de produtos é uma estratégia eficaz de comunicação dos valores da marca. A escolha da representação da cadeia de valor foi determinante para a postura da empresa frente a seus consumidores. Ela permite que o usuário entenda e perceba o uso de recursos de sustentabilidade desenvolvidos a partir do design para a redução dos impactos ambientais da produção dos produtos e age de forma informativa, aumentando a valorização da marca. A escolha da representação da cadeia de valor de forma simplificada foi direcionada pela abordagem escolhida pela empresa, que já utilizava a descrição dos processos como um recurso de comunicação, ainda que pouco eficaz. O impacto gerado pela estruturação e sistematização da informação fez com que a valorização dos produtos, aparentemente simples num primeiro contato, fosse consideravelmente ! $"! elevada. Recursos e decisões projetuais antes ignorados pelo usuário passam a se tornar fatores de decisão de compra e, além disso, fatores de fidelização de clientes. 3.2.2 Modelos de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade Os modelos de comunicação de recursos de sustentabilidade encontrados na literatura de referência para projetos de produto possuem semelhanças importantes. Todas seguem preceitos básicos do design da informação e visam a sintetizar e hierarquizar quais fatores devem ser comunicados, a fim de otimizar a captação da mensagem, de forma direta pelo receptor. Nesses casos, muitas das informações seriam intangíveis, a princípio, a usuários sem conhecimento relacionado ao desenvolvimento de produtos. Mesmo no caso de usuários com tal conhecimento, muitas dessas estratégias seriam imperceptíveis, pois fazem parte de pontos de decisão na fase do projeto do produto. Nessa fase do trabalho apresentam-se alguns exemplos encontrados que serão posteriormente analisados para a construção do modelo experimental. FIGURA 18 - Produto analisado pelo modelo de Proctor (2009) Fonte: Proctor (2009). ! $)! O modelo de Proctor (2009), por exemplo (FIG. 18), é constituído de nove categorias de recursos de design para a sustentabilidade, conforme mencionado anteriormente. Nele, a autora utiliza ícones referentes a cada uma dessas tipologias para fazer visíveis as credenciais ecológicas dos produtos avaliados. No caso do produto mostrado, a autora emprega cinco recursos usados no projeto para garantir sua natureza ecológica: o uso de material biodegradável, produção com poucos resíduos resultantes, produto reciclável, utilização de material reciclado e o uso de materiais de fontes geridas, boa gestão de recursos. O modelo de Barbero e Cozzo (2009), por sua vez, também é constituído de nove categorias de recursos de design para a sustentabilidade diferente. As autoras também associam cada uma delas a ícones, como também foi exposto anteriormente. Como exemplo, foram evidenciados os ícones de dois recursos de design para a sustentabilidade: uso de biomaterial e redução de volume (FIG. 19). FIGURA 19 - Ícones do modelo de Barbero e Cozzo (2009) Fonte: Barbero e Cozzo (2009). O modelo de Reis (2010), por sua vez, é dotado de dois grupos de informações distintos: o primeiro apresenta a empresa produtora, a empresa/ designer responsável pelo projeto e as certificações e prêmios obtidos pelos produtos. No segundo, dois ícones sinalizam blocos textuais que irão detalhar, respectivamente: a intenção da empresa ou os objetivos do projeto de design e a descrição de quais recursos foram utilizados pelos designers responsáveis para atingir os requisitos de sustentabilidade. Assim como na obra de Benson, Stephens e Stephens (2009), esse modelo só apresenta blocos textuais, contendo informações encontradas nos sites dos escritórios de design e/ou produtores, constatando-se pouca relevância dessa referência para o estudo em questão. Já o modelo de Fuad-Luke (2009) é formado por uma tabela com cinco grupos de informações, respectivamente: nome e localidade de designers/ produtores e designers, nome e localidade da empresa produtora (se necessário), materiais e componentes de reduzido impacto ambiental, estratégias de design para ! $#! sustentabilidade adotadas no projeto e, por fim, certificações e prêmios que reconheçam o caráter sustentável do produto. Esse modelo conta, além dos ícones referentes aos cinco grupos de informações, com indicação de número de páginas em cada um dos recursos apresentados. Essa indicação é feita, pois a obra permite uma referência cruzada rápida com a descrição de cada um dos recursos e estratégias que, organizados no fim da obra, permitem aos leitores encontrar diretamente todas as informações indicadas pelos ícones. FIGURA 20 - Produto analisado pelo modelo de Fuad-Luke (2009) Fonte: Fuad-Luke (2009). Nota-se que o modelo de Fuad-Luke (2009) (FIG. 20) possui indexação mais complexa, permitindo aos leitores uma referência direta sobre diversas informações referentes ao produto. No que se refere aos aspectos de sustentabilidade, como o autor não agrupa os recursos em categorias como os demais, os recursos indicados por ele são: material renovável, materiais reutilizados e/ou reciclados, produto leve, durável e de embalagem plana. Como se pode perceber, muitos dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade apresentados pelos autores são semelhantes ou complementares. Novamente, nota-se o presente momento histórico como de aprendizado e essas ! $$! diferentes interpretações só atestam a importância de se transformar essas abordagens práticas em bases de dados científicos para ampliarem-se as soluções de projeto. Os modelos de comunicação para recursos e estratégias de design para a sustentabilidade são importantes para a comunicação de informações e valores intangíveis que podem orientar o consumo de produtos. Assim, apresenta-se como as bibliografias especializadas interpretam e classificam esses recursos. Para melhor demonstrar os diferentes modos de tratamento apresentados, selecionaram-se exemplos de cada uma das referências estudadas. Assim, pode-se entender como as diferentes formas de tratar a informação podem gerar resultados diversos. Nos próximos itens será estudado como a área da Percepção pode ser utilizada para ajudar a entender como essas informações podem informar o usuário nesse cenário de novos produtos com foco em sustentabilidade. ! $%! 4 ANÁLISE DOS MODELOS EXISTENTES DE COMUNICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE A segunda fase do trabalho foi desenvolvida de forma a contemplar aspectos importantes para a definição do estudo experimental, tendo como principal objetivo a investigação das tipologias dos modelos de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade. Dessa forma, foram estruturados os temas relevantes em cada uma das temáticas, conforme: Análise dos Modelos de Comunicação de Estratégias de Sustentabilidade 1. Critérios de seleção de produtos 2. Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados 3. Comparação dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade por produtos selecionados 4. Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para a sustentabilidade Os principais autores abordados: Barbero e Cozzo (2009), Fuad-Luke (2009) e Proctor (2009). 4.1 Critérios de seleção de produtos Para analisar como os modelos de comunicação podem ser utilizados no experimento, faz-se necessário traçar um ponto de comparação claro entre autores e entre produtos, a fim de se avaliar todas as questões propostas para o modelo experimental. Assim, foram estabelecidos alguns critérios de seleção para a escolha dos produtos a serem utilizados, visto que a seleção destes numa primeira etapa do processo ajudaria na definição de diversos aspectos do estudo. Desse modo, foram traçados os seguintes parâmetros e os produtos selecionados devem ser: ! $&! • Referenciados pelos três autores selecionados: Barbero e Cozzo (2009), Proctor (2009) e Fuad-Luke (2009), a fim de gerar base de comparação entre os modelos de comunicação; • dotados de tipologias e usos diferentes, a fim de comparar impressões sobre produtos de diferentes setores; • utilizados por número amplo de culturas, ou seja, rejeitando produtos exclusivos de certas culturas; • acessíveis para aquisição, para possibilitar o contato dos usuários para avaliação sensorial completa. Foram selecionados, primeiramente, todos os produtos que aparecem nas bibliografias estudadas. Em seguida, fez-se a separação desses produtos por setores de produção ou tipologias de uso, como móveis, eletrônicos, adornos, a fim de se avaliar as opções possíveis. Posteriormente, foram selecionados os setores com maior número de opções e mais variedade de nacionalidades de produtores e designers, para ampliar a chance de o produto ter aspectos globais de referências, pontos de venda e acessibilidade. Depois dessa etapa, foram selecionados os setores de mobiliário e utensílios domésticos e, então, uma busca pelos produtos que poderiam ser adquiridos foi iniciada. Os produtos selecionados (FIG. 21) foram os utensílios Softbowls da empresa americana Mio Culture e os bancos Softseating da empresa canadense Molo. Ambos são explorados pelos principais autores, possuem tipologias e usos diferentes e são dotados de características importantes para o estudo. Podem ser adquiridos via internet globalmente, ou seja, são exemplos de usos característicos em diversas culturas (mobiliário e utensílio), são relativamente fáceis de se adquirir e, além disso, foram idealizados por equipes de designers em empresas que apresentam forte perfil sustentável. ! $'! FIGURA 21 - Produtos selecionados para o experimento Fonte: Do autor. 4.2 Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados Como apresentado, modelos de comunicação adotados pelos autores selecionados (BARBERO; COZZO, 2009; FUAD-LUKE, 2009; PROCTOR, 2009), para a apresentação dos recursos ou estratégias de design para a sustentabilidade possuem suas peculiaridades e faz-se necessário nesse momento compará-las em relação aos produtos escolhidos. ! $(! FIGURA 22 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade – Softbowls, Mio Fonte: Do autor.! FIGURA 23 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade Softseating, Molo Fonte: Do autor. Como se pode perceber nas FIG. 22 e 23, o primeiro modelo difere-se dos demais apresentados em sua estrutura. Conforme análise anterior, a definição do ! %*! design de informação e a estrutura do modelo comunicacional afetam diretamente sua apresentação. Porém, faz-se necessária uma interpretação dessas informações representadas iconograficamente, para o entendimento das semelhanças e diferenças das interpretações dos autores em relação aos produtos. Assim, as informações foram comparadas e niveladas para melhor atender às necessidades e peculiaridades do estudo. 4.3 Comparação dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade por produtos selecionados O primeiro produto selecionado foi avaliado de forma muito semelhante pelos autores. Como foi exposto anteriormente, a primeira abordagem, de Fuad-Luke (2009), foi mais ampla que as seguintes, porém, não há conflito entre as interpretações dos autores que se complementam (FIG. 24). • As principais características identificadas pelos autores, nesse produto, dizem respeito ao material utilizado. • A primeira abordagem mostra-se mais completa. • Não há conflito entre as informações apresentadas. ! %+! FIGURA 24 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade - Softbowls Fonte: Do autor. Na análise seguinte encontra-se um cenário muito semelhante ao anterior (FIG. 25) e é importante salientar novamente que as interpretações mais amplas, como as de Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009), podem gerar ambiguidades, mesmo não sendo errôneas, como, por exemplo, o fato da primeira abordagem citada unificar as categorias monomateriais e biomateriais. Nesse caso, pode-se perceber que um produto monomaterial não é necessariamente produzido a partir de biomateriais, assim como o inverso também é válido. Além disso, é facilmente percebido que o produto não é produzido por um só material, isto é, além do feltro notam-se a linha, a etiqueta e o fechamento. Outro aspecto relevante que deve ser salientado é que a abordagem classificatória mais ampla, de Barbero e Cozzo (2009), é exatamente a mesma para os dois produtos selecionados. A classificação de Proctor (2009) difere parcialmente e a de Fuad-Luke (2009) difere totalmente. Nesse sentido: • Não há conflitos entre as interpretações dos autores. • A primeira e terceira abordagens mostram-se mais completas. • As características citadas dizem respeito a materiais e processos. ! %"! FIGURA 25 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade Softseating Fonte: Do autor. Quando é proposta a comparação entre produtos, nota-se que o primeiro modelo, por suas características citadas anteriormente, permite uma classificação mais precisa em relação aos demais, que, diferentemente, acabam por classificar de forma ampla e semelhante produtos diferentes, apresentando seu caráter generalista. Assim, confirma-se a impressão adquirida anteriormente, durante o desenvolvimento do referencial teórico, que o modelo de Fuad-Luke (2009) permite melhor compreensão particular e dedicada a cada projeto apresentado, enquanto as abordagens de Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009) possuem perfil classificatório mais generalista. Complementando essa investigação, comparam-se os dois produtos em relação à interpretação dos autores (FIG. 26), para deixar ainda mais clara como cada um dos trabalhos possui peculiaridades. ! %)! FIGURA 26 - Comparação entre produtos Fonte: Do autor. Novamente, entende-se que o modelo de Fuad-Luke (2009), por dedicar-se aos inúmeros recursos individualizados por projeto apresentado, distancia as características dos produtos analisados, enquanto Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009) assemelham-se em seus trabalhos, caracterizando amplamente os projetos, associando-os. 4.4 Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para a sustentabilidade Assim como foi visto na fundamentação teórica, o início do século XXI marca um momento peculiar na história do design de produtos. Nesse momento, a preocupação com os aspectos econômicos, ambientais, sociais e culturais une-se de forma a gerar uma característica comum à produção de cultura material do período: produtos dotados de recursos e estratégias sustentáveis. Como se trata de uma evolução contínua, ainda em processo, mostra-se importante acompanhá-la e tornar a participação do design ainda mais valiosa e ! %#! impactante a partir da inserção desses recursos e estratégias nas academias. Assim, fazê-las acessíveis a estudantes e professores tornou-se uma das metas possíveis deste trabalho. O glossário de recursos e estratégias de design para a sustentabilidade tem como objetivo apresentar esse conteúdo coletado em referências estudadas, em sua maioria em língua inglesa, e apresentá-las em português. O glossário desenvolvido encontra-se no APÊNDICE A. ! %$! 5 PROPOSTA DO MODELO DE AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS: MODELO PERSUS! A terceira fase do trabalho foi desenvolvida levando em consideração métodos de percepção aplicados ao design, tendo como principal objetivo a investigação da percepção dos usuários dos produtos dotados de estratégias de design para a sustentabilidade e o processo de comunicação dessas estratégias. Desta maneira, foi estruturado o modelo de avaliação dividido em três experimentos. Serão apresentados, para cada atividade do trabalho, os objetivos e resultados esperados, referenciando outros estudos de percepção aplicados ao design. Essa fase do projeto encontra-se detalhada da seguinte forma: Modelo Persus 1. A interação produto-usuário 2. Perfil dos produtos avaliados 3. Perfil do usuário 4. Experimento I: Avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos 5. Experimento II: Avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto 6. Experimento III: Avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto Os principais autores abordados: Dias (2009), Karana (2009), Chang, Lai e Chang (2006) e Desmet (2002, 2004). O modelo prevê três experimentos que acontecem em duas fases distintas, uma realizada virtualmente e contendo o primeiro experimento do método e a segunda presencial, contendo os dois experimentos finais. ! %%! 5.1 A interação produto-usuário Uma variedade de fatores, incluindo forma e função do produto, características do usuário e o contexto de uso, pode influenciar a experiência com produtos. Diversos estudos consideram os efeitos desses fatores na relação produto-usuário com diferentes enfoques, como, por exemplo, Desmet (2002) e Govers (2004). O perfil de sustentabilidade pode também ser entendido como um fator da relação de experiência com o produto e pode ser utilizado pelos designers para transmitir ideias e significados pretendidos. Assim, os recursos e estratégias para a sustentabilidade são uma parte da experiência do produto e possuem importante papel nessa relação. No estudo da literatura de referência, consegue-se identificar diversos métodos de pesquisa da percepção aplicados ao processo de design, ou seja, voltados para a investigação de aspectos relevantes para a teoria e prática do design. Não é objetivo deste trabalho, porém, exaurir a discussão sobre o tema, mas buscou-se identificar instrumentos viáveis para a coleta dos dados referentes às metas propostas para esta pesquisa. Nos trabalhos de Dias (2009) e Karana (2009) encontram-se análises de diversos métodos de investigação da percepção com foco no usuário. Seja com foco nos aspectos sensoriais ou emocionais, baseados nos aspectos objetivos e/ou subjetivos, essas análises permitem o entendimento dos procedimentos de pesquisa de diversos autores, apresentando a natureza investigativa de cada instrumento. Para o desenvolvimento do método de pesquisa proposto para este trabalho leva-se em consideração a relação produto-usuário e os atributos objetivos e subjetivos envolvidos. Os atributos objetivos podem ser caracterizados como sendo, por exemplo, a cor ou a forma do produto, a estrutura do material, ou seja, aquilo que existe fisicamente. O atributo subjetivo refere-se à interpretação desses elementos existentes pelos órgãos dos sentidos e processada por meio das áreas correspondentes do cérebro, formando a impressão do usuário, a significação dada por ele ao produto. Levando-se em consideração os objetivos do trabalho, buscou-se utilizar métodos que pudessem identificar e qualificar aspectos ligados à percepção dos usuários em relação a aspectos de sustentabilidade. Esses instrumentos devem auxiliar a coleta de impressões ligadas à sustentabilidade, aos aspectos particulares dos diferentes produtos avaliados e à interpretação destes pelos usuários (FIG. 27). Entre os métodos encontrados nota-se a capacidade de medição de características ! %&! sensoriais, medição da expressão e significado e, por fim, medição da reação emocional. FIGURA 27 - Características importantes da interação produto-usuário Fonte: Do autor. 5.2 Perfil dos produtos avaliados Conforme apresentado anteriormente, os produtos selecionados para o experimento foram analisados de acordo com as principais referências encontradas sobre a sustentabilidade e o design. Foi então desenvolvido um perfil de informações sobre cada produto, incluindo os recursos e estratégias de design, que serão foco deste estudo. ! %'! QUADRO 6 - Perfil dos produtos selecionados Produto Selecionado 1 Produto Selecionado 2 Nome: Softbowls Nome: Softseating Empresa: Mio Culture Empresa: Molo Origem: Estados Unidos da América Origem: Canadá Principal Material: feltro de lã Principal Material: papel Recursos e estratégias de design Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade para a sustentabilidade Material renovável Multifuncional / flexível, Utilização de processos existentes Leve / uso eficiente de materiais para novos propósitos Sem elementos tóxicos Baixo consumo energético Monomateiral / biomaterial Manutenção de bases locais de Redução de tamanho/peso produção Biodegradável Monomateiral / biomaterial Poucos resíduos Redução de tamanho/peso Reciclável Biodegradável Reciclado Reciclável Fonte: Do autor. 5.3 Perfil do usuário Conforme já explicitado, as características dos usuários são importantes quando se investiga a interação destes com produtos. Diferentes perfis de interesse podem indicar aspectos importantes para a diferenciação da significação dada a um produto. Neste trabalho, por se tratar de um estudo experimental para o desenvolvimento de um modelo, não se limitou a participação a determinado perfil de idade, renda ou interesses, em disso, com exceção das características que serão apresentadas, buscou-se abranger uma variedade de características. Algumas dessas características estão listadas a seguir: idade, gênero, escolaridade, ocupação, renda, interesses, conhecimento prévio dos produtos e rejeição prévia dos produtos. Em outros estudos que investigam a percepção de usuários sobre outros aspectos dos produtos, como o trabalho de Karana (2009) sobre materiais, é verificada ! %(! a importância de contrapor a opinião de usuários com o conhecimento sobre o processo de desenvolvimento de produtos dos que são desprovidos dessa característica. Assim, no estudo experimental entendeu-se importante realizar tal comparação. Os usuários com conhecimento sobre o processo de desenvolvimento de produtos serão destacados como designers e os usuários que não possuem esse conhecimento, como leigos. Outras questões importantes referem-se ao fato da escolha de participantes que não conhecem previamente o produto, presencialmente ou fisicamente, e que não apresentam rejeição imediata aos produtos. Esses aspectos garantem que nenhum dos participantes tenha experiências prévias, positivas ou negativas com os produtos. 5.4 Experimento !: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos A primeira atividade do estudo proposto acontece virtualmente, com o objetivo de coletar uma impressão geral sobre aspectos importantes para o desenvolvimento de outras atividades do modelo. Essa primeira avaliação visa a investigar como os usuários entendem a sustentabilidade quando associada à produção de bens de consumo. Assim, foram empregadas duas técnicas para avaliar de forma ampla como os usuários percebem aspectos importantes e iniciais para a pesquisa em questão (FIG. 28). Uma mídia digital foi disponibilizada na web, no site www.persus.com.br, no qual usuários foram convidados a responder às atividades e fornecer informações básicas sobre atuação profissional, idade, formação e interesses. Como visto anteriormente, essas características podem ajudar a definir grupos de interesse para outros experimentos. ! &*! FIGURA 28 - Experimento 1 do modelo Persus (Avaliação Preliminar da Percepção da Sustentabilidade em Produtos) Fonte: Do autor. 5.4.1 Termos descritivos da sustentabilidade em produtos A primeira técnica a ser utilizada pelo método é a coleta de categorias descritivas ou modos de expressão. Conforme encontrado nos trabalhos de Karana (2009) e Chang, Lai e Chang (2006), esse método visa a estimular os participantes a descrever e se expressar em relação a um estímulo, seja ele um produto ou um conceito. Ele permite a organização e classificação de termos descritivos utilizados, para definir como os participantes entendem o objeto estudado, e a mensuração das interpretações subjetivas. Cenários e hipótese podem ser formulados a partir da identificação dos termos e palavras mais utilizados pelos avaliados para descrever e caracterizar o tema investigado. 5.4.2 Questões norteadoras e resultados esperados O primeiro experimento é de caráter individual. Inicialmente, coletam-se os termos descritivos mais utilizados pelos usuários para descrever os produtos que, em seu entendimento, sejam sustentáveis. Posteriormente, os participantes relatam quais produtos consideram sustentáveis, indicando, se possível, nome e marca do produto citado. Os participantes passam por essa fase da pesquisa virtualmente, ou seja, ! &+! respondendo às questões numa plataforma digital. Na literatura de referência, por exemplo DIAS (2009, p.159) foram encontradas menções a amostras que vão de no mínimo 16 participantes ao máximo de 40 avaliados. O QUADRO 7 apresenta as questões norteadoras e os resultados esperados da atividade. QUADRO 7 - Questões norteadoras e resultados esperados: coleta de termos descritivos da sustentabilidade em produtos Questões norteadoras Resultados esperados 1. Quais são os termos descritivos mais a) Identificar os termos descritivos mais utilizados por usuários para descrever utilizados por usuários para descrever produtos sustentáveis? produtos sustentáveis. 2. Quais são os produtos sustentáveis b) Identificar mais citados pelos usuários ? quais considerados produtos sustentáveis são pelos usuários. Fonte: Do autor. 5.4.3 Avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos Os participantes são convidados a demonstrar seu grau de concordância em relação ao perfil de sustentabilidade dos produtos a partir de imagens dos mesmos. A escala utilizada para a avaliação é baseada na escala Likert. A referida escala Likert permite tornar objetivas as respostas subjetivas dos participantes, a partir da utilização de alternativas de respostas ímpares, de 3, 5 ou 7 pontos, conforme apresentado a seguir. Nessas escalas podem-se utilizar contagens positivas e negativas a partir de um ponto central nulo ou uma ordenação crescente/ decrescente, como, por exemplo: (- _ _ _ +), (-2_ -1_ 0_ +1_ +2_), (1_ 2_ 3_ 4_ 5_ 6_ 7_) ou (2_ 1_ 0_ 1_ 2_). Além desse método associativo em escala, a associação livre de itens comparativos, questões abertas e semiabertas pode ser encontrada nos trabalhos de referência, principalmente o de Karana (2009). ! ! ! &"! 5.4.4 Questões norteadoras e resultados esperados O QUADRO 8 apresenta as questões norteadoras e os resultados esperados da avaliação comparativa da aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos. QUADRO 8 - Questões norteadoras e resultados esperados: avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos Questões norteadoras Resultados esperados 1. Os usuários consideram os a) Investigar se os usuários produtos apresentados como caracterizam os produtos como sustentáveis? sustentáveis. 2. Quais estratégias sustentabilidade são de b) Identificar os fatores mais mais utilizados por usuários para notadas pelos usuários entre descrever o perfil sustentável as possíveis para todo o ciclo dos produtos selecionados, a de vida do produto? partir de imagens dos mesmos. 3. Existem diferenças perceptivas entre produtos de c) Investigar as diferenças perceptivas entre produtos diferentes setores, usos ou sustentáveis de diferentes tipologias? setores e usos. Fonte: Do autor. Os participantes são questionados se consideram o(s) produto(s) sustentável(is), um de cada vez, e, neste caso específico, as respostas possíveis em ordem decrescente foram: sim, certamente (muito positivo); acredito que sim (positivo); não sei dizer (neutro); acredito que não (negativo); não, certamente (muito negativo). Depois de completada esta etapa, os usuários são convidados a identificar quais os principais fatores conferem essa impressão ao produto. Entre as alternativas possíveis apuradas estavam: materiais, processo produtivo, uso, transporte e estocagem, descarte. 5.5 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto ! &)! No segundo experimento do estudo, os participantes utilizam imagens de dois produtos específicos para avaliação subjetiva em escala visual. Pretende-se avaliar como produtos diferentes afetam a percepção do usuário, principalmente em relação à escala (contato visual ou contato físico) e, de forma secundária, pela impressão do usuário sobre os possíveis fatores determinantes do perfil sustentável do produto, como o uso, materiais e fatores estéticos, por exemplo. Diferentemente do primeiro experimento, os dois últimos são conduzidos presencial e imediatamente em seguida um ao outro. Pretende-se, assim, averiguar a validade dos recursos informacionais na construção de valor percebido e no impacto sobre a assimilação de informação, além dos efeitos das propriedades sensoriais na significação de produtos (FIG. 29). FIGURA 29 - Experimento 2 do modelo Persus (Avaliação Subjetiva do Perfil de Sustentabilidade do Produto) Fonte: Do autor. 5.5.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade As atividades investigativas propostas para esta etapa do modelo de avaliação preveem a livre associação de recursos e estratégias de design coletados nas bibliografias estudadas e associadas aos produtos avaliados. Esses recursos são apresentados aos participantes em dois momentos. E somente baseadas nas imagens e no entendimento primário dessas estratégias, as decisões têm de ser tomadas pelos usuários. ! &#! Num primeiro momento eles têm de associar livremente os 14 recursos apresentados aos produtos avaliados, podendo escolher para cada recurso ambos, um ou nenhum dos produtos em questão. Posteriormente, os recursos são agrupados conforme os trabalhos de referência: Proctor (2009), Barbero e Cozzo (2009) e Fuad-Luke (2009). Esses grupos de recursos devem ser associados aos produtos de acordo com a impressão dos usuários de qual grupo ser o mais assertivo para descrever o perfil de sustentabilidade dos produtos. Para finalizar essa atividade, os usuários foram reunidos em grupo para avaliar as atividades e discutir as opiniões e impressões sobre os produtos estudados. 5.5.2 Questões norteadoras e resultados esperados O QUADRO 9 evidencia as questões que norteiam a atividade, bem como os resultados esperados. QUADRO 9 - Questões norteadoras e resultados esperados: associação de recursos de design para a sustentabilidade Questões norteadoras 1. Quais estratégias sustentabilidade são Resultados esperados de mais usuários para as dos produtos selecionados, a apresentadas pela partir de imagens dos mesmos. b) Investigar qual dos grupos de de sustentabilidade são mais estratégias notadas pelos usuários entre consideram mais assertivos para as descrever apresentadas literatura? Fonte: Do autor. ! por descrever o perfil sustentável Quais grupos de estratégias ! indicadas notadas pelos usuários entre literatura? ! a) Identificar as estratégias mais pela os o usuários perfil sustentabilidade dos produtos. de ! &$! 5.6 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto No último e terceiro experimento, os usuários têm contato direto com os produtos estudados, mudando a escala de avaliação que anteriormente era somente visual para uma avaliação sensorial completa. Para diferenciar aspectos relacionados ao conhecimento de processos produtivos e de desenvolvimento de produtos, continuaram sendo utilizados indivíduos dotados de experiência ou estudo na área do design, sustentabilidade e desenvolvimento de produtos em todos os experimentos. Os participantes também tiveram acesso ao glossário de recursos de design para a sustentabilidade explicitando as soluções recomendadas pela literatura para cada um dos produtos e foram convidados a responder novamente às questões do primeiro e do segundo experimentos (FIG. 30). FIGURA 30 - Experimento 3 do modelo Persus (Avaliação Sensorial e Emocional do Perfil de Sustentabilidade do Produto) Fonte: Do autor. ! &%! 5.6.1 Técnica de avaliação Os métodos de avaliação emocional são bem explorados pelos autores estudados e têm como principal referência Desmet (2002). Entre os estudos avaliados selecionou-se como principal ferramenta o uso do círculo de emoções de três níveis. Trata-se de uma ferramenta de autoavaliação, simplificada, dotada de 14 emoções (FIG. 31). O método foi desenvolvido e testado para ser aplicado a produtos, o que confere mais credibilidade para a mensuração de reações à interação e experimentação de produtos. Outro aspecto positivo da técnica é a ausência da necessidade de equipamentos caros, softwares e treinamento de aplicadores, como outras técnicas encontradas que também avaliam os aspectos emocionais na interação com produtos. FIGURA 31 - Imagem representativa do círculo de emoções de Desmet Fonte: Adaptado do original por Dias (2009). ! &&! As ferramentas de avaliação emocional são importantes para investigar a aceitação de materiais, cores e até soluções de uso referentes a produtos. O componente emocional também pode ser considerado um dos principais fatores de decisão em um processo de compra, seleção e escolha de um produto para um usuário. Ele pode ser percebido nas forças que influenciam o processo de design de Ashby e Johnson (2002) e na estrela de valor de Krucken (2009b). Também são colhidas as impressões referentes às emoções citadas de cada um dos produtos para comparação. Os grupos de profissionais e leigos são mantidos para a realização de grupos de foco e coleta de impressões em grupo, permitindo a troca de informações e discussão entre os participantes. As questões que norteiam essa atividade final encontram-se apresentadas no QUADRO 10. Por fim, as conclusões e resultados dos experimentos podem direcionar o melhoramento dos modelos de comunicação a partir de sua adequação às informações coletadas. ! &'! QUADRO 10 - Questões norteadoras e resultados esperados: terceira etapa do estudo experimental Questões Norteadoras 1. Os produtos Resultados Esperados selecionados a) Identificar diferenças perceptivas na conseguem comunicar por si sós comunicação de estratégias para a as estratégias de design para a sustentabilidade a partir do contato sustentabilidade adotadas em seu com o produto. desenvolvimento? b) Identificar diferenças perceptivas na 2. Qual dos modelos é entendido pelos usuários como o mais coerente? 3. Os sustentabilidade a partir do contato com o produto e com os modelos de modelos ampliam comunicação de estratégias para a o de comunicação entendimento dos informação. c) Identificar como os usuários usuários das estratégias de design valorizam e determinam o preço do para a sustentabilidade adotadas? produto e se o produto os agrada após o contato com o mesmo. d) Identificar como os usuários valorizam e determinam o preço o produto, e se o produto os agrada após o contato com o mesmo e com os modelos de informação. Fonte: Do autor. ! Assim, a estrutura geral do modelo prevendo todos os experimentos pode ser visualizada na FIG. 32. ! ! ! ! ! ! &(! FIGURA 32 - Estrutura geral do modelo Persus Fonte: Do autor. ! '*! 6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A apresentação e discussão dos resultados está organizada da seguinte forma: Apresentação e discussão de resultados 1. Amostragem 2. Experimento I: Avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos 3. Experimento II: Avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto 4. Experimento III: Avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto 5. Considerações finais 6.1. Amostragem Os participantes do primeiro experimento somaram trinta usuários, sendo dezoito deles leigos. Para os dois experimentos seguintes foram selecionados vinte e dois participantes, sendo nove deles designers ou profissionais com experiência em desenvolvimento de produtos. Conforme mencionado, essa diferenciação mostrou-se importante em outros estudos referenciados, por isso buscou-se investigá-la. No QUADRO 11 podem-se verificar alguns dados da amostragem dos dois últimos experimentos, como faixa etária e outras questões importantes, como o conhecimento dos produtos e a postura em relação ao consumo de produtos sustentáveis. ! '+! QUADRO 11 - Dados da amostragem Conhece os produtos Dá importância a aspectos de Possui produto que selecionados para o sustentabilidade ao adquirir considere estudo produtos sustentável 0 18 14 Faixa etária 18 a 25 anos: 4 (18%) 41 a 50 anos: 3 (14%) 26 a 30 anos: 8 (36%) 51 a 60 anos: 1 (5%) 31 a 40 anos: 5 (23%) Mais de 60 anos: 1 (5%) Fonte: Do autor. 6.2 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em produtos 6.2.1 Coleta de termos descritivos A coleta de termos descritivos realizada a partir da descrição de produtos sustentáveis pelos participantes apresentou as principais ideias associadas, pelos usuários, à sustentabilidade. O experimento investigou quais os aspectos formam a opinião de um grupo de pessoas sobre a sustentabilidade em produtos, possibilitando o estabelecimento de características consideradas importantes pelos indivíduos avaliados. O estudo realizado com a participação de 30 pessoas apresentou 22 termos que abrangem aspectos ligados à produção, características de materiais, descarte e qualidade de produtos até a mão-de-obra, saúde e aspectos sociais. Esses termos podem ser divididos em quatro grupos de acordo com o número de citações de cada. Utilizando o aplicativo Wordle (www.wordle.com), foi gerada uma imagem para demonstrar, a partir do tamanho da fonte empregada em cada palavra, o peso dos termos declarado pelo grupo de usuários participantes do estudo sobre a sustentabilidade (FIG. 33). ! '"! FIGURA 33 - Termos utilizados pelos usuários para descrever a sustentabilidade em produtos Fonte: Do autor. ! Os dois termos mais citados pelos participantes referem-se à relação entre a produção de bens de consumo e o meio ambiente. O segundo grupo de termos mais citados refere-se aos materiais utilizados na produção e o descarte dos produtos. O terceiro grupo foi composto pelos termos: social, impacto e reutilização. E o quarto grupo foi composto pelos demais termos coletados, que não tiveram o mesmo nível de repetições. Nota-se que os dois primeiros grupos se sobressaíram dos demais termos por significativa diferença. Pode-se inferir que o grupo de usuários avaliados associou o conceito de sustentabilidade aplicado a produtos às soluções para os danos gerados ao meio ambiente pela produção industrial. O material empregado nos produtos e os recursos de reciclagem e reutilização foram percebidos como opções viáveis para amenizar o descarte de bens e matérias-primas empregados (FIG. 34). ! ')! FIGURA 34 - Quantidade de menções dos termos utilizados pelos usuários para descrever a sustentabilidade em produtos Termos Descritivos $*! $%! '! "! #! #! #! "! &! &! $(! )! )! #! #! )! &! &! "! "! &! &! Re Re Mã cicl ap o ag ro -de em v M eit -Ob ei am ra oam en b to Co ien ns te um o Us o Qu L al ixo Re idad s e De íduo sc s M arte at er Sa ial úd So e Im cia l Re pac cu to rs Re Ene os u Ci tili rgia cl za o- ç ã Tr de- o an vid Du s a ra por bi te l Pr ida od de Re uç cic ão lá ve l $+! $%! $"! $&! $(! +! %! "! &! (! ! Fonte: Do autor. 6.2.2 Produtos citados Quando questionados a indicar quais produtos poderiam ser citados como sustentáveis, dos 30 participantes 20 conseguiram citar produtos específicos e 1 participante mencionou um serviço. A variedade de produtos foi a principal característica do experimento. Foram citados de produtos do cotidiano a materiais beneficiados e certificados. Alguns produtos foram referidos mais de uma vez e destacam-se aqui alguns deles, a fim de se ponderar algumas questões importantes. Na FIG. 35, o papel reciclado foi um dos produtos ressaltados pelos participantes. É um produto de uso cotidiano, em casa ou no trabalho, e se enquadra no cenário ilustrado pelo experimento da coleta de termos descritivos. Reciclado, ele se apresenta como uma alternativa ao papel branco e é vendido como uma opção menos impactante por utilizar resíduos da produção de outros papéis na sua composição. O calçado da empresa Goóc, por sua vez, é um acessório de moda que também foi aludido pelos usuários como um produto com perfil sustentável e que utiliza o emprego de materiais descartados por outros setores para a confecção de sandálias e outros produtos. Percebe-se novamente que o emprego de materiais reutilizados como uma solução para a redução de impactos ao meio ambiente, realçado pela atividade ! '#! anterior, realmente pode ser comprovado pelas citações de produtos pelos usuários. Outros produtos reportados foram as chamadas sacolas ecológicas, utilizadas para a substituição de sacolas plásticas descartáveis em lojas, padarias e supermercados. Deve-se salientar o fato de o experimento ter sido realizado com usuários de Belo Horizonte, cidade onde, recentemente, uma lei proibiu a distribuição gratuita de sacolas plásticas no comércio, tornando popular o uso de sacolas de tecido, lona e outros materiais para substituir a forma de transporte de compras cotidianas, ou seja, representando o panorama dos participantes. FIGURA 35 - Produtos mais citados pelos usuários como sendo sustentáveis (papel reciclado, sandália Goóc e sacola "ecológica") Fonte: Do autor. 6.2.3 Análise comparativa da aceitação perfil sustentável de produtos A atividade realizada para investigar a aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos foi conduzida em duas etapas: a primeira indicava como os usuários aceitavam o perfil sustentável dos produtos; o segundo, quais fatores conferiam esse perfil ao produto, entre: material, processo produtivo, uso, transporte e estocagem e descarte. Os dois produtos avaliados foram percebidos pelos usuários como sustentáveis. O produto da Mio, apesar de ter sido avaliado positivamente em relação ao perfil sustentável, foi marcado pela neutralidade da posição dos avaliados (50%). O produto da Molo, por sua vez, foi avaliado positivamente pela maioria dos usuários participantes (FIG. 36). ! '$! FIGURA 36 - Aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos estudados Fonte: Do autor. O produto da Mio obteve 14 impressões positivas, enquanto o produto da Molo obteve 27. Os participantes que avaliaram positivamente os produtos foram convidados a revelar quais fatores garantiam o perfil sustentável dos produtos, entre: material, processo produtivo, uso, transporte e estocagem e descarte. O produto da Molo obteve quase o dobro de votos positivos que o produto da Mio, mesmo assim, pode-se avaliar quais fatores influenciaram essas impressões para ambos os produtos. Na FIG. 37, os materiais adotados são o principal fator de impressão dos usuários para os dois produtos. As soluções de uso vêm logo em seguida. Todos os critérios foram selecionados pelos usuários, não havendo algum fator que fosse rejeitado para os produtos e deve-se ressaltar que o produto da Molo se destacou pelo material, que recebeu aceitação unânime dos participantes. ! '%! FIGURA 37 - Fatores de impressão positiva sobre o perfil de sustentabilidade dos produtos Fonte: Do autor. 6.2.4 Comparação entre impressões de leigos e profissionais Com o objetivo de comparar as impressões entre leigos e profissionais com conhecimento na área de desenvolvimento de produtos, foram contrapostas as avaliações dos produtos para esses dois perfis de usuários. No caso dos utensílios de feltro, nota-se tendência dos profissionais a manterem-se neutros, talvez devido à falta de informações necessárias para uma avaliação mais precisa. Para os dois grupos de usuários, os materiais foram o principal fator de sustentabilidade mencionado. Avaliando-se os gráficos do produto da Molo, não são notadas diferenças significativas entre os dois grupos avaliados. O resultado referente ao produto da empresa Mio, por sua vez, apresentou praticamente a mesma curva no gráfico, mas deslocada para o posicionamento neutro dos participantes profissionais (FIG. 38). ! '&! FIGURA 38 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o produto Softbowls Fonte: Do autor. O mobiliário estudado, por sua vez, não mostrou percepções díspares entre os grupos. Nessa avaliação os designers não optaram pela neutralidade e os fatores ressaltados por eles foram os mesmos identificados pelos leigos. O material, mais uma vez, foi eleito o principal fator para a aceitação do perfil sustentável do produto (FIG. 39). ! ''! FIGURA 39 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o produto Softseating Fonte: Do autor. 6.3 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto 6.3.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade A primeira atividade referente à análise estética dos produtos buscou desvendar a qual produto os usuários associavam certos recursos de design para a sustentabilidade realçados pelos autores adotados. Todos os recursos apresentados foram associados aos produtos estudados. O da Molo, porém, obteve o maior número de associações em 12 dos 14 recursos. O da Mio só superou o mobiliário de papel no recurso leve/uso eficiente de materiais (FIG. 40). O resultado confirma a aceitação do perfil de sustentabilidade conseguido pelo produto da Molo no experimento anterior. ! '(! FIGURA 40 - Livre associação de recursos de design para a sustentabilidade Fonte: Do autor. Quando os recursos são agrupados de acordo com os trabalhos de referência, pode-se analisar como os usuários avaliam as estratégias adotadas no desenvolvimento do produto associadas entre si. Os usuários adotaram a definição de Barbero e Cozzo (2009) como a mais adequada para definir o produto de feltro da empresa Mio, seguido pela definição de Fuad-Luke (2009), que quase se equiparou à anterior. A definição de Proctor (2009) foi a menos associada ao produto pelos participantes. Assim, o grupo de recursos escolhido como o mais assertivo na descrição das estratégias de design para a sustentabilidade para esse produto foi: monomaterial, biodegradável, redução de tamanho/peso (FIG. 41). ! (*! FIGURA 41 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Mio Fonte: Do autor. A definição de recursos de Fuad-Luke (2009) foi eleita pelos usuários como a mais assertiva para caracterizar o produto da Molo (FIG. 42). Para 15 dos 22 participantes, os recursos de design para a sustentabilidade apresentados pelo autor foram os mais adequados para definir o produto, mostrando supremacia em relação aos outros dois grupos apresentados. Um dos participantes não ressaltou algum dos grupos apresentados como definidores do perfil do produto analisado. ! (+! FIGURA 42 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Molo Fonte: Do autor. 6.4 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade do produto 6.4.1 Análise sensorial e emocional: associação de recursos de design para a sustentabilidade Após o contato com os produtos e as definições dos recursos de design para a sustentabilidade, a associação de recursos com os produtos apresentou um cenário consideravelmente diverso. O produto da Mio conseguiu superar o mobiliário da Molo em seis critérios, cinco a mais que no experimento realizado sem o contato com o produto. A partir do contato com as informações e com exemplares dos objetos, os usuários conferiram uma percepção mais positiva do produto da Mio (FIG. 43). Diversos participantes justificaram não ter tido contato prévio com produtos de feltro com o aspecto colorido e amigável do Softbowl, assim, ficaram com a impressão errônea de que o produto poderia ser feito de polímero. Quando apresentados a ele, sentiram-se positivamente surpresos. ! ("! FIGURA 43 - Livre associação de recursos de design para a sustentabilidade após contato com produtos e glossário de informações Fonte: Do autor. Quanto aos grupos de recursos definidores do perfil sustentável dos produtos, também se averiguou mudança na percepção dos usuários. Para os vasos de feltro, houve migração da impressão antes primordialmente voltada para os recursos listados por Barbero e Cozzo (2009) para o grupo de recursos de Fuad-Luke (2009) (FIG. 44). Muitos dos participantes justificaram não concordar com o recurso monomaterial, já que entendiam que a linha de nylon, a fita de acabamento e a etiqueta configuravam outros materiais da composição do produto. E, ainda, não tinham o mesmo perfil do feltro, que se constitui em material de menos impacto ambiental. Alguns usuários, todos leigos, justificaram a permanência no segundo grupo de recursos por entenderem que esses outros materiais eram elementos adjacentes à proposta do produto de feltro e que consideravam o material estrutural mais importante para a caracterização. Esse aspecto apresenta importante diferença entre os dois grupos de usuários avaliados, pois os profissionais tendem a ser mais exigentes em relação a detalhes e a soluções relevantes para a configuração geral do produto. ! ()! FIGURA 44 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Mio Fonte: Do autor. Para o mobiliário da Molo, todavia, o grupo de recursos mais citado no primeiro estudo manteve-se o mais assertivo, de acordo com os usuários. Porém, houve migração de impressões para o grupo de recursos de Proctor (2009) (FIG. 45). A proposta da autora é mais simples que a de Fuad-Luke (2009), mas para quase um terço dos participantes ela foi considerada a mais assertiva para definir os aspectos sustentáveis do produto. Mais uma vez o recurso monomaterial, salientado pelas autoras italianas, foi fator de rejeição para os participantes avaliados, pois o produto, além do papel, é composto por um imã e pela cola de contato. ! (#! FIGURA 45 - Livre associação de grupos de recursos de design para a sustentabilidade do produto da Molo Fonte: Do autor. 6.4.2 Avaliação da aceitação perfil sustentável de produtos A análise da aceitação do perfil sustentável dos produtos avaliados, com o acesso a exemplares dos objetos e o glossário de definições dos recursos de sustentabilidade, apresentou-se diferente da investigação estética anterior. A avaliação continuou positiva para ambos os produtos, mas os resultados se equilibraram para os dois produtos e revelaram aumento das impressões negativas (FIG. 46). O móvel de papel ainda obteve mais alto número de impressões positivas, mas seguido de perto pelo utensílio de feltro da Mio, que anteriormente despertou posicionamento neutro pela maioria dos avaliados. ! ($! FIGURA 46 - Aceitação e fatores de impressão positiva sobre o perfil de sustentabilidade dos produtos Fonte: Do autor. A diferença foi de apenas quatro votos positivos entre os produtos, indicando que a falta de acesso a informações realmente pode ser entendida como um fator que levou os usuários a manter posição de neutralidade no estudo preliminar. Outro aspecto importante diz respeito ao declínio de impressões em relação aos materiais como maior fator de caracterização do perfil sustentável dos produtos. No caso do produto da Mio, as soluções de uso foram as mais influentes, seguidas das melhorias para transporte e estocagem. O produto da Molo, por sua vez, também foi percebido como um bom exemplo de solução para transporte e estocagem para 14 dos 15 participantes que atestam o perfil sustentável do mobiliário, seguido do material empregado e das soluções de uso. 6.4.3 Análise emocional da sustentabilidade em produtos O produto da Mio foi o alvo de mais mudança de impressões nos experimentos com acesso ao produto e às informações sobre as estratégias de design adotadas. Esse aspecto pode ser um fator importante para a avaliação da reação emocional dos ! (%! usuários às mudanças de impressões sobre os produtos. Separaram-se novamente as impressões de usuários leigos e profissionais para analisar as possíveis diferenças de impressão e os fatores responsáveis. Os usuários leigos tenderam a considerar mais positivamente sua experiência com o produto de feltro da Mio, enquanto os profissionais mostraram-se mais decepcionados com aspectos específicos das soluções de projeto do utensílio, como se vê na FIG. 47. Muitos dos participantes, profissionais e leigos, destacaram o uso da linha de nylon e a fita de acabamento como um problema para o perfil sustentável do produto. Muitos deles relataram, ainda, tratar-se de um problema de fácil solução e se sentiam decepcionados pelo fato de uma mudança tão facilmente realizada não ter sido pensada pela empresa produtora dos objetos. FIGURA 47 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Mio Fonte: Do autor. O produto da Molo, todavia, foi avaliado de forma muito semelhante pelos dois grupos de usuários, não apresentando diferença considerável entre a percepção dos grupos (FIG. 48). Todos os participantes tiveram impressões predominantemente positivas sobre o produto, mas vários se manifestaram decepcionados pelo fato de o ! (&! produto utilizar alta quantidade de material estrutural e por não ser unicamente feito de papel. Contudo, o móvel da empresa Molo obteve resposta bastante positiva dos participantes do experimento, mantendo a boa impressão conseguida nos experimentos anteriores. FIGURA 48 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Molo Fonte: Do autor. As impressões dos participantes relacionadas aos dois momentos da avaliação foram colocadas em gráficos para visualização (FIG. 49). Os usuários mostraram sua percepção dos produtos apresentados nos estudos estéticos e posteriormente, quando tiveram acesso a mais informações e dotados da capacidade para experimentar os objetos pessoalmente. Os vasos de feltro da Mio, no primeiro momento das atividades, dividiu a opinião dos participantes entre a positividade e a neutralidade. Após o contato com o produto, porém, as opiniões mantiveram-se divididas e houve mudança para impressões negativas, geralmente associadas aos materiais adotados anteriormente. ! ('! FIGURA 49 - Autoavaliação comparativa das impressões dos usuários nos dois momentos do experimento Fonte: Do autor. O outro produto avaliado teve resultado diferente. O móvel da Molo, que teve desempenho positivo no primeiro momento dos estudos, recebeu votos negativos após o contato dos participantes com o produto. Os produtos pareceram desapontar alguns dos participantes nos aspectos ligados à sustentabilidade, principalmente em relação ao emprego de materiais de naturezas diferentes, como biodegradáveis e reciclados, com matérias-primas virgens e produtos sintéticos ou derivados de petróleo. Os fatores de uso e outras soluções ligadas às fases da vida do produto, todavia, foram muito elogiados. Nota-se, ainda, que a falta de informação quanto aos processos de reaproveitamento, separação e reciclagem de materiais foi motivo para que os usuários opinassem de forma neutra ou negativa no tocante aos produtos estudados. Isso confirma, mais uma vez, a hipótese de que o acesso a informações faz com que os usuários tomem decisões com mais convicção e assumam postura ativa na melhoria dos produtos que consomem. A FIG. 50 apresenta momentos da aplicação do experimento, desde a projeção das imagens no experimento 2, contato com os produtos e realização de grupos foco. ! ((! FIGURA 50 - Momentos da aplicação dos experimentos Fonte: Do autor. ! +**! 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada apresentou-se capaz de revelar como os usuários entendem a sustentabilidade em produtos e como percebem as estratégias de design adotadas em seu desenvolvimento. Além disso, pôde-se notar como os usuários comunicam esse conhecimento e quais fatores tornam-se mais facilmente identificados e valorizados baseados em seu repertório. O contato com informações sobre características técnicas também pôde ser entendido como um fator capaz de alterar a percepção dos usuários sobre produtos. O estudo foi capaz, ainda, de salientar que existem atributos que podem ser mais valorizados por certos indivíduos devido a aspectos subjetivos da percepção. 7.1 Em relação aos objetivos Quanto aos seus objetivos, a investigação comprovou a capacidade do método de evidenciar informações relevantes sobre o processo de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade. A avaliação dos produtos mostrou-se eficiente na identificação de características sobre a percepção dos usuários sobre esses recursos e estratégias e também indiciou a importância do acesso à informação para os usuários. O estudo experimental também pôde realçar as diferenças perceptivas entre leigos e profissionais com experiência no desenvolvimento de produtos e detectar que o contato com informações sobre estratégias adotadas no desenvolvimento dos produtos pode alterar a impressão geral sobre um produto, para os dois perfis de usuários estudados. ! +*+! 7.2 Em relação aos resultados esperados Foram revisadas as principais referências relacionadas à coleta de exemplos da aplicação prática dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade, além de trabalhos dedicados aos aspectos teóricos, principalmente relacionados à cultura material e metodologia do ecodesign. O estudo também foi capaz de apresentar breve ensaio dedicado ao entendimento histórico da evolução da contribuição do design para a sustentabilidade, principalmente relacionado ao século XX e primeira década do século XXI. O glossário de estratégias de design para a sustentabilidade, em língua portuguesa, baseado nas três principais referências encontradas, também foi concluído, possibilitando o acesso direto aos recursos estudados pelos autores. Por fim, o modelo de estudo da percepção foi realizado e provou-se capaz de reunir métodos de pesquisa da percepção aplicados ao design com foco no usuário de maneira satisfatória. O estudo experimental foi capaz de coletar os dados propostos e as informações levantadas atingiram as metas em relação ao entendimento das questões que nortearam o trabalho. 7.3 Propostas para outras pesquisas É importante salientar que o modelo focado no entendimento da sustentabilidade em produtos manteve-se restrito aos aspectos relevantes para o seu contexto de pesquisa. Assim, sugerem-se, para estudos futuros, outros ensaios dedicados aos aspectos ligados a outros elementos de contato entre a marca e o usuário, como embalagens, sites, expositores, lojas e manuais. Todas essas mídias são parte do branding, ou seja, da construção do entendimento da marca. Nesse sentido, outras pesquisas dedicadas ao design gráfico, principalmente, podem ser realizadas a fim de se ampliar o entendimento sobre a percepção dos usuários sobre a sustentabilidade. Outro enfoque que pode ser sugerido refere-se à comparação da percepção de usuários de diferentes localidades em relação a produtos consumidos globalmente. Esses parâmetros poderiam ajudar a identificar e entender diferenças entre padrões de percepção relacionados à nacionalidade e ao repertório cultural dos participantes. ! +*"! REFERÊNCIAS ASHBY, M.F.; JOHNSON, K. Materials and design: the art and science of material selection in product. Oxford: Elsevier, 2010. BARBERO, S.; COZZO, B. Ecodesign. New York: H.F. Ullman, 2009. BAXTER, M. Projeto de produto. São Paulo. Edgard Blucher, 2003. BENSON E.; STEPHENS, A.; STEPHENS, S. The big book of green design. New York: Collins Design, 2009. BISTAGNINO, L. Uomo al centro del progetto. Torino: Allemandi & C., 2008. BÜRDEK, B.E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard Blucher, 2006. CBDES. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Guia de Comunicação e Sustentabilidade. 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Reciclável – Se aplica a produtos cuja natureza orgânica permite que possam ser devolvidos a terra ao fim de sua vida útil com a intenção de que organismos vivos os Produtos que podem se converter em fonte de matéria prima ao final de sua vida útil. Muitos materiais como o vidro, o papel, o metal, o plástico, tecidos e decomponham. componentes eletrônicos são recicláveis. A reciclagem requer grande gasto de energia. 2. Comércio Justo – 8. Reciclado – Se refere a produtos que sejam sido desenvolvidos em um entorno que garanta condições dignas de trabalho, uma remuneração justa e o desenvolvimento Produtos desenvolvidos para utilizar a grande quantidade de materiais descartados sustentável de postos de trabalho para artesãos e outros trabalhadores envolvidos. em produtos usados e/ou que atingiram o final de sua vida útil, com a intenção de prevenir que matérias primas potencialmente úteis sejam descartadas. Os produtos podem receber certificações como a da Fairtrade Foundation. 9. Boa Gestão de Recursos – 3. De Origem Local – Gestão de recursos naturais de forma a manter um ritmo de uso que permita sua O emprego de materiais de origem local evita o transporte aéreo, economiza energia e reduz materiais de embalagem, além de favorecer o fomento a indústrias regeneração. Produtos com materiais de fonte renovável certificados se aplicam a definição. Exemplo: FSC – Forest Stewardship Council. locais. Muitas pessoas são conscientes dos benefícios implicados ao consumo de alimentos de origem local, os mesmos benefícios podem ser ampliados ao emprego de materiais. 4. Baixo Consumo Energético – Produtos desenvolvidos de forma a garantir que durante o processo de fabricação e uso economizam os gastos de energia. 5. Poucos resíduos – Produtos desenvolvidos com a preocupação de gerir a quantidade de desperdício. Utilizam-se técnicas de reutilização, reciclagem e otimização de cortes para reduzir o volume de resíduos da produção. 6. Sem Substâncias Tóxicas – Produtos fabricados com materiais de cultivo ecológico ou produtos que não contém componentes químicos danosos a saúde e ao meio-ambiente. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Glossário de estratégias e recursos de design para a sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Pré-produção - Referência Fuad-Luke, 2009. ! 1. Projetos Adaptáveis – 9. Desmaterialização – Artefatos / espaços projetados de forma a garantir sua fácil adaptação frente às eventuais mudanças futuras. Processo de converter produtos em serviços. "! 10. Durabilidade – 2. Participação Ativa de Cidadãos – Projetos que encorajam cidadãos a tornarem-se proativos ao lidarem com Projetos com foco na facilitação da manutenção ou reparo de produtos de usabilidade ampliada ou com aumento da vida útil. problemas contemporâneos desafiadores, sejam sociais, ambientais, econômicos e/ou políticos. 11. Eco consciência – 3. Ante-modismo – Projetos que buscam ampliar a consciência do usuário sobre problemas sociais e ambientais. Projetos que evitam estilos modistas temporários. 12. Eficiência energética e/ou energeticamente autossuficiente – 4. Ante-obsolescência – Produtos e serviços que minimizem o consumo de energia durante o ciclo de vida. Um projeto que prevê o fácil reparo, manutenção e melhoria para evitar a obsolescência devido a mudanças tecnológicas ou estético-formais. 13. Melhorias ergonômicas – 5. Tecnologia apropriada/intermediada – Encorajar melhor utilização, funcionalidade e acesso universal. Projetos que utilizam níveis tecnológicos apropriados para as condições 14. Estendendo ou expandindo tradições culturais e/ou artesanais – econômicas, políticas, ambientais e sócio-culturais locais. Projetos desenvolvidos sobre narrativas locais e tradições que gerem baixo 6. Unicidade – impacto nas condições sociais e ambientais locais. Garante caráter distinto ao projeto diferenciando-o de projetos de produção em 15. Análise do Ciclo de Vida – massa assim, criando um valor distinto. 7. Projetos Carbono Neutro ou Zero Carbono – Cálculo das principais áreas de impacto ambiental de um produto ou edificação e subsequente esforço para minimizá-los durante o desenvolvimento do projeto. Projetos com emissões nulas de dióxido de carbono em todo seu ciclo de vida. 16. Economia local / foco em empregabilidade – 8. Design Clássico – Criação de produtos ou edificações que geram empregos locais e/ou nutram a economia local usando de suas matérias primas e recursos. Criação voltada para a durabilidade sócio-cultural. 17. Produto Inacabado ou produto participativo – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ! #! ! Projetos que insiram a contribuição do usuário para montagem, finalização ou Utilização de medidas alternativas aos combustíveis fósseis, devido ao impacto execução do produto. O objetivo é aprofundar os laços entre o usuário e o produto a partir da participação desse no processo de construção. subsequente e o aumento de valor destes perante a diminuição das reservas globais. 18. Uso de sistemas naturais e mimetismo – 25. Re-humanização tecnológica – Projetos que utilizam-se da biomimética, biônica, ecologia, sistemas naturais e/ou Assegurar-se que tecnologias sejam dotadas de traços de revitalização das baseiem-se nos ciclos naturais. dimensões da vida humana experienciais e emocionais. 19. Processo aberto ou Open Source – 26. Retenção de técnicas artesanais / habilidades manuais – Projeto acessível a um grande público. Aberto para garantir que o projeto possa ser Projetos que estimulem uma base de processos diversificada. $! melhorado a partir da contribuição da comunidade envolvida, facilitando a inovação. 27. Produto reutilizável – 20. Personalização – Permitir a personalização de produtos pelo usuário afim de criar uma ligação Produto que possa ser reutilizado no fim de sua vida útil de forma idêntica, similar ou para novo uso. emocional mais duradoura e ampliar a vida do produto. 28. Design de serviços – 21. Sistema produto-serviço – Substituição de produtos por serviços, principalmente sob demanda, ao invés de Criação de serviços associados a produtos de forma a ampliar o uso, facilitar a produtos de propriedade individual. melhoria e reduzir impacto ambiental durante o ciclo de vida. 29. Design social – 22. Produto Retornável – Aumentar o convívio social, interação, coesão e regeneração de indivíduos e Um sistema em que produtores aceitam receber de volta produtos que tenham comunidades. atingido o fim de sua vida útil para que componentes e/ou materiais possam ser reutilizados ou reciclados. Esta estratégia pode mudar efetivamente a essência do projeto de produto fazendo com que mediadas como o design para desmontagem e 30. Redes sociais – o design para montagem sejam estudadas. Projetos que estimulem a troca social de ideias, técnicas e objetos aumentando o capital social e a capacidade de indivíduos e comunidades. 23. Aumento de informações – 31. Design sinérgico e simbiótico – Informar sobre nossas condições sociais e ambientais. Projetos que que encontram sinergia ou simbiose na natureza e ajudam a 24. Reduzir a dependência em combustíveis fósseis – regeneração de da ecologia e ecossistemas locais. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ! %! Pré-produção / Seleção de Materiais - Referência FuadLuke, 2009. 32. Design universal – 1. Materiais 100% reciclados – Aplicação de práticas, componentes, materiais e tecnologias amplamente aceitas Projetos que utilizam-se totalmente de materiais reciclados, não usando materiais para a ampliação do uso a uma vasta gama de usuários finais. 33. Uso de capacidade de produção existente – Utilização de tecnologias, materiais e processos de produção existentes e dotados de baixo impacto ambiental para produção de novos produtos. virgens e, assim, conservando recursos (finitos) e minimizando o esgotamento dos mesmos. 2. Materiais abundantes da litosfera/geosfera – Materiais inorgânicos como rochas, argila, minerais e metais da crosta terrestre. 3. Materiais Biodegradáveis – Decompostos pela ação de microrganismos como bactérias e fungos. 4. Culturas de Biomassa – Materiais biológicos baseados em carbono derivados de organismos vivos ou recentemente vivos. 5. Biopolímeros – Plásticos derivados de plantas. Biopolímeros podem ser compostados e retornar a natureza. 6. Materiais Bioregionais – Materiais encontrados na bio-região local, reduzindo distancias de transporte e o uso de materiais de outras regiões com capacidades ecológicas diferentes; pode-se ampliar trocas econômicas para comunidades locais. 7. Fontes certificadas – Materiais independentemente certificados e rotulados como originários de fontes sustentavelmente geridas, de materiais reciclados ou de acordo com selo de sustentabilidade nacional/internacional. 8. Materiais livres de agentes químicos – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! &! ! '! Materiais livres de agentes químicos comprovadamente nocivos, poluentes ou 16. Ficha de Dados de Segurança de Material (Material Safety Data Sheets - MSDS) tóxicos, como compósitos orgânicos voláteis. - 9. Materiais compostáveis – Materiais cujas especificações foram definidas em conferencias internacionais reconhecidas. Podem ser decompostos por microrganismos como bactérias ou fungos para liberação de nutrientes e matéria orgânica. 17. Monomaterial ou material único – 10. Materiais Duráveis / Extremamente Duráveis – Uso de um único material para um produto ou componente facilitando a reciclagem no fim do ciclo de vida do produto. Materiais resistentes projetados para não quebrar ou estragar e sobreviver a toda vida útil do produto e além. 18. Materiais não tóxicos e não danosos – 11. Materiais Certificados Ecologicamente – Materiais cujo processo extrativo ou processamento não gerem risco a vida ou saúde humana ou a degradação de ecossistemas. Matérias primas brutas ou processadas certificadas de acordo com legislação reconhecida nacional ou internacionalmente. 19. Materiais preciosos – 12. Materiais comercializados de forma justa (Fairtrade) – Materiais que podem servir para assegurar a longevidade sociocultural de um produto ou edificação. Materiais brutos gerados a partir de sistemas de produção ou entidades aliadas a Fundação de Comércio Justo ou afiliados, com a intenção de apoiar os produtores e 20. Materiais recuperados regenerados – comunidades locais. Materiais recuperados de demolições e/ou mudanças do ambiente construído para 13. Materiais leves – reuso. Materiais com alto índice na relação resistência X peso, ou seja, materiais mais 21. Materiais recicláveis – leves e mais duráveis. Materiais utilizados em componentes de produtos que possam ser utilizados em um 14. Materiais de fontes locais – novo produto. Materiais originários de localidades próximas ao local de produção. 22. Reciclagem – 15. Materiais com pouca energia embarcada – Material feito totalmente ou parcialmente a partir de reciclagem de matérias primas. Materiais que necessitam de pouco gasto energético em sua extração e processamento. 23. Materiais Reciclados – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ! (! Materiais que foram processados (limpos, classificados, desfiados, misturados) e, ! )*! 30. Materiais Sustentáveis / de fontes sustentáveis – então remanufaturados. 24. Conteúdo reciclado – Materiais originários de fontes com capacidade de longa duração e/ou geridas de forma a garantir produção adequada sem limitar sua capacidade futura e/ou certificadas como fontes comprovadamente renováveis. Materiais que incluem conteúdo parcialmente reciclado em associação com materiais virgens. Se o material possui 100% de conteúdo reciclado é denominado Material 100% reciclado. 31. Materiais residuais – Materiais feitos a partir de resíduos industriais, da agricultura ou pós-consumo. 25. Redução de uso de materiais – Redução do número de materiais necessários para atender todas as especificações funcionais requeridas pelo projeto. 26. Materiais renováveis – Material que possa ser extraído de fontes que absorvam energia solar para sintetizar ou criar matéria. Estas fontes incluem produtores primários como plantas e bactérias, e secundários como peixes e mamíferos. 27. Simplicidade e veracidade em materiais – Quando o material comunica ao usuário sua origem, natureza e essência, assim, agregando valor ao objeto. 28. Fontes Geridas – Materiais advindos de fontes certificadas e com gestão da cadeia de suprimentos. 29. Gestão da cadeia de suprimentos ( Contratos Publicamente ecológicos) – É o processo de especificação que comprova que bens de consumo ou materiais de fornecedores alcancem padrões mínimos de impacto ambiental. A especificação deve prever que os produtos venham de fontes certificadas reconhecidas como selos ecológicos nacionais e internacionais, conselhos, legislações, padrões de qualidade ambiental, padrões de associações de comercio. Exemplos: FSC – Forest Stewardship Council, ISO 14001. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Fabricação / Produção - Processos de Produção Referência Fuad-Luke, 2009. 1. Ausência de substâncias tóxicas ou danosas – Evitar o uso de substâncias potencialmente danosas a vida humana e a ecossistemas vivos. 2. Produção personalizada: focada para as necessidades do indivíduo – Melhoria de utilidade, função e prazer para o usuário, e, assim, estendendo a vida do ! )"! Método de racionalização e padronização de componentes para facilitar sua união e fixação durante o processo de produção. 9. Design para Desmontagem – Método de desenvolvimento de produtos que facilita, reduz custos e evita a quebra de componentes durante a separação de materiais no fim da vida de produtos, para que possam ser reciclados ou reutilizados. produto. 10. DIY – “Do it Yourself” / Faça você mesmo – 3. Bio-manufatura – Técnicas que utilizam projetos gratuitos ou existentes para execução própria, como Usar a natureza ou sistemas naturais para auxiliar a produção de produtos. projetos baixados da internet. Exemplo: utilização de plantas para produção de biopolímeros (plásticos naturais). 11. Projetos Baixados da Internet – 4. Produção Limpa – Projetos que podem ser encontrados na internet, com planos de corte e/ou vídeos instrucionais para que usuários possam executá-los. Sistemas organizados para reduzir o impacto dos bens manufaturados minimizando os resíduos e emissões no solo, água e atmosfera. 12. Uso eficiente de materiais – 5. Certificação de Gerenciamento de Sistemas Ambientais – Redução de materiais utilizados e minimização de resíduos de produção. Assim como ISO 14001, asseguram padrões específicos com objetivo de minimizar impactos ambientais de sistemas produtivos. 13. Uso de componentes existentes – 6. Produção com ciclo totalmente fechado – Uso de componentes existentes como alternativa ao desenvolvimento de novos componentes. Processo de reinserção de resíduos no sistema produtivo num ciclo continuo sem desperdício, resultando em uma produção mais limpa. 14. Revitalização de tecnologias tradicionais de baixo impacto – 7. Produção /Construção Fria – Métodos que não necessitam de fontes de calor ou pressão e diminuem o consumo de energia e facilitam a desmontagem. 8. Design para Montagem – Utilização de tecnologias artesanais, tradicionais e inerentemente de baixo impacto de forma inovadora e atualizada. 15. Construção leve – Manutenção de aspectos técnicos com redução de materiais utilizados. 16. Produção / Construção / Montagem / Técnicas de baixo consumo energético – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ! )#! ! )$! A montagem final é feita pelo usuário, assim, reduzindo a energia utilizada no Redução de energia requerida para fazer componentes ou produtos. processo de produção e transporte e aumentando o vinculo emocional e a experiência do usuário com o produto. 17. Não tóxico – 25. Construção simples de baixo custo – Uso de materiais e acabamentos naturais, biodegradáveis e não-tóxicos. 18. Consumo reduzido de recursos – Produção simples, com ferramental acessível e processos de baixo gasto energético. Redução de materiais utilizados, principalmente matérias primas extraídas do meio 26. Apoio a iniciativas e comunidades locais – ambiente. Escolha de processos locais, bases locais de produção. 19. Redução de energia abarcada em materiais e construção – 27. Produção sem resíduos – Considerando o processo produtivo como um fluxo de energia, pode-se tentar reduzir a energia total utilizada. Eliminação total de resíduos no processo de produção. 20. Redução de materiais de consumo – Reduzir materiais de consumo usados durante o processo de produção. 21. Redução de resíduos de produção – Atingido através de projetos ou processos mais eficientes, reduzem custos, tempo de produção, e desperdício. 22. Condescendência a regulações e padrões legais – Respeito aos padrões estabelecidos para o setor, e as normas e legislações ambientais vigentes. 23. Edificações reutilizáveis – Edificações modulares desmontáveis, que podem ser transportadas e remontadas em outras localidades. 24. Automontagem – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Fabricação / Produção - Reciclagem e Reuso - Referência Fuad-Luke, 2009. 1. Design para a Reciclabilidade – É uma filosofia de projeto que busca maximizar os atributos positivos de um produto em relação ao meio ambiente, como a sua capacidade de fácil desmontagem, manutenção, reutilização ou remodelagem sem afetar negativamente sua performance ou usabilidade. 2. Design para a Reciclagem – Considera os melhores métodos para permitir a reciclagem de matérias primas e componentes através da facilitação da montagem e desmontagem, assegurando que materiais não sejam misturados e que sejam devidamente rotulados e identificados. 3. Identificação de Materiais – ! )+! Componentes formalmente produzidos para uso específico são reaplicados em outros produtos. 8. Objetos de reuso ou de segunda vida – Qualquer objeto completo reutilizado em um novo produto. 9. Componentes de material único – Componentes feitos de um só material (monomaterial). 10. Uso de produtos/componentes produzidos em massa – Componentes feitos para um produto, reutilizados em um produto novo ou diferente. Ferramenta muito útil para reciclagem pois identifica os materiais aptos a reciclagem. 4. Materiais reciclados na fonte – Uso de resíduos domésticos, de escritórios e fábricas para produção de outros objetos de uso, em loco. 5. Reuso de componentes de fim de vida (remanufatura) – Aproveitar componentes e/ou produtos antigos ou descartados e retrabalha-los de forma a renová-los e retornar ao mercado. 6. Reuso de Materiais – Reuso de materiais sem alteração de seu estado original. Por comparação, a reciclagem comumente envolve a destruição parcial ou reconfiguração do material seguida de uma etapa de reconstrução. 7. Reuso de componentes redundantes – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Distribuição /Transporte - Referência Fuad-Luke, 2009. Uso - Benefícios Sociais - Referência Fuad-Luke, 2009. 1. Produtos de embalagem plana / “flat-pack” – 1. Moradia de custo baixo – Produtos que podem ser estocados de forma plana, maximizando o uso do espaço de estocagem e transporte. Moradia de alta qualidade para setores da sociedade que necessitam de suporte. 2. Meios de transportes alternativos para melhores escolhas de mobilidade – 2. Produtos mais leves – Produtos projetados para serem mais leves, sem detrimento de características Reduz a dependência em produtos de alto impacto ambiental, como carros, e auxilia na ampliação de opções de transporte para grupos específicos. funcionais e desempenho e, como resultado, requerem menos energia para transporte. 3. Produtos que auxiliem o crescimento planejado da população – 3. Redução do uso de energia durante o transporte – Ajuda a manter o equilíbrio entre a população e a oferta de recursos e, assim, diminui a degradação do meio ambiente, a exclusão social e outros problemas de Pode ser atingida por um projeto criterioso do produto maximizando a capacidade caráter público. de estocagem de unidades por área e reduzindo o peso geral dos produtos. 4. Propriedade compartilhada – 4. Embalagens Reutilizáveis – Encoraja a propriedade compartilhada de produtos ao invés da individual, Embalagens que ofereçam proteção adequada a produtos em mais de uma viagem. melhorando a eficiência do uso dos produtos. 5. Automontagem – 5. “Design for need” Design para a necessidade – A montagem final é feita pelo usuário, assim, otimizando o uso do espaço de Conceito que emergiu nos anos 70 promovido principalmente por Victor Papanek. O estocagem e transporte. design para a necessidade se concentra no desenvolvimento de projetos de acordo com as necessidades sociais colocando-as acima da necessidade de bens de consumo baseados em modismos. 6. Provisão emergencial / distribuição de água limpa, potável – Produtos desenvolvidos para reduzir a mortalidade e o índice de doenças e contaminações. 7. Apoio ao comércio local Projetos que encorajem o usuário a utilizar o comércio local. 8. Apoio a reciclagem – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! )(! Produtos desenvolvidos de forma a facilitar a reciclagem. ! "*! Produtos desenvolvidos de forma a minimizar a perturbação e perigo causados por barulhos excessivos. 9. Autossuficiência – 17. Design democrático – Produtos planejados de forma a facilitar a autossuficiência. Produtos que encorajem as pessoas a examinar e implementar suas próprias 10. Acesso comum a fontes de informação – habilidades para idealizar ou construir objetos e produtos. Produtos que permitam e/ou possibilitem a grupos específicos e minorias, o acesso 18. Ferramentas para comunicação e educação – a fontes de informação. 11. Acesso comum a serviços públicos – Projetos que são pro si só, ferramentas par ampliar possibilidades de educação e comunicação. Produtos que possibilitem acesso total a serviços públicos, como o transporte, a grupos específicos e minorias. 12. Melhoria das condições de saúde Produtos que melhorem a qualidade do ambiente local ou pessoal através da remoção de substancias toxicas, purificação do ar, etc. 13. Contratação ao invés de propriedade – Produtos desenvolvidos para serem contratados ou alugados ao invés de vendidos a uma pessoa, gerando um uso mais eficiente. 14. Interação – Produtos que convidem o usuário a interagir, modificar e/ou reformar o projeto original, ampliando a relação ou experiência entre o usuário e o produto. 15. Personalização – Produtos que possam ser facilmente modificados pelo usuário para que satisfaçam a sua personalidade ou seu próprio instinto criativo. 16. Redução de poluição sonora – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Uso - Redução de emissões, poluição e toxinas Referência Fuad-Luke, 2009. Uso - Melhoria da funcionalidade - Referência Fuad-Luke, 2009. 1. Sem CFC’s ou HCFC’s – 1. Customizáveis – Produtos, geralmente associados ao uso de refrigeradores, que não utilizam Descreve um produto que o usuário possa alterar de acordo com sua própria clorofluorcarbonos (CFCs), que são gases de efeito estufa, e também hidro vontade ou necessidade. clorofluorcarbonos (HCFCs), que são gases de efeito estufa e de depreciação do ozônio. 2. Dupla-função – 2. Poder híbrido – Produtos com duas funções primárias. Ao menos uma parte da energia utilizada pelo produto/serviço sejam provenientes de fontes renováveis. 3. Fácil limpeza – Otimização de tempo e de materiais de consumo, podendo estender a vida útil do 3. Redução ou anulação de emissões e poluição da água – produto. Produtos cuja produção e uso evitam ou minimizam emissões de substâncias 4. Produtos emocionalmente duráveis – tóxicas ou nocivas na água. Produtos cuja ligação com o usuário geram um vinculo mais profundo e duradouro 4. Redução ou anulação de emissões e poluição do ar – devido ao uso de recursos como a customização, personalização, interação ou modificação. Produtos cuja produção e uso evitam ou minimizam emissões de substâncias tóxicas ou nocivas no ar, incluindo gases do efeito estufa, hidrocarbonetos, 5. Ergonomia Melhorada – partículas sólidas e substâncias cancerígenas. Produtos que sejam mais fáceis ou confortáveis de usar. 5. Redução ou anulação de substâncias tóxicas ou nocivas – 6. Melhoria da segurança e saúde – Produtos que sejam seguros para o uso por não conter substancias toxicas ou nocivas. Existem listas nacionais e internacionais de substancias banidas, incluindo Produtos que não coloquem em risco a saúde e a segurança do usuário ou promova pesticidas e agentes químicos. Algumas empresas emitem suas próprias listas somando substancias além das relacionadas nas listas a que legalmente estão melhoria da qualidade de vida. submetidas. Ser seguro para o uso humano não quer dizer que o produto seja 7. Melhoria do bem estar social – seguro para plantas, animais, etc. Produtos que encorajem a interação social ou aprofundem experiências de uso. 6. Sem emissões – 8. Melhoria da relação produto-usuário – Refere-se a produtos que não produzem emissões como gases do efeito estufa ou partículas sólidas Produtos com interface simplificada, mais fáceis de se entender e mais divertidos de se usar. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! "#! ! "$! 9. Melhoria da funcionalidade – Produtos que sejam fáceis de se alterar buscando a melhoria através da troca ou Produtos que sirvam a seu proposito de forma mais ampla que produtos anteriores. reposição de componentes. Especialmente importante em produtos tecnológicos. 10. Interatividade / envolvimento do usuário – Engajar as habilidades do usuário no produto ou edificação para melhorar a experiência de uso. 11. Modularidade – Produtos que possam ser configurados de várias formas para se adaptar ao uso devido ao arranjo de módulos. 12. Multifuncional – Um produto capaz de realizar mais de duas funções primárias. 13. Espaço multiuso – Espaço que pode ser utilizado de varias formas assumindo diversos tipos de funções. 14. Portáteis – Produto que seja facilmente transportado para permitir o uso em diferentes locais. 15. Produtos seguros ( não tóxicos ou danosos) – Produtos sem efeitos colaterais a saúde humana. 16.Design universal / inclusivo – Projetos que permitam o acesso a diversos tipos de usuários com habilidades ou restrições variadas. 17. Produtos que possam ser melhorados/aprimorados – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Uso – Aumento da longevidade / vida útil do produto Referência Fuad-Luke, 2009. Uso – Redução do consumo de energia - Referência FuadLuke, 2009. 1. Design para facilitar a manutenção – 1. Conservação de energia – Produtos com boas instruções e fácil acesso para manutenção. Produtos projetados para prevenir o desperdício de energia. 2. Produtos Duráveis – 2. Eficiência energética – Produtos que sejam duradouros, através de materiais fortes e alta qualidade de Produtos projetados para usar a energia de forma eficiente. produção, assim resistentes durante o uso. 3. Selos de padrões de energia – 3. Design para facilitar o reparo – Produtos certificados em níveis de conservação de energia, autossuficiência Produtos de fácil montagem / desmontagem para facilitar o reparo em caso de energética e eficiência energética. quebra ou mau funcionamento de um componente. 4. Energia neutra – Produtos que geram a quantidade de energia que necessitam para funcionamento. 5. Produtos movidos a energia humana – Produtos que utilizam energia fornecida pelo corpo humano. 6. Híbridos – Produtos que combinam duas ou mais fontes de energia. 7. Eficiência energética melhorada – Produtos que ampliam o resultado de uso ou funcionalidade por unidade de energia utilizada. 8. Sistemas de controle energéticos integrados – Conservação, geração, ou eliminação de energia utilizada em produto a partir do uso de sistemas de controle baseados em sistemas integrados. 9. Sistemas de transporte inteligentes ou integrados – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! "&! Sistemas de transporte que permitam que uma gama de produtos de mobilidade Uso – Reciclagem e redução de desperdício na produção Referência Fuad-Luke, 2009. seja utilizada, oferecendo escolhas aos usuários. 1. Embalagens /containers recicláveis – 10. Voltagem baixa – Embalagens e containers feitos de materiais que possam ser reciclados. Produtos capazes de operar em suplementos energéticos de 12v ou 24v ao invés de 2. Redução do uso de materiais de consumo – voltagens mais altas. Produtos que reduzam o suo de materiais de consumo como papéis, tintas, baterias 11.Iluminação natural – e pilhas, óleos e detergentes. Produtos que incentivem o uso da iluminação natural ao invés do consumo de energia. 3. Embalagens / containers reutilizáveis – Embalagens e containers que possam ser utilizados para repetidas viagens. 12. Recarregáveis – Produtos que incentivem a reutilização de baterias e pilhas através de recarga reduzindo descartes e consumo de materiais. 13. Energia renovável – Eletricidade gerada por produtos que convertem a energia do sol, ventos, água ou calor geotermal da crosta terrestre. 14. Energia solar (passiva) – Produtos que produzem calor ou luz a partir da energia do sol. 15. Energia solar (geração) – Produtos que gerem eletricidade pela absorção da energia do sol. Geralmente incluem produtos equipados com painéis fotovoltaicos. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Uso – Aprimoramento do uso da água - Referência FuadLuke, 2009. Descarte / Fim de vida / Nova vida - Referência FuadLuke, 2009. 1. Conservação da agua – 1. Conservação de espaços de aterro – Produtos que reduzam o uso da água e/ou facilite a sua coleta. Produtos que se decomponham ou que possam ser reciclados, reutilizados ou remanufaturados evitando o envio a aterros. 2. Geração de água (água fresca) – 2. Cradle2Cradle ( do berço ao berço) – Produtos que gerem água fresca através de superfícies contaminadas ou lençóis subterrâneos, água marinha ou água saturada do ar. Protocolo estabelecido por William McDonough Braungart Chemistry (WMBC), EUA, que certifica a extensão do ciclo de vida e o fim da vida estratégicos para atingir produção limpa, reciclagem e gestão de esgotamento de recursos. 3. Extensão da vida do produto – Dar a um produto/objeto existente uma nova concessão de vida por renovação, adicionando novos elementos, reparando, reconfigurando ou outras abordagens de design que permitam ao produto não ser descartado. 4. Encorajar compostagem local / biodegradação local de resíduos – Produtos que possam decompostos localmente pelo usuário, assim, economizando a energia de transporte para a coleta de resíduos e amenizando o impacto nos aterros de despejo. 5. Responsabilidade de produção / Produto retornável – Um sistema em que produtores concordam em aceitar o retorno de produtos que tenham atingido o fim da sua vida útil, assim, podendo ser desmontados e componentes ou materiais possam ser reutilizados ou reciclados. 6. Reciclagem – Produtos que sao desenvolvidos para ser facilmente reciclados, através do uso de um so material, ou por ser facilmente desmontados em componentes ou materiais que possam ser reciclados. 7. Remanufaturados – Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! #)! Produtos que sejam facilmente desmontados para renovação ou para configurar Outras estratégias – Gestão Ambiental e sistemas corporativos - Referência Fuad-Luke, 2009. novos produtos. 1. Produtos Certificados 8. Reutilização – 2. Selos ambientais Produtos que possam ser facilmente reutilizados para o mesmo propósito ou para Selos que confirmem que os produtores estão coerentes a padrões certificados de um propósito novo, ou sejam facilmente desmontáveis para a coleta de componentes ou materiais para serem reutilizados. redução de impacto ambiental para produção de determinado produto. 3. Selos e certificações independentes Variedade de selos dedicados a produtos que se enquadrem em padrões específicos de redução de impacto ambiental, inclusão de materiais reciclados, materiais e componentes de fontes geridas e renováveis. 4. Politicas ambientais corporativas Afirmação escrita pela empresa, definindo sua postura em relação ao meio ambiente com regular avaliação ao longo do tempo. A existência de uma politica ambiental corporativa geralmente indica a inclusão de sistemas de gestão ou o uso de técnicas e estratégias ambientais para o dia-a-dia. 5. Gestão ambiental e auditorias EMAS Sistema de gestão ambiental independente que opera na União Europeia. 6. ISO 14001 Padrão internacional para gestão ambiental mantido pela Organização de Padrões Internacionais (ISO) em Genebra, na Suíça. Novos padrões estão sendo desenvolvidos para Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040) e selos ambientais e ecológicos (ISO 14021). 7. ISO 9001 Padrão internacional de qualidade mantido pela Organização de Padrões Internacionais. 8. Produtos amigos dos animais Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ##! Produtos produzidos sem causar danos a saúde de animais. 9. Conservação de recursos da terra Uso de espaços urbanos subutilizados, ou locações não produtivas, ao invés de Classificação de estratégias de Design para a Sustentabilidade - Referência Proctor, 2009. 1. Biodegradável – Se aplica a produtos cuja natureza orgânica permite que possam ser devolvidos a terra ao fim de sua vida útil com a intenção de que organismos vivos os construir novas instalações em áreas virgens, rurais ou de agricultura. decomponham. 10. Encorajamento da produção de comida 2. Comércio Justo – Produtos que promovam a produção caseira de comida. Se refere a produtos que sejam sido desenvolvidos em um entorno que garanta 11. Encorajamento da conservação e biodiversidade condições dignas de trabalho, uma remuneração justa e o desenvolvimento sustentável de postos de trabalho para artesãos e outros trabalhadores Produtos que auxiliem ou promovam a conservação e diversidade como resultado Os produtos podem receber certificações como a da Fairtrade Foundation. de uma politica ambiental corporativa ou da gestão da cadeia de suprimentos ou, envolvidos. ainda, do uso de materiais de fontes geridas. 3. De Origem Local – 12. Pegada ecológica reduzida O emprego de materiais de origem local evita o transporte aéreo, economiza Redução de inputs e outputs de materiais e energia per capita para um produto. locais. Muitas pessoas são conscientes dos benefícios implicados ao consumo de alimentos de origem local, os mesmos benefícios podem ser ampliados ao 13. Não uso de materiais geneticamente modificados emprego de materiais. Não utilização de culturas geneticamente modificadas ou de derivados. 4. Baixo Consumo Energético – 14. Proteção contra a erosão do solo Produtos desenvolvidos de forma a garantir que durante o processo de fabricação Produtos utilizados para evitar ou reduzir a erosão do solo a partir da agua ou do energia e reduz materiais de embalagem, além de favorecer o fomento a indústrias e uso economizam os gastos de energia. vento. 5. Poucos resíduos – 15. Economia de espaço Produtos desenvolvidos com a preocupação de gerir a quantidade de desperdício. Minimizar os requisitos de espaço per capita. o volume de resíduos da produção. Utilizam-se técnicas de reutilização, reciclagem e otimização de cortes para reduzir 6. Sem Substâncias Tóxicas – Produtos fabricados com materiais de cultivo ecológico ou produtos que não contém componentes químicos danosos a saúde e ao meio-ambiente. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! #%! 7. Reciclável – Produtos que podem se converter em fonte de matéria prima ao final de sua vida útil. Muitos materiais como o vidro, o papel, o metal, o plástico, tecidos e componentes eletrônicos são recicláveis. A reciclagem requer grande gasto de energia. 8. Reciclado – Produtos desenvolvidos para utilizar a grande quantidade de materiais descartados em produtos usados e/ou que atingiram o final de sua vida útil, com a intenção de prevenir que matérias primas potencialmente úteis sejam descartadas. 9. Boa Gestão de Recursos – Gestão de recursos naturais de forma a manter um ritmo de uso que permita sua regeneração. Produtos com materiais de fonte renovável certificados se aplicam a definição. Exemplo: FSC – Forest Stewardship Council. Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade. ! ! Apêndice B – Imagens do Site e da Interface do Experimento 1.! ! TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado para participar, como voluntário, em uma pesquisa para um trabalho acadêmico em nível de mestrado. Após ser esclarecido das informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento. Em caso de recusa você não participará da pesquisa. Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Aluno Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken RG: MG.12.654.366 Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG Contato: 31-9776.5515 – 31-3504.8089 [email protected] Objetivos e esclarecimentos da pesquisa O objetivo desta pesquisa é desenvolver um modelo para avaliar a percepção dos usuários a respeito de recursos de design para a sustentabilidade presentes em produtos. Para avaliar a eficiência deste modelo, estamos realizando um estudo experimental que tem o propósito de avaliar produtos de design selecionados para a pesquisa, sendo: um mobiliário e um utensílio. Os participantes responderão a dois questionários. Garantimos resguardar suas informações pessoais, não as divulgando de nenhuma forma. As imagens serão utilizadas para fins acadêmicos, ou seja, para ilustrar o experimento no documento de dissertação do mestrado e artigos técnico-científicos. Entretanto, a identificação pessoal dos participantes será preservada, não aparecendo rostos ou outros sinais pessoais característicos. Eu, ____________________________________, RG nº__________________ , abaixo assinado, concordo voluntariamente em participar do estudo acima descrito. Declaro ter sido devidamente informado e esclarecido sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa. Foi-me garantido que não sou obrigado a participar da pesquisa e posso desistir a qualquer momento, sem qualquer penalidade. Belo Horizonte, ___ de ______________de 2012. _________________________ (Assinatura - Participante Voluntário) Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido! ! ! ! Questionário 1 – Perfil, Interesse e Experiência Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG Workshop Persus ____________________________________________________________________________ Experimentos desenvolvidos para Designers e Usuários avaliarem os aspectos sustentáveis das estratégias de design adotadas em produtos. 1. Sexo: ☐ Feminino ☐ Masculino ☐ Viúvo 2. Qual sua idade? ☐ 18 a 25 anos ☐ 26 a 30anos ☐ 31 a 40 anos ☐ 41 a 50 anos ☐ 51 a 60 anos ☐ mais de 60 anos 6. Você Reside: ☐ Sozinho ☐ Com amigos ☐ Com meus pais ☐ Com meu esposo(a) e filhos ☐ Outros_________________ 3. Grau de Instrução: ☐ Sem escolaridade ☐ 1º Grau ☐ 2º Grau ☐ Técnico. Área:______________ ☐ Tecnólogo. Área:____________ ☐ Superior Incompleto__________ ☐ Superior Completo___________ ☐ Especialização____________ ☐ Mestrado_______________ ☐ Doutorado______________ ☐ Outros_________________ 4. Qual sua ocupação ou profissão? _______________________! Nome: 5. Estado Civil: ☐ Solteiro ☐ Casado ☐ Desquitado ☐ Separado ☐ Divorciado E-mail: Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário 7. Sua renda familiar mensal é: ☐ menos de R$ 1.000,00 ☐ de R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 ☐ de R$ 3.001,00 a R$ 6.000,00 ☐ de R$ 6.001,00 a R$ 12.000,00 ☐ mais de 12.000,00 8. Você dá importância a aspectos de sustentabilidade ao adquirir produtos? ☐ Sim ☐ Não 9. Você possui algum produto que considere sustentável? ☐ Sim ☐ Não _____________ 10. Tenho interesse em: ☐ Livros de design ☐ Livros de Sustentabilidade ☐ Sites e blogs de design ☐ Sites e blogs de sustentabilidade ☐ Novidades em design ☐ Novidades em sustentabilidade ☐ Tenho pouco interesse nestes assuntos ☐ Outros interesses_________ Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! 3.1 – Observe os recursos listados no quadro e os produtos apresentados abaixo. Na sua opinião, a qual produto os recursos listados estão associados? ( 1 = Mio ; 2 = Molo ) ! ! ! ! ! ! a) Material de fonte renovável. ! b) Material reciclável. ! c) Monomaterial (material único). ! d) Material biodegradável. ! e) Material reciclado. ! f) Utilização de processos existentes para novos propósitos. ! g) Baixo consumo energético. ! h) Manutenção de bases locais de produção. ! i) Redução de tamanho. ! j) Biodegradável. ! k) Multifuncionalidade / Flexibilidade. ! l) ! m) Sem elementos tóxicos. ! n) Poucos Resíduos. ! 3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira mais assertiva, o produto abaixo? ! a) Biodegradável, reciclável; b) Monomaterial, Biodegradável, Redução de tamanho/peso; Leve / Uso eficiente de materiais. ! ! ! ! Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário c) Material de Fonte Renovável, Utilização de processos existentes para novos propósitos, Baixo Consumo Energético, Manutenção de bases locais de produção; ! Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! 3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira mais assertiva, o produto abaixo? ! a) Biodegradável, Poucos Resíduos, Reciclável, Reciclado; ! 4.1 – Observe os recursos listados no quadro e as fases do ciclo-de-vida de um produto. Na sua opinião, a qual fase do ciclo-de-vida do produto os recursos listados estão associados?! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! N° b) Monomaterial, Biodegradável, Redução de tamanho/peso; ! ! ! ! c) Material Reciclado e Reciclável, Multifuncional / Flexível, Leve / Uso eficiente de materiais, Sem elementos tóxicos; 1. 2. 3. 4. 5. Pré-fabricação / Planejamento Processo de Fabricação Transporte / Estocagem Uso Descarte Recursos! ! ! a) Material de fonte renovável. ! b) Material reciclável. ! c) Monomaterial (material único). ! d) Material biodegradável. ! e) Material reciclado. ! f) ! g) Baixo consumo energético. ! h) Manutenção de bases locais de produção. ! i) Redução de tamanho. ! j) Biodegradável. ! k) Multifuncionalidade / Flexibilidade. ! l) ! m) Sem elementos tóxicos. ! n) Poucos Resíduos. Utilização de processos existentes para novos propósitos. Leve / Uso eficiente de materiais. ! Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Apêndice D – Questionário do Experimento 2! Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! ! Glossário de Recursos de Design para a Sustentabilidade: MONOMATERIAL – Utilização de apenas um material no produto. BIODEGRADÁVEL – Característica que permite a um material ser decomposto pelos microorganismos usuais no meio-ambiente. Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG Atividade Final Persus ____________________________________________________________________________ Este questionário deverá ser preenchido levando em conta o Glossário anexado associado ao contato direto com os produtos estudados. Leia atentamente as descrições contidas no glossário e manuseie os produtos livremente para melhor compreensão. RECICLADO - Materiais que foram processados (limpos, classificados, desfiados, misturados) e, então remanufaturados. RECICLÁVEL – Materiais que possam ser processados (limpos, classificados, desfiados, misturados) e, então remanufaturados. MATERIAL DE FONTE RENOVÁVEL - Material que possa ser extraído de fontes que absorvam energia solar para sintetizar ou criar matéria. Estas fontes incluem produtores primários como plantas e bactérias, e secundários como peixes e mamíferos. REDUÇÃO DE PESO / TAMANHO – Melhoria de características físicas do produto como peso e volume para aumentar capacidade de transporte e estocagem, economizando espaço e energia utilizada para deslocamento. POUCOS RESÍDUOS – Gestão responsável de resíduos gerados durante a produção, seja pela redução significativa ou pela reutilização destas sobras em outros componentes ou produtos. Atingido através de projetos ou processos mais eficientes, reduzem custos, tempo de produção, e desperdício. UTILIZAÇÃO DE PROCESSOS EXISTENTES PARA NOVOS PROPÓSITOS - Utilização de tecnologias artesanais, tradicionais e inerentemente de baixo impacto de forma inovadora e atualizada. BAIXO CONSUMO ENERGÉTICO - Redução de energia requerida para fazer componentes ou produtos. MANUTENÇÃO DE BASES LOCAIS DE PRODUÇÃO - Escolha de processos locais, bases locais de produção. Nome: SEM ELEMENTOS TÓXICOS - Produtos que sejam seguros para o uso por não conter substâncias tóxicas ou nocivas. E-mail: MULTIFUNCIONAL / FLEXÍVEL - Um produto capaz de realizar mais de duas funções primárias ou capaz de otimizar seu uso para diferentes ocasiões / necessidades. LEVE / USO EFICIENTE DE MATERIAIS - Produtos projetados para serem mais leves, sem detrimento de características funcionais e desempenho e, como resultado, requerem menos energia para transporte. Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! 3.1 – Observe os recursos listados no quadro e os produtos apresentados abaixo. Na sua opinião, a qual produto os recursos listados estão associados? ( 1 = Mio ; 2 = Molo ) ! ! ! ! ! ! a) Material de fonte renovável. ! b) Material reciclável. ! c) Monomaterial (material único). ! d) Material biodegradável. ! e) Material reciclado. ! f) Utilização de processos existentes para novos propósitos. ! g) Baixo consumo energético. ! h) Manutenção de bases locais de produção. ! i) Redução de tamanho. ! j) Biodegradável. ! k) Multifuncionalidade / Flexibilidade. ! l) ! m) Sem elementos tóxicos. ! n) Poucos Resíduos. ! 3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira mais assertiva, o produto abaixo? ! a) Biodegradável, reciclável; b) Monomaterial, Biodegradável, Redução de tamanho/peso; Leve / Uso eficiente de materiais. c) Material de Fonte Renovável, Utilização de processos existentes para novos propósitos, Baixo Consumo Energético, Manutenção de bases locais de produção; ! ! ! ! Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! 3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira mais assertiva, o produto abaixo? ! 4.1. - Você considera o produto apresentado na imagem um produto sustentável? Em caso positivo, quais destes recursos conferem ao produto seu caráter sustentável? ! ! o Sim, com certeza. a) Biodegradável, Poucos Resíduos, Reciclável, Reciclado; o Acredito que sim. o Não sei dizer. o Acredito que não. o Não, com certeza. b) Monomaterial, Biodegradável, Redução de tamanho/peso; c) Material Reciclado e Reciclável, Multifuncional / Flexível, Leve / Uso eficiente de materiais, Sem elementos tóxicos; Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário o Material. o Processo Produtivo. o Uso. o Transporte / Estocagem. o ! ! ! ! Descarte. ! Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! ! 5.1. – Como você se sente ao experimentar o produto abaixo? 4.1. - Você considera o produto apresentado na imagem um produto sustentável? Em caso positivo, quais destes recursos conferem ao produto seu caráter sustentável? A figura abaixo contém 14 diferentes emoções positivas e negativas. Por favor marque um “X” em uma ou mais como no exemplo: NÃO DEMORE A RESPONDER, SUA OPINIÃO DEVE SER IMEDIATA. ! o Sim, com certeza. o Acredito que sim. o Não sei dizer. o Acredito que não. o Não, com certeza. o Material. o Processo Produtivo. o Uso. o Transporte / Estocagem. o Descarte. Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário ! 5.1. – Como você se sente ao experimentar o produto abaixo? ! 6.1. – Como você avalia sua percepção em relação aos aspectos sustentáveis dos produtos antes e depois de experimentá-los? A figura abaixo contém 14 diferentes emoções positivas e negativas. Por favor marque um “X” em uma ou mais como no exemplo: Marque nos diagramas abaixo o grau de impacto positivo ou negativo em relação aos aspectos de sustentabilidade envolvidos. NÃO DEMORE A RESPONDER, SUA OPINIÃO DEVE SER IMEDIATA. Antes Muito Negativo Negativo Neutro Positivo Muito Positivo Negativo Neutro Positivo Muito Positivo Negativo Neutro Positivo Muito Positivo Negativo Neutro Positivo Muito Positivo Depois Muito Negativo Antes Muito Negativo Depois Muito Negativo Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário Apêndice E – Questionário do Experimento 3! Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário