GT 4 - Migração e Religião:Pentecostais e carismáticos latino-‐americanos evangelizando o mundo Coordenadores: Donizete Rodrigues (Universidade da Beira Interior/Portugal), Antonio Braga (UNESP/Brasil) Email: [email protected] Ementa: O fenómeno migratório internacional, principalmente nas três últimas décadas, foi (e ainda continua a ser) extremamente importante na criação, expansão, dispersão e globalização dos novos movimentos religiosos, com um grande destaque para as igrejas (neo) pentecostais, abrangendo o importante e complexo triângulo religioso América Latina-Estados Unidos-Europa. O processo de globalização e os grandes fluxos migratórios transcontinentais provocam significativas mudanças sociais, culturais, religiosas e identitárias. A principal consequência deste fenómeno migratório é que as sociedades contemporâneas estão cada vez mais plurais, do ponto de vista étnico, cultural e religioso. A análise sociológica e antropológica do fenómeno religioso no contexto da globalização corrobora a enorme importância que a religião, através da migração massiva de pessoas, ocupa nas sociedades atuais. A religião torna-se particularmente importante quando as pessoas/grupos migram. As circunstâncias desfavoráveis da diáspora reforçam o sentimento de pertença e a religião desempenha, neste contexto, um papel muito importante na manutenção da identidade cultural, linguística e religiosa do grupo. O Pentecostalismo é, desde a sua origem, uma religião de mobilidade geográfica: de fiéis, igrejas e missionários. A partir deste movimento religioso, surgiram na América Latina centenas (ou mesmo milhares) de novas igrejas evangélicas e a sua vertente católica deu origem ao movimento da Renovação Carismática Católica, com forte incidência no Brasil. O modelo atual de expansão pentecostal segue normalmente as diásporas emigratórias, partindo das regiões periféricas para as áreas centrais da sociedade capitalista, constituindo hoje um importante e global fenómeno religioso. Neste cenário pode ser destacado o Brasil, que desde o final dos anos de 1980 é um importante, se não mesmo o primeiro, país «exportador» de missionários pentecostais (católicos e principalmente evangélicos) para a Europa, onde, extrapolando a «fronteira étnica brasileira», desenvolvem trabalhos proselitistas com outros imigrantes e também com nacionais. Fenômeno este que pode ser também identificado a partir de outros países da América Latina. No caso específico deste GT, os trabalhos discutirão, em particular, a relação entre religião e o fenómeno da (e/i)migração transcontinental latino-americana (de língua castelhana) e brasileira, caracterizada por uma forte mobilidade geográfica religiosa, uma ‘divine migration’ Pentecostal de Sul para Norte, com mudanças significativas no panorama religioso mundial, criando, desta forma, novas ‘spiritual geographies’ (Maskens, 2012). Este fenómeno de ‘exportação’ religiosa está inserido na perspetiva analítica da «reverse mission» (Freston, 2010) - anteriormente exportadora de instituições e doutrinas religiosas, a Europa é hoje um território fértil para o trabalho missionário. Surgidas a partir do trabalho de evangelização do Protestantismo europeu e Pentecostal norte-americano, as igrejas (neo)pentecostais latino-americanas e brasileiras consideram-se hoje responsáveis pela importante «missão divina» de (re)cristianizar a Europa, que passa por um forte processo de secularização/laicização. Já em relação ao contexto católico europeu, com semelhante estratégia proselitista, o movimento da Renovação Carismática Católica tem por missão o reavivamento espiritual do catolicismo numa Europa secularizada, dentro da qual a Igreja Católica vem demonstrando claros sinais de perda de fiéis.