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Fundamentos da Produção de Voz e Patologias das Cordas
Vocais
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2.1
Introdução
A análise em laboratório de voz humana pode fornecer informações sobre
a vibração das cordas vocais durante a fonação e, dessa forma, informações
sobre as condições de normalidade da voz humana (28). Atualmente, neste
campo, há carência de ferramentas que possam analisar as caracterı́sticas do
movimento das cordas vocais e sua relação com o estado da voz, usando relação
entre o diagnóstico clı́nico e terapia. Dessa forma, procurar comprender a
dinâmica da vibração das cordas vocais torna-se uma interessante área de
pesquisa.
2.2
Produção de Sinal de Voz
Podemos dizer que o processo de produção da voz humana inicia-se com
a contração-expansão dos pulmões, gerando um fluxo de ar que passará pela
traquéia (Fig. 2.1) e chegará à laringe, onde localizam-se as cordas vocais.
Na laringe, o ar encontra o seu primeiro obstáculo, a glote, onde se produz o
sinal glotal (Fig. 3.1). Ao sair da laringe, o ar entra na faringe onde deverá
escolher entre dois caminhos: o primeiro é a entrada para a boca e, o outro,
as fossas nasais. Separando os dois caminhos está o véu palatino que permite
que o ar passe livremente pelas duas cavidades, originando o som nasal. Ao
final, o ar chega à cavidade bucal, que funciona como um filtro ou uma caixa
de ressonância onde, usando os maxilares, as bochechas e, especialmente, a
lı́ngua e os lábios, podem modular-se em uma infinidade de sons produzindo,
deste modo, o sinal de voz.
A Fig. 2.2 mostra a vista superior das cordas vocais, unidas à cartilagem
tiróide (pomo de Adão). Pela parte posterior, cada uma das cordas vocais
está presa a uma das cartilagens aritenóides, as quais são movimentadas pelos
músculos para sua separação.
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Figura 2.1: Esquema do Aparelho Fonador (19)
Figura 2.2: Vista superior das cordas vocais.
2.3
Patologias das Cordas Vocais
Um dos objetivos deste trabalho é discutir a modelagem da dinâmica
das cordas vocais, no caso de patologias. Iremos, em particular, discutir duas
patologias, de maior interesse para nosso estudo. São elas: nódulos e paralisia
unilateral.
2.3.1
Nódulos
Nódulos são bolinhas insensı́veis, como inchações que se formam logo
abaixo da superfı́cie do epitélio das cordas vocais. A Fig.2.3 mostra um exemplo
de nódulos nas cordas vocais.
Elas geralmente aparecem, simetricamente em ambas cordas vocais. Os
nódulos aparecem como pequenos solavancos ao longo da porção central das
cordas vocais, onde estas entram em contato. Os nódulos podem criar um
fosso entre as duas pregas vocais, permitindo que o ar escape, prejudicando a
vibração normal das cordas vocais. Eles também podem endurecer o tecido da
Capı́tulo 2. Fund. da Produção de Voz e Patologias das Cordas Vocais
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Figura 2.3: Pequenos nódulos nas cordas vocais.
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mucosa, causando vibrações irregulares e um som mais áspero.
A respiração pode variar de normal a muito rouca e tensa. A incapacidade
de cantar alto ou notas suaves é uma das caracterı́sticas dos nódulos.
2.3.2
Paralisia
A paralisia unilateral das cordas vocais ocorre quando apenas uma das
cordas vocais se movimenta, enquanto a outra permanece imóvel. A Fig 2.4
mostra um exemplo desta patologia.
Figura 2.4: Paralisia unilateral da corda vocal esquerda.
Pode ser, também, que as duas cordas vocais não se movam, causando
muitas vezes uma abertura entre as cordas vocais, permitindo que o ar escape,
perturbando sua vibração.
O som da voz pode ser fraco, soproso, áspero ou apenas um sussurro.
2.3.3
Capı́tulo 2. Fund. da Produção de Voz e Patologias das Cordas Vocais
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Outras patologias
Existem outras patologias que também impedem as vibrações normais
das cordas vocais. Apresentamos alguns exemplos:
i. Um cisto é um crescimento que se forma debaixo da mucosa das cordas
vocais se formando em uma ou nas duas cordas vocais provocando uma
diferença entre as duas cordas vocais e impedindo a vibração normal. O
som resultante pode variar desde normal até muito áspera.
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ii. Uma granuloma é um crescimento benigno que geralmente ocorre na
parte posterior (costas) da laringe, diretamente sobre o cabo da corda
vocal, ou em uma das superfı́cies da mucosa nas proximidades. O
crescimento pode impedir o fechamento da glote, causando uma vibração
fraca ou mesmo impedindo a vibração normal.
iii. Os pólipos são semelhantes aos cistos na medida em que são crescimentos
provenientes da medula das cordas vocais na sua mucosa. Eles podem
ser sólidos ou cheios de fluidos, e podem se tornar muito maiores. Seus
efeitos sobre a vibração dependem do seu tamanho e da sua localização
nas cordas vocais.
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Capítulo 02