ISSN: 1981 - 3031
EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS NO USO DE MÍDIAS PELO PROFESSOR DA
EJA NOS PRESÍDIOS ALAGOANOS
Patricia Maria dos Santos1
E-mail:[email protected]
Resumo
O presente artigo trata das experiências obtidas durante o ensino no 2º segmento da EJA no
Sistema Prisional de Alagoas e dos desafios encontrados pelo professor ao se deparar com
as dificultadas dos alunos em compreender os conteúdos vistos em sala de aula. E para tanto
foi desenvolvido esse estudo para mostrar a população acadêmica, bem como a outros
profissionais da educação, os resultados obtidos com a utilização de mídias durante as aulas
- contando com o auxílio de atividades e questionários para acompanhar o desenvolvimento
dos alunos -, e a contribuição desses recursos para auxiliar o profissional de educação para
desenvolvê-las. Para isso, foram utilizados durante as aulas das disciplinas de História e de
Ensino Religioso a TV/DVD, agregado ao lúdico com exibição de filmes, e textos impressos
relacionado aos temas vistos como recurso metodológico, que ao longo do percurso mostrou
resultados satisfatórios obtidos com o complemento dos estudos com questionários e
discussões, revelando o posicionamento crítico de muitos alunos sobre os conteúdos
estudados.
PALAVRAS-CHAVE: Experiências. Mídias. EJA. Sistema Prisional.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo trata das experiências obtidas durante o ensino das
disciplinas de História e Ensino Religioso de novembro de 2013 a agosto de
2014, a uma turma de 28 alunos (internos) no 2º segmento do ensino
fundamental da EJA no Sistema Prisional de Alagoas2 – em particular o
Núcleo Ressocializador da Capital -, e dos desafios encontrados pelo
professor ao se deparar com as dificultadas dos alunos em compreender os
conteúdos vistos em sala de aula, já que não é suficiente o uso do livro
didático para desenvolver o ensino-aprendizagem de forma homogênea para
indivíduos com diversidades de conhecimento escolar e de vida, de forma a
exigir do professor a busca de meios para efetivar esse ensino, mesmo que
alguns métodos não contemplem a todos, como fala Rosa (2008, p. 225)
1
Professora monitora (Secretária da Educação do Esporte de Alagoas) das disciplinas de
História e Ensino Religioso no Sistema Prisional da Capital e Escola Estadual Pastor Tavares
Souza, Acadêmica da Especialização em Mídias na Educação (Universidade Federal de
Alagoas) e graduada em História – Licenciatura Plena (Universidade Federal de Alagoas).
2
Localizado na cidade de Maceió – Alagoas.
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“Mesmo assim, por mais que se busque a homogeneidade, em sua essência,
isto não é possível”.
Assim como na EJA ou como em qualquer outra modalidade de ensino,
para facilitar o aprendizado e aguçar o interesse dos alunos se faz necessário
por parte do professor a utilização de recursos metodológicos, como mostra
COSTA, COSTA e LOPES “Por isso, os conteúdos, as funcionalidades, os
métodos e os procedimentos devem ser diferenciados” (...). E um desses
recursos seria as mídias, para a realização de atividades por eles, bem como
o seu desenvolvimento didático-pedagógico e crítico sobre o conteúdo
estudado, de forma a tornar o aprendizado dinâmico e atrativo aos alunos que
nesta modalidade de ensino requerem, além da seguridade do direito a
educação, o acesso a mais recursos midiáticos que as demais modalidades,
já que muitos destes alunos não frequentaram a sala de aula durante a faixa
etária escolar adequada, devido a vários fatores como:
A necessidade de trabalhar ou como neste caso, a privação à
liberdade. Como trata (GADOTTI, 2009, p. 19) “Ao estabelecer como
prioridade de atendimento do direito à educação os grupos sociais mais
vulneráveis, devemos incluir aí as pessoas analfabetas e também as privadas
de liberdade.”
A educação nos presídios tem por objetivos, cumprir com o direito ao
acesso a educação a todos, conforme trata a Constituição Federal de 1988
em seu artigo 6º “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a
maternidade, a família, a assistência aos desamparados.”. E também a oferta
de ensino àqueles que, devido a determinadas circunstâncias não tiveram ou
foram impedidos de frequentarem a escola, através do ensino da modalidade
EJA como mostrado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº
9.394/96 em seu artigo 37 “A educação de Jovens e adultos será destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria.”
Além destas leis acima citadas que garantem o direito de acesso a
educação a estes excluídos, temos também em nosso estado a Resolução nº
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18/2002 – CEE/AL que regulamenta e assegura a Educação de Jovens e
Adultos no Sistema Estadual de Ensino do Estado de Alagoas em seu art. 2º.
A Educação de Jovens e Adultos destina-se àqueles que não
tiveram acesso à escola ou nela não puderam permanecer até a
conclusão do Ensino Fundamental e/ou Médio, com interrupção da
continuidade da sua escolarização regular no tempo adequado.
(RESOLUÇÃO N. 18/2002 – CEE/AL)
E a Resolução nº 02/2014 – CEE/AL, que oferta a educação Básica e
Superior
nas
modalidades
de
Educação
de
Jovens
e
Adultos,
Profissional/Tecnológica e a Distância para àqueles privados de liberdade no
Sistema Prisional de Alagoas, que veio em seu artigo 1º.
Estabelecer, na forma desta resolução, as normas reguladoras para
a oferta de educação básica e superior, nas modalidades de
Educação
de
Jovens e
Adultos
–
EJA,
Educação
Profissional/Tecnológica e Educação a Distância – EAD, para
jovens e adultos privados de liberdade, extensivas aos presos
provisórios, condenados do sistema prisional e àqueles que
cumprem medidas de segurança. (RESOLUÇÃO N. 02/2014 –
CEE/AL)
A Resolução acima é regulamentada pela Resolução n.º 02/2010 –
CNE de Diretrizes Nacionais para a oferta de Educação para jovens e adultos
em situação de privação de liberdade nos sistemas prisionais, no que cabem
também, as propostas de criação de metodologias para fomentar o ensinoaprendizagem, como trata seu Art. 5º.
Os Estados, o Distrito Federal e a União, levando em consideração
as especificidades da educação em espaços de privação de
liberdade, deverão incentivar a promoção de novas estratégias
pedagógicas, produção de materiais didáticos e a implementação de
novas metodologias e tecnologias educacionais, assim como de
programas educativos na modalidade Educação a Distância (EAD),
a serem empregados no âmbito das escolas do sistema prisional.
(RESOLUÇÃO N.º02/2010 – CNE)
E com base nessas orientações e na necessidade em motivar os
alunos a participarem das discussões e desenvolver o ensino-aprendizagem é
que foram utilizadas determinadas mídias durante as aulas, que mais se
assemelhassem a modalidade de ensino, ao ambiente e tipo de aluno, como
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por exemplo, televisão/vídeo - para exibição de filmes e documentários e
material impresso como reportagens, apesar de existir recursos tecnológicos
mais modernos, como o uso da internet, mas que, no entanto confrontaria as
regras de segurança do Sistema Prisional.
E por isso foi desenvolvido esse trabalho para experimentar o uso de
mídias em sala de aula, analisar ao final do processo de obtenção de dados
os resultados do desempenho dos alunos após essa utilização e mostrar a
importância da contribuição dessa utilização no ensino-aprendizagem em sala
de aula.
E neste caso em particular do aluno interno, essas estratégias são
ainda mais necessárias, já que o profissional de ensino terá que conquistar o
interesse do aluno pelo aprendizado e mostrar que isso será importante para
a sua vida fora do cárcere e não só para a remissão de pena.
Para tanto o processo de elaboração do referido artigo foi composto de
estudo descritivo, baseado em pesquisa de campo com abordagem
quantitativa, através de consulta aos principais personagens do estudo por
meio de aplicação de questionários para avaliar o desempenho dos alunos no
processo de aprendizagem e contando com auxílio de recursos midiáticos,
como documentários e textos impressos, agregando a estes o lúdico com a
exibição de filmes.
2 O USO DA TV/DVD NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS DO SISTEMA
PRISIONAL DE ALAGOAS
As mídias como recurso pedagógico têm por objetivo auxiliar o
professor no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. E saber escolher
o que se vai utilizar em sala de aula é primordial para o sucesso desse
processo, não só para o desenvolvimento desse trabalho, mas principalmente
o de ensinar. Utilizar tal ferramenta pode não ser uma tarefa fácil para o
professor, seja por receio de manuseá-las, como no caso da TV/DVD, ou por
rejeição do aluno pelo uso dessa mídia e para não ocorrer isso deve haver
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entre professor e aluno um espaço aberto para falar sobre as dificuldades de
cada um.
E comigo não foi diferente, primeiro por sentir dificuldades em fazer os
alunos compreenderem os conteúdos, depois encontrar meios para sanar
essa problemática e por último, receio deles não aprovarem esse uso e
recusarem fazer as atividades propostas relacionadas aos conteúdos vistos
com o auxílio dos referidos recursos. Porém, ao longo do processo esses
temores foram vencidos.
A TV como meio de informação presente no lar de quase toda a
população também pode e deve ser utilizada como método de ensinoaprendizagem durante as aulas, através da escolha de programas que
apresente conteúdos socioculturais, como o filme Tempos Modernos e o
Documentário sobre o Tabagismo visto mais adiante. O uso da mídia
impressa, como texto jornalístico, também contribui para o contato dos alunos
a esse meio de comunicação, já que a leitura de jornais, revistas, etc., não faz
parte da rotina da maioria dos indivíduos, seja por condições financeiras ou
por falta de habito de lê.
O uso destes textos tinha como objetivo envolver os alunos ao estudo,
através da leitura e analise crítica de temas atuais que circundam na
sociedade, como o texto da reportagem sobre a intolerância religiosa, que
objetivava despertar neles uma posição crítica-reflexiva a cerca do
comportamento dos indivíduos relacionando à temática, sendo capaz de
propor medidas para solucionar tal problemática, como visto logo abaixo.
2.1 Relatos da experiência do uso da TV/DVD como recurso midiático no
ensino de História
Para auxiliar os estudos sobre o assunto O mundo do trabalho com
ênfase na Segunda Revolução Industrial e nas relações de trabalho visto na
disciplina de História, foi utilizado o lúdico como auxílio da TV/DVD através da
exibição do Filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin para serem
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discutidas as questões que envolvem o desenvolvimento industrial e das
questões trabalhistas em contexto com as condições de trabalho atualmente
vividas pelos trabalhadores - principalmente no que se referia a comemoração
ao dia 01 de maio, dia do trabalhador momento em que foi feita essa exibição
-, como por exemplo, as conquistas a direitos trabalhistas que até então não
os beneficiavam, como a longa jornada de trabalho e o contato com trabalhos
com movimentos repetitivos prejudiciais ao trabalhador, ponto bastante
observado pelos alunos, já que segundo eles já executaram trabalhos dessa
forma.
Outro momento do filme bastante discutido foi a questão do curto
intervalo de tempo reservado aos operários para o descanso e para as
refeições, que segundo eles:
...não permitia os operários descasarem e recuperarem as forças para voltar
ao trabalho, dificultando a execução das funções e diminuindo a produção de
cada um...(aluno M.)
Segundo alguns alunos:
...foi o excesso de trabalho que fez com que o operário, representado por
Charlie, fosse internado no hospital, assim como acontece ainda hoje, não
sendo só apenas dessa forma mas de outras também com problemas
psicológicos entre outros...(aluno M.)
Eles ainda falaram sobre o posicionamento opressor da maioria das
empresas assim como o proprietário da fábrica do filme, que além do excesso
de trabalho realizam outros abusos como:
...as emprezas que pagam muito pouco e ezigem demais das pessoas que
não tiverão a oportunidade de crescer nos estudos ou por sofrimento da vida,
então os emprezarios aproveitam essas pessoas leigas e fazem delas de
escravos, colocando para trabalhar sem carteira fichadas ultrapassando do
horário previsto em leis e sem ter um pouco de dignidade em outros aspectos
dentro das leis trabalhistas...infelizmente nossos representantes das leis
estão com os olhos vendados para estas cosias mas bem abertos para
outras, como os desvio de verbas e propinas pagas por grandes empresários.
(aluno V.)
Segundo os alunos:
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...a realidade do mundo hoje professora é que o capitalismo quer um
trabalhador que dê produção sem levar em conta as horas extras
trabalhadas.(aluno C.)
2.2 Relatos da experiência do uso da TV/DVD e mídia impressa como recurso
midiático no Ensino Religioso
Dentro da disciplina de Ensino Religioso foram trabalhados conteúdos
voltados a questões sociais e coletivas, como por exemplo, o combate ao
fumo, tema abordado no Projeto Interdisciplinar realizado em comemoração
ao dia mundial do combate ao tabaco (dia 31 de maio) evento que durou toda
a semana com atividades voltadas a temática sob o comando da coordenação
e dos professores do Sistema Prisional com objetivo de conscientizar os
internos dos perigos do uso do tabaco a saúde do usuário bem como das
despesas causadas a saúde pública para o seu tratamento.
Para tanto foi exibido o Documentário Tabagismo 3 – produzido pela
TVJUSTIÇA -, seguindo o cronograma de atividades da semana de combate
ao tabaco elaborado pela coordenação do Núcleo Ressocializador da Capital,
assim como nas escolas de ensino regular , também programou uma semana
de atividades em relação a temática para conscientizar os internos sobre os
males causados a saúde pelo uso do fumo.
A realização do Projeto Interdisciplinar sobre o Tabagismo foi de suma
importância para desenvolver o processo de aprendizagem dos internos, já
que ele proporcionou a interação e envolvimento destes por meio de relatos
feitos sobre casos vividos por eles ou por parentes, de forma a tornassem
também interlocutores de suas histórias como mostram CRUZ, FIREMAN,
MELO e MERCADO.
Essa aprendizagem torna a relação de ensino-aprendizagem um
processo dinâmico, possibilitando a formação de sujeitos
participativos e autônomos, criando-se, assim, a possibilidade de
desfazer a forma de aula tradicional em que só o professor tem o
3
http://www.youtube.com/watch?v=pj-JqW1UT9Y. Acesso em 30 abril 2014.
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que falar, em que ele apresenta os conteúdos e os alunos apenas
ouvem. (CRUZ, FIREMAN, MELO e MERCADO, p.112, 2007).
No referido documentário trabalhamos além da questão das doenças
relacionadas ao fumo e ao usuário ativo e passivo, também discutimos outros
pontos e curiosidades, como por exemplo, a de que o fumo matou 5 milhões
de pessoas no século XX e que a estimativa para esse século será de 100
bilhões, índice de mortes maior do que ocasionados pelas guerras,
informação que deixou os alunos pensativos sobre o poder destrutivo do
fumo, onde determinado aluno comparou o fumo a uma arma de guerra.
...profesora o fumo é arma de guerra... (aluno M.)
Outro tópico discutido pelos alunos foi a questão sobre a porta que se
abre pelo tabaco para o uso de outras drogas, como a maconha e o craque,
onde eles iniciaram uma discussão e levantando dúvidas se o fumo de fato
contribui para o consumo de outros entorpecentes. Neste momento o aluno Y
falou sobre a questão da:
...influência causada por fumantes ativos àqueles que não possuem o vício e
também daqueles que querem parar, mas não conseguem...
Abrindo outro ponto de discussão sobre a questão da força de vontade
ou de motivo para parar com o vício, em que muitos foram a favor de que é
possível parar, momento em que o aluno J. falou.
...mas a vontade tem que partir do próprio usuário e que de nada resolve está
em uma clínica para tratamento se não houver força de vontade do indivíduo,
assim como também parar de consumir outras drogas...
E já que estávamos falando da questão da influência de outras
pessoas no uso dessa droga, fiz um questionamento referente à influência no
circulo de amizades de jovens, e eles falaram:
...nessa fase o contato com vício é ainda mais rápido por causa da questão
de se manter nestes círculos, de mostrar status e que eles se deixam levar
pela vaidade mais fácil que os adultos, já que os adultos começam a fumar
geralmente pelo stress do dia a dia...
Outro objetivo da discussão levantada por outro aluno foi com o intuito
de chamar a atenção dos alunos sobre os danos causados pelo tabaco no
seio familiar e na sociedade.
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...que o vício deste é tido pelas organizações ligadas a saúde como uma
epidemia e que devido a esse fato deve-se criar medidas para sanar o
problema e não só apenas cuidar dos enfermos atingidos por ele, ou seja, tem
que se combater o tabaco antes mesmo do seu uso pelo indivíduo, através de
políticas públicas, como campanhas preventivas.(aluno V.)
Depois da exibição do documentário e das discussões envolvendo o
tema foi apresentada aos alunos uma atividade para relacionar as
consequências advindas com o uso do tabaco ao usuário direto e a sociedade
em geral e em seguida sugerir medidas para o combate de sua livre
comercialização e uso. Para alguns alunos:
...o cigarro é uma arma letal que vai matando aos poucos quem o consome e
que as consequências para quem faz o uso dessas substâncias compostas
de vários componentes químicos são doenças na maioria das vezes
incuráveis, como o câncer de pulmão e de faringe e em outras observações
feitas por eles perpetuou a preocupação com o fator da impotência sexual
também causada pelo uso do tabaco.
Segundo alguns alunos:
...o governo deveria adotar uma medida de emergência para observar e
cuidar dos doentes que fazem uso do cigarro, como uma medida que
conscientizasse a população e a proibição definitiva do uso de cigarros nos
restaurantes, bares, shopping, baladas, empresas nos hospitais etc., e que o
senado ou a câmara deveria fazer um projeto de lei mais eficaz para penalizar
quem fumasse nesses lugares (aluno C.)
Outros alunos abordaram não só o que foi pedido no questionário, mas
também casos particulares na família de fumantes, como do aluno X que
relatou com pesar a trajetória de fumante do seu tio que quase perdeu a vida
por causa do vício ao combater um câncer de garganta e das sequelas
deixadas pelo fumo como cansaço e o sistema abalado.
Eu tenho...um tio...que quase perdeu a própria vida por causa do sigarro que
deixou ele com muitas cequelas como cançasso...nervoso abalado e o pior
teve que lutar contra um câncer de garganta. (aluno X.)
X diz que:
...o documentário fala a pura verdade professora e que ele é mais uma forma
de conscientizar a todos os fumantes e que só quem tem alguém na família é
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que sabe o sofrimento e as consequências de quem é viciado no
cigarro.(aluno X.)
O aluno X fala que:
o Estado tem que investir cada dia mais em clínicas especializadas em
combater o cigarro e em ajudar pessoas que vivem na dependência dele com
palestras em todas as partes do Brasil.
Ainda na disciplina de Ensino Religioso utilizei durante uma aula um
texto impresso de uma reportagem sobre intolerância religiosa 4, intitulado:
Católicos e mulçumanos vão apoiar a retirada de vídeos da internet de
intolerância religiosa, feito pela repórter Isabela Vieira da Agência Brasil
publicado no dia 11 de junho de 2014, em que sugeri a cada aluno que
fizesse uma leitura do texto e depois fizesse uma reflexão sobre do que ele
tratava.
Dentro desse texto foram discutidos vários temas como a questão de
intolerância religiosa dentro das escolas, no que diz respeito a direito de
cultuar sua crença ou opção religiosa, que segundo o texto alguns
profissionais da educação ainda não concordam com esse ato por parte do
aluno, como menciona o babalorixá Ivanir Santos na reportagem, “Uma
menina foi discriminada uma semana depois daquele episódio. Quando ela
disse que era candomblecista, a professora de religião disse que não era
religião e era ilegal”.5
Nesse momento discuti com os alunos sobre o direito de cultuar sua
crença que é amparado pela constituição Federal de 1988 no seu art. 5º,
inciso VI que diz “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei,
a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.” (CF. 1988, p. 09). E que
neste caso a professora que discriminou a aluna teria se equivocado, já que a
4
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-06/catolicos-e-mulcumanos-apoiam-retirada-devideos-de-intolerencia-do-ar. Acesso em 26 maio 2014.
5
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-06/catolicos-e-mulcumanos-apoiam-retirada-devideos-de-intolerencia-do-ar. Acesso em 26 maio 2014.
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atitude da aluna em relação a sua opção religiosa está ampara por lei, fato
que eles também concordaram.
Durante as discussões, os alunos estenderam o assunto sobre a
divulgação
desses
vídeos
da
propagação
da
intolerância
religiosa
relacionando a problemática da divulgação de imagens íntimas de pessoas
por rackers ou até mesmo por pessoas ligadas as vítimas dessa ação que
como mencionei que ela também é considerada crime e amparada pela
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, inciso X que diz: “são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação”. E em contra partida o aluno Z falou que:
o código civil também punia quem fizesse uso de imagens de pessoa sem o
seu consentimento para prejudicar essa pessoa ou até mesmo lucrar com
essa utilização.
Como menciona o código civil em seu artigo 20.
Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça
ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se
destinarem a fins comerciais. (Código civil, 2002)
Apesar de 95% dos alunos aprovarem, e principalmente demonstrarem
através das atividades a contribuição positiva desses recursos ao dizer que
ficava mais fácil para estudar, fazer provas e trabalho, observei que 5% dos
alunos ainda possuem algumas dificuldades em colocar no papel as
conclusões tiradas dos conteúdos após o uso das mídias, como mostra o
gráfico abaixo.
GRÁFICO 1 – Percentual de alunos que não alcançaram o nível de
compreensão e exposição de ideias como os demais.
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80
70
60
50
40
30
20
10
0
Excelente
Razoável
Bom
Fonte: a autora
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da realização desta pesquisa através das experiências
empíricas com as mídias em sala de aula para a elaboração deste artigo, foi
possível constatar o aumento da participação dos alunos do 2º segmento da
EJA do Sistema Prisional de Alagoas nas atividades que antes não havia
através das discussões relacionadas aos temas propostos e também a
descoberta de conhecimentos e experiências de vida de alguns deles, que até
então estavam guardados e principalmente o avanço na qualidade da
compreensão dos conteúdos em que determinados momentos alguns deles
foram além do solicitado, demonstrando a capacidade de compreender e
criar.
Através da leitura e análise das respostas dos internos sobre os
conteúdos trabalhados com o auxílio dos recursos mediáticos, pude observar
que além de compreender a mensagem que as mídias trazem, eles também
possuem uma visão crítica a cerca dos pontos que cercam os conteúdos,
como por exemplo, sobre a influência do capitalismo na trajetória da vida dos
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indivíduos,
assim como
na
sociedade,
bem
como
no
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avanço do
desenvolvimento de produção textual para expressar suas opiniões.
O resultado desse trabalho mostrou a necessidade da elaboração de
aulas diversificadas com o auxílio de recursos metodológicos, como as
mídias, para oferecer aos alunos um ambiente de aprendizado mais dinâmico
e atrativo de forma a aguçar a sua curiosidade, como fala MONTEIRO,
PORTELA, ARAÚJO e FIGUEIREDO:
“A curiosidade epistemológica apresentada é parte integrante do
fenômeno da vida. Sem ela, não haveria criatividade, pois é a
curiosidade de que nos leva a criar e recriar, acrescentando ao
mundo algo que construímos.” (MONTEIRO, PORTELA, ARAÚJO E
FIGUEIREDO, 2013, p. 11)
E estimulando-o a refletir sobre a temática abordada trazendo-a para o
cotidiano e buscando alternativas para desvendá-las por meio das suas
experiências e conhecimento adquiridas no decorrer da sua vida como
mostra, MONTEIRO, PORTELA, ARAÚJO e FIGUEIREDO.
Os alunos, ao chegarem à escola, já trazem uma bagagem de
saberes construídos na comunidade em que vivem. Daí, a
necessidade dessa instituição valorizar tais conhecimentos,
relacionando-o ao ensino dos acontecimentos a serem trabalhados
na sala de aula. (MONTEIRO, PORTELA, ARAÚJO E
FIGUEIREDO, 2013, p. 10).
Para obter um bom resultado na pesquisa foi importante não só a
seleção das mídias, mas também a elaboração de questões concisas e
coerentes com a temática abordada e principalmente instigadora para
provocar no aluno a necessidade de refletir sobre a problemática
apresentada, de forma a trazê-la para o seu dia a dia.
Portanto se faz necessário por parte do professor buscar recursos que
viabilizem o desenvolvimento dessa parcela dos excluídos através de
momentos descontraídos durante as aulas que mais se adéquem as alunos
de forma a ressaltar suas habilidades, suas experiências de vida, seu senso
crítico e sua intelectualidade direcionando-as para o desenvolvimento escolar
e individual enquanto cidadão.
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REFERÊNCIAS
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Resolução n. 02/2010 – CNE. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de
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http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=14906&Itemid=866.
Acesso em 01 agosto 2014.
Resolução Normativa n. 02/02014 – CEE/AL. Dispõe sobre a oferta de Educação
Básica e Superior, nas modalidades de Educação de Jovens e Adultos,
Profissional/Tecnológica e a Distância, para pessoas privadas de liberdade, nos
estabelecimentos penais do Estado de Alagoas e dá outras providências correlatas.
Disponível em: http://cee.al.gov.br/legislacao/atos-normativos/resolucoescee/Res%20no%2002-2014%20Educacao%20nas%20Prisoes%20Corrigida.pdf.
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ISSN: 1981 - 3031
Resolução n. 18/2002 – CEE/AL. Regulamenta a Educação de Jovens e Adultos no
âmbito do Sistema Estadual de Ensino de Alagoas e dá outras providências.
Disponível em http://www.educacao.al.gov.br/legislacao-1/resolucoes-e-conselhos.
Acesso em 01 agosto 2014.
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