A mudança climática, os
desastres naturais e a mulher
Liz Riley, Coordenadora Adjunta
Agência Caribenha de Resposta a
Situações de Emergência (CDERA)
Comissão Interamericana de Mulheres
Trigésima Quarta Assembléia de Delegadas
Santiago, Chile
11 de novembro de 2008
1
Visão geral da exposição




CDERA
Mudança climática, variabilidade
climática e desastres naturais
Impactos na mulher
O caminho a seguir: plataformas de
ação
2
O que é a CDERA?

Agência Caribenha de Resposta a Situações de
Emergência

Organização regional intergovernmental de
gestão de desastres– sede em Barbados

Criada em 1991 mediante acordo de Chefes de
Governo regionais


Tem como principal função “oferecer resposta
imediata e coordenada” aos desastres nos países
participantes
16 (dezesseis) países participantes
3
4
Mudança climática,
variabilidade climática e
desastres naturais
5
Definições
Mudança climática: “Mudança do clima que possa ser direta ou
indiretamente atribuída à atividade humana que altere a
composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada
pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos
comparáveis ”
Fonte: UNFCCC

Variabilidade climática: refere-se a variações no estado médio e
outras estatísticas (tais como desvio padrão, ocorrência de
extremos etc.) do clima em todas as escalas espaciais e temporais
além daquela de eventos individuais de tempo.
Fonte: IPCC

Desastre: interrupção grave do funcionamento de uma comunidade
ou sociedade, que causa perdas humanas, materiais, econômicas ou
ambientais generalizadas, que excedem a capacidade da
comunidade ou sociedade afetada de fazer frente à situação
mediante a utilização de seus próprios recursos.
Fonte: ISDR

6
FONTE: EM-DAT: Banco de
Dados Internacionais do
OFDA/CRED 2008
7
FONTE: EM-DAT:
Banco de Dados
Internacionais do
OFDA/CRED
2008
8
9
Alguns impactos de risco
no Caribe
ANO
LUGAR
DESASTRE
IMPACTO
1988
Jamaica
Furacão Gilbert
65% PIB
1989
1999
5 países
Dominica
Furacão Hugo
Furacão Lenny
US$412 M
53% PIB
2004
2004
2004
Haiti & RD
Grenada
Jamaica
Inundação
Furacão Ivan
Furacão Ivan
270 mortes
US$895 M
US$592 M
2005
Guiana
Inundação
60% PIB
Várias fontes: coligidas pela CDERA
10
Impactos da mudança
climática




Elevação do nível do mar – Terceiro Relatório de
Avaliação do IPCC média de 5mm/ano no decorrer do
século XXI
Aumentos de temperatura: 11 dos 12 anos mais quentes
registrados ocorreram nos últimos 12 anos. Se as
concentrações de todos os GHG e aerossóis se
mantivessem constantes nos níveis de 2000, a
expectativa seria de um aquecimento de 0,1ºC *
‘Muito provável” que eventos de aquecimento extremo e
pesada precipitação se tornem mais freqüentes*
‘Provável” que os futuros ciclones tropicais se tornem
mais intensos com velocidades de vento em picos mais
altos e precipitações mais pesadas*
* Quarto Relatório de Avaliação do IPCC
11
Impactos da mudança
climática



As ações para fazer frente à variabilidade climática
em curso são os primeiros passos no sentido de
enfrentar a adaptação à mudança climática para o
futuro
Os impactos da mudança climática variarão de país
para país, de região para região e até mesmo de
comunidade para comunidade, uma vez que os
impactos são vinculados às vulnerabilidades
existentes
A mudança climática, a variabilidade climática e os
desastres naturais são questões de
12
desenvolvimento
Como os desastres naturais
e a mudança climática
afetam as mulheres?

Contexto fundamental – dimensões
sociais dos impactos dos riscos
naturais e da mudança climática
– Suscetibilidade vs resistência
13
Quadro da dimensão social
da vulnerabilidade
Exposure to natural disaster
Social Resilience
Social Susceptibility
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SOURCE:
Kambon,
2005
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Measure of social vulnerability
14
Como os desastres naturais
e a mudança climática
afetam as mulheres?


A diferença da vulnerabilidade entre homens
e mulheres aos impactos dos desastres
naturais e da mudança climática reflete os
papéis que socialmente constroem
As respostas dos homens e das mulheres
aos desastres diferem
15
Os papéis da mulher
redundam em …

Acesso limitado aos recursos, inclusive
crédito, serviços de extensão, informação e
tecnologia

Mobilidade limitada – vinculada à carga de
cuidados

Regime fundiário precário

Acesso limitado a informação, treinamento e
a iniciativas de capacitação
16
Os papéis da mulher
redundam em…

Não recebimento, na mesma extensão que o homem, de
informações adequadas sobre perigos e riscos bem
como sobre o uso dos recursos naturais e da
sustentabilidade ambiental

Acesso limitado aos cargos decisórios e de liderança

Valores desiguais atribuídos ao trabalho remunerado
executado por mulheres

As mulheres constituem grande número da população
pobre nas comunidades altamente dependentes de
recursos naturais para o sustento
17
Alguns impactos principais…





Possível necessidade de apoio adicional, por exemplo, para
responder aos alertas preventivos, em virtude da limitada mobilidade
Taxas de mortalidade mais altas: a mortalidade feminina em
decorrência do tsunami na Índia em 2004 foi de três a quatro vezes
a do homem em algumas comunidades
Incapacidade ou capacidade reduzida de preencher o papel de
provedoras de alimento, água e combusível, ex. seca
Perda do emprego e ausência de meios de assegurar ganhos onde
esses programas de recuperação existem: por exemplo, furacão
Ivan, Grenada, 60–70% dos trabalhadores no setor informal eram
mulheres
Potencial restrito de recuperação em situações pós-desastre em
parte devido ao regime fundiário precário
18
Alguns exemplos:
Estudo de caso
Grenada
Furacão Ivan, 2004
19
20
Mapa de Grenada, Carriacou e
Pequena Martinica
21
Furacão Ivan 2004



Atingiu Grenada em 7 de setembro de
2004
Furacão de categoria 3
Ventos de 185 km por hora
22
Estudo de caso do Caribe –
Grenada, Furacão Ivan, 2004
Condições antes do evento


Taxa de dependência dos idosos relativamente alta,
31,8%; idosos acima de 61 anos, 26,5% da
população;
O quinto mais pobre da população informou a
ocorrência do primeiro parto na idade de 10-19
anos. Taxa de fertilidade na adolescência de 16,3%
Impacto pós-evento:

Carga de cuidados maior
Fonte: Grenada: Avaliação do Impacto de gênero do Furacão Ivan
– Tornando o invisível visível, CEPAL e UNIFEM, 2005
23
Estudo de caso do Caribe –
Grenada, Furacão Ivan, 2004
Fonte: Grenada: Avaliação do impacto de gênero do Furacão Ivan
– Tornando o invisível visível, CEPAL e UNIFEM, 2005




Condições anteriores ao evento:
Setor informal: 60-70% mulheres
32% da população desempregada
28,8% dos domicílios definidos como pobres e 10,3% dos
domicílios classificados como indigentes
48% dos domicílios chefiados por mulheres pertencem às
mulheres pobres, 52% das mulheres são chefas de domicílio
Impactos posteriores ao evento:



Impacto direto na renda dos domicílios rurais
Aumento da vulnerabilidade da mulher com relação aos
serviços rurais e de assistência para ela própria e os filhos
Prioridade mais baixa atribuída pela mulher ao nível de abuso
sofrido – em prol das necessidades de teto, alimentação e
renda
24
Estudo de caso do Caribe –
Grenada, Furacão Ivan, 2004

Resistência das mulheres
– Narração de histórias para as
crianças como mecanismo de
enfrentamento
– Prato único – espírito comunitário
Fonte: Grenada: Avaliação do Impacto de gênero do Furacão Ivan
– Tornando o invisível visível, CEPAL e UNIFEM, 2005
25
Adaptação à mudança climática –
áreas específicas em que aspectos
peculiares de gênero devem ser
considerados











Energia
Água
Segurança alimentar
Agricultura
Indústria pesqueira
Biodiversidade e serviços de ecossistema
Saúde
Indústia
Assentamentos humanos
Gestão de desastres
Conflito e segurança
FONTE: Kambon, 2008
26
O caminho a seguir:
plataformas de ação
1.
POLÍTICA, ESTRUTURAS JURÍDICAS E
PLANEJAMENTO: incorporação da perspectiva de
gênero às políticas, planos, legislação e outras
medidas nacionais, inclusive as relacionadas com o
desenvolvimento sustentável e a mudança
climática. Integração de políticas de gênero aos
planos de recuperação
Estratégia Regional de Gestão Integral de
Desastres do Caribe (CDM) – vê o gênero como
questão transversal crítica
27
GESTÃO INTEGRAL DE DESASTRES (CDM)
Estrutura do programa
META
Melhoramento do desenvolvimento sustentável regional por meio da CDM
OBJETIVO
Fortalecer a capacitação no âmbito regional, nacional e comunitário com vistas à redução,
gestão e resposta coordenada relacionadas com os riscos naturais e tecnológicos bem
como com os efeitos da mudança climática.
RESULTADO 1:
Maior apoio
institucional para a
implementação do
Programa CDM nos
âmbitos nacional e
regional
RESULTADO 2:
Criação de um
mecanismo e um
programa efetivos
para a gestão do
conhecimento
amplo sobre
gestão de
desastres
RESULTADO 3:
Incorporação da
gestão do risco de
desastres à esfera
nacional e a setores
chave das economias
nacionais (inclusive
turismo, saúde,
agricultura e nutrição)
RESULTADO 4:
Maior resistência das
comunidades nos
Estados e territórios
do CDERA a fim de
reduzir os efeitos
adversos da mudança
climática e dos
desastres e a eles
oferecer resposta
RESULTADOS
RESULTADOS
RESULTADOS
RESULTADOS
28
O caminho a seguir:
plataformas de ação
INFORMAÇÃO COM CONTEÚDO DE GÊNERO COM
VISTAS À TOMADA DE DECISÃO
- A informação em que se baseia a tomada de decisões
reflete uma lente de gênero?
2.
3.
FINANÇAS
–
Flexibilidade dos (por exemplo, após os desastres)
mecanismos financeiros a fim de refletir as necessidades
e prioridades da mulher
–
Análise de gênero de todas as linhas orçamentárias e
instrumentos financeiros para a mudança climática,
essencial para assegurar investimentos sensíveis ao
gênero nos programas de adaptação, redução,
transferência tecnológica e capacitação
29
O caminho a seguir:
plataformas de ação
4.
5.
GOVERNANÇA: participação de mulheres nos processos
de tomada de decisões sobre desastres naturais e mudança
climática – criação de oportunidades; inclusão
ATIVIDADES DE HABILITAÇÃO PARA
PARTICIPAÇÃO
–
Aumento do entendimento do risco de desastres
naturais e das implicações potenciais da mudança
climática
–
Acesso igual para as mulheres aos programas de
treinamento, crédito e qualificação, a fim de
proporcionar participação plena
30
O caminho a seguir


Ver a mulher como agente de mudança
O conhecimento e a sabedoria (indígenas)
podem ser usados na redução da mudança
climática e nas estratégias de adaptação
bem como na diminuição dos riscos de
desastres
31
Muito obrigada!
Perguntas?
Informação para contato
E-mail: [email protected]
Telefone: 246-425-0386
32
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