Título: Aluguéis comerciais no Brasil superam até Nova York
Veiculo: Revista Exame / Online
Seção: Imóveis
Página: Online
Data: 11/06/12
Aluguéis comerciais no Brasil superam até Nova York
A escalada nos preços dos imóveis residenciais no Brasil se repete no
mercado de escritórios. Está tudo ficando mais caro. Mas uma enorme
safra de construções pode ajudar a segurar os preços
Maria Luíza Filgueiras, de Exame
Escritórios em São paulo: 22 novos prédios devem ficar prontos neste ano
São Paulo - Alugar um escritório virou um drama para as empresas instaladas
no Brasil. Os preços subiram 60% em média nos últimos quatro anos — e em
algumas avenidas de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde estão 85% dos
imóveis comerciais de alto padrão do país, os valores chegaram a triplicar.
Em alguns casos, é possível alugar salas mais baratas na Park Avenue ou na
Quinta Avenida, alguns dos endereços mais badalados de Nova York.
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Data: 11/06/12
E, apesar disso, a disputa pelos espaços aqui tem sido intensa. De 2008 para
cá, prédios inteiros foram alugados antes de as obras serem finalizadas.
Recentemente, porém, o mercado começou a mudar. Os preços continuam em
ascensão — mas, no Rio, a valorização já perdeu força. Depois de aumentar
22% no primeiro trimestre de 2011, os valores de locação subiram 6% nos
primeiros três meses deste ano.
Em São Paulo, a valorização ainda beira os 20%, só que a demanda está
menor. A taxa de imóveis vagos chegou a 12% no primeiro trimestre, a maior
desde 2006.
Um mercado cíclico
O mercado de imóveis comerciais é cíclico — períodos de três a cinco anos de
bonança costumam ser seguidos por fases de acomodação. Essas oscilações
quase sempre estão ligadas ao desempenho da economia: quando o
crescimento diminui (ou quando há retração), as empresas seguram
investimentos e contratações e, assim, precisam de menos escritórios.
É comum que essa fase ruim coincida com o pico de entrega de novos prédios
— as incorporadoras lançam os empreendimentos na fase de euforia, mas eles
só ficam prontos de dois a três anos depois. Aí, pronto: os preços desabam.
Foi o que ocorreu em 2002, quando o Brasil vivia um período complicado —
havia dúvidas sobre como seria o primeiro governo do presidente Lula, o país
negociava um empréstimo de quase 50 bilhões de dólares com o Fundo
Monetário Internacional e a crise na Argentina desviava investimentos
estrangeiros da América Latina. Cerca de um quarto dos escritórios ficou
desocupado nessa época, um recorde, e os valores dos aluguéis caíram 16%.
Por enquanto, nada indica que passaremos por um momento semelhante. Mas
é consenso que o PIB vai crescer menos neste e no próximo ano — e há um
número recorde de escritórios sendo construídos. Em São Paulo, até o fim do
ano, devem ficar prontos 22 novos edifícios, ou 580 000 metros quadrados de
salas, área equivalente a três Maracanãs, a maior oferta entregue num único
ano.
Já é possível notar que a procura por escritórios está menor hoje do que foi no
passado. “Em alguns prédios novos, há placas de ‘Aluga-se’ na porta, o que
quase não acontecia até dois meses atrás, porque a demanda era maior que a
oferta”, diz João da Rocha Lima Junior, professor da Universidade de São
Paulo especializado em mercado imobiliário.
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Data: 11/06/12
Um edifício em construção há dois anos na avenida das Nações Unidas, em
São Paulo, ainda tem 35% da área desocupada. No Rio, pela primeira vez
desde 2005, a taxa de imóveis vagos chegou a 10%.
Ainda é um patamar inferior à média mundial, de 13%, mas bem maior do que
os 3% de 2008. “Esse cenário indica que a valorização deve perder força”, diz
Mônica Barg, diretora da consultoria Jones Lang LaSalle.
Como Mônica, os executivos que acompanham esse mercado não esperam
que os aluguéis fiquem mais baratos tão cedo. Por duas razões. Primeiro,
porque, apesar do atual ritmo de construção, ainda faltam escritórios de alto
padrão no país. Um estudo da consultoria CB Richard Ellis mostra que, em São
Paulo, há 1 metro quadrado de sala comercial por habitante.
Em Londres, Nova York e Tóquio, a proporção é de 3 para 1. Por aqui, muitas
empresas têm sua sede em locais piores do que gostariam. Além disso,
investidores nacionais e estrangeiros continuam comprando escritórios para
alugar.
Neste ano, até maio, os fundos imobiliários captaram quase 4 bilhões de reais
para aplicar em escritórios, quase o dobro do valor do mesmo período de 2011.
“Os altos e baixos são comuns. No longo prazo, ainda acreditamos que os
preços tendem a subir, ainda mais porque os juros estão diminuindo”, diz Garry
Garrabrant, presidente da Equity International, empresa de investimentos do
americano Sam Zell, que tem 2 bilhões de dólares aplicados no setor
imobiliário brasileiro. A sorte de Garrabrant é que a Equity não tem uma sede
no país. Se o aluguel aumentar, azar dos inquilinos.
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1018/noticias/alugueis-comerciais-no-brasil-superam-atenova-york?page=2&slug_name=alugueis-comerciais-no-brasil-superam-ate-nova-york
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