No virar do século a Noruega vivia um dos seus períodos mais conturbados e interessantes. A capital, Cristiânia (mais tarde Oslo), fervilhava com uma vasta turba de intelectuais e artistas que partilhavam o amor pela arte e as novas filosofias sociais e entravam em confronto com a sociedade conformista do final do século XIX. Do meio desta azáfama boémia surgiram nomes que retrataram esta sociedade e que doravante permaneceriam ligados entre si: Henrik Ibsen (dramaturgo) e Edvard Munch (pintor). A pintura chamava por ele. Desde o início que toda a sua obra é caracterizada por uma vontade inexorável de expressão. Edvard Munch atravessou o naturalismo dos primeiros tempos, deixou para trás o impressionismo de Paris e o simbolismo de Berlim para fundar o expressionismo. Munch transforma o mundo real numa paisagem da alma. Como ele afirma: «Eu não pinto o que vejo. Pinto o que vi.» A tela é o local onde congrega todas as suas angústias e neuroses, as tentativas de explicação do mundo e as suas esperanças. EDVARD MUNCH (12 de dezembro de 1863 – Noruega) Em 1868, a mãe de Munch morre de tuberculose em Oslo. Sophie, sua irmã mais velha morre em 1877, aos 15 anos de idade, vítima, também da tuberculose. Em 1879, Munch começa a estudar engenharia, mas um ano depois desiste e entra para a Academia de Desenho de Oslo. Quer ser pintor. Em 1885, expõe na Exposição Mundial de Antuérpia. Em Paris estuda no Salon e no Louvre. É influenciado por Manet. Também em 1885, pinta “A criança doente”, que escandaliza o público. O pai de Munch morre em novembro de 1889. Muda-se para St. Cloud, um subúrbio de Paris, e renuncia o Naturalismo em seu manifesto de St. Cloud. Vai para Le Havre em novembro de 1890, onde passa dois meses no hospital. Passa o outono de 1890 em Nice trabalhando no “Friso da Vida”. Expõe em Berlim, no ano de 1892. Obtêm uma recepção antagônica e chocante da imprensa e do público. A exposição é encerrada uma semana depois. Entra em contato com o círculo literário do Porquinho Preto em Berlim: Strind-berg, MeierGraefe e Przybyszewski. Em 1893, trabalha arduamente no Friso da Vida e pinta O Grito. Visita Paris, em 1895, duas vezes. É influenciado por ToulouseLautrec, Bonard e Vuillard. Em 1985 morre seu irmão Andreas. Ilustra o programa para Peer Gynt de Ibsen e para uma edição de Les Fleurs du Mal de Baudelaire. Volta em 1897 para Paris. Faz uma exposição em Oslo que é bem acolhida. Conhece sua futura amante em Asgardstrand: Tulla Larsen. Expõe na Bienal de Veneza e em Dresden. Em março de 1900 vai para Berlim e de lá para um sanatório suíço. Completa o Friso da Vida. Em 1905 expõe a primeira seqüência do Friso da Vida em Praga. Passa o inverno na Alemanha para acalmar os nervos e combater o alcoolismo. Em 1906 desenha o cenário para Fantasma de Ibsen. No outono de 1908, tem um esgotamento nervoso em Copenhaga. Passa metade do ano numa clínica. Em 1923, torna-se membro da Academia Alemã de Belas Artes. Morre sua irmã, Laura. Durante 1930 uma enfermidade ocular torna o trabalho cada vez mais difícil. Acontece a invasão alemã da Noruega em 1940, porém Munch recusa-se a ter qualquer tipo de relação com as forças ocupantes.Consegue, enfim, a sua primeira exposição nos E.U.A, em 1942. Em 1943, recebe homenagens pela passagem do seu 80º aniversário. Grave constipação. No ano de 1944, dia 23 de Janeiro, Munch morre tranquilamente em Ekely. O “FRISO DA VIDA” DE EDVARD MUNCH Uma coleção de pinturas divididas em quatro partes temáticas: O Despetar do Amor, O Amor Floresce e Morre, Angústia de Viver e Morte. “O Friso da Vida é concebido como uma série de pinturas que juntas representam um quadro da vida. Através de todas as séries corre a linha ondulante do litoral. Por detrás dessa linha está o mar sempre em movimento, enquanto que debaixo das árvores existe uma vida em toda a sua abundância, variedade, alegria e sofrimento. O Friso é um poema de vida, amor e morte (…) Os quadros que representam uma praia e algumas árvores, nos quais algumas cores continuam a repetir-se, recebem os seus tons predominantes da noite de Verão. As árvores e o mar fornecem linhas verticais e horizontais que são repetidas em todas as pinturas. A praia e as figuras humanas dão o cunho de vida a pulsar luxuriantemente – e as cores fortes relacionam todas as pinturas umas com as outras… “ (E.Munch)