Embaixada de Portugal
em Bruxelas
EXPOSIÇÃO RECRIAR A NATUREZA
Em Portugal, como na maioria dos países europeus, o design de produtos e de objectos
conheceu nos últimos 10 anos uma verdadeira mutação de paradigma. O processo que
esteve na base do nascimento da disciplina do design industrial e que compreendia um
sistema produtivo rígido e dispendioso da produção em série dos anos do modernismo,
acabou por sucumbir à introdução e evolução das ferramentas digitais de produção.
Os meios produtivos, que durante décadas foram restritos e onerosos, são hoje
democráticos e acessíveis a qualquer pequena empresa ou individuo. O designer de hoje
conquistou a autonomia através da produção digital e, trabalhando sozinho ou com
empresas, este sistema produtivo deu-lhe a liberdade da forma, a liberdade da
representação visual e, consequentemente, “a palavra”, na construção do significado
através dos objectos.
Essa liberdade abriu o caminho à reflexão sobre a essência humanista da disciplina do
design e à sua intrínseca natureza identitária, local ou transcultural, especulativa ou
puramente funcional.
Assistimos hoje à libertação do designer de objectos, tal como o designer gráfico se
libertou dos meios produtivos convencionais nos primórdios da edição gráfica digital dos
anos 80. Como consequência da democratização do desktop publishing, através do
sistema operativo inovador dos computadores Macintosh, hoje Apple, o design gráfico foi
a primeira das disciplinas das indústrias criativas a aceder democraticamente aos meios
produtivos e a adquirir com eles autonomia criativa.
A par da referida alteração do paradigma tecnológico, uma outra “revolução” ao nível da
comunicação e difusão dos media relançou a disciplina de Design Industrial como meio
politico e estratégico para a reinvenção da diversidade cultural como “valor”. Nesta nova
cultura do design, o “reconhecimento” do tradicional, do social ou do local, actua como
contra corrente do sentido massificador do sistema económico e da cultura empresarial
global.
Esta exposição centra-se em diversas abordagens a essa liberdade adquirida, onde o
Mercado não é por si só um objectivo, mas parte de um complexo de objectivos
materiais, identitários, culturais e criativos, que levam o designer a reflectir criticamente
a razão de ser da sua cultura material.
Ao percorrer esta exposição vamos visitar experiências que caracterizam esta atitude;
um confronto entre designers e artesãos (EXOC), ou o jogo da apropriação dos materiais
tradicionais pela transformação digital (Branca Lisboa), ou ainda a simples subversão dos
arquétipos pela transposição de significados (Cork Design). Realizados pelos próprios
autores, por associações de designers, por micro empresas e por outras não tão micro
(Temahome), os produtos em exposição caracterizam-se por uma reaproximação
inequívoca à matéria-prima natural e à memória artesanal, como uma tendência de
retorno à Natureza e ao “fazer natural” como essência de inspiração.
Curador: Marco Sousa Santos
Exposição organizada pela Embaixada de Portugal em Bruxelas, em colaboração com a
Província de Liège (no âmbito da Bienal Internacional de Design de Liège) e o apoio do
Instituto Camões e do BCP.
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EXPOSIÇÃO RECRIAR A NATUREZA Em Portugal, como na