Discurso do Senhor Embaixador do Reino dos Países Baixos, Henk Soeters, por ocasião da cerimónia de lançamento do Prémio Damião de Góis | Instituto Português de Corporate Governance | 10 de Janeiro de 2012 Excelentíssimas Autoridades, Minhas Senhoras e meus Senhores, Em primeiro lugar, votos de um excelente Ano Novo! Como Embaixador da Holanda, é para mim uma grande honra poder apresentar este projecto sobre Empreendedorismo de Responsabilidade Social.Este conceito não tem nada de novo, antes pelo contrário, mas é, de facto, muito actual. Por esta razão é aqui lançado hoje este projecto, que desafia as empresas a dar um firme passo em frente nesta área. Um projecto que pretende dignificar e reforçar o meio empresarial. Ou seja, um projecto, em nome de melhor governação e melhor economia. Trata-se, de facto, de um caso win-win entre estes dois sectores. Investigação prova que empresas com uma maior responsabilidade social têm uma melhor capacidade para enfrentar a crise económica do que aquelas que não desenvolvem este compromisso social. Empresas que apostam numa competência paralela, tanto financeira como social, têm melhores resultados. Enfrentam melhor os obstáculos externos, inerentes a estes tempos de crise.Será, por isso, uma mais-valia, também em época de recessão económica! Uma evolução interessante na área do empreendedorismo social é a nova directiva internacional ISO 26000, que tem o necessário potencial para se tornar norma-padrão da responsabilidade social, da qual todos terão uma cópia à disposição, em versão inglesa. Actualmente a Holanda rege-se, nomeadamente, pelos chamados princípios de Ruggie, o representante especial das Nações Unidas para a política dos direitos humanos nas empresas, que ganhou fama com a redacção dos seus dez mandamentos para um empreendedorismo social responsável. O documento de Ruggie “Protect, Respect and Remedy: a Framework for Business and Human Rights”, também disponível aqui em versão inglesa, foi, entretanto, já inserido nas regras da OCDE em matéria de empreendedorismo social. E foi também adoptado pela International Finance Corporation (do Banco Mundial), determinando agora, igualmente, o acesso ao capital. Porém, Ruggie considera os seus princípios, que não podem deixar indiferentes as empresas – a nível nacional – apenas ainda o princípio do fim. Na verdade ainda há muito por fazer. Mas “aprender uns com os outros” é também o mote deste projecto. O Instituto Português de Corporate Governance, o jornal digital “Dinheiro Vivo” da Controlinvest, a Embaixada da Holanda e muitos parceiros, que aqui saúdo, uniram forças para dar um sinal de partida –inequívoco – à sociedade portuguesa. Um sinal para inaugurar uma nova ética empresarial. E este sinal tomou forma num prémio, chamado Prémio Damião de Góis. Feliz coincidência é que o vosso Damião de Góis - ilustre humanista português - travou amizade com o nosso Erasmo de Roterdão. Esta amizade deu início a uma viva e fértil troca de conhecimentos, no campo humanista, entre os nossos países. Faço votos para que o presente projecto de colaboração entre Portugal e a Holanda seja de igual modo frutífero. Que estimule o intercâmbio e promova práticas focadas numa melhor governação nas empresas. Melhor governaçãoresulta em melhor economia. Como todos saberão, o empreendedorismo social desenvolve-se em torno de três “pês”: People, Planet and Profit . Pessoas, planeta e lucros, elementos fundamentais, cernes da questão. OPrémio Damião de Góis dá especial destaque à componente humana (People) do Corporate Governance. De facto, o tema dos direitos humanos constitui um dos pilares da política internacional do meu país. A Holanda privilegia práticas que promovem a relação catalisadora entre direitos humanos e economia. Pois, dotar as empresas de mais humanismo dá vigor e sustentabilidade à economia. Mais ética e maior transparência significam ganhos, a nível humano e económico; a história recente, a nível mundial, que nos sirva de lição! Aliás, hoje em dia as empresas têm de escutar o consumidor críticoque exige saber se o produto a consumir foi produzido respeitando as normas de responsabilidade social. Que empresa – grande ou PME –se destaca na promoção de mais ética no meio empresarial? Seja relativamente à liberdade de associação, igualdade de género, transparência e boas relações com parceiros locais, boas condições e normas de trabalho, abolição do trabalho forçado e do trabalho infantil,etcetera, conforme estabelecido no regulamento do Prémio. São estas as causas a que queremos dar destaque com o prémio Damião de Góis. Estão todos convidados a participar e a divulgar esta iniciativa. Muito obrigado pelo empenho de todos vós. Aproveito para dirigir uma palavra especial de agradecimento a André Macedo, director do projecto Dinheiro Vivo. Que se disponibilizou para ampliar os horizontes desta iniciativa do prémio, com o seu jornal económico, por ele próprio proclamado“jornalismo caviar: pequenas porções com intensidade máxima”. Oferecer esta delicatesse nos tempos que correm é, de facto, notável! Quero também agradecer o espírito de missão da direcção do Instituto Português de Corporate Governance: Dr. Pedro Rebelo de Sousa, Dr. Guilherme Abreu e Dr. Marco Binhã. Deram asas a este projecto, em prol de uma mudança no seio das empresas. Que este projecto seja, de facto, uma incubadora de boas práticas em Portugal! Em prol do win-win, num jogo limpo. [E que sirva de inspiração até para o Ajax, Benfica, Sporting e afins! A “prova dos 9” vai ser tirada quando Portugal e Holanda se defrontarem nos próximos jogos do Europeu!] E, citando o famoso Sir Richard Branson, no texto original: “Above all, you want to create something you are proud of. That’s always been my philosophy of business. I can honestly say that I have never gone into any business purely to make money. If that is the sole motive, then I believe you are better off doing nothing.” Muito obrigado.