Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: 1519-0501 [email protected] Universidade Federal da Paraíba Brasil Leite Cavalcanti, Alessandro; Forte de Oliveira, Klélia; Silva Paiva, Paula; Vitoriano Rabelo Dias, Mariângela; Pereira da Costa, Suzanne Kaelinne; Fernandes Vieira, Fernando Determinação dos Sólidos Solúveis Totais (OBrix) e pH em Bebidas Lácteas e Sucos de Frutas Industrializados Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, vol. 6, núm. 1, janeiro-abril, 2006, pp. 5764 Universidade Federal da Paraíba Paraíba, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63760110 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Alessandro Leite CAVALCANTI* Klélia Forte de OLIVEIRA** Paula Silva PAIVA** Mariângela Vitoriano RABELO Dias** Suzanne Kaelinne Pereira da COSTA** Fernando Fernandes VIEIRA*** Ingestão de líquidos; Açúcares na dieta; Edulcorantes; Iogurte. Drinking; Dietary sucrose; Sweetening agents; Yogurt. * Professor Doutor Titular do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba. ** Acadêmicas do Curso de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba. *** Professor Doutor Titular do Departamento de Química da Universidade Estadual da Paraíba. INTRODUÇÃO É sabido que a dieta desempenha importante papel no desenvolvimento da cárie dentária, sendo que o estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis tem grande importância na sua prevenção (NACAO; CHUAN; RODRIGUES, 1996). O potencial cariogênico de uma dieta está na dependência dos alimentos que a compõe (LEITE; DREHMER, 1998). Contudo, o consumo de alimentos adoçados é influenciado por uma variedade de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais (TOMITA et al., 1999; VANOBBERGEN et al., 2001). De acordo com Aquino e Philippi (2002), as práticas de alimentação são importantes determinantes das condições de saúde na infância e estão fortemente condicionadas ao poder aquisitivo das famílias, do qual dependem a disponibilidade, a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (1990), os padrões alimentares da população infantil, principalmente nos primeiros anos de vida, podem ser influenciados pela grande diversidade de produtos industrializados. Ademais, o aumento da oferta destes alimentos contribui para o seu consumo. Logo, é importante ressaltar que o consumo excessivo e inadequado pode vir a comprometer a saúde bucal destas crianças. Reportando-se aos açúcares, Barreiros, Bossolan e Trindade (2005) ressaltaram que a ingestão de açúcares vem aumentando acentuadamente, em decorrência do maior consumo de produtos industrializados contendo frutose e sorbitol como adoçantes. Segundo os autores, a frutose vem sendo empregada como adoçante de bebidas e frutas industrializadas, constituindo de 4,0% a 8,0% de seu peso em decorrência de algumas características, como a maior solubilidade em soluções aquosas e pelo fato de ser cerca de 1,7 vezes mais doce que a sacarose. A ingestão de líquidos na dieta tem sido cada vez mais recomendada, ocorrendo com maior freqüência nos países tropicais (SOBRAL et al., 2000; AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002). Dentre as bebidas mais consumidas pelas crianças estão os sucos de frutas industrializados ou in natura, os refrigerantes e as bebidas lácteas (AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002; SANCHEZ; FERNANDEZ DE PRELIASCO, 2003; FOX et al., 2004; SKINNER; ZIEGLER; PONZA, 2004). Os sucos de frutas são definidos pela Legislação Brasileira, normativa Nº 136, em que estabelece os padrões de identidade e qualidade, como sendo suco de fruta límpido ou turvo extraído da fruta, através de processos tecnológicos adequados, não fermentados, de cor, aroma e sabor característicos, submetidos a conservação até o momento do consumo (CHAVES et al., 2004). Para Bueno, Barboza e Garcia-Cruz (2005), os sucos de frutas são definidos como os líquidos obtidos por expressão ou extração de frutas maduras por processos tecnológicos adequados. Os sucos de frutas são sistemas complexos que consistem de uma “mistura” aquosa de vários componentes orgânicos voláteis e instáveis, responsáveis pelo sabor e aroma do produto, além de açucares, ácidos, sais minerais, vitaminas e pigmentos. Devido à composição rica em ácidos orgânicos, geralmente, apresentam valores de pH entre 2,0 e 4,5. O pH depende do tipo e concentração de ácido da fruta, da sua espécie, grau de maturação, entre outros fatores (ONCAG; TUNCER; TOSUN, 2005). O conteúdo de açúcares (carboidratos) é elevado e constituído principalmente por glicose, frutose, várias pentoses e pectinas (GONZALEZ; ZEPKA, 2005). Quanto à natureza da fruta, os sucos podem ser classificados em cítricos (obtidos da laranja, limão, tangerina e pomelo), tropicais (maracujá, caju, abacaxi, goiaba e manga) e outros (uva e maçã). Quanto à concentração, podem ser classificados em sucos simples (prontos para beber - com concentração de sólidos solúveis na faixa de 8 a 13 graus Brix), sucos integrais (com concentração de sólidos variável, em função do tipo de fruta) e sucos concentrados (com teor de sólidos solúveis de 55 a 66 graus Brix) (GONZALEZ; ZEPKA, 2005). A bebida láctea é o produto obtido a partir de leite ou leite reconstituído e/ou derivados de leite, reconstituídos ou não, fermentado ou não, com ou sem adição de outros ingredientes, onde a base láctea represente pelo menos 51% (cinqüenta e um por cento) massa/massa (m/m) do total de ingredientes do produto. As bebidas lácteas podem ser classificadas em fermentadas, não fermentadas e tratadas termicamente após fermentação (BRASIL, 1999). De acordo com Sivieri e Oliveira (2002), a tecnologia de fabricação de bebidas lácteas baseia-se na mistura de iogurte e soro em proporções adequadas, seguida da adição de ingredientes como aromatizantes, corantes, edulcorantes, polpa de frutas e outros, de acordo com a formulação do produtor. Os achocolatados podem ser definidos como os produtos à base de chocolate, em pó ou em grânulos, destinados à mistura com água ou leite. O índice de refração é uma propriedade física importante de sólidos, líquidos e gases. A medida de índice de refração pode ser usada para determinar a concentração de uma solução, pois o índice de refração dela varia com a concentração (MORAES, 2006). Portanto, a refratometria na escala Brix se constitui em solúveis presentes em uma amostra. A escala Brix é calibrada pelo número de gramas de açúcar contidos em 100g de solução. Quando se mede o índice de refração de uma solução de açúcar, a leitura em percentagem de Brix deve combinar com a concentração real de açúcar na solução. As escalas em percentagem de Brix apresentam as concentrações percentuais dos sólidos solúveis contidos em uma amostra (solução com água). Os sólidos solúveis contidos é o total de todos os sólidos dissolvidos na água, começando com açúcar, sais, proteínas, ácidos, etc. A leitura do valor medido é a soma total desses (MORAES, 2006). Alimentos considerados ácidos podem levar ao surgimento de lesões erosivas na coroa dentária decorrentes da ação química se consumidos em excesso. A erosão dentária pode ser definida como a perda de tecido dentário através de um processo químico, sem o envolvimento de microorganismos (WATSON; TULLOCH, 1985). Ácidos cítricos e outros ácidos de sucos de frutas e outras bebidas doces causam erosão do esmalte dentário através do contato por longa duração, podendo predispor à cárie, mas certamente o perigo principal a tais produtos é o conteúdo de açúcar (NABUT; URSI, 1997; AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002; SANCHEZ; FERNANDEZ DE PRELIASCO, 2003; ONCAG; TUNCER; TOSUN, 2005). Um pH igual ou menor que 5.5 é considerado um pH crítico para a dissolução do esmalte, apesar da perda mineral se iniciar com pH mais elevados (BIRKHED, 1984). Sobral et al. (2000) estudaram a importância do pH da dieta líquida na etiologia e prevenção das lesões de erosão dental e determinaram o pH de algumas bebidas e sucos. As bebidas e sucos analisados mostraram valores abaixo do pH crítico de dissolução da estrutura dental, sugerindo a possibilidade de favorecerem a desmineralização. A orientação quanto à dieta ácida parece ser um fator importante no tratamento e prevenção das lesões de erosão dental. Rodas et al. (2001) ao analisarem 136 amostras de iogurtes com frutas de 8 diferentes marcas quanto ao pH, verificaram que os mesmos apresentaram pouca variação no pH, sendo 3,89 o menor valor e 4,08 o maior valor. De acordo com os autores, todas as marcas encontravam-se dentro do limite de pH, no qual o crescimento das bactérias lácticas desenvolve-se normalmente e sem prejuízo, ou seja, entre 3,6 a 4,3. Estudando as propriedades relacionadas com a erosão dental de diferentes de sucos de frutas industrializados, Farias et al. (2000) determinaram o valor do pH e a capacidade tampão. Os resultados para os sabores de laranja e pêssego, respectivamente. O suco que apresentou maior capacidade tampão foi o de laranja e a menor, o de manga. Concluíram que todos os sucos eram ácidos e capazes de solubilizar as apatitas dentárias, sendo esta acidez um reflexo dos baixos valores de pH e capacidade tampão destas bebidas. Ao estudar a relação entre o consumo de bebidas e alimentos doces e a presença de cárie dentária entre crianças inglesas, Levine (2001) constatou a existência dessa relação, sendo que nas crianças com idades entre 2 e 5 anos que não consumiram alimentos açucarados, o ceo-d foi igual a 0,94 enquanto que naquelas que consumiram, o ceo-d foi igual a 2,61. Verificou ainda que o ceo-d foi menor entre aquelas que não consumiram bebidas doces (ceod = 1,71), quando comparado aquelas que ingeriram bebidas açucaradas (ceo-d = 2,11). Cavalcanti et al. (2002) analisaram o pH das bebidas mais consumidas nas quatro refeições pelas crianças atendidas na Clínica de Odontopediatria da UFPB. Concluíram que os sucos, os refrigerantes, os iogurtes e os lactobacilos fermentáveis poderiam contribuir para o aumento do potencial erosivo da dieta líquida infantil, sendo expressiva a ingestão de refrigerantes principalmente, no almoço e nos lanches. A presença e os fatores de riscos para o desenvolvimento da erosão dentária foram estudados por Al-Majed, Maguire e Murray (2002) em 354 crianças sauditas com 5 e 6 anos de idade e respectivos pais ou responsáveis. Verificaram que 34% da amostra apresentavam pronunciada erosão dentária (envolvimento de dentina), com 21% das crianças relatando a ingestão de refrigerantes, 19% consumiam leite e 8% ingeriam sucos de frutas antes de dormir. Quarenta e um por cento das crianças ingeriam bebidas durante a noite entre uma e três vezes por semana. Frente aos resultados obtidos, identificaram o consumo de bebidas ácidas e sua ingestão durante a noite como fatores de risco para o desenvolvimento da erosão dentária. Costa et al. (2003) estudaram a cariogenicidade de alimentos industrializados consumidos por préescolares em São Luís - MA. Selecionaram os seguintes alimentos: refrigerante, biscoito, iogurte e salgadinhos e analisaram o percentual de sacarose e o valor do pH. Os resultados encontrados demonstraram que os alimentos testados possuíam um elevado potencial cariogênico por apresentarem valores de pH baixo e uma significante quantidade de açúcar. Tendo por base a ingestão acentuada de sucos de frutas prontos para o consumo e de bebidas lácteas por pacientes infantis, este trabalhoobjetivou avaliar a pH nestes alimentos. O delineamento experimental utilizado foi o casualizado com 3 repetições para cada amostra. A unidade experimental considerada foi 10ml do produto. Foram realizadas as seguintes avaliações: Realizou-se um estudo experimental in vitro. Foram avaliados vinte tipos de bebidas lácteas - sendo dez iogurtes e dez achocolatados e dez diferentes sabores de sucos infantis prontos para o consumo, os quais estão descritos no Quadro 1. Quadro 1. Distribuição dos produtos avaliados segundo o sabor e a indústria processadora. PRODUTO Sabor Industria Processadora Iogurtes Chamy SD - polpa de fruta® Morango Chamy® Paulista – polpa/geléia fruta® Morango Paulistav Parmalat SD – polpa/cereais® Morango Parmalat® Ninho Solei SD® Morango Nestlé® Danup com polpa de fruta® Morango Danone® Gutkilla® Morango Vakila® Vitagut® Morango Vita® Cariri® Morango Cariri® Isis® Morango Isis® Lebon® Morango Lebon® Nescau® ------ Nestlé® Kidlat® ------ Parmalat® Vitaminado Valedourado® ------ Valedourado® Todynho® ------ Todynho® Danette® ------ Danone® Embarezinho® ------ Camponesa® Itambynho® ------ Itambé® Chocobom® ------ Leitom® Chocolatt® ------ Betânia® Manakim® ------ Manacá® Uva Serigy Ind. Com. Dafruta® Laranja Dafruta Ind.Com. SuFresh® Morango WOW Ind. Com. Serigy® Maracujá Serigy Ind. Com. Serigy® Goiaba Serigy Ind. Com. Kapo® Uva Coca-Cola Comp. Kapo® Laranja Coca-Cola Comp. Kapo® Morango Coca-Cola Comp. Kapo® Maracujá Coca-Cola Comp. Kapo® Goiaba Coca-Cola Comp. Achocolatados Sucos de Frutas Serigy® 1) pH por potenciometria: As medidas de pH foram feitas após a abertura das embalagens. Entre cada avaliação, foi dado um intervalo de vinte minutos para cada mensuração. Foi utilizado o potenciômetro Tecnal pH meter TEC-2® o qual apresenta uma acurácia de 0,1, sendo calibrado de acordo com as instruções do fabricante através do uso de substâncias com pH = 4 e pH = 7. 2) Sólidos solúveis totais (ºBrix): As leituras do grau Brix foram feitas por refratometria, utilizando o refratômetro de Abbé (PZO WARSZAWA RL1®), corrigido para 20oC. O aparelho foi calibrado a temperatura ambiente com água deionizada (Índice de refração = 1,3330 e 0º Brix a 20ºC) e procedeu-se às leituras das amostras. Entre as avaliações estabeleceu-se um intervalo de trinta minutos. Os dados foram organizados com o auxílio do software Excel, sendo obtidas as médias e o desviopadrão com o software GMC®. As médias dos sólidos totais (ºBrix) para cada amostra de iogurte, achocolatado e suco de frutas analisados podem ser vistos na Tabela 1. Com relação às bebidas lácteas, o iogurte Paulista® apresentou a maior média (26,3) enquanto o Vitagut® teve a menor média (13,26). Para os achocolatados, o Chocobom® mostrou a maior média (19,93) e o Chocolatt® a menor (13,56). Dentre os sucos de frutas, a maior média observada foi para o suco de laranja Da Fruta® correspondente a 13,53, e a menor foi registrada para o suco de goiaba Serigy®, com 10,23. Na Tabela 2 são apresentadas as médias do pH para cada bebida estudada. Com relação às bebidas lácteas, o iogurte Ninho Solei® apresentou a maior média (4,26) enquanto o Cariri® teve a menor média (3,58). Para os achocolatados, o Embarezinho® mostrou a maior média (7,01) e o Vitaminado Valedourado® a menor (6,25). Dentre os sucos de frutas, a maior média observada foi para o suco de maracujá Kapo® correspondente a 3,72 e a menor foi registrada para o suco de maracujá Serigy®, com 10,23. Tabela 1. Distribuição da média e desvio-padrão do oBrix para os iogurtes, os achocolatados e os sucos de frutas. Média Desviopadrão Cham y semi-desnatado® 16,26 0,20 Paulista - polpa e geléia de fruta® 26,30 Parmalat sem i-desnatado ® Tabela 2. Distribuição da média e desvio-padrão do pH para os iogurtes, os achocolatados e os sucos de frutas. Média Desviopadrão Cham y semi-desnatado® 3,94 0,02 0,10 Paulista - polpa e geléia de fruta® 4,01 0,00 16,73 0,58 Parmalat sem i-desnatado ® 4,08 0,03 Ninho Solei semi-desnatado® 16,33 0,15 Ninho Solei semi-desnatado® 4,26 0,03 Danup com polpa de fruta® 15,73 1,07 Danup com polpa de fruta® 4,01 0,00 Gutkilla® 16,06 0,55 Gutkilla® 3,71 0,24 Vitagut® 13,26 0,20 Vitagut® 3,59 0,07 Cariri® 14,13 0,89 Cariri® 3,58 0,06 Isis® 16,20 0,70 Isis® 3,75 0,07 Lebon® 16,90 1,47 Lebon® 3,73 0,37 16,79 3,53 3,86 0,22 Produto Iogurtes Produto Iogurtes Média Achocolatados Média Achocolatados Nescau® 19,50 0,43 Nescau® 6,77 0,07 Kidlat® 17,36 0,15 Kidlat® 6,52 0,12 Vitaminado Valedourado® 16,70 0,45 Vitaminado Valedourado® 6,25 0,15 Todynho® 16,80 0,95 Todynho® 6,56 0,38 Danette® 17,50 1,47 Danette® 6,33 0,04 Em barezinho® 16,30 0,62 Em barezinho® 7,01 0,04 Itambynho® 17,20 0,20 Itambynho® 6,76 0,05 Chocobom® 19,93 0,11 Chocobom® 6,49 0,08 Chocolatt® 13,56 0,20 Chocolatt® 6,80 0,14 Manakim® 15,03 0,25 Manakim® 6,57 0,12 16,98 1,87 6,06 0,23 Suco de Uva (Serigy®) 11,56 1,40 Suco de Uva (Serigy®) 3,37 0,16 Suco de Laranja (Dafruta®) 13,53 0,15 Suco de Laranja (Dafruta®) 3,40 0,12 Suco de Morango (Su Fresh®) 11,93 1.50 Suco de Morango (Su Fresh®) 3,32 0,11 Suco de Maracujá (Serigy®) 11,73 0,30 Suco de Maracujá (Serigy®) 3,07 0,13 Suco de Goiaba (Serigy®) 10,23 0,47 Suco de Goiaba (Serigy®) 3,21 0,12 Suco de Uva (Kapo®) 11,83 0,90 Suco de Uva (Kapo®) 3,71 0,10 Suco de Laranja (Kapo®) 11,06 0,11 Suco de Laranja (Kapo®) 3,44 0,11 Suco de Morango (Kapo®) 12,33 0,47 Suco de Morango (Kapo®) 3,71 0,10 Suco de Maracujá (Kapo®) 11,20 0,20 Suco de Maracujá (Kapo®) 3,72 0,09 Suco de Goiaba (Kapo®) 12,73 0,05 Suco de Goiaba (Kapo®) 3,64 0,10 11,81 0,91 3,45 0,22 Média Sucos de Frutas Média Média Sucos de Frutas As médias dos sólidos solúveis totais (ºBrix) diferiram entre si, apresentando-se em ordem decrescente na seguinte seqüência: achocolatados > iogurtes > sucos de frutas. Média Verifica-se que os sucos de frutas apresentaram menor média do pH (3,45), seguido dos iogurtes (3,86) e dos achocolatados (6,06). As bebidas não alcoólicas têm largo consumo no mundo inteiro. Em todos os países, os levantamentos estatísticos revelam números crescentes de consumo, tanto per capita quanto global (AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002). Esses valores são mais expressivos quando se referem a bebidas obtidas de frutas, pelo fato de as mesmas se constituírem fontes fundamentais de vitaminas e minerais para a dieta humana, além de seus atrativos sabores (SOARES et al., 2001). Segundo a American Academy of Pediatrics (2004), a venda comercial desses produtos nas escolas contribui para o aumento do consumo. A produção mundial e o consumo de iogurtes cresceram durante os últimos anos, com a introdução dos iogurtes aromatizados com frutas. A adição de frutas aumenta a aceitação do produto, pois nem todos os consumidores preferem o iogurte na sua forma natural (RODAS et al., 2001). Entretanto, o consumo de leite diminuiu consideravelmente à medida que as bebidas não alcoólicas se tornaram favoritas das crianças (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2004). É sabido que alimentos doces são preteridos pelas crianças em detrimentos de alimentos sem açúcar ou com baixa quantidade de açúcar (TOMITA et al.; 1999). De acordo com Guthrie e Morton (2000), as bebidas adocicadas se constituem na principal fonte de açúcar da dieta da criança. A análise da quantidade de Sólidos Solúveis Totais (SST) através da refratometria na escala brix se constitui um método aceito pela comunidade acadêmica. Portanto, conforme descrito por Moraes (2006), a leitura em percentagem de 0Brix deve ser semelhante com a concentração real de açúcar existente nas soluções analisadas. Desse modo, o teor médio de SST nos produtos analisados variou de 13,26 a 26,30 para as bebidas lácteas e de 10,23 a 13,53 para os sucos de frutas. Atualmente, a erosão dentária é considerada um problema clínico significativo para a saúde bucal de escolares e adolescentes (AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002; SANCHEZ; FERNANDEZ DE PRELIASCO, 2003; SEOW; THONG, 2005). Nesse sentido, Leitão et al. (1999) e Vanobbergen et al. (2001) ressaltaram que o consumo excessivo de sucos e bebidas adocicadas, particularmente nas refeições deve ser visto com atenção, uma vez que podem contribuir significativamente para o aumento do potencial erosivo da dieta líquida infantil. Esta afirmativa é corroborada por Al-Majed, Maguire e Murray (2002), que identificaram o consumo de bebidas ácidas e sua ingestão durante a noite como fatores de risco para o desenvolvimento da erosão dentária e de lesões de cárie dentária (LEVINE, 2001; VANOBBERGEN et al., 2001). Uma diminuição do pH dos líquidos que banham os elementos dentais pode ser causada diretamente pelo consumo de frutas ácidas e bebidas (SOBRAL et al., 2000). Com relação ao pH, os valores médios mínimos obtidos neste estudo para as bebidas lácteas e os sucos de frutas foram, respectivamente, 3,58 e 3,07, valores estes considerados críticos. Farias et al. (2000) encontraram os valores médios do pH entre 3,46 (suco de laranja) e 3,26 (suco de pêssego). Neste estudo, os sucos de maracujá, goiaba e morango apresentaram os mais baixo valores de pH - 3,07, 3,21 e 3,32, respectivamente. De acordo com Farias et al. (2000) tem-se observado um aumento no número de lesões de erosão na dentição decídua, diretamente associadas com a elevação no consumo de sucos e/ou frutas ácidas e bebidas carbonatadas, muitas delas com rotulações indicando-as como suplemento alimentar para crianças. Vários foram os estudos que demonstraram o potencial erosivo de refrigerantes e sucos de frutas (EDWARDS et al., 1999; FUSHIDA; CURY, 1999; LEITÃO et al., 1999; AL-MAJED; MAGUIRE; MURRAY, 2002; SANCHEZ; FERNANDEZ DE PRELIASCO, 2003; SOBRAL et al., 2000; VAN EYGEN; VANNET; WEHRBEIN, 2005). De acordo com Oncag, Tuncer e Tosun (2005), o potencial erosivo depende do pH inicial, da capacidade tampão da bebida e das propriedades do ácido. Os sucos de frutas industrializados tendem a ser mais erosivos, pois no seu processamento ocorre a adição de conservantes e acidulantes (FARIAS et al., 2000). Inúmeros foram os fatores citados por Ramos e Stein (2000) que determinam o comportamento alimentar da criança, dentre os quais se incluem: a interação da criança com o alimento, o seu desenvolvimento anatomofisiológico e fatores emocionais, psicológicos, socioeconômicos e culturais. Contudo, conforme descrito por Vieira et al. (2004) e Fox et al. (2004), a influência mais marcante na formação dos hábitos alimentares é o produto da interação da criança com a própria mãe ou a pessoa mais ligada à sua alimentação. O presente estudo mostra que os sucos de frutas e os iogurtes têm um elevado potencial erosivo. Este fato, associado à significativa presença de açúcares pode contribuir decisivamente para a erosão dentária e o desenvolvimento de lesões de cárie se estes alimentos forem consumidos com alta freqüência pelas crianças, aliado a outros fatores de risco. Portanto, faz-se necessário alertar os pais e alimentos podem vir a exercer sobre a dentição, estimulando a diminuição da freqüência de seu consumo ou a sua substituição por outros tipos de bebidas, como água ou leite. COSTA, E. L.; COSTA, J. F.; MACATRÃO, M. C. P.; PEREIRA, A. F. V. Avaliação da cariogenicidade de alimentos industrializados consumidos por pré-escolares em São LuísMA. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISA ODONTOLÕGICA, 20, 2003, São Paulo. 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