A proteção de dados pessoais dos trabalhadores e a utilização de tecnologias de identificação por radiofrequência Teresa Coelho Moreira ∗ Resumo: O mundo do trabalho tem sofrido nos últimos anos, sobretudo a partir da década de 90 do século passado, inúmeras mudanças relacionadas com o enorme aumento e desenvolvimento da utilização das NTIC na relação de trabalho. A inovação tecnológica permite e favorece mesmo, através de vários instrumentos como a utilização tecnologias de radiofrequência, a vigilância da actividade dos trabalhadores contínua e centralizada, transformando assim, por um lado, uma das máximas básicas do taylorismo e da direcção científica da empresa relacionada com a supervisão e controlo do trabalhador através da observação do comportamento laboral do trabalhador de forma imediata e pessoal. Assim, a transformação operada pelos novos modos de vigilância e controlo origina uma complexa concepção deste poder de controlo do empregador já que este se renova, inclusive dando lugar a novas formas de controlo e colocando várias questões ao nível da privacidade dos trabalhadores na vertente de direito à autodeterminação informativa. A tecnologia de identificação por radiofrequência tem vindo a aumentar bastante nos últimos anos, com inúmeras aplicações em diferentes setores e com finalidades muito diversas, permitindo seguir não só objectos como pessoas, o que tem originado várias questões ao Direito do trabalho relacionadas com a proteção de dados pessoais dos trabalhadores sendo estas algumas das temáticas que nos propomos analisar neste trabalho. Doutora em Direito. Professora Auxiliar da Escola de Direito da Universidade do Minho. Membro integrado do Centro Interdisciplinar em Direitos Humanos. ∗