Modernismo Brasileiro
Modernismo, movimento cultural
No país da Tropicália, tudo acaba em carnaval
Profa.Karla Faria
Índice
Pré-Modernismo
Exposição Malfatti
Semana de Arte Moderna
Modernismo (características gerais)
Modernismo (1ª Fase)
Modernismo (2ª Fase)
Geração de 45
Pré-Modernismo
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1900-1922;
Não é considerado como movimento literário e sim escola literária;
Tradição vs Inovação;
Oficialismo nas artes plásticas, principalmente no Rio de Janeiro
(ENBA);
Preocupação com fatos sociais.
Denuncia da realidade brasileira. O grande tema deste momento é
o “Brasil não oficial”, do sertão nordestino, dos caboclos e dos
subúrbios.
Tipos humanos marginalizados.
É a “descoberta do Brasil”.
Caráter inovador de algumas obras, representando a ruptura (ainda
que pouco significativa) com o Academismo, com o passado.
Inovação e Tradição nas artes plásticas
 Tradição vs Inovação:
A pincelada acadêmica
Temática: um
caipira é retratado
na pintura.
Caipira picando fumo, Almeida Junior
Augusto dos Anjos
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Anita
Malfatti
Nasceu em 1889, em São Paulo. Logo pequena teve contato com a arte, pois, sua
mãe era professora de pintura. Incentivada pela família foi, em 1910, para a
Alemanha, onde frequentou, por três anos, a Academia Real de Berlim. Estudou
gravura, desenho e pintura, além de conhecer os principais mestres do
expressionismo alemão.
De volta ao Brasil, em 1914, realizou sua primeira exposição individual. Foi a seguir
para Nova York estudar na Independent School of Art, experiência marcante em sua
obra. Teve contato com artistas e intelectuais. Anita iniciou uma obra de tendência
claramente expressionista, longe dos padrões acadêmicos vigentes até então no
Brasil. Sua exposição em 1917, em São Paulo, recebeu crítica ferrenha de Monteiro
Lobato.
Anita é considerada precursora do modernismo nas artes plásticas brasileiras.
As obras A Boba e Torso fazem parte dos trabalhos expostos em 1917, considerados
o climax de sua produção. Com bolsa do governo de São Paulo foi para Paris, em
1923, onde conviveu com Brecheret, Di Cavalcanti, além de pintores europeus. Ao
retornar, em 1928, organizou várias mostras de arte e deu aulas de pintura. Em 1937
integrou-se à Família Artística Paulista. Foi diretora do Sindicato de Artistas Plásticos.
Depois da Segunda Guerra, seu trabalho tornou-se mais espontâneo do que
intelectual, com uma carga maior de fantasia.
Participou das I e VII Bienais de São Paulo. Morreu em 1964, em São Paulo.
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Exposição Malfatti
"Parece absurdo, mas aqueles quadros foram a revelação. E ilhados na enchente
de escândalo que tomara a cidade, nós, três ou quatro, delirávamos de êxtase
diante de quadros que se chamavam O Homem Amarelo, Estudante Russa e
Mulher de Cabelos Verdes".
Mário de Andrade, 1942
Retornando dos Estados Unidos, em agosto de 1916, onde estudara com Homer Boss (1882-1956),
Anita tem em São Paulo uma fria reação ao seu trabalho, marcadamente expressionista. Mantendo-se
assim isolada do meio artístico, só vem a expor suas obras um ano mais tarde, encorajada pelo
jornalista Arnaldo Simões Pinto e pelo pintor Di Cavalcanti (1897-1976). Assim, usando uma sala térrea
cedida pelo conde Lara, na Rua Líbero Badaró no 111, Anita inaugura sua mostra com 53 obras. A
exposição torna-se um acontecimento de grande interesse de público e crítica. Entretanto, em 20 de
dezembro, Monteiro Lobato (1882-1948) publica o artigo "A propósito da Exposição Malfatti" ("Paranóia
ou Mistificação?“ http://www.pitoresco.com.br/brasil/anita/lobato.htm ) , no qual tece violenta crítica ao
seu trabalho, revelando-se verdadeiro porta-voz do pensamento acadêmico em voga. Mesmo deixando
incontestáveis marcas no trabalho da artista, a crítica de Lobato teve o mérito de gerar uma polêmica
entre os intelectuais e artistas solidários a Anita e os defensores da arte vigente, colocando em pauta
pela primeira vez o conflito entre a arte moderna e a arte acadêmica. Segundo Paulo Mendes de
Almeida, a mostra "teve o condão de suscitar o problema, agitar os meios artísticos e intelectuais,
arregimentar adeptos e adversários alcançando e apaixonando até mesmo a opinião pública em geral",
determinando "uma tomada de consciência nacional de um problema que até então não fora sequer
equacionado entre nós".
www.itaucultural.org.br 
Semana de Arte Moderna
Somados os esforços desde a Exposição de Anita Malfatti em 1917, os defensores da
arte moderna decidem tornar públicas suas idéias. A sugestão parte de Di Cavalcanti, e
Graça Aranha é quem faz a ligação entre ele os futuros patrocinadores do evento ilustres membros da economia e da política local, tendo Paulo Prado à frente. Assim, no
ano do centenário da Independência, inauguram-se no Teatro Municipal as atividades da
Semana de Arte Moderna, também conhecida por Semana de 22, com uma conferência
de Graça Aranha, recebidas tanto com aplausos quanto com vaias. O evento tem em sua
programação conferências e leituras de poemas, recitais de música, além da mostra de
artes plásticas. Pretendendo agitar o marasmo da cultura nacional, a Semana propunha
uma arte que não fosse mera reprodução da natureza, mas resultado de uma liberdade
de pesquisa estética, deixando entrever uma tomada de consciência da realidade
nacional. Entretanto, como coloca Roberto Pontual, "como toda ponta-de-lança, a
Semana de Arte Moderna pagava o preço do pioneirismo: era mais vontade do que
concretização, mais ebulição de idéias do que aplicação de ideologia". De fato, foi
apenas no decorrer da década de 20 que os modernistas, assimilando concretamente as
inovações da arte moderna européia, realizaram uma obra mais consistente.
Caberia ainda ao próprio Mário de Andrade - verdadeiro líder e principal teórico
do movimento - sintetizar a herança de 1922:
A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em
expressar a
realidade brasileira.
 A atualização intelectual com as vanguardas européias.
 O direito permanente de pesquisa e criação estética.
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Modernismo- 1ª Fase
Características
O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente
em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento com todas as
estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte
sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:
"(...) se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é,
o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros
processos e idéias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor.
(...)
Ao mesmo tempo que se procura o moderno, o original e o polêmico, o
nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a
pesquisa de fontes quinhentistas, a procura de uma "língua brasileira" (a língua
falada pelo povo nas ruas), as paródias - numa tentativa de repensar a história e a
literatura brasileiras - e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o
tempo do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do Manifesto Antropófago, ambos
nacionalistas na linha comandada por Oswald de Andrade, e do Manifesto do VerdeAmarelismo ou da Escola da Anta, que já traz as sementes do nacionalismo fascista
comandado por Plínio Salgado.
Modernismo- Características Gerais
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1ª geração (1922-1930)- Choque/ Impacto:
Experimentalismo estético;
Liberdade criadora;
Cotidiano na poesia;
Linguagem coloquial;
Busca do nacional nas artes (nacionalismo crítico e nacionalismo
ufanista);
 Rompimento com o passado.
 2ª geração (1931-1945)- Construção:
 Engajamento político e denúncia social;
 Momento de construção;
 Caráter documental;
Alguns teóricos literários consideram ainda uma 3ª geração: 1941
a 1945, chamada de reflexão.
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Poesia Modernista
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A importância maior das vanguardas residiu no triunfo de uma concepção inteiramente libertária da
criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisam se guiar por outras leis que não as de sua
própria interioridade e de seu próprio arbítrio. Picasso não pintará mais o real e sim a sua interpretação
do real. A liberdade só poderá ser cerceada por regimes autoritários que proibirem a circulação dos
objetos artísticos. Em resumo, todas as normas foram abolidas. Poética, de Manuel Bandeira, é um
manifesto dessa nova postura, com seu célebre verso final:
Não quero mais saber de lirismo que não é libertação.
Textos Modernistas
Poética
Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos
universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de
exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
amante
exemplar com cem modelos de cartas e as
diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é
libertação.
Pronominais
Oswald de Andrade
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
De Pau-brasil (1925)
Exercícios sobre “Poética”
Comprove com partes do texto as propostas que são postas em prática no próprio
poema.
Reconheça os movimentos literários que são criticados e que se critica dele.
Resuma a concepção de lirismo na poesia moderna defendida pelo enunciador,
explicando por que ela está associada ao lirismo dos bêbados, loucos e
palhaços.
(Enem-MEC) “Poética, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento
 modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora crítica e propostas que
 representam o pensamento estático predominante na época.
 Com base no poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
 a) critica o lirismo louco do movimento modernista.
 b) critica todo e qualquer lirismo na Literatura.
 c) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.
 d) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
 e) propõe a criação de um novo lirismo.
( ) Nesse texto Manuel Bandeira se opõe à perfeição formal do Parnasianismo, ao
purismo que freia a liberdade criadora do artista e o afasta de sua inspiração,
para preocupar- se com aspectos alheios ao poema.
( ) O poema é expressamente uma reivindicação de uma linguagem preciosa,
elegante
e rara para a arte literária.
( ) Em relação ao Modernismo Brasileiro, pode-se afirmar que, passados o
entusiasmo
e o dinamismo, de que dão mostras os versos de Manuel Bandeira, a nossa
literatura se acomodou a um lirismo comedido, metrificado, de rimas raras.
( ) Nestes versos “Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo” (v.5, v.6), Manuel Bandeira se opõe ao purismo
parnasiano, que não admitia o uso de estrangeirismos e de vulgarismos.
( ) Os versos “Quero antes o lirismo dos loucos / O lirismo dos bêbados / o lirismo
difícil e pungente dos bêbados / O lirismo dos clowns de Shakespeare / Não
quero mais saber do lirismo que não é libertação” (v.21 - v.25) apresentam
relações com as propostas do Surrealismo, pois exaltam o lirismo nascido do
inconsciente.
Textos Modernistas
Pero Vaz de Caminha
Oswald de Andrade
A DESCOBERTA
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
OS SELVAGENS
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
PRIMEIRO CHÁ
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
AS MENINAS DA GARE
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
De Pau-brasil (1925)
Canto de regresso à pátria
Oswald de Andrade
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
Textos Modernistas
PROCURA DA POESIA.
Carlos Drummond de Andrade
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
Há calma e frescura na superfície intata.
Hei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma sete provocam.
Espera que cada um se realize e consume com seu poder
de
palavra e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no
espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sobre a face neutra e te
pergunta,
sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhe
deres:
Trouxeste a chave?
Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram
da noite
as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio
difícil e se
transformam em desprezo
Manifestos e Revistas
 Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923)
 Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a buzina
externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência
das agitações em torno da SAM. Inovadora em todos os sentidos: gráfico,
existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.
“— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado,
caminha para diante, sempre, sempre.”
 Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
 Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correioda Manhã. Em 1925,
é publicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil de Oswald.
Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a
partir de uma redescoberta do Brasil.
“— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da
Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos.”
“— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição
milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
Manifestos e Revistas
 A Revista (1925-1926)
 Responsável pela divulgação dos ideais modernistas em MG. Teve apenas três
números e contava com Drummond como um de seus redatores.
 Verde-Amarelismo (1926-1929)
 É uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil. Grupo formado por Plínio Salgado,
Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. Criticavam o
“nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo
primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de
Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional.
Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu VerdeAmarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
 Manifesto Regionalista de 1926
 1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados
brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife) busca
desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas.
Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover
conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista.
Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins
do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral
- na 2ª fase modernista.
Manifestos e Revistas
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Revista Antropofagia (1928-1929)
Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928 e 1929) direção Antônio
Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a segunda foi publicada semanalmente em 16
números no jornal Diário de São Paulo (1929) e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz.
É uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta ao grupo Verde-amarelismo. A origem
do nome movimento esta na tela “Abaporu” de Tarsila do Amaral.
1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado, Mário
de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummons (3º número
publicou a poesia “No meio do vaminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da
língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida.
2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Mário de Andrade. Estão nessa
segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os
alvos das críticas (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha,
Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.
“SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do
mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as
religiões. / De todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question.” (Manifesto
Antropófago)
“A nossa independência ainda não fo proclamada. Frase típica de D. João VI: — Meu filho, põe
essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso
expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.” (Revista de
Antropofagia, nº 1)
Segunda Fase do Modernismo- Poesia
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Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na produção poética e também na prosa. O
universo temático se amplia e os artistas passam a preocupar-se mais com o destino dos homens,
o estar-no-mundo.
“A segunda fase colheu os resultados da precedente, substituindo o caráter destruidor
pela intenção construtiva, “pela recomposição de valores e configuração da nova ordem
estética”. --Cassiano Ricardo Durante algum certo tempo, a poesia das gerações de 22 e 30
conviveram. Não se trata, portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30
absorveria parte da experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atualizada ou
inventiva, verso livre, anti-academicismo.
A poesia prossegue a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a
temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Jorge de Lima, Augusto Frederico
Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua
área de interesse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana
e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios.
Uma geração grave, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais
se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional.
O humor quase piadístico de Drummond receberia influencias de Mário e Oswald de Andrade.
Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentam certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há
uma gota de Sangue em cada Poema (1917).
A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma
linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela
novas variações, numa maior estabilidade.
O Modernismo já estava dinamicamente incorporado às praticas literárias brasileiras, sendo assim
os modernistas de 30 estão mais voltados ao drama do mundo e ao desconcerto do capitalismo.
Características da 2ª fase
 Características
 Repensar a historia nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós
fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas." (Festa Familiar - Murilo
Mendes)
 Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?" (Cota
Zero, Carlos Drummond de Andrade)
 Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto
indivíduo
 Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta.
 Literatura mais construtiva e mais politizada.
 Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo
Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
 Aprofundamento das relações do eu com o mundo
 Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do
mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo)
 Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções coletivas " O presente é tão grande, ano nos afastemos, / Ano nos afastemos muito, vamos de
mãos dadas." (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)
Drummond (1902-1987)
Sintonia com o grupo de modernistas de
SP.
Irreverência (No meio do caminho).
Fase Gauche (isolamento, reflexão
existencial)
Cronista
Poesias de Drummond
Quadrilha p.501
Inserir poesia p. 504, poema de 7 faces
http://letras.terra.com.br/carlosdrummond-de-andrade/460830/
Quadrilha- Durmmond
 João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
 1- Livres do academicismo parnasiano, os poetas da geração de 30
incorporaram em suas produções conquistas formais por que
tinham se empenhado os primeiros modernistas e sentiram-se á
vontade para retomar algumas posturas antes rejeitadas. Dos
procedimentos formais da poesia de 22 relacionados a seguir, quais
deles também podem ser observados em “Quadrilha”?
 Verso livre
ilogismo
linguagem simples
 Falta de pontuação
simultaneidade de imagens humor
2- O poema “Quadrilha” aborda um tema
caro à tradição poética: o amor e o
relacionamento amoroso. A originalidade
do poema está na forma como o tema é
tratado.
a) Com que tipo de visão o poeta aborda
este tema no poema: com uma visão
irônica, crítica ou trágica?
b) De acordo com o poema, o que é o amor
ou o relacionamento amoroso?
c) Essa visão de amor pode ser
considerada moderna? Explique.
3-O poema é intitulado “Quadrilha”.
a) Considerando o modo como se dança a
quadrilha em festas juninas,
principalmente a disposição e o
movimento dos pares, estabeleça
relações entre o poema e a quadrilha das
festas juninas.
 b) Observe os dois enunciados a seguir e compare a
função sintática dos termos que compõe os enunciados.
João
(Suj)
amava
VTD
João
amava
(Suj)
VTD
Teresa
OD
Teresa
OD
que (Teresa) amava Raimundo
SUJ
VTD
OD
que (Teresa) amava
SUJ
VTD
João
OD
O primeiro enunciado é constituído pelas duas primeiras
orações do primeiro período do poema, e o segundo,
equivalente a uma situação em que existisse
correspondência amorosa entre os amantes. Por que a
observação de quem é o sujeito e quem é objeto em
“João amava Teresa que amava Raimundo” confirma a
resposta A.
4- O poema é leve e bem-humurado.
Apesar disso também é reflexivo?
Justifique sua resposta.
5- Com base na leitura e na análise, que
mudanças identifica na poesia de 30, em
relação à poesia de 22?
Poema de sete faces Drummond
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma
solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o
diabo.
De Alguma poesia (1930)
Segunda fase do Modernismo- Prosa
 Segunda fase Modernista no Brasil (1930-1945) - Prosa
 Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro
documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de
tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais
características do romance brasileiro é o encontro do escritor com
seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões,
por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às
relações do personagem com o meio natural e social.
 Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua
denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes
centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira de José Américo
de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realidade
capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios,
miséria, fome, seca etc.
Autores da 2ª fase do Modernismo
 Graciliano Ramos:
 Considerado o melhor romancista moderno da literatura
brasileira. Levou ao limite o clima de tensão presente
nas relações entre o homem e o meio natural, o homem
e o meio social. Mostrou que essas tensões são
capazes de moldar personalidades e transformar
comportamentos, até mesmo gerar violência.
 Luta pela sobrevivência é o ponto de ligação entre seus
personagens, onde a lei maior é a lei da selva. A morte
é uma constante em suas obras como final trágico e
irreversível (suicídios em Caetés e São Bernardo,
assassinato em Angústia e as mortes do papagaio e da
cadela Baleia em Vidas Secas).
Autores da 2ª fase do Modernismo
 Jorge Amado:
 Na vasta ficção de Jorge Amado convivem lirismo, sensualismo,
misticismo, folclore, idealismo, engajamento político, exotismo. Este painel,
sem dúvida, bastante rico, aliado a uma linguagem coloquial, fluida,
espontânea, aparentemente sem elaboração, tem sido responsável pela
grande aceitação popular de sua obra. Além disso, seus heróis são
marginais, pescadores, marinheiros, prostitutas e operários; todos
personagens de origem popular. Suas obras estão ambientadas no quadro
rural e urbano da Bahia e seu aspecto documental a torna autenticamente
regionalista.
 Podemos dividir assim a sua produção:
 Ciclo do Cacau: Cacau, Suor, Terras do Sem Fim, São Jorge de Ilhéus problemas coletivos, “realismo socialista”.
 Romances líricos, com um fundo de problemática social: Jubiabá, Mar
Morto, Capitães de Areia.
 Romances de costumes provincianos, geralmente sentimentais e eróticos:
Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos.
Autores da 2ª fase do Modernismo
 Érico Veríssimo:
 Escritor de grandes dimensões, em sua produção se incluem romances,
crônicas, literatura infantil. Os romances que compõem a trilogia O Tempo
e o Vento (O Continente, O Retrato, O Arquipélago) traçam um painel
histórico de várias gerações: desde a época colonial sucedem-se as lutas
entre portugueses e espanhóis, farrapos e imperiais, maragatos e picapaus (nomes dos partidos em guerra política). Duas famílias, os Terra
Cambará e os Amaral, são durante dois séculos o fio narrativo que unifica a
história. Érico Veríssimo compõe uma verdadeira saga romanesca, com
todas as suas características: guerras intermináveis, aventuras, amores,
traições, gerações que se sucedem, criando um painel histórico da
comunidade rio-grandense e do próprio Brasil. A obra é uma aglutinação de
novelas, onde ressaltam as figuras épicas de Ana Terra e do Capitão
Rodrigo Cambará. O estilo de Érico Veríssimo é coloquial, poético,
intimista. Sua técnica de construção é o contraponto: onde várias histórias
se desenvolvem paralelamente, a ação concentrada e o dinamismo. Em
suas últimas obras, como O Prisioneiro, O Senhor Embaixador e Incidente
em Antares, desenvolveu a ficção política, ambientada nos dias atuais.
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Modernismo Brasileiro