Todos temos responsabilidades para que o mundo seja um lugar mais justo para todos e todas nós. Um mundo de paz e solidariedade só poderá ser alcançado através do reconhecimento e da celebração da nossa diversidade. A diversidade cultural constitui património comum da humanidade, a ser valorizado e cultivado em benefício de todos e todas. Além disso, é um dos principais motores do desenvolvimento sustentável das comunidades, povos e nações. A diversidade cultural somente poderá ser protegida e promovida se estiverem garantidos os direitos humanos e as liberdades fundamentais, tais como a liberdade de expressão, informação e comunicação, bem como a liberdade de escolha e prática das suas expressões culturais. A animação “Todos iguais Todos diferentes” é uma jornada através da temática da diversidade cultural. Procuramos dar a conhecer as diferentes tradições, estilos de vida e dinâmicas sociais de 3 continentes: África, América Latina e Europa, através dos olhos das crianças. O acesso à educação, alimentação, transportes e vida familiar são os cenários em que se concentra a animação. O conjunto de atividades que se seguem são um completo à visualização do filme. Através da pintura, escrita e raciocínio procuramos introduzir a temática da diversidade junto das crianças entre os 4 e os 6 anos. Esta atividade foi produzida no âmbito do projeto “Redes para o Desenvolvimento: da Geminação a uma Cooperação mais Eficiente” executado pelo IMVF em parceria com a Câmara Municipal de Loures, a Câmara Municipal da Marinha Grande, o Fine+p e o Fondo Galego de Cooperación e Solidariedade. Conta com o financiamento da Comissão Europeia e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua para além do apoio institucional da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Imagens: Carlos Germano Inspiração para questões e atividades: Cadernos de atividades pedagógicas Porto-Editora Elaboração: IMVF ANIMAÇÃO DISPONÍVEL EM: http://www.youtube.com/watch?v=dETsRIEz7T8 O ALFABETO :: AS LETRAS DE A a Z A B C D ARCO BOLA CASA DENTE E F G H ELEFANTE FAMÍLIA GIRAFA HISTÓRIA I J K L ÍNDIO JANELA KUDURO LAGO M N O P MONTE NANDÚ OUVIR PATO Q R S T QUEIJO RIO SOL TABANCA U V W Y URIL VITÓRIA WAFFLE YOGA X Z XAILE ZEBRA OS NÚMEROS DE 0 A 20: A numeração Árabe e Romana O ZERO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 UM DOIS TRÊS QUATRO CINCO SEIS SETE OITO NOVE DEZ I II III IV V VI VII VIII IX X 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ONZE DOZE TREZE QUATORZE QUINZE DEZASSEIS DEZASSETE DEZOITO DEZANOVE VINTE XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX Observa as imagens com atenção e numera-as respeitando a ordem dos acontecimentos. Pinta a sequência O Manuel adora brincar com a Bola. Pinta o desenho, respeitando o código de cores 1 2 3 4 5 6 7 7 1 4 2 6 3 5 Uma chuva de bolas de sabão rodeiam o Manuel. Une as bolas de sabão de 10 a 0, por ordem decrescente. 6 2 7 9 3 1 0 10 5 4 8 Descobre na sopa de letras as palavras dadas ESTEIRA ESCOLA JOGO ALDEIA ARCO CANECA PESCA RIO SINO TABANCA M E R A L D E I A G L S S L P E S C A O N T A B A N C A J A E E S C R I O S O S S I N O C S L C G E U R O M O M A O O N C A N E C A A A B E A cada uma destas palavras foi retirada uma letra. Qual será? ÁRVOR_ _SCOLA P _ IX _ 1, 2, 3...lá está o peixe a saltar outra vez. Escreve todos os números pares por cima do peixe e todos os números ímpares por debaixo do peixe. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Rodeia nas palavras a letra X XAILE XADREZ XAROPE XILOFONE A Maria caminha diariamente para a escola. Ajuda a Maria a colorir os seus passos. Pinta com a cor assinalada a quantidade de quadrados indicados na etiqueta. 3 5 2 4 1 SUGESTÃO DE ATIVIDADE :: Fale com os seus alunos sobre os diferentes meios de transporte utilizados para chegarem à escola. :: Identifique a realidade em diferentes países na América Latina e em África onde as crianças caminham, por vezes por mais de 1 hora, para chegar à escola. :: Realçe a importância da educação para a erradicação da pobreza, capacitação de meninas e mulheres, acesso ao emprego e à inovação. Conta as figuras em cada desenho e coloca na etiqueta o número correto. Acaba de colorir os desenhos. Observa com atenção as imagens da rotina destes amigos antes de irem para a escola. Ordena-as de 1 a 4 e acaba de colorir o desenho. Somar é juntar. Pinta as meninas que estão juntas e escreve na etiqueta o número que corresponde ao total de meninas. 1 1 + = Observa, pensa e completa + = + + + + 2 = + + = SUGESTÃO DE ATIVIDADE Água fonte de vida. Aborde com os seus alunos a importância da água e do seu consumo responsável. 1. Chuveiro ligado por 15 minutos = 135 litros 2. Para ter acesso a 10 litros de água, as mulheres em África percorrem em média 6 km diários a pé = equivalente a 60 relvados dos estádios de futebol 3. Oceanos, rios e lagos cobrem 75 % do planeta = Subtrair é tirar. Observa, pensa e completa 3 1 = 2 E tu o que gostas de brincar. Desenha na caixa o teu brinquedo favorito SUGESTÕES DE ACTIVIDADE ATIVIDADE 1 Leitura de uma História :: Doçura O prazer da leitura Edição conjunta de FNAC/Teorema publicado por ocasião do Dia Mundial do Livro 23 de Abril 2007 (excerto) A Doçura Anita vende a doçura em frascos. Enche-os de compota de fruta, tapa-os e cola-lhes uma etiqueta, mas, em vez de escrever compota disto ou compota daquilo, de mirtilos ou de pêssego, de marmelo ou de morango, arredonda a letra e escreve apenas Doçura. Senta-se no passeio com os frascos defronte, expostos no asfalto, junto aos pés, e não lhe faltam clientes. A compota vende-se muito bem e ninguém regressa para reclamar: quem compra julga que a doçura está toda nos olhos de Anita. Anita vende, pois, a doçura que tem no olhar e a doçura que embala nos frascos de vidro. É isso o que faz, sentada no passeio defronte do Mercado Sucupira, pelo menos desde que desistiu de escrever poemas. Na escola, a professora de Anita não se cansava de lhe gabar a delicadeza das composições que escrevia. A mestra ordenava às crianças que escrevessem uma composição sobre isto ou aquilo, sobre a Primavera ou sobre o ilhéu defronte da baía da Gamboa, e o que Anita fazia era sempre igual: escrevia no topo da folha pautada a palavra Composição com essa mesma letra indecisa e pequena que hoje lhe serve para escrever Doçura nas etiquetas dos frascos de doce — e depois deixava que a cabeça a levasse para longe, para o mundo impalpável das coisas que estão escritas nas páginas dos livros. Escrevia sobre bosques impenetráveis e montanhas verdejantes, sobre belos guerreiros medievais e cidades de prédios muito altos, ainda que não houvesse na ilha nenhuma das coisas que descrevia e, por isso, ela nunca tivesse visto bosque algum, nenhuma paisagem alpina ou um príncipe que fosse. E um dia, mais do que gabar-lhe a composição e afagar-lhe a carapinha, a professora disse: — Um dia ainda vais ser poeta, Anita. E Anita conseguiu imaginar que era poeta, que escrevia livros iguais aos que gostava de ler à noite, quando a luz faltava na Praia e a cidade voltava a ser um sítio apenas iluminado por candeias e velas. Cresceu, por isso, julgando que, um dia, escreveria poemas e frases bonitas sobre a sua ilha e que as crianças das outras partes do mundo leriam o que escrevesse e sonhariam com a baía morna onde, às vezes, a lua cheia vem namorar o mar — do mesmo modo que eu, estando longe, vejo Anita sem sequer a ver. Estou num sítio ao Norte do mundo, no Inverno, longe do mar, num prédio alto e cinzento, igual aos que Anita imagina quando tem que escrever uma composição sobre A Cidade. Não vejo, de onde estou, o Mercado Sucupira, nem essa Avenida de Lisboa em cujo passeio Anita se senta para vender a Doçura. Nesta janela, tendo defronte apenas as janelas gémeas de um prédio igual, encosto a face ao vidro da varanda e adivinho o frio que faz lá fora (todo o frio me parece muito desde o dia perverso em que o Verão termina). Invento o frio e encolho ainda mais dentro do corpo. É aqui, porém, que, encostado ao vidro que me separa do Inverno, espero que venha o raio morno que o sol derrama quando se eleva acima da massa sombria dos prédios da cidade. Então, e por um instante, fecho os olhos, esqueço o Inverno e imagino que ainda é Verão, que a cidade lá fora é a Praia e que Anita está sentada no passeio a vender Doçura desde o dia em que soube que não seria poeta. Ora a invejo, ora me enterneço com a doçura que guarda e com o modo que tem de a entregar ao mundo, ali sentada no passeio escalavrado da Avenida de Lisboa: agita uma revista velha diante do peito para se refrescar e põe a mão em pala diante dos olhos (para que o sol não derreta o açúcar que neles há). As outras pessoas passam e vêem Anita vendendo a Doçura em frascos. Muitas param para comprar: uns levam apenas a compota, outros vêm pela imensa doçura que há nos olhos da menina-moça, pelo sorriso imenso que o rosto dela desenha. Eu, que não vejo Anita, vejo claramente o riso dela, o lenço branco que Anita tem enrolado na cabeça, a camisa cor-de-rosa, as argolas douradas que tem nas orelhas, a saia de chita, o chinelo de plástico que abriga os pés dela. Imagino até que, às vezes, Anita lance no ar um pregão tímido — Nha leba doçura pa casa que o barulho do trânsito o abafa. Que, quando regressar a casa depois de ter vendido todos os frascos, Anita levará o dinheiro apertado na mão, firmemente, feliz por ter vendido toda a compota — e triste por não ter podido ser poeta. Vai caminhando de cabeça erguida, devagar, como se o seu andar fosse uma pausa entre a ida veloz dos passos de uns e a vinda apressada dos passos dos outros. Não escuta os piropos dos rapazes, não ouve o barulho da cidade: vai inventando poemas que não escreverá jamais, pois cedo a mãe lhe explicou que — Não é poeta quem quer, é poeta quem a vida deixa. Poesia de pobre é comida na mesa para encher barriga. Quando a noite vem e não há luz na Praia, quando o zumbido das coisas eléctricas cessa e se pode escutar o murmúrio da terra e os sussurros da vizinhança, Anita debruça-se na janela da casa e fica a contemplar o corisco breve das estrelas. Imagina poemas que não escreve e inventa paisagens nevadas, belos príncipes crioulos montados em alazões, cidades de altíssimos prédios onde todos se conhecem pelo nome próprio e se cumprimentam à tardinha quando regressam a casa — tudo pode ser visto nas estrelas diante da janela do quarto de Anita. Quando aí está, esperando que os pontos luminosos da noite se ordenem e inventem mundos, Anita pensa que ainda é poeta, que são poemas as frases com que imagina príncipes crioulos e cidades imensas de vidro e aço. Sonha os livros que escreveria se não fosse menina pobre e a vida tivesse permitido que o vaticínio da velha mestra se concretizasse. (— Um dia ainda vais ser poeta, Anita) Às vezes, pensando nisto, Anita ainda se entristece. Olhando-a a partir da minha janela do país onde é quase sempre Inverno, vejo que as estrelas se lhe reflectem no orvalho dos olhos. Vejo isto e enterneço-me. Daqui longe fecho os meus olhos e sussurro bem baixinho a única verdade que existe — para que ela a oiça: que não há no mundo todo maior poema do que vê-la, sentada no passeio, a vender a Doçura que tem nos frascos. E nos olhos. (excerto) Manuel Jorge Marmelo :: CHICO Chico vive numa aldeia perdida num dos muitos países de África. Podia ser em Angola, no Senegal ou no Ruanda. Podia chamar-se Chico, Abuabar ou N’gouda. Há muitos Chicos em África. Chicos de olhos brilhantes e pés descalços, com a cabeça povoada de sonhos, com vontade de ter um futuro para viver. Como quase todos os seus companheiros, Chico levanta-se bem cedinho pela manhã. Ajuda a mãe a tratar das duas cabrinhas, Flor e Kenchú, e só depois parte para a escola. Chico gosta particularmente de Flor. Foi ele quem lhe pôs o nome, no mesmo dia em que ela chegou à palhota, apertada nos braços fortes do pai, ainda mal se segurando nas patinhas frágeis, e a berrar pela mãe. Fora um vizinho que lha dera, como forma de pagar a ajuda no arranjo da cabana. Na primeira noite, Flor berrou todo o tempo a chamar pela mãe e nem deixava que Kenchú a tentasse acalmar, lambendo-a. Deitado na sua esteira, Chico não conseguia adormecer. Entendia tão bem a cabrinha! O pai dele arranjara trabalho longe, lá na cidade, e só podia vir a casa de quinze em quinze dias. Às vezes, para fazer mais algum dinheiro, ficava fora mais tempo. Quando chegava a hora de regressar à cidade, o pai dizia-lhe que se portasse como o chefe da casa e que devia obedecer à mãe. Como se fosse preciso dizer-lho! Ele bem sabia que a mãe, com o trabalho na fazenda do Sr. Macedo, com os gémeos de três anos e Linita, de oito, não podia fazer tudo, e precisava da ajuda dele. De todas as vezes que o pai partia, Chico ficava triste o resto do dia, mas depois passava. Quando a saudade lhe enchia o peito até cima e parecia querer saltar pelos olhos, apertava na mão com muita força o seixo que o pai lhe dera naquela tarde em que Chico pescara o maior peixe da sua vida. O pai explicara-lhe que tinha arranjado na cidade um bom trabalho, mas que ia deixar de poder vê-los todos os dias. Depois, metera a mão na água e tirara dois seixos, os mais bonitos que Chico alguma vez vira, e colocou-lhe um na palma da mão. — Quando tiveres muitas saudades minhas, apertas com força esta pedrinha. A tua saudade vai passar para a minha pedra e eu vou recebê-la e tu vais sentir-te acompanhado. Em certas ocasiões, as saudades eram tantas que acabavam por conseguir irromper para fora e duas lágrimas teimosas, quentes e grossas, deslizavam suavemente pela face castanha-escura de Chico. Ah, como ele compreendia a cabrinha malhada com a manchinha branca na testa! Esgueirou-se para fora da palhota sem acordar os pais e os irmãos que dormiam, saiu para a noite quente e húmida e entrou na cabana dos animais. Passou a noite inteira deitado ao lado de Flor, que se acalmou e acabou por adormecer com a cabeça poisada no peito de Chico. No dia seguinte, já aceitou de bom grado o leite que Kenchú lhe oferecia. Os pais estranharam a mudança mas, durante algum tempo, a causa dessa transformação ficou um segredo entre Chico, Flor e Kenchú. Só depois de ordenhadas as cabras e de lhes ter deitado de comer, é que Chico saía para a escola. À saída da aldeia encontrava-se com Djimbu e Mkembé, os seus dois melhores amigos, e juntos faziam o caminho até à escola das Missões. Ir à escola era o que Chico mais gostava. O seu maior sonho, já segredado para dentro das orelhas de Flor e contado ao pai, durante uma tarde de pesca, era, um dia, poder ensinar outros meninos como ele a ler e a escrever. E haveria de trabalhar tanto, que iria até conseguir dinheiro para comprar uma bicicleta novinha para os irmãos, igual a uma que vira um dia. Bem, do que ele gostava mesmo, mesmo, era de um dia poder ter um carro como o do Sr. Macedo, o dono da fazenda onde a mãe às vezes ia trabalhar. Mas esse era o seu maior segredo e ainda nem se atrevera a contar a ninguém, nem mesmo a Flor. Claro que, se o contasse a Djimbu ou a Mkembé, eles também iam querer, e deixava de ser um desejo só dele… De cada vez que o Sr. Macedo vinha à casa grande, somente de tempos a tempos, Chico ficava parado no caminho a observar o grande carro branco e brilhante, tão brilhante que, quando o sol cintilava nos vidros, até fazia doer os olhos, e assim ficava perdido no seu segredo. Ao chegar à escola, Chico notou um alvoroço desacostumado. Alguns homens em manga de camisa transportavam caixas para dentro do edifício da escola. Pareciam todos muito bem dispostos, e até o Palhinhas, o cão acastanhado do professor, soltava latidos alegres e abanava a cauda, bem disposto. Chico, Djimbu e Mkembé estugaram o passo. Que confusão! Quando a velha furgoneta partiu, deixando a velha escola atafulhada de caixas, sentaram-se, de pernas cruzadas no chão e o professor deu início à abertura das caixas. Era uma encomenda vinda da Europa com uma oferta de material para a escola. Perante o olhar fascinado das crianças, o professor foi retirando, com largos gestos teatrais mas sinceros, folhas soltas, restos de cadernos, cadernos e blocos novos e usados. Chico nem queria acreditar! Aquele material podia não ser novo, mas para eles isso não tinha a menor importância e era-lhes muitíssimo útil. Quem o enviara parecia adivinhar exactamente aquilo de que estavam a precisar! O professor continuou a retirar lápis, lápis novos e usados, restos de lápis, lápis de cor – que bonitas as cores! – canetas – eram tão poucas as que lhes chegavam à escola! – borrachas que apagavam o que o lápis escrevia. Mas o melhor de tudo vinha no último caixote… Quando o professor o abriu, o rosto iluminou-se num sorriso. Muito lentamente, como um mágico que tira um coelho da cartola, o professor foi erguendo o braço. As crianças, mortas de curiosidade e com os olhos a brilhar, sustinham a respiração. O professor mostrou… Livros!! Livros com imagens cheias de cor! Chico sentiu o coração a bater mais rápido. Parecialhe que estava a viver um sonho e só tinha medo de que a mãe o acordasse naquele momento. Livros! Chico era capaz de ficar horas a fio mergulhado e perdido nas páginas de um livro. Ainda não tinha lido muitos. Só três dos meros vinte que constituíam a magra biblioteca da escola. Podia ser muito reduzida, mas os meninos achavam-se importantes por os terem e manuseavam-nos carinhosamente e com muito cuidado. Chico tinha lido os três mesmo até ao fim, e tantas, tantas vezes, até saber as histórias de cor e poder contá-las à noite, em volta do lume, à mãe, ao pai e aos irmãozinhos, que o escutavam com os grandes olhos castanhos muito abertos de espanto e com a respiração suspensa. Se Chico pudesse, levaria um daqueles para casa para lhos ler. Ficariam certamente ainda mais orgulhosos dele. Se algum dia conseguisse ganhar dinheiro, haveria de poupar até conseguir juntar o suficiente para comprar um grande livro de histórias ou de aventuras para ler aos irmãos. O maior e o mais grosso que houvesse à venda. Os pensamentos de Chico foram interrompidos pela passagem do professor. Já tinha partido os lápis em pedaços mais pequeninos, que distribuía naquele momento pelos alunos. Cada um ia encaixar o seu pedacinho de lápis numa caninha ou num pau para conseguir aproveitá-lo até ao fim. Tinham autorização para levar o material para casa, mas ninguém o levava com medo de perder as preciosas folhas de papel ou os lápis. Chico pegou no seu, como quem recebe em mãos uma relíquia ou um tesouro. Não, hoje ia ter muito cuidado. Da última vez que preparara o lápis, no preciso momento em que estava a cortar a cana, o Sr. Macedo apareceu no seu carro brilhante, a apitar a uma gazela que se atravessara no caminho. Por momentos, Chico esqueceu tudo o que estava a fazer, imaginando-se sentado nos bancos macios, por trás do volante, com o vento a acariciar-lhe a face, e a apitar a empalas, zebras e macacos. Zás! Deixou cair o braço e cortou o bico do lápis, que, se já era pequeno, ainda mais reduzido ficou. Que tristeza! Até deu pontapés no velho baobá que se erguia à saída da cabana, de tão furioso que ficou. Porque é que o Sr. Macedo tinha de aparecer precisamente naquele momento? Por causa daquele carro enfeitiçado, já não teve lápis para escrever ao pai – o encarregado da fábrica lia as cartas aos empregados – por aquela altura em que esteve muito tempo sem vir a casa. Não, desta vez ia estar com mil olhos. Nem que passassem dois carros a apitar mesmo ao lado dele, ele ia ceder à tentação de olhar! Ao regressar a casa, Chico apertava com força o seixinho do rio Tinha tantas novidades para contar em casa! E tanta coisa para escrever ao pai! Queria dizer-lhe que, da próxima vez que viesse a casa, ele, Chico, iria ter novas histórias para contar à noite, junto ao fogo. I. Birnbaum Fonte: http://contadoresdestorias.wordpress.com/2009/06/04/chico/ S U G E S T Ã O D E A T I V I DA D E S A leitura dos contos acima poderá suscitar uma reflexão sobre as inúmeras crianças que, no mundo, sofrem de privações de todo o género e se veem impossibilitadas de ir à escola ou que não têm acesso a material escolar Os alunos serão, em seguida, questionados sobre as medidas que tomariam, se isso lhes fosse possível, a fim de minimizar tais situações de injustiça. ATIVIDADE 2 Leitura e Interpretação História :: Dia do Índio para Crianças a) Como se chama um grupo de índios? b)Como se chamam as casas dos índios? E como são construídas? c)Quais são os principais instrumentos musicais dos índios? d) Depois de leres a história faz o desenho da tribo do nosso amigo índio. ATIVIDADE 3 Imagens e Perceções: uma imagem vale mais do que mil palavras Faixa etária A partir dos 7 anos Objetivos • Estimular a discussão e a reflexão crítica que ajudará os alunos a compreender a natureza de um preconceito/estereótipo e a forma de o combater. • Fomentar o diálogo e o debate em grupo. Recursos necessários • Revistas, jornais, livros. • Papel, cola, tesoura. Atividade • A criança deve recortar algumas imagens que considerem bonitas e agradáveis e outras que considerem feias e desagradáveis; • Para cada imagem, a criança deve identificar um aspecto positivo e outro negativo; • Promover a discussão em grupo em torno das imagens e dos aspetos mencionados; • Analisar o impacto que os diferentes aspetos têm nas nossas perceções de pobreza e exclusão; • Se encontrados alguns estereótipos, encorajar a reflexão conjunta para desconstruílos dando exemplos concretos e referindo aspectos alternativos. Sugestões (variações da actividade) a) Construção de um painel coletivo dos trabalhos realizados; Fonte: Pobreza e Exclusão Social: um Guia para Professores. Edição Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal