Uma Forma de Agregar a Voz dos Clientes nas Etapas Iniciais de Criação de uma Empresa de Base Tecnológica (EBT) de Origem a Acadêmica Autoria: Solange Gomes Leonel, Lin Chih Cheng, Diógenes Cecilio da Silva Jr, Pedro Henrique Ferreira Drummond Resumo O objetivo deste artigo é relatar uma forma de incorporar as necessidades de mercado, através da voz do cliente, nas etapas iniciais de planejamento de uma empresa iniciante de base tecnológica de origem acadêmica, a fim de: i) diminuir os riscos da mesma ser criada para explorar uma tecnologia inviável do ponto de vista técnico e/ou mercadológico; e ii) focar os esforços de desenvolvimento de protótipos e produtos nas demandas do mercado. A partir de uma estratégia de pesquisa-ação, uma equipe de pesquisadores da Escola de Engenharia da UFMG – interessados em transformar uma tecnologia desenvolvida em produtos que levassem à constituição de uma nova empresa – foi auxiliada durante oito meses na busca do alinhamento do trinômio Tecnologia, Produto e Mercado (TPM) por intermédio do método Technology Roadmapping (TRM). Os resultados obtidos sugerem que para maximizar as chances de sucesso da futura EBT, o alinhamento do trinômio TPM deve ser orientado pelo equilíbrio entre technology-push e market-pull. Além disso, algumas atividades que facilitam a identificação e o preenchimento das lacunas existentes entre a tecnologia explorada e as reais necessidades dos clientes devem ser incluídas nas etapas iniciais de planejamento do empreendimento. 1. Introdução A inclusão da pesquisa como parte da missão das universidades possibilitou a criação das primeiras empresas de base tecnológica (EBT’s) oriundas de ambientes acadêmicos, no final do séc XIX (SHANE, 2004). Desde então, a função dessas instituições na sociedade vem passando por uma constante transformação. Atualmente, estas vivenciam a chamada capitalização do conhecimento. Nesse novo cenário, a universidade – outrora apenas voltada para a produção do conhecimento e a formação de capital humano qualificado – assume papel ativo no processo de transformação do conhecimento em riqueza (ETZKOWITZ et al., 2000). Essa postura mais empreendedora das instituições de ensino superior tem possibilitado, nas últimas décadas, o surgimento de empresas com produtos e serviços de maior valor agregado (DI GREGORIO & SHANE, 2003). No entanto, criar uma empresa a partir de uma tecnologia acadêmica não constitui uma tarefa simples, pois boa parte dos resultados de pesquisa está distante de se tornar um produto competitivo comercialmente ou, simplesmente, não representa uma boa oportunidade de negócio. Além disso, essas EBT’s são mais suscetíveis às incertezas técnicas e mercadológicas do que os outros tipos de empreendimentos (DE COSTER & BUTLER, 2005). Na literatura, esse tipo de fenômeno é classificado como empreendedorismo acadêmico (SHANE, 2004) ou tecnológico (ROBERTS, 1991; DORF & BYERS, 2005). Nesse contexto, alguns modelos de apoio ao processo de geração de empresas acadêmicas (processo empreendedor) podem ser identificados, como os propostos por NDONZUAU et al. (2002) e GASSE (2002). Nos dois casos, ressalta-se a importância do planejamento inicial (préincubação) para aumentar as chances de sucesso desse tipo de negócio. Para transformar um resultado de pesquisa promissor em um projeto empreendedor, esse planejamento deve 1 explorar o potencial técnico e comercial da tecnologia – incluindo a construção do protótipo – e avaliar a viabilidade econômica e comercial do futuro empreendimento (NDONZUAU et al., 2002). Na prática, entretanto, observa-se que muitas EBT’s de origem acadêmica iniciam suas atividades negligenciando a etapa de pré-incubação. Essa lacuna, geralmente, reflete negativamente no processo de desenvolvimento dos protótipos e produtos e prejudica o próprio desenvolvimento da empresa. Isto porque, após o lançamento, essas EBT’s precisam dar um passo atrás e retomar pontos fundamentais, como: i) desenvolvimento técnico adicional - complementando os atributos técnicos necessários para tornar os próprios produtos comercializáveis; e ii) desenvolvimento de mercado para a tecnologia – aumentando a sintonia de suas soluções com as reais necessidades e desejos do mercado consumidor (SHANE, 2004). Para evitar esses equívocos na pré-incubação, que podem levar o empreendimento iniciante até mesmo à falência, o contato com possíveis clientes é considerado importante para direcionar os esforços de desenvolvimento de protótipos e produtos (ALLEN, 2003). Uma grande parte das EBT’s de origem acadêmica, entretanto, além de apresentar os problemas de planejamento mencionados, é criada sem esse nível de envolvimento com potenciais consumidores ou sem a preocupação de atender a uma real necessidade de mercado. Para buscar um entendimento maior sobre essa questão, uma EBT da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em fase de pré-incubação, foi acompanhada ao longo de oito meses. Nesse período, o objetivo estabelecido foi a aplicação de métodos e ferramentas da área de Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP) (CHENG, 2000) que permitissem aos empreendedores identificar e incorporar as necessidades de mercado através da voz dos clientes, para, a partir dessas informações, alinhar tecnologia, produto e mercado. Tendo em vista apresentar os resultados obtidos, este trabalho encontra-se dividido em cinco partes, além desta introdução. A primeira apresenta o processo de criação das EBT’s de origem acadêmica, identificando as etapas e as atividades necessárias. A segunda discute a gestão de desenvolvimento de produto na identificação das necessidades dos clientes nessas empresas, dando ênfase ao método Technology Roadmapping (TRM). A terceira apresenta a metodologia de pesquisa utilizada. A quarta, por sua vez, destaca o caso investigado, mostrando como ocorreu a incorporação das necessidades de mercado no planejamento de uma empresa iniciante. E a quinta, por fim, apresenta as principais conclusões do trabalho. 2. O Processo de Criação das EBT’s de Origem Acadêmica No contexto da sociedade do conhecimento, ou pós-industrial, os conhecimentos científico e tecnológico representam os principais insumos necessários para a promoção do desenvolvimento econômico e social. Nesse ambiente, as universidades assumem um importante papel como centros de excelência em pesquisa e desenvolvimento (MANSFIELD & LEE, 1996; ETZKOWITZ et al., 2000). Todavia, para que o conhecimento gerado dentro dessas instituições acadêmicas seja transformado em riqueza, é necessário que haja a sua transferência para o setor produtivo, com a incorporação em produtos e serviços de valor agregado e conseqüente comercialização. De acordo com ETZKOWITZ (1998), essa transferência tecnológica entre universidades e empresas pode ocorrer de diversas formas, como: i) desenvolvimento de um produto concebido na universidade, por uma empresa externa já existente; ii) melhoria, por intermédio 2 do conhecimento acadêmico, de produtos desenvolvidos fora da universidade; e iii) criação de uma nova empresa (spin-off acadêmico), pelo pesquisador-empreededor, para comercializar produtos e serviços resultantes de pesquisas universitárias. Em cada uma delas, o envolvimento acadêmico acontece em nível e forma distintos. A criação dos chamados spin-offs acadêmicos – ou EBT’s de origem acadêmica – é considerada uma tendência e uma das maneiras mais promissoras de realizar a transferência das tecnologias das universidades para o mercado (NDONZUAU et al, 2002; ROBERTS, 1991). Isto porque, esses empreendimentos: i) encorajam o desenvolvimento econômico local, gerando emprego e oportunidades; ii) aumentam as chances de comercialização das tecnologias acadêmicas, uma vez que as empresas já estabelecidas no mercado encontram certas dificuldades para assimilá-las e comercializá-las; iii) ajudam as universidades na sua missão principal de promover o ensino e a pesquisa, pois providenciam o suporte financeiro para as pesquisas acadêmicas, atraem e retêm pesquisadores e facilitam o treinamento dos estudantes; e, por último, iv) na média, produzem mais valor econômico que as outras empresas iniciantes (SHANE, 2004). Na prática, entretanto, observa-se que o processo de criação de empreendimentos acadêmicos não é simples. Em diversos contextos este ainda esbarra em obstáculos como a “mentalidade acadêmica” de alguns pesquisadores – que enxergam a ciência como um fim em si mesma, sem considerar a possibilidade de exploração comercial – e as próprias questões legais, que regulam a interação entre a universidade e as empresas, de acordo com os interesses de cada governo e instituição (NDONZUAU et al., 2002). Segundo NDONZUAU et al. (2002), em ambientes propícios, o processo de criação desses spin-off’s acadêmicos pode ser dividido em quatro etapas principais. A primeira visa a geração de idéias de negócio a partir de resultados de pesquisa. A segunda, a finalização do projeto do negócio, através da análise de sua viabilidade técnica, econômica e comercial. A terceira compreende a concretização dos projetos através do lançamento formal das EBT’s, enquanto a quarta abrange a consolidação dessas empresas no mercado, com o conseqüente fortalecimento do valor econômico criado pelas mesmas. Uma abordagem similar é apresentada por GASSE (2002), ao descrever o processo de incentivo à criação de novos empreendimentos de base tecnológica, em ambientes acadêmicos canadenses. Nesse caso, o chamado processo empreendedor é composto por quatro estágios: conscientização, pré-incubação, incubação e implementação. O primeiro trata da conscientização da comunidade acadêmica para a importância de gerar valor econômico a partir das pesquisas. O segundo abrange o planejamento inicial dos futuros negócios. O terceiro, por sua vez, compreende o início das atividades dos spin-off’s. E o quarto, por fim, corresponde à consolidação da empresa já inserida no mercado, muitas vezes sediada em parques científicos e/ou tecnológicos. A Figura 1 estabelece um paralelo entre as propostas de NDONZUAU et al. (2002) e GASSE (2002). Nessa visão, o processo de criação das EBT’s de origem acadêmica pode ser resumido em quatro grandes fases, compostas por atividades necessárias para a sua melhor orientação até a criação de valor econômico. Nesse contexto, é importante destacar a pré-incubação por ser exatamente o momento no qual a idéia de negócio será analisada e estruturada em forma de um verdadeiro projeto de empresa. 3 Dada a natureza de grande parte das pesquisas acadêmicas – nas quais nem sempre uma idéia brilhante do ponto de vista científico é viável técnica e comercialmente – a pré-incubação (ou planejamento inicial) se torna importante para transformar o conhecimento gerado dentro das universidades em produtos e serviços que levem efetivamente à constituição de um novo negócio. Para isso, esta engloba todos os tipos de estudos de viabilidade pertinentes à criação de uma nova empresa. Figura 1– O Processo de criação do spin-off acadêmico. Fonte: Adaptado de NDONZUAU et al., 2002 e GASSE, 2002. Diferentemente do planejamento inicial de outros tipos de empreendimentos, o de uma EBT deve compreender, além do plano de negócio, também um planejamento tecnológico (NDONZUAU et al., 2002). Isto porque, os planos de negócios tradicionais (TIMMONS, 1999; DORNELAS, 2001) enfatizam mais os aspectos comerciais, financeiros e organizacionais da futura empresa, do que os aspectos técnicos necessários para que uma tecnologia seja incorporada em produtos, processos ou serviços de valor agregado (CHENG, DRUMMOND & MATTOS, 2005). O propósito do planejamento tecnológico é investigar de forma minuciosa se a tecnologia explorada tem potencial para satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes, e verificar as suas reais aplicações. O resultado esperado é possibilitar à EBT iniciante desenvolver protótipos que demonstrem que a tecnologia funciona de forma apropriada para ser comercializada e estendida para produção em escala industrial (NDONZUAU et al., 2002). Em um trabalho realizado com uma EBT iniciante, CHENG, DRUMMOND & MATTOS (2005) estruturaram o planejamento tecnológico em 5 (cinco) etapas: avaliação do potencial de pesquisa; geração/priorização de idéias de plataformas de produto; elaboração do roadmap tecnológico; desenvolvimento de protótipos (produtos); e elaboração do plano tecnológico. Além dessas, o processo era composto por uma entrada – resultado de pesquisa – e uma saída – plano tecnológico. Infelizmente, tendo em vista o foco da pesquisa, estes não aprofundaram na importância de agregar as necessidades de mercado ao planejamento inicial da EBT. Nessa direção, a prática tem demonstrado que não aprofundar nesse ponto pode comprometer o desempenho da futura da EBT. Ao se observar a obra de SHANE (2004), nota-se que muitas da EBT’s de origem acadêmica são criadas sem saber se a tecnologia que as levou à constituição do novo negócio atenderá efetivamente a uma necessidade de mercado. Assim, após a fundação, essas empresas precisam retomar o processo de desenvolvimento de protótipos para criar produtos e serviços que satisfaçam efetivamente os desejos dos clientes. Esse atraso no desenvolvimento pode 4 acarretar em: i) lançamentos dos mesmos produtos e/ou serviços pelos concorrentes; ii) mudanças nas necessidades dos consumidores; e iii) subestimação de tempo e de recursos necessários para desenvolver os produtos (COOPER, 1999). No sentido de agregar as necessidades de mercado ao planejamento da EBT iniciante, por intermédio da voz dos clientes, formulou-se a proposição (hipótese) de que a área de Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP) poderia disponibilizar as técnicas utilizadas pelas grandes corporações para incorporar as demandas do mercado nos seus projetos de novos produtos e serviços (CHENG, 2000). 3. A GDP na Incorporação de uma Necessidade de Mercado: o Método TRM De acordo com CLARK & WHEELWRIGHT (1993), conhecer as necessidades e os desejos do consumidor possibilita às empresas visualizar boas oportunidades de negócio e antecipar possíveis adaptações em suas estratégias. Essa posição é reforçada por COOPER (1999), que afirma ainda que os projetos de produtos bem sucedidos no mercado empregam grandes esforços para agregar a voz do cliente ao processo de desenvolvimento; e por UTTERBACK (1974), que revela em seu estudo que a maioria das inovações de sucesso analisadas surgiu a partir da identificação das necessidades dos clientes. Segundo ALLEN (2003), apesar da relevância desse tópico, uma das grandes dificuldades encontradas no processo de introdução de uma inovação no mercado consiste em identificar os problemas e necessidades que os clientes desejam solucionar. Para resolver essa questão, a GDP apresenta inúmeros métodos e ferramentas desenvolvidos, em sua maioria, para atender as grandes corporações, tanto em nível estratégico (grupo de projetos), quanto operacional (projeto individual) (CHENG, 2000). Dentre esses, destaca-se o método Technology Roadmapping (TRM) (KAPPEL, 2001; PHAAL, FARRUKH & PROBERT, 2001), por ser este capaz de orientar o preenchimento das lacunas existentes entre a tecnologia e as necessidades de mercado. 3.1 O Método Technology Roadmapping (TRM) Os primeiros passos para a criação do método foram dados pela indústria automobilística dos Estados Unidos. No entanto, a difusão do mesmo só ocorreu no final da década de 70 e início de 80, quando a Motorola e a Corning desenvolveram processos para alinhar as estratégias de produto ao planejamento de P&D (tecnologia). Enquanto a Corning defendia um mapeamento dos eventos críticos para a estratégia da corporação e das unidades de negócio, a Motorola adotava uma abordagem focada na evolução e no posicionamento de suas tecnologias. Essa última se tornou mais visível e foi adotada por outras empresas do setor eletrônico como a Lucent e a Philips (PROBERT & RADNOR, 2003). O TRM é um método que pode ser utilizado por grandes, médias e pequenas empresas, de vários setores, que buscam o suporte necessário ao planejamento e ao gerenciamento estratégico de suas tecnologias ao médio e longo prazos (GROENVELD, 1997; ALBRIGHT & KAPEL, 2003; PHAAL, FARRUKH, & PROBERT, 2004). A utilização de uma abordagem flexível permite que o TRM seja adaptado para diversos propósitos e estruturado em diferentes formatos (PHAAL, FARRUKH, & PROBERT, 2004). A Figura 2 ilustra uma arquitetura básica do documento (roadmap) gerado pelo método. Independente do formato do roadmap, a lógica do processo passa pela resposta de três questões importantes para o planejamento de uma organização: 1) Onde estamos agora? 2) 5 Onde queremos chegar? e 3) Como alcançaremos a nossa visão de futuro? (PHAAL, FARRUKH & PROBERT, 2005). As respostas a essas perguntas permitem que a empresa se posicione frente aos competidores, além de possibilitar o melhor posicionamento de seus produtos no mercado. Figura 2 – Arquitetura básica do roadmap Fonte: Adaptado de PHAAL, FARRUKH & PROBERT (2005), p 99-100. Com relação à arquitetura do mapa, a camada superior representa as aspirações da empresa, podendo ser essas externas e/ou internas (mercado e/ou negócio). Na camada intermediária, encontram-se os meios através dos quais a empresa alcançará as suas aspirações (produtos/serviços). E na camada inferior, situam-se os recursos (tecnologias, competências e conhecimentos) que devem ser ordenados e integrados para que a empresa desenvolva produtos e serviços em sintonia com a sua visão de mercado (PHAAL, FARRUKH & PROBERT, 2004). Dessa forma, o TRM proporciona o alinhamento das três perspectivas chaves para o sucesso de uma inovação: a tecnologia, o produto e o mercado. Os resultados do TRM variam de acordo com abrangência dos roadmaps. Em nível estratégico, os resultados permitem que a empresa identifique tecnologias críticas ou lacunas tecnológicas que afetam o seu programa de desenvolvimento de novos produtos. Em nível operacional, esses possibilitam que a empresa incorpore as necessidades dos clientes para desenvolver um determinado produto ao longo do tempo. Nos dois casos, o método direciona melhor o investimento em P&D e demonstra que a organização esta apta para atender as demandas do mercado. 3.2 O desafio de identificar as necessidades de mercado nas EBT’s iniciantes No caso das EBT’s iniciantes de origem acadêmica, agregar as necessidades de mercado ao processo inicial de desenvolvimento de produtos não é trivial. Essas empresas, em geral, são criadas para explorar tecnologias oriundas de pesquisas que não são direcionadas pela necessidade de gerar soluções comercialmente viáveis e, tampouco, preencher uma demanda do mercado (PLONSKI, 1999). Assim, os pesquisadores que decidem empreender encontram grandes dificuldades para visualizar como resolver um problema real e extrair dos potencias clientes as percepções de como a nova tecnologia poderia satisfazer as suas necessidades. Para vencer esse desafio, o planejamento inicial da EBT deve ser orientado para: i) identificar se existe uma necessidade no mercado; ii) analisar se a empresa pode satisfazê-la; iii) obter feedback dos clientes sobre produtos e serviços que podem ser utilizados para satisfazer essa 6 necessidade (SHANE, 2004); e iv) definir e testar um conceito de negócio para a tecnologia a ser explorada (ALLEN, 2003). Conforme visto em ALLEN (2003), o conceito de negócio envolve a descrição formal de uma oportunidade considerando quatro elementos principais: i) o produto a ser oferecido; ii) o cliente; iii) o benefício para o cliente (proposição de valor); e iv) o canal de distribuição. Além disso, dado que essas empresas desenvolvem tecnologias sofisticadas, com alto grau de complexidade e inovação, o planejamento deve buscar o balanceamento entre a capacidade tecnológica e as necessidades de mercado para potencializar as chances de sucesso de novos produtos (COOPER, 1984; MEYER & ROBERTS, 1986). Em face ao exposto, o método TRM, aliado a outras técnicas de obtenção da voz do cliente, como estudos detalhados sobre o mercado (COOPER, 1999), entrevistas, grupos foco e observações de como o cliente utiliza um determinado produto e/ou desempenha uma determinada tarefa (DOLAN, 1993; ULRICH & EPPINGER, 2003) – também utilizadas por grandes corporações – apresenta um bom potencial para auxiliar a EBT iniciante na incorporação das necessidades de mercado ao seu planejamento inicial. 4. Metodologia de Pesquisa Por se tratar da investigação de uma situação concreta, na qual a problemática demanda uma ação transformadora, a estratégia de Pesquisa-Ação foi escolhida para orientar este trabalho (SUSMAN & EVERED, 1978; THIOLLENT, 1997). De acordo com COUGHLAN e COGHLAN (2002), a Pesquisa-Ação é uma pesquisa em ação e não pesquisa sobre ação, ou seja, os integrantes da situação investigada, além de serem objeto de estudo, são também participantes da resolução de seus próprios problemas. Além disso, ela visa contribuir tanto para as questões práticas, quanto para os objetivos da ciência (RAPOPPORT, 1970). Para condução da pesquisa, foram consideradas quatro grandes fases da Pesquisa-Ação, aplicadas de forma cíclica: diagnóstico inicial, planejamento da ação, ação e avaliação. Durante os oito meses, foram utilizadas ferramentas qualitativas e quantitativas para coletar os dados. Além disso, foram realizadas reuniões periódicas com os membros da situação investigada para: i) discutir os caminhos apontados na teoria; e ii) planejar e acompanhar o andamento das tarefas, na prática. As contribuições da Pesquisa-Ação são mais facilmente percebidas na esfera prática, pois os seus resultados não são passíveis de generalizações. Contudo, a contribuição no plano teórico pode ser construída a partir dos resultados obtidos em outras pesquisas semelhantes e com o acúmulo de experiência dos pesquisadores. 5. O Processo de Incorporação das Necessidades dos Clientes em uma EBT iniciante O presente trabalho não foi realizado em uma organização constituída formalmente. O ambiente de investigação, no caso, foi formado por uma equipe de pesquisadores composta por um professor doutor, um aluno de doutorado e outro de mestrado da Escola de Engenharia da UFMG, interessados em transformar o resultado de quatro anos de pesquisas aplicadas em um novo empreendimento de base tecnológica. Os empreendedores dominavam todo o estado da arte da nova tecnologia, mas desconheciam como transformá-la em produtos e serviços que possuíssem valor para os potencias 7 consumidores. Para preencher essa lacuna de conhecimento, buscou-se a ajuda de facilitadores externos que reuniam as competências necessárias para auxiliá-los. Após a formalização de um acordo de sigilo entre as partes, realizou-se um diagnóstico inicial para identificar e compreender as dimensões reais do problema, verificar as expectativas dos empreendedores, e estabelecer os objetivos do trabalho. O Quadro 1 apresenta o resumo do diagnóstico. Quadro 1 – Resumo do diagnóstico inicial Problema Identificar as necessidades por produtos no mercado para planejar o desenvolvimento da nova tecnologia no sentido de satisfazer essas necessidades. Expectativa dos Encontrar uma boa oportunidade comercial para empreender a nova tecnologia. Empreendedores Objetivo Incorporar as necessidades de mercado às etapas iniciais de criação da empresa para que os esforços de desenvolvimento de protótipos sejam direcionados para produtos e serviços que atendam as demandas do mercado e justifiquem a abertura de uma nova empresa. Com isso, iniciou-se o processo de auxílio aos empreendedores buscando sempre o balanceamento entre as potencialidades da tecnologia e as demandas de mercado, já à luz do método TRM. O foco, todavia, não se restringia apenas em auxiliá-los na resolução de seus problemas, mas também em capacitá-los a realizar as mesmas atividades, futuramente, na ausência de facilitadores externos. 5.1 As fases do processo de incorporação das necessidades de mercado Na busca do objetivo estabelecido, os empreendedores só conheciam as entradas – resultado de pesquisa acadêmica – e as saídas esperadas do trabalho – incorporar as demandas de mercado para direcionar o desenvolvimento dos protótipos e a decisão de iniciar um novo negócio. Em virtude disso, optou-se pela utilização do método TRM (PHAAL, FARRUKH, & PROBERT, 2005) por ser este capaz de assegurar o desenvolvimento de produtos e serviços em consonância com as necessidades dos clientes. Também, por ser um método conhecido e dominado pelos facilitadores (CHENG, DRUMMOND & MATTOS, 2005). Com base em uma entrevista semi-estruturada com os empreendedores, constatou-se, a priori, que a tecnologia descoberta era inovadora e apresentava potencial para criar soluções comercializáveis. Essa suposição era embasada pela existência de alguns spin-off’s acadêmicos que haviam surgido para explorar o mesmo tipo de conhecimento no exterior. No entanto, as soluções visualizadas pelos empreendedores naquele momento, ainda se baseavam muito mais nas potencialidades da tecnologia (technology-push) do que nas demandas de mercado (market-pull). Logo, mostrava-se necessário lapidar as idéias de negócio para que as mesmas adquirissem mais aderência ao mercado. Assim, com base no arcabouço teórico revisado na segunda e na terceira parte deste trabalho, estruturou-se um processo para auxiliar os empreendedores na incorporação das necessidades de mercado (Figura 3). Este foi formatado em sete fases que possibilitavam a integração e o aprofundamento progressivo das informações de tecnologia, produto e mercado, considerando 8 o balanceamento entre o technology-push e o market-pull. A cada etapa, a equipe de empreendedores tecnológicos deveria ser estimulada a refinar as informações existentes e coletar novos dados para subsidiar suas tomadas de decisão. Figura 3 – O processo de incorporação das necessidades de mercado Na primeira etapa, o objetivo era identificar o potencial comercial da tecnologia explorada. Para isso, foram aplicados dois questionários - baseados nas obras de NDONZUAU et al (2002), JOLLY (2003) e DE COSTER & BUTLER (2005) - que buscavam avaliar a atratividade e a competitividade da tecnologia. Entre os pontos analisados, buscou-se diagnosticar a funcionalidade do produto, o nível de inovação da tecnologia, a capacidade de satisfazer uma necessidade de um setor de mercado, o potencial de gerar uma família de produtos, a capacidade técnica da equipe e a existência de outros recursos necessários para garantir a competitividade da tecnologia. Os resultados obtidos indicavam que a tecnologia apresentava vantagens observáveis para satisfazer uma necessidade de mercado. Entre essas pode-se citar: potencial para substituição de importações e flexibilidade da solução tecnológica, permitindo o desenvolvimento de funcionalidades especificas para cada tipo de cliente. Entretanto, os empreendedores ainda não conseguiam identificar com precisão os potencias clientes, nem os benefícios que estes desejavam que fossem incorporados aos produtos existentes. Assim, com base nas discussões geradas e nas informações coletadas na etapa de identificação das oportunidades, estimulou-se os empreendedores a levantar o maior número possível de aplicações para a tecnologia. Para isso, foram utilizados recursos como dinâmicas de brainstorming, pesquisas na internet sobre tecnologias e produtos similares e pesquisas nos sites das principais empresas desse setor. Essas atividades possibilitaram a identificação de 16 (dezesseis) aplicações. Nem todas, porém, apresentavam viabilidade comercial ou se adequavam às necessidades do mercado brasileiro (interesse inicial dos empreendedores). Tendo em vista a quantidade de aplicações levantadas, tornou-se necessário identificar aquelas que apresentavam maior potencial de mercado. Dessa forma, os facilitadores se basearam na literatura (COOPER & KLEINSCHIMIDT, 1987; GRIFFIN & PAGE, 1993; DE COSTER & BUTTER, 2005) para definir os critérios de priorização. Foram contempladas questões tecnológicas, características dos produtos, indicadores do mercado e dos 9 consumidores, bem como diretrizes estratégicas do futuro empreendimento. Alguns exemplos de critérios utilizados foram: valor gerado para o cliente, facilidade de acesso ao mercado; tamanho do mercado; facilidade de implementação e retorno financeiro. As oportunidades de aplicação da tecnologia foram então comparadas entre si em reuniões realizadas com toda a equipe. Durante estes encontros, foram promovidas discussões que tinham como propósito decidir a pontuação (ex: 3 para baixo potencial até 9 para ótimo potencial) de cada aplicação em cada um dos critérios. A partir destas informações, utilizou-se a técnica estatística de análise fatorial (JOHNSON & WICHERN, 2002), por intermédio da qual tornou-se possível identificar dois fatores latentes do problema. O primeiro fator consistia de um índice de comparação entre o potencial de concretização da tecnologia versus seu potencial econômico. O segundo, por sua vez, foi interpretado como um índice geral de atratividade da oportunidade. A Figura 4 apresenta o posicionamento de cada tecnologia avaliada nestes dois fatores. Figura 4 – Classificação das aplicações para a tecnologia A partir desta análise, dentre as 16 (dezesseis) aplicações visualizadas anteriormente, os empreendedores optaram por priorizar as 5 (cinco) que mais se destacavam. Contudo, só priorizar não era o suficiente para direcionar os esforços de desenvolvimento de protótipos e subsidiar a tomada de decisão dos empreendedores de iniciar um novo negócio. Para verificar se essas aplicações realmente estavam em sintonia com as necessidades de mercado, era preciso identificar os potenciais clientes para cada uma destas e, em seguida, abordá-los. Assim, para selecionar os possíveis consumidores, a equipe se baseou no seu conhecimento de mercado. Ao todo foram identificados um conjunto de 8 (oito) clientes para as 5 (cinco) aplicações priorizadas. A princípio quatro deles foram selecionados (em virtude do termo de sigilo, são apresentados nomes fictícios): i) “Velocidade Ltda” do setor automobilístico; “Metais LP” do setor siderúrgico; “Distribuição S/A” concessionária pública; e “Soluções Corp.” desenvolvedora de sistemas computacionais. Estas empresas faziam parte da rede de relacionamentos tanto dos empreendedores quanto dos facilitadores, o que facilitava o acesso a pessoas chaves e eventuais visitas às instalações dessas organizações. Definidas as empresas, iniciou-se a busca de suas reais necessidades (a partir da própria voz dos clientes) e o processo de entendimento de como a nova tecnologia poderia atendê-las. Inicialmente, os clientes “Velocidade Ltda”, “Metais LP” e “Distribuição SA” foram abordados informalmente para a coleta de algumas informações preliminares e levantamento 10 de produtos similares (substitutos) já utilizados por estes. Em seguida, com o objetivo de facilitar a interação entre as partes, foi elaborado e enviado um material que explicava a tecnologia de uma maneira mais simples. No caso da “Soluções Corp”, não houve esse tipo de abordagem, pois esta empresa já havia procurado os empreendedores anteriormente interessada em soluções que agregassem valor para os seus produtos. Em virtude disso, os empreendedores conseguiram realizar uma vista às instalações da “Velocidade Ltda” para observar na prática suas necessidades quanto a produtos e serviços. Essa visita, além de possibilitar a visualização de aplicações, também permitiu o contato com um novo cliente potencial. Em relação aos outros clientes selecionados, foram realizadas três reuniões com a “Soluções Corp” e entrevistas com a “Metais LP” e a “Distribuição SA”. Esses contatos resultaram na definição de três aplicações reais para a tecnologia. Com isso, iniciou-se a fase de definição de conceito de negócio para a tecnologia (ALLEN, 2003). Para condução dessa fase, os facilitadores entrevistaram os empreendedores para definir formalmente: o produto a ser oferecido; o cliente; o benefício para o cliente e o canal de distribuição. O resultado foi a definição de três conceitos de negócios para a tecnologia a ser explorada. Com os conceitos a serem explorados em mente, iniciou-se a última fase do processo. Nesta foi realizado um teste para verificar se esses conceitos apresentavam indícios de concretização. Para isso, foi elaborada uma matriz SWOT para facilitar a visualização das forças e fraquezas internas da empresa, e das oportunidades e ameaças existentes no mercado e, também, foram aplicados questionários nos empreendedores, abordando questões como: • • • • • • • • • • Por que o cliente mudaria de uma solução já existente no mercado para a nova solução proposta pela tecnologia ? Quais os riscos para o cliente caso o produto não funcione de forma eficiente? Qual o potencial desse mercado para garantir o sucesso do produto? Qual o nível de aprendizado exigido do cliente para que o mesmo opere o produto de forma eficiente? Qual o capital necessário para desenvolver essa aplicação? Qual o tempo necessário para finalizar o desenvolvimento em laboratório? Qual o tempo necessário para finalizar a pesquisa de campo? É possível derivar novas aplicações a partir de uma plataforma comum de produtos? A equipe possui a capacidade de desenvolver esse projeto? Caso a equipe não queira explorar essa aplicação, alguém mais irá explorar? Nesse processo, o TRM não seguiu a estrutura proposta por PHAAL, FARRUKH & PROBERT, 2001. A abordagem adotada tinha como objetivo utilizar a lógica de raciocínio do método para facilitar a visualização da integração do trinômio TPM, tendo como foco os produtos oriundos da fase de definição de conceito. Assim, o resultado final foi a elaboração de um roadmap ou mapa estratégico, ilustrado na Figura 5, que organiza e sintetiza os resultados do trabalho. Embora este roadmap tenha sido adaptado para preservar a confidencialidade das informações, é possível verificar, através da direção das setas, como as lógicas de technologypush – a partir dos recursos disponíveis e das tecnologias dominadas internamente – e de market-pull – a partir da definição de conceitos e da visão do negócio, baseados em necessidades dos clientes – auxiliaram os empreendedores a organizar, com maior nível de 11 certeza, as informações necessárias para direcionar os esforços de desenvolvimento de protótipos e produtos e, em última instância, para tomar a decisão final de empreender – ou não – seus resultados de pesquisa acadêmica. Figura 5 – Mapa estratégico (roadmap) da futura EBT O Quadro 2 resume os objetivos de cada fase do processo de incorporação das necessidades do mercado, as atividades realizadas, as principais dificuldades encontradas pelos facilitadores para condução do processo e as ações tomadas para contorná-las. 6. Conclusão A criação das EBT’s a partir de resultados de pesquisas universitárias está vinculada a uma série de desafios. Estes vão desde vencer a cultura acadêmica – resistente à formação de spinoff’s – até a dificuldade de obtenção de capital para investir na construção dos protótipos e primeiras unidades do produto. Nesse contexto, conhecer as variáveis que influenciam o processo de criação do empreendimento é importante para estruturar um ambiente favorável ao sucesso das EBT’s iniciantes. Assim, a presente pesquisa explora uma atividade comum para os gestores de empresas bem sucedidas no desenvolvimento de novos produtos (identificação e incorporação das necessidades de mercado), mas praticamente desconhecida pelos pesquisadores-empreendedores que decidem iniciar um novo negócio. Nesse contexto, foi realçada a importância da incorporação das necessidades de mercado, através da voz dos clientes, às etapas inicias de criação das EBT’s para assegurar que a tecnologia desenvolvida pelos empreendedores seja absorvida por potencias consumidores. Entretanto, embora o objetivo tenha sido ressaltar os benefícios de orientar o desenvolvimento de produtos e serviços para as demandas dos clientes, a lógica que permeou o processo sempre esteve voltada para o alinhamento do trinômio tecnologia, produto e mercado, enfatizando a necessidade de adoção de uma estratégia balanceada entre as potencialidades da tecnologia e as necessidades dos clientes. 12 Quadro 2 – O processo de incorporação das necessidades de mercado em uma EBT: objetivos, atividades, principais dificuldades e ações tomadas. 13 Apesar de não ser passível de generalizações, dada a estratégia de pesquisa adotada (pesquisaação), os resultados obtidos mostram que: i) a presença de facilitadores externos foi importante para auxiliar os empreendedores na identificação das demandas do mercado; ii) a postura mais pró-ativa de um integrante da equipe de empreendedores foi importante para operacionalizar o processo; iii) as habilidades interpessoais dos facilitadores foram importantes para construir um ambiente propício à troca de informações e aprendizado entre estes e os empreendedores; iv) os contatos com os clientes através de visitas às suas instalações, entrevistas e reuniões foram importantes para identificar aplicações reais para a tecnologia descoberta; v) a identificação de uma demanda real foi importante para direcionar os esforços de desenvolvimento de protótipos; e vi) a lógica do método TRM foi importante para mostrar que os empreendedores compreenderam as necessidades do mercado e, também, para apoiar a decisão destes de iniciar efetivamente o novo negócio. Na opinião dos empreendedores, o processo de incorporação das necessidades de mercado contribuiu para os seguintes pontos: i) realização de uma auto-crítica sobre a postura acadêmica que estes tinham perante ao mercado; ii) acesso a informações que estes desconheciam antes de iniciar o processo; iii) visualização de algumas aplicações reais para a tecnologia; e iv) aumento da rede de contatos. Embora esta pesquisa estivesse apenas focada na incorporação das necessidades de mercado, por intermédio da voz do cliente, nas etapas inicias de criação da EBT, acredita-se que a agregação deste processo ao planejamento inicial da empresa potencialize as suas chances de sucesso no desenvolvimento de novos produtos. Nesse sentido, um ponto a ser aprofundado em estudos futuros seria o acompanhamento da evolução da EBT, buscando avaliar os impactos desse alinhamento de tecnologia, produto e mercado em estágios mais avançados de desenvolvimento do novo empreendimento. 7. Referência Bibliográfica ALBRIGHT, R.E.; KAPPEL, T.A. Roadmapping in the corporation, Research-Technology Management, v. 42, n. 2, p. 31-40, 2003. ALLEN, K. Bringing New Technology to Market, Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2003. PLONSKI, G.A. Cooperação universidade-empresa: um desafio gerencial complexo. Revista de Administração da USP, v. 34, n. 4, p.5-12, 1999. CHENG, L.C. Caracterização da gestão de desenvolvimento de produto: delineando o seu contorno e tópicos básicos. In: Congresso Brasileiro De Gestão De Desenvolvimento Do Produto, 2, 2000, São Carlos. Anais. São Carlos: CBGDP, 2000, p. 1-9. CHENG, L.C.; DRUMMOND, P.; MATTOS, P. O planejamento tecnológico de uma empresa de base tecnológica de origem acadêmica: revelando passos necessários na etapa de pré-incubação. In: Seminário Nacional De Parques Tecnológicos E Incubadoras De Empresas, 15, 2005, Curitiba. Anais. Curitiba: ANPROTEC, 2005, p.1-17. CLARK, K.B.; WHEELWRIGHT S.C. Managing New Product and Process Development. NY: Free Press, 1993. 14 COOPER, R.G. New product strategies: what distiguishes the top performares. Journal of Product Innovation Management, v. 2, p. 151-164, 1984. COOPER, R.G. From Experience: The invisible success factors in produt innovation. Journal of Product Innovation Management, v. 16, p. 115-133, 1999. COOPER, R.G; KLEINSCHMIDT, E.J. New product: what separates the winners from the losers. Journal of Product Innovation Management, v. 4, p. 169-184, 1987. COUGHLAN, P.; COGHLAN, D Action research for operations management. International Journal of Operations and Production Management, v. 22, n. 2, p. 220-240, 2002. DOLAN, R. J. Managing the New Product Development Process. Reading: Addison-Wesley Publishing Company, 1993. DORNELAS, J.C.A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro. Ed. Campus, 2001. DE COSTER, R.; BUTLER, C. Assessment of proposals for new technology ventures in UK: characteristics of university spin-off companies. Technovation, v. 25, p. 535-543, 2005. DI GREGORIO, D.; SHANE, S. Why do some universities generate more start-ups than others? Research Policy, v. 32, n. 2 , p. 209-227, 2003. DORF, C.R.; BYERS, H.T (2005) Technology Ventures: from idea to enterprise, McGrawHill, 2005. ETZKOWITZ, H. The norms of entrepreneurial science: cognitive effects of the new university – Industry Linkages. Research Policy, v. 27, n. 8, p. 823-833, 1998. ETZKOWITZ, H.; WEBSTER, A.; GEBHARDT, C. TERRA, B.R.C The futere of the university and the university of the future: evolution of ivory tower to entrepreneurial paradigm. Research Policy, v. 29, p. 313-330, 2000. GASSE, Y. Entrepreneurship Centres: Roles and Positioning in the Entrepreneurial Process. In: Menzies, T.V. (Ed) Entrepreneurship and the Canadian Univ. – Strategies and Best Practices of Entrep. Centres, Fac. of Business, Brock University. p.30-35, 2002. GRIFFIN, A.; PAGE, A. An interim report on measuring product development. Journal of Product Innovation Management, v.10, p. 291-308, 1993 GROENVELD, P. Roadmapping integrates business and technology. Research-Technology Management, v. 40, n. 5, p.48–55, 1997. JOHNSON, R. A; WICHERN, D. W. Multivariate Statistical Analysis. Prentice Hall, 2002. JOLLY, D. The issue of weightings in technology portfolio management, Technovation, v. 23, p. 383-391, 2003. 15 KAPPEL, T.A. Perspectives on roadmaps: how organizations talk about the future. Journal of Product Innovation Management, v. 18, n. 1, p. 39-50, 2001. MANSFIELD, E.; LEE, J.-Y., The modem university: contributor to industrial innovation and recipient of industrial R&D support. Research Policy, v. 25, p. 1047-1058, 1996. MEYER, M.H.; ROBERTS, E.B. (1986) New product strategy in small technology based firms: a pilot study. Management Science, v. 32, n. 7, p 806-821, 1986. NDONZUAU, F. N. PIRNAY, F. SURLEMONT, B. A stage model of academic spin-off creation. Technovation, v. 22, p. 281-289, 2002. PHAAL, R., FARRUKH, C.; PROBERT, D. T-Plan: Fast Start to Technology Roadmapping. Cambridge University, Inst. of Manufacturing, UK, 2001. PHAAL, R., FARRUKH, C.; PROBERT, D. Technology roadmapping – a planning framework for evolution and revolution. Tech. Forecasting & Social Change, v. 71, p. 5–26, 2004. PHAAL, R.; FARRUKH, C.; PROBERT, D. Developing a technology roadmapping system. Proceedings of the Portland International Conference on Management of Engineering and Technology, Portland, Oregon, USA, July 31-August 4, 2005. PROBERT, D.; RADNOR, M. Frontier experiences from industry-academia consortia. Research Technology Management, v. 46, n. 2, p. 27-30, 2003. RAPOPORT, R. Three dilemmas of action research. Human Relations, v. 23, p.459– 513, 1970. ROBERTS, E.B. Entrepreneurs in High Technology – Lessons From MIT and Beyond. Oxford University Press, New York, USA, 1991. SHANE, S. Academic Entrepreneurship : University Spinoffs and Wealth Creation. Aldershot Edward Elgar, 2004. SUSMAN, G.; EVERED, R. An assessment of the scientific merits of action research. Administrative Science Quarterly, v.23. December, 1978. TIMMONS, J.A. New Venture Creation, Entrepreneurship for the 21st Century. McGrawHill International Editions, 5th Edition, 1999. THIOLLENT, M. Pesquisa-Ação nas Organizações. São Paulo: Editora Atlas, 1997. ULRICH, K.T; EPPINGER, S.D, Product Design and Development. McGraw-Hill International Editions, 3th Edition. Cap. 4, 2003. UTTERBACK, J..M. Innovation in industry and the diffusion of thechnology. Science 183, p- 620-626, 1974. 16