TÍTULO DA COMUNICAÇÃO: ‘Reatribuição vocal’ – efeito da terapia hormonal na voz transexual: apresentação do projeto e resultados preliminares ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Voz AUTORES: Alves, Dina – ESSEM/CLUL/Relicário de Sons – [email protected] Correia, Paula – ESSEM/HGO - [email protected] Freitas, Pedro – ILASC - [email protected] Monteiro, Iris – ILASC - [email protected] RESUMO: Introdução Segundo a Associação ILGA Portugal (2008:2), “O transexualismo ou transexualidade é a forma mais extrema da perturbação da identidade de género, em que as pessoas se identificam persistentemente como membros do sexo oposto ao que lhes foi atribuído ao nascimento e necessitam de adaptar a sua aparência física à sua identidade de género através de terapias hormonais (TH) e/ou procedimentos cirúrgicos (que não se limitam à cirurgia genital)”. (Associação ILGA Portugal, 2008; Freitas, Monteiro & Décio Ferreira, 2010). Segundo Boone e McFarlane (1988), Belhau e Pontes (1995), Günzburger (1995), Guittot e Péron (2003), os fatores responsáveis por mudanças no pitch estão relacionados com (i) a tensão das pregas vocais, (ii) a massa das pregas vocais, (iii) o comprimento das pregas vocais e (iv) a pressão subglótica; sabe-se, adicionalmente, que qualquer um destes fatores mantém uma estreita relação com aspectos hormonais (ibidem). No caso da voz, na população transexual, pouco se sabe sobre o efeito da TH no pitch. Objetivos Este projeto tem como principal objetivo caracterizar a qualidade vocal da população transexual (M->F: Male to Female; F->M: Female to Male), tendo em conta as diferentes condições etárias e clínicas destes sujeitos (relativas ao tipo de terapêutica utilizada e ao período da TH em curso). Métodos O estudo tem um caráter longitudinal e visa a participação de, no mínimo, 20 sujeitos transexuais, a fim de garantir uma abrangência de, pelo menos, 10% da taxa de incidência formalmente conhecida em Portugal (cerca de 200 casos diagnosticados - Associação ILGA Portugal, 2008; Freitas, Monteiro & Décio Ferreira, 2010), nomeadamente 5 sujeitos M->F e 5 sujeitos F->M. Dada a variabilidade do tempo de resposta à terapêutica e sabendo que as relacionadas com a voz podem surgir a partir dos 3 meses, definem-se intervalos de 3 meses entre cada recolha, ocorrendo a primeira, preferencialmente, 3 meses antes da implementação da terapêutica. Por outro lado, sabendo ainda que o efeito “ótimo” da TH pode não ser evidente até 2 anos após tratamento contínuo, definese que a última recolha deverá ocorrer, preferencialmente, após 2 anos e 3 meses do início da TH. Na avaliação percetiva-auditiva recorre-se à escala GRBAS. Para a análise dos parâmetros acústicos, é recolhido um corpus constituído pela produção das vogais sustentadas, pela leitura de um texto (“O Sol”) e pela produção de discurso espontâneo. Os dados acústicos são extraídos a partir da ferramenta informática Praat. Resultados Apresentam-se os resultados preliminares de dois informantes: 1 M->F e 1 F->M. As amostras vocais de ambos os sujeitos são recolhidas em momentos equivalentes do tratamento hormonal: com 3 meses de intervalo, durante o primeiro semestre da TH. Na presente comunicação, são comparados os resultados das avaliações percetiva-auditiva e acústica dos referidos sujeitos. Conclusões Os resultados deste estudo contribuirão para a caracterização das propriedades vocais da população transexual, tendo em conta as diferentes condições etárias e clínicas apresentadas, nos diferentes momentos da TH adotada.