MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC
SECRETARIA DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL - STI
Ciência, Tecnologia e Inovação: Desafio para a Sociedade Brasileira
- Livro Verde -
Referimo-nos ao Livro Verde sobre Ciência, Tecnologia e
Inovação, publicado muito recentemente pelo MCT e pela Academia
Brasileira de Ciências. Sabemos que este documento deverá servir de
base para os debates na Conferência Nacional que esse MCT está
organizando já no mês de setembro vindouro.
Contato inicial, estabelecido por meio de nossa Secretaria de
Tecnologia Industrial, deu origem a uma reunião de técnicos das várias
Secretarias e órgãos vinculados do MDIC com a Dra. Lúcia Mello, a
qual pode então traçar um panorama geral sobre o Livro Verde e sobre
a aludida Conferência Nacional.
Evidentemente que o acesso tardio ao documento, e mesmo
assim com algumas dificuldades, não permitiu uma análise mais
profunda. Todavia, sendo a tecnologia e a inovação tecnológica, cada
vez mais, fatores essenciais para a competitividade do nosso segmento
produtivo, não podia o MDIC deixar de se pronunciar a respeito, uma
vez que tem a seu cargo a responsabilidade da condução das políticas
industrial, de serviços e de comércio exterior, além daquelas referentes
à propriedade intelectual e à normalização, metrologia e qualidade
industrial, estas de conteúdo tecnológico explícito.
As observações, sugestões e idéias que a seguir se apresentam
não seguem uma ordem definida. No entanto, sempre que possível, farse-á menção à parte do Livro Verde que, aparentemente, está mais
diretamente ligada à questão que se coloca.
Em primeiro lugar cumpre salientar que o texto e a apresentação
do Livro Verde representam um notório esforço de compilação de
dados, conceitos e propostas que causam um impacto fora do comum.
Sem dúvida que as equipes do MCT e da ABC merecem o
reconhecimento pelo excelente trabalho realizado.
De uma análise geral do texto, conclui-se que o Livro Verde
representa um excelente panorama da Ciência&Tecnologia&Inovação –
C&T&I nacional, porém com um viés marcadamente de oferta. É algo
mais do que natural tendo em vista o conjunto de pessoas que
contribuiu, direta ou indiretamente, para o texto. Assim sendo,
considera-se que se necessita, num futuro próximo, de promover o
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casamento desta oferta, ou potencial de oferta, com a demanda e suas
necessidades. Esta ótica é particularmente crítica para as vertentes
tecnológicas associadas a processos produtivos, tanto de bens como
de serviços.
Esse contexto terá que envolver a realidade crua dos mercados,
por meio de um maior envolvimento dos segmentos empresariais. Por
outro lado, ao se falar de tecnologia e inovação ter-se-á que,
obrigatoriamente, considerar as políticas produtivas, algumas das quais
a cargo deste Ministério. Se isso não vier a ser feito, correr-se-á o risco
de manter, ou mesmo agravar, o hiato existente entre entidades
“ofertantes” e “demandantes” de tecnologia (o que sabemos ser uma
simplificação algo grosseira).
Assim sendo, esta situação configura um desafio institucional,
ainda que num escopo mais amplo do que aqueles referidos no capítulo
com este título: o grande desafio será conseguir superar este hiato, e
fazer com que a tecnologia e a inovação se insiram harmonicamente na
definição e condução das políticas produtivas. Por outras palavras, o
grande desafio do País é fazer crescer uma verdadeira cultura
tecnológica, principalmente no seio dos segmentos produtivos.
Um segundo aspecto de natureza geral que deve ser devidamente
ressaltado tem a ver com o nosso parque industrial. Dados recentes da
Revista Exame, evidenciam o crescimento da participação das
empresas estrangeiras no total de vendas no Brasil (considerando as
500 maiores privadas e 50 estatais):
100%
80%
60%
Estatais
40%
Nacionais
Estrangeiras
20%
0%
1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000
Ainda na Revista Exame se evidencia que, no Brasil, os setores
mais dinâmicos e com maior conteúdo tecnológico estão dominados
por empresas de capital estrangeiro, como fica evidenciado no quadro
da página seguinte.
Essa situação decorre dos vultosos investimentos estrangeiros
que têm sido feitos no País e que se intensificaram nos últimos anos.
Tudo isso leva a um quadro novo: como equacionar políticas
tecnológicas e produtivas que levem empresas com capital estrangeiro,
com seus centros de decisão fora do território nacional, a procurar dotar
suas unidades brasileiras com tecnologia de ponta que as possa fazer
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competir com vantagem nos mercados internacionais? Que políticas
serão necessárias para induzir tais empresas a investimentos locais em
tecnologia, portanto em agregação de valor e aumento de
competitividade? Estando os setores mais tecnologicamente dinâmicos,
no Brasil, dominados por estas empresas, parece evidente que as
estratégias a serem seguidas no País deverão diferir das que estão
sendo colocadas em prática nos países desenvolvidos e mesmo em
alguns países de industrialização recente.
Predomínio estrangeiro
estrangeiro
%
eletroeletrônico
90
automotivo
89
higiene, limpeza e cosméticos 86
tecnologia e computação
77
telecomunicações
73
farmacêutico
75
mecânico
68
alimentos
58
plásticos e borracha
54
nacional
%
10
11
14
15
26
26
32
42
46
estatal
%
8
Predomínio nacional
siderurgia e metalurgia
atacado e comércio exterior
47
36
53
42
22
Predomínio estatal
serviços públicos
química e petroquímica
26
22
14
19
60
59
35,7%
18,7%
% das vendas sobre total no 45,6%
País
Concomitantemente, a inserção internacional de empresas
nacionais é ainda modesta. No entanto, é sabido que os processos de
inovação e de desenvolvimento tecnológico ocorrem, cada vez mais,
em redes internacionais, pelo que essa “timidez” do nosso setor
produtivo acaba não só nos trazendo dificuldades de acesso a
mercados como também à nova lógica do desenvolvimento tecnológico.
Uma das razões para essa timidez é, sem dúvida, a questão da
dimensão dos grupos empresariais nacionais. Aliás, parece
conveniente que se comece a estudar o difícil problema da
necessidade de aumento da escala econômica das empresas e grupos
empresariais brasileiros. Note-se que nos EUA a legislação dita antitrust surgiu ainda no final do século XIX, no ápice da fase ascendente
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da segunda Revolução Industrial, quando a irritação popular contra os
abusos do poder econômico no mercado interno recomendava a
imposição de certos controles limitativos à expansão das empresas.
Todavia, o mercado interno deixou de ser o espaço de referência da
economia atual. Por mais que os problemas envolvidos sejam
complexos, não é mais possível ignorar que, em um número cada vez
maior de setores, muito especialmente naqueles mais intensivos em
tecnologia, a atuação das empresas, ou grupos de empresas, ocorre
cada vez mais numa dimensão global, assistindo-se a um intenso
movimento de fusões e participações cruzadas que têm levado a uma
progressiva concentração da produção em números menores de
empresas. A experiência coreana, que favoreceu o desenvolvimento de
grandes conglomerados nacionais, é certamente ilustrativa, ainda que
não possa ser diretamente repetida.
Parece portanto oportuno considerar a necessidade de se
buscarem incentivos de qualquer natureza, existentes ou a serem
criados, para que empresas ou grupos empresariais brasileiros possam
crescer e adquirir dimensões mais
competitivas para agir nos
mercados globalizados e participar das dinâmicas e parcerias
internacionais, visando acesso a mercados, acesso a tecnologias,
intercâmbio de experiências, compartilhamento de esforços, etc..
Para as empresas estrangeiras estabelecidas em território
nacional há que se criar condições para que estas invistam em
agregação de valor local, em atividades de pesquisa e desenvolvimento
locais, bem como no desenvolvimento de fornecedores locais. Em
particular, justifica-se que se examine quais as condições e medidas
necessárias para induzir tais empresas a estabelecer centros de
pesquisa no País. Note-se que se trata de uma tendência observada
nos países industrializados, que parece movida não apenas por
considerações imediatas de custos/benefícios, mas também pelo
estímulo inovativo que pode ser gerado por uma transplantação cultural
para um novo ambiente tecnológico e econômico. Atualmente, tendo
em vista que o Brasil já está alcançando uma massa crítica em termos
de pessoal qualificado, com pós-graduação, e de entidades científicas e
tecnológicas, um esforço dessa natureza já encontraria provavelmente
condições básicas favoráveis.
Tanto para o fortalecimento das empresas nacionais como para
incentivar o comportamento acima descrito para as empresas
estrangeiras, mister se faz construir no País um ambiente que propicie
tais mudanças. Um ambiente que leve as empresas, naturalmente
seguindo a sua pragmática lógica de negócios, a fazerem as opções
que interessam ao País, e que em termos macro renderão uma maior
capacidade nacional de geração de riqueza e de agregação de valor,
bem como maior competitividade dessas empresas nos mercados
interno e externo. Naturalmente que se se deixar tudo por conta dos
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estímulos percebidos pelos agentes privados no mercado, sem uma
política pró-ativa – e devidamente instrumentada – do setor público, a
inércia natural do processo decisório das grandes empresas
transnacionais e a referida timidez das empresas nacionais não irão
produzir as mudanças de atitude que se fazem necessárias.
Uma das vertentes desse ambiente deverá ser uma adequada
infra-estrutura de tecnologia industrial básica (expressão que pode ser
estendida para tecnologia produtiva básica, agregando os setores
agrícola e de serviços).
Nesse contexto, crê-se que merece ser reforçada a seção que se
refere a “Normas Técnicas e Metrologia para a Competitividade”. É
fundamental ressaltar a enorme importância do SINMETRO – Sistema
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, cuja
modernização deverá ser empreendida, visando dotá-lo da abrangência
que se faz necessária à luz do quadro atual. Nele deverão conviver
harmoniosamente os diversos mecanismos e agências de
regulamentação técnica, salvaguardadas suas diferenças, mas usando
de forma crescente a infra-estrutura metrológica encabeçada pelo
INMETRO, na sua condição de instituto nacional de metrologia do
Brasil, e o Sistema Nacional de Normalização, centrado na ABNT. É um
desafio particular promover as atividades de avaliação da conformidade
em consonância com os ditames das regras internacionais emanadas
pelos organismos técnicos competentes, como forma de buscar a
qualidade desejada para produtos e serviços e, também, favorecer os
reconhecimentos internacionais que poderão facilitar o comércio
internacional e em particular nossas exportações.
Neste campo, há que destacar a necessidade de reforçar as
atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionadas com
metrologia, no INMETRO e em outras instituições, tal como ocorre nos
países desenvolvidos.
De uma forma mais ampla, constata-se que a deficiente “cultura
tecnológica” de que atrás falamos tem algumas facetas que afetam
fortemente o desempenho de nossas empresas: é o que se poderia
chamar de “cultura da normalização” e “cultura metrológica”. O fato de
que tanto o nosso setor produtivo como a comunidade ligada a centros
tecnológicos dão uma importância muito menor do que seria desejável
para tais temas é, por si só, indicativo de uma grave lacuna que urge
preencher devidamente. Iniciativas como a que vem sendo liderada
pela CNI, em colaboração com o MCT, o MDIC e o SEBRAE, de
promover uma intensa disseminação, nos meios empresariais, do que é
a normalização, a metrologia e a avaliação da conformidade devem ser
reforçadas e expandidas.
A capacidade de superar barreiras técnicas às nossas exportações
depende, fortemente, de uma reestruturação do SINMETRO e na
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montagem de estratégias adequadas para cada uma das disciplinas
técnicas com ele relacionadas (normalização e regulamentação técnica,
avaliação da conformidade e metrologia). Note-se que cada vez mais
surgirão barreiras decorrentes não mais de “exigências técnicas”,
decorrentes de regulamentos técnicos baixados pelos governos de
nossos mercados alvo, mas sim de “preferências técnicas”, ditadas
pelos mercados, que poderão usar normas (voluntárias) para tal. De
certa forma, não interessa só o acesso aos mercados, e sim que os
nossos produtos sejam efetivamente adquiridos. Movimentos estão
surgindo que podem resultar em sérias consequências para nossas
exportações, como aqueles ligados à “correção ecológica” dos produtos
(por exemplo obrigando a rastrear produtos de madeira para verificar se
são oriundos de florestas nativas exploradas sem o correto manejo), ou
mesmo quanto à “correção social” do processo produtivo (social
accountability). O estímulo a certas preferências nos mercados de
consumo pode significar barreiras virtuais (portanto não contestáveis
por via diplomática) que podem vir a ter resultados bem reais nos fluxos
de exportação.
Se no campo oficial a modernização do SINMETRO implica num
alargamento e aprofundamento de relações entre diversos Ministérios e
agências governamentais, no campo privado é preciso fortalecer
sobremaneira as infra-estruturas laboratoriais e de entidades de
certificação e inspeção. Já no campo da normalização, além de induzir
a participação de uma parcela maior do setor industrial (como se refere
no capítulo 4 reduzida a meros 0,05% no momento atual), há que se
traçar uma estratégia para lograr fazer com que o País participe, muito
mais fortemente, do processo de normalização internacional.
Também no tocante ao campo dos direitos de propriedade
intelectual se faz necessário desenvolver e difundir uma cultura própria.
De nada adianta um esforço a ser feito no aumento da participação
nacional na produção mundial de conhecimento se não for corrigida a
falha de informação quanto aos direitos que as pessoas físicas e
jurídicas têm, no Brasil, sobre as suas criações intelectuais.
Numa sociedade do conhecimento, onde os próprios ativos
empresariais compreendem uma parcela majoritária e crescente de
intangíveis, diretamente ligados a informação e conhecimento, é natural
que questões como a propriedade intelectual e as barreiras técnicas
venham crescendo de importância no contexto das negociações
internacionais, deslocando para este campo, dantes essencialmente
diplomático, a necessidade de expertise técnica e da adequada
compreensão da importância estratégica das mesmas no contexto das
políticas nacionais.
A diversificação do conhecimento e o veloz desenvolvimento de
novas tecnologias tem obrigado a uma multiplicação de novas formas
de propriedade intelectual: invenções, modelos de utilidade, desenhos
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industriais, marcas, indicações geográficas, direitos de autor e direitos
conexos, programas de computador e obtenções vegetais, entre outros,
são já consagrados internacionalmente, mas ainda não são conhecidos
pela maioria dos segmentos da sociedade brasileira, nem mesmo
aqueles que lidam diretamente com Ciência, Tecnologia e Inovação.
Mas outras formas de proteção estão surgindo, sendo de destacar as
que se incluem na agenda digital, ou seja, relacionadas com ambientes
digitais, mais ou menos sem fronteiras, como a internet.
Cabe enfatizar, ainda no âmbito da tecnologia industrial básica, o
papel relevante da informação tecnológica para as empresas e também
para entidades tecnológicas, como subsídio a todo o ciclo negocial,
desde as decisões estratégicas sobre investimentos e processos
produtivos até às decisões sobre mercados, parcerias, fornecedores,
etc.
Como acima se referiu, o acesso a tecnologia passa a ser um
aspecto crítico, em termos internacionais. Este acesso passa a fazer
parte de negócios, sejam eles negócios entre parceiros, através de
alianças estratégicas, seja explorando o poder de compra que um País
como o Brasil tem, em determinadas áreas. Este poder de compra pode
ser encarado de forma direta, exercido por um comprador na sua
negociação de compra, ou indireta, através do poder concedente ou da
ação reguladora do Estado que, ao exercê-los no interesse legítimo do
País, acaba tendo que fazer opções e escolhas, inclusive tecnológicas,
que podem e devem criar oportunidades em termos de compensações
e acesso a tecnologias, por parte dos fornecedores de bens e serviços.
Uma política consistente e bem implementada,neste campo, pode
trazer benefícios inestimáveis para o País: é uma política de Off-Set.
Tal política deve explicitar a disposição do Governo em obter
compensações de fornecedores estratégicos de bens e serviços.
Determinadas áreas ou setores, por suas características, prestam-se
particularmente bem para este tipo de negociação, tais como a defesa,
petróleo, telecomunicações, transporte marítimo, transporte ferroviário
e outros.
Apesar de incipiente no Brasil, trata-se de uma prática corrente em
nível internacional, mas que requer uma grande visão estratégica e
habilidade negociadora. Além do acesso a tecnologia, já referido, este
tipo de política pode e deve levar em consideração outros objetivos,
entre os quais a geração de emprego e renda, o aumento de
competitividade em áreas correlatas, a substituição competitiva de
importações, o aumento do potencial exportador, o desenvolvimento de
fornecedores locais, etc.
No que se refere às micro e pequenas empresas, quando, no
Capítulo 4, se refere o desafio da Ciência, Tecnologia e Inovação, é
importante destacar, mais uma vez, que o objetivo é promover uma
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mudança cultural, levando os empresários desse segmento a
incorporar, em suas estratégias de negócios, o papel da inovação
tecnológica e da qualidade como forma de aumentar sua
competitividade.
Cabe ressaltar que, por outro lado, tais empresários têm em geral
dificuldade em acessar os instrumentos voltados para a inovação
tecnológica e para a qualidade, pelo que se faz necessária uma
estratégia de sistematização de informação a respeito e de
sensibilização daquele segmento. Iniciativas como o bônus metrologia,
surgida no SEBRAE/RS e adotada recentemente pelo SEBRAE
Nacional em parceria com o INMETRO, devem ser apoiadas,
divulgadas e replicadas. Há que se criar um sistema mais amplo de
incentivo para o uso de serviços tecnológicos por parte dos
empresários e empreendedores deste segmento. Na disseminação e
sensibilização, além de cursos, palestras, workshops, eventos e
publicações diversos outros meios podem e devem ser utilizados, tais
como telecentros, canais televisivos e treinamento/educação à
distância, e internet. Por outro lado, dever-se-á promover com urgência
um esforço grande no sentido de levar a este segmento empresarial as
vantagens e facilidades do comércio eletrônico, o que deverá ter como
resultado não só uma dinamização destas empresas como um
significativo aumento do seu potencial exportador.
Por suas características e dimensões, a variável regional é
particularmente importante para se lograr promover o desenvolvimento
deste segmento empresarial. No que se refere a sistemas locais de
inovação, seria interessante referir que se faz necessária uma
articulação intensa e organizada das empresas com entidades
tecnológicas, governamentais e de apoio locais, constituindo fóruns de
discussão regional, nos moldes dos trabalhos das Plataformas
Tecnológicas que vêm sendo utilizadas pelo MCT.
A questão das micro e pequenas empresas suscita, todavia, um
desafio de caráter mais amplo e institucional: há que se consubstanciar
um quadro normativo e gerencial de longo prazo. Nesse sentido, cabe
ressaltar, no Capítulo 6, a experiência do Fórum Permanente das
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, instituído pela Lei
n0.9841, de 5 de outubro de 1999, regulamentada pelo Decreto
n0.3474, de 19 de maio de 2000, a qual reflete a necessidade de se
estabelecer um mecanismo para articular os atores que atuam no
segmento empresarial em questão, tanto governamentais como da
iniciativa privada, com o objetivo de conjugar esforços e lograr
implementar estratégias de médio e longo prazos. A expectativa é que
os trabalhos deste Fórum, que atua através de seis comitês temáticos,
entre os quais um de Tecnologia e Inovação, venham a consolidar a
interação e a orquestração dos diversos programas e instrumentos de
apoio às microempresas e empresas de pequeno porte.
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A seção que refere a baixa intensidade tecnológica do comércio
exterior brasileiro, no Capítulo 4, apresenta apenas um breve
diagnóstico e alguns dados, além de um quadro sobre o Progex. Seria
interessante, portanto, agregar algo em termos do que se está ou pode
fazer para reverter esta situação.
Poder-se-ia, por exemplo, referir os consórcios de exportação que
estão sendo apoiados pela APEX. Por outro lado, e mais uma vez,
lógicas regionais e locais apresentam possibilidades a ser exploradas,
devendo-se expandir uma política de núcleos setoriais que envolvam
centros tecnológicos e que tenham como foco as necessidades do
mercado e a maior densidade tecnológica dos produtos voltados para a
exportação. Um esforço grande nesta direção, juntamente com as
ações de promoção comercial, que já estão sendo desencadeadas e
que deverão ser expandidas, deverá progressivamente elevar o volume
e o valor agregado às nossas exportações.
Também no capítulo 4, onde se fala do Funttel, seria bom referir
que este fundo foi instituído pela Lei 10.052, de 28/11/2000, e
regulamentado pelo Decreto 3.737, de 30/01/2001, e conta com
recursos iniciais de R$150 milhões. Caberá ao BNDES e à FINEP a
função de agentes financeiros para aplicação de 80% dos recursos do
Fundo, sendo que os 20% restantes destinam-se à Fundação CPqD,
sabidamente o grande centro de excelência do desenvolvimento
tecnológico das telecomunicações brasileiras. Ressalte-se que o
estabelecimento das prioridades e o enquadramento de projetos do
Fundo serão realizadas por um Conselho Gestor interministerial,
presidido pelo Ministério das Comunicações e constituído, também,
pelos agentes financeiros.
Ainda no mesmo capítulo, há que atualizar o texto referente ao
Softex, mais particularmente no que diz respeito ao Prosoft. As regras
deste programa do BNDES foram alteradas em 02/07/2001, passando
a conceder financiamentos variando entre R$ 500 mil e R$ 4,5 milhões,
para empresas com faturamento de até R$ 45 milhões, no ano anterior
ao pleito. A correção da dívida pelo IGP-M está sendo rediscutida, com
possibilidades de alteração.
O Prosoft já aprovou 16 empresas, comprometendo R$ 33 milhões
e tem outros R$ 47 milhões, totalizando uma linha de R$ 80 milhões,
para comprometer até 21.12.2002, quando vence o Convênio celebrado
entre BNDES, SOFTEX e ASSESPRO.
Por fim, cabem alguns comentários sobre as perspectivas da
cooperação internacional (Capítulo sem número). Considera-se que
tradicionalmente a cooperação internacional em C&T tem seguido por
caminhos de cunho quase que exclusivamente acadêmicos. Esse tipo
de cooperação deve naturalmente continuar e aprimorar-se, mas há
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que se pensar em novas formas de cooperação, de caráter mais prático
ou, se se quiser, mais tecnológica.
Um dos potenciais a ser explorado é o dos investimentos
industriais estrangeiros no Brasil: em torno desses investimentos e das
empresas correspondentes seria possível montar programas de
cooperação tecnológica que ajudassem a melhorar o ambiente onde
tais empresas se inserem. Isso tem a ver com a melhoria da infraestrutura de serviços tecnológicos, com a formação e especialização de
recursos humanos e com o desenvolvimento de fornecedores locais.
Trata-se de uma filosofia distinta, a ser explorada, que envolve
certamente entidades tecnológicas e universidades, mas cujo foco está
direcionado para questões produtivas.
Uma outra vertente de cooperação internacional a ser explorada
com maior vigor é aquela relacionada com disciplinas técnicas que
condicionam fortemente o comércio internacional, tais como as diversas
vertentes da avaliação da conformidade, da metrologia e da
normalização. A busca de reconhecimento internacional é fundamental,
bem como a cooperação que deverá levar à viabilização de acordos de
reconhecimento mútuo em diversos níveis, os quais serão, cada vez
mais, instrumentos facilitadores do comércio internacional e de nossas
exportações.
Como já se referiu, a montagem de um programa de Off-Set
deverá oferecer um novo leque de oportunidades de cooperação,
inclusive com acesso a tecnologias que, de outra forma, seriam
praticamente inatingíveis. Nesses casos, uma das questões críticas é
criar condições efetivas de absorção dessas tecnologias, o que
implicará, muitas vezes, numa necessidade de conjugação de esforços
entre empresas e entidades tecnológicas.
Por fim, cabe ressaltar a importância geoestratégica de uma
cooperação sul-sul, em particular com os países vizinhos da América
Latina. Através deste tipo de cooperação vai-se criando um tipo de
relacionamento que poderá facilitar sobremaneira os processos de
integração sub-regionais, com desdobramentos importantes nas
negociações multilaterais e regionais em curso. Há que promover,
através de programas de cooperação e mesmo assistência técnica, um
fortalecimento dos vínculos que unem o Brasil aos demais países em
desenvolvimento. Além do BIRD e do BID, diversas entidades
internacionais podem contribuir para este esforço, tais como a UNIDO e
a UNCTAD.
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Anexo 1 - Equipe de Trabalho
Coordenação Geral:
Oscar Soto Lorenzo Fernandez
Secretário de Tecnologia Industrial
Coordenação Técnica:
Manuel Fernando Lousada Soares
Diretor do Departamento de Política Tecnológica
Articulação:
José Rincon Ferreira
Diretor do Departamento de Articulação Tecnológica
Colaboradores:
Antônio José Botelho - SUFRAMA
Antônio José Gadelha Alves - SECEX
Cynthia Araújo Nascimento - SDP
Ena Elvira Colnago - SDP
José Joaquim Vinge - INMETRO
Leandro da Motta Oliveira - STI
Lillian Maria Araujo Rezende Alvares - STI
Márcio Eloisio de Souza - STI
Márcio Heidi Suguieda - STI
Marcus Antônio Machadob- SDP
Maurício Serrão Piccinini - BNDES
Mauro Kenji Sujii - STI
Miguel Marques da Silva - SECEX
Pedro Arêas Burlandy - INPI
Rafael Romero Machado - STI
Rizza Castelo Branco - INPI
Rodrigo Lobato Almeida - STI
Sérgio Ferreira de Figueiredo - STI
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