SÍNDROME CARDIOPULMONAR POR HANTAVÍRUS: DESCRIÇÃO DOS CASOS NO BRASIL EM 2007. Marília Lavocat Nunes¹; Ana Nilce Silveira Maia Elkhoury¹; Jonas Lotufo Brant¹; Mauro da Rosa Elkhoury² ¹ Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS ² Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS/OMS A hantavirose é considerada para alguns autores como o protótipo de doença emergente. Seu agente etiológico pertence à família Bunyaviridae do gênero Hantavirus. Seus reservatórios nas Américas são roedores silvestres da família Muridae, subfamílias Arvicolinae (América do Norte) e Sigmodontinae (América do Norte, Central e do Sul). No ser humano a infecção ocorre principalmente, por meio da inalação de aerossóis contendo partículas virais que estão presentes na urina, fezes e saliva desses roedores. Outras formas de transmissão foram descritas, porém pouco relatadas, como por forma percutânea e por contato do vírus com mucosas. A hantavirose tem em sua fase inicial um quadro clínico inespecífico, como os observados em qualquer infecção viral, apresentando febre, cefaléia, mialgia, dor abdominal, o que dificulta o diagnóstico precoce. Esses sinais ou sintomas quando seguidos de dispnéia, edema pulmonar não cardiogênico, hipotensão arterial e insuficiência cardiorrespiratória formam a forma clínica conhecida como Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus – SCPH, cuja taxa de letalidade pode chegar a mais de 50% dos casos. Desde os primeiros registros de SCPH no Brasil, em novembro de 1993, até dezembro de 2006 foram notificados 859 casos confirmados de hantavirose, sendo que 336 evoluíram ao óbito, com uma taxa de letalidade de 39,1%. Esta análise pretende mostrar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes acometidos pela SCPH no Brasil durante o ano de 2007. Aspectos relacionados ao tempo e lugar. Em 2007, foram registrados 130 novos casos de hantavirose, sendo possível neste estudo, a análise de 128 casos, face ao não encaminhamento de duas fichas de 1 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com investigações - FIE pelas coordenações estaduais de hantavirose das Secretarias Estaduais de Saúde – SES de Mato Grosso e do Pará. Os 128 casos representaram 98,5% dos casos de 2007, e 12,9% do total de casos já registrados no Brasil. Destes casos, 47 evoluíram ao óbito apresentando uma taxa de letalidade de 36,7% (figura 1). Quando comparado com o ano anterior, em 2007 houve uma redução de aproximadamente 33% no número de casos confirmados, enquanto que, a taxa de letalidade em 2007 apresentou um aumento de 11,5% quando comparado com o mesmo período. Figura 1 – Hantavirose: casos e taxas de letalidade. Brasil, 1993 a 2007*. Fonte: Sinan/SVS/MS. (*) Dados sujeitos a alteração. No que se refere à distribuição geográfica da hantavirose foram confirmados casos em todas as regiões do país, exceto na Região Nordeste. A região com maior número de casos foi a Região Sudeste, seguida da Região Centro-Oeste, com 47 e 39 casos, respectivamente (figura 2). Em 3,9% dos casos não foi possível determinar o unidade federada provável de infecção. 2 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Figura 2 – Hantavirose: percentual de casos por Região (N=128). Brasil, 2007*. 7,0% 3,9% 30,5% 21,9% 36,7% Centro-oeste Sudeste Sul Norte Indeterminado Fonte: Sinan/SVS/MS. (*) Dados sujeitos a alteração. Dos 128 casos que tiveram a investigação realizada e as FIE encaminhadas para a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/Ministério da Saúde - MS, observou-se que foram registrados casos em 10 (37,0%) das 27 unidades federadas (tabela 1). Na analise estratificada, verificou-se que a distribuição geográfica da doença ficou limitada a 71 municípios com transmissão, equivalente a 1,3% do total de municípios brasileiros, além do Distrito Federal (figura 3). Os municípios que mais registraram casos foram Altamira – PA, com 05 casos e Campo Novo do Parecis – MT e Salesópolis – SP, ambos com 04 casos cada um. Tabela 1 – Distribuição de casos de hantavirose segundo Unidade Federada de infecção. Brasil, 2007* Unidade Federada Casos % Minas Gerais Mato Grosso São Paulo Santa Catarina Pará Distrito Federal Paraná Goiás Rio Grande do Sul Rondônia Indeterminada Total 25 26 22 18 08 07 06 06 04 01 05 128 19,5 20,3 17,2 14,1 6,3 5,5 4,7 4,7 3,1 0,8 3,9 100 Fonte: Sinan/SVS/MS. (*) Dados sujeitos a alteração. 3 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Figura 3 - Distribuição de casos de hantavirose segundo o local provável de infecção (N=128). Brasil, 2007*. Fonte: Sinan/SVS/MS. (*) Dados sujeitos a alteração. Quanto à distribuição temporal, foram confirmados casos em todos os meses do ano, sendo detectados três picos de ocorrência, um no mês de março e abril e o outro no mês de junho (figura 4). Observou-se, em relação aos anos anteriores que esse segundo pico de registros sempre ocorria entre os meses de outubro a dezembro. Figura 4 – Hantavirose: casos por mês de inicio dos sintomas (N=128). Brasil, 2007*. 25 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. 4 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Aspectos relacionados à pessoa O perfil dos pacientes de hantavirose em 2007 mostrou que 77,3% (99) eram do sexo masculino (tabela 2) e tinham idade entre 21 e 49 anos (tabela 3). O intervalo de idade variou entre 2 a 71 anos, com média e mediana de 34 anos. Na tabela 2, observa-se que os maiores números de casos e óbitos registrados foram no sexo masculino, mas a taxa de letalidade nas mulheres foi de 16,2% maior do que a dos homens. Tabela 2 – Hantavirose: casos, óbitos e letalidade por sexo. Brasil, 2007*. Sexo Feminino Masculino Total Casos 29 99 128 Óbito 12 35 47 Letalidade (%) 41,4 35,6 36,7 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Tabela 3 – Número e percentual de casos de hantavirose por faixa etária. Brasil, 2007*. Faixa etária Casos % % Acumulado 00 – 10 anos 03 2,3 2,3 10 – 19 anos 13 10,2 12,5 20 – 29 anos 36 28,1 40,6 30 – 39 anos 32 25,0 65,6 40 – 49 anos 31 24,2 89,8 50 – 59 anos 08 6,3 96,1 > 60 anos 05 3,9 100,0 Total 128 100,0 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Quanto à etnia dos pacientes, 63,9% (76) eram brancos, sendo registrados casos para todas as etnias relacionadas na FIE. Diferente dos anos anteriores em que a zona de residência dos pacientes acometidos pela SCPH eram predominantemente rural, em 2007, o percentual de paciente residentes na zona urbana foi ligeiramente maior do que o dos casos de zona de residência rural, com 49,6% (61/123) e 46,3% (57/123) dos registros respectivamente. Em 42,2% (54) dos pacientes não foi possível obter informação sobre o grau de escolaridade, mas 36,7% tinham entre a 5ª série e ensino médio completo (tabela 4). Quanto ao perfil dos pacientes em relação à ocupação profissional, observou-se que, aproximadamente 34% exerciam atividades ligadas à agropecuária (tabela 5). 5 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Tabela 4 – Hantavirose casos e percentual segundo algumas características relacionadas à pessoa (N=128). Brasil, 2007*. Variável n Casos % Zona de Residência • Urbana • Rural Etnia • Branca • Parda • Indígena • Ignorado/ Sem informação Grau de Escolaridade • 1ª a 4ª série incompleta do EF • 4ª série completa do EF • 5ª a 8ª série incompleta do EF • Ensino fundamental completo • Ensino médio incompleto • Ignorado/ Sem informação 123 128 99 61 57 82 24 01 15 12 08 19 09 13 26 49,6 46,3 64,1 18,8 0,8 11,7 12,1 8,1 19,2 9,1 13,1 26,3 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Tabela 5 – Número e percentual de casos de hantavirose segundo a ocupação. Brasil, 2007*. Ocupação Casos % Relacionadas à agropecuária • Agricultor/ Lavrador • Madeireiro/ lenhador • Operador de maquinário rural • Garimpeiro • Agrônomo/ técnico agrícola • Braçal/ Peão Subtotal Relacionados às outras atividades • Motorista • Vendedor • Técnica enfermagem • Médico • Pedreiro • Eletricista • Militar • Açougueiro • Outros Subtotal Relacionadas ao domicílio • Estudante/ menor • Dona de casa Subtotal Relacionados com atividade de limpeza • Serviços gerais 32 02 03 02 02 02 43 25,0 1,6 2,3 1,6 1,6 1,6 33,6 08 03 01 01 01 01 01 01 17 35 6,3 2,3 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 13,3 27,3 07 08 15 5,5 6,3 11,7 04 3,1 6 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com • Faxineiro/ servente Subtotal • Ignorado/ Sem informação Total 02 06 30 128 1,6 4,7 23,4 100,0 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Principais indicadores relacionados à hantavirose Em 2007, os estados mais atingidos pela hantavirose foram Mato Grosso e Minas Gerais, com 26 e 25 casos, respectivamente, sendo que o Mato Grosso foi o que apresentou as maiores taxas, tanto em relação à incidência (0,91/100.000 hab.), quanto à mortalidade (0,35/100.000 hab.). A maior taxa de letalidade foi detectada por no estado do Rio Grande do Sul (75%) (tabela 6). Tabela 6 – Hantavirose: casos, incidência, óbitos, mortalidade e letalidade por Unidade Federada. Brasil, 2007*. UF Casos % Incidência Óbitos (/100.000 hab.) Mortalidade Letalidade (/100.000 hab.) (%) RO 01 0,8 0,007 - - - PA 08 6,3 0,113 04 0,057 50,0 MG 25 19,8 0,130 11 0,057 44,0 SP 22 17,5 0,055 10 0,025 45,5 PR 06 4,8 0,058 01 0,010 16,7 SC 18 14,3 0,307 04 0,068 22,2 RS 04 3,2 0,038 03 0,028 75,0 MT 26 20,6 0,911 10 0,350 38,5 GO 06 4,8 0,106 01 0,018 16,7 DF 07 5,6 0,285 01 0,041 14,3 Total 126 100,0 0,067 45** 0,024 35,7 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. (**) Em 02 casos não foi possível determinar o local provável de infecção Aspectos relacionados à clínica, ao tratamento e aos anexos auxiliares. Os principais sinais e sintomas apresentados pelos pacientes de SCPH no ano de 2007 encontram-se na figura 5. 7 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Figura 5 – Hantavirose: principais manifestações clínicas (N=128). Brasil, 2007*. Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Os achados laboratoriais e radiológicos mais importantes estão demonstrados na Tabela 7. Com a alteração da ficha de investigação do SinanW para o Sinan Net, foram acrescentados achados laboratoriais que ainda não havia sido mensurados na SCPH. Tabela 7 – Principais alterações laboratoriais e radiológicas em pacientes de hantavirose (N=128). Brasil, 2007. Alterações Casos n % Infiltrado pulmonar difuso 80 105 76,2 Hematócrito > 45% 80 113 70,8 Trombocitopenia 64 100 64,0 TGO 53 95 55,8 TGP 51 95 53,7 Aumento de uréia e creatina 50 110 45,5 Leucócitos aumentados com desvio a esquerda 44 112 39,3 Leucócitos normais 32 112 28,6 Linfócitos atípicos 25 109 22,9 Derrame pleural 14 94 14,9 Leucócitos aumentados sem desvio a esquerda 15 112 13,4 Infiltrado pulmonar localizado 11 96 11,5 Leucopenia 06 112 5,4 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. 8 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Dos casos com informação disponível o tempo médio entre o início dos sintomas e o primeiro atendimento foi de quatro dias, mediana de dois dias e moda de zero dia. Cerca de 80% dos pacientes buscaram atendimento até o quarto dia de evolução e 90% ainda na primeira semana da doença Aproximadamente, 95% dos pacientes (117/123) foram internados. Para 69,5% (82) dos 118 casos que precisaram de internação, o tempo médio transcorrido entre o início dos sintomas e data de internação foi de quatro dias, mediana de três e moda de quatro dias. Cerca de 90% desses pacientes deram entrada hospitalar até o 7º dia após os primeiros sintomas. Em apenas 50,8% (60/118) dos pacientes internados foi possível obter informações sobre o período entre início de sintomas e da alta hospitalar, que apresentou uma média de 17,5 dias, intervalo de 4 a 155 dias, mediana de 12 dias e moda de 11 dias. Para 36 pacientes com informação sobre o tempo transcorrido entre internação e óbito, o período médio foi de três dias e a mediana e moda de um dia. Cerca 80% dos óbitos ocorreram até dois dias após a admissão hospitalar. Dos 58 pacientes internados que evoluíram para cura, em torno de 70,0% recebeu alta até o 10º dia após a internação. O tempo médio de internação dos pacientes que receberam alta por cura foi de 12 dias, mediana de oito e moda de seis dias. No que se refere ao suporte terapêutico dos pacientes internados com SCPH, a 80,0% dos casos receberam antibioticoterapia (tabela 8). Tabela 8 – Suporte terapêutico utilizado para tratamento dos pacientes com Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus. Brasil, 2007*. Suporte terapêutico Casos n % Antibiótico 92 115 80,0 Corticóide 35 108 32,4 Respirador mecânico 44 118 37,3 Drogas vasoativas 43 113 38,1 Antiviral (ribavirina) 01 108 0,9 CPAP/BIPAP 10 96 10,4 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Dos 128 casos confirmados, 82,8% apresentaram a forma clínica da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus, enquanto que apenas 17,2% (22) apresentaram a forma prodrômica ou inespecífica da doença. 9 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Aspectos relacionados ao diagnóstico laboratorial. Do total de casos confirmados com informações disponíveis sobre o critério de confirmação de diagnóstico (126/128), 98,4% foram confirmados laboratorialmente e 02 (1,6%) por critério clínico epidemiológico. Aspectos relacionados ao risco de adoecer e local provável de infecção (LPI) Dentre as principais atividades e exposições de risco determinadas pela investigação epidemiológica destacaram-se as associadas com limpeza (de casa, despensa, galpão, deposito, sótão, porão e outros semelhantes) e contato com roedores, ambas citadas por mais de 40% dos casos em que foi possível obter essas informações (tabela 9). Considera-se como contato com roedores a visualização desses animais vivos ou mortos ou, ainda, a presença de vestígios, como fezes ou cheiro de urina. Tabela 9 – Exposição e situações de risco para hantavirose (N=128). Brasil, 2007*. Exposição/ situação de risco Casos n % Exposição e/ou limpeza 71 123 57,7 Contato com roedores 54 123 43,9 Desmatamento/ aragem de terra/ plantio 46 124 37,1 Moagem e/ou armazenamento de grão 39 122 32,0 Outras 26 120 21,7 Dormiu/ descansou em barracas 26 123 21,1 Pescou/ caçou/ realizou turismo rural 22 125 17,6 Transporte e/ou carregamento de carga em geral 19 122 15,6 Treinamento militar 01 122 0,8 Fonte: Sinan/SVS/MS (*) Dados sujeitos a alteração. Quanto às características do local provável de infecção, 111 (88,1%) dos pacientes infectaram-se em área rural ou silvestre e 39% (48) em ambiente de trabalho. Quando comparado essas informações com os últimos três anos, existe uma similaridade entre os resultados encontrados, sendo assim, não existem alterações no que se refere às características do local provável de infecção. Aspectos relacionados à oportunidade do sistema de vigilância epidemiológica. O prazo médio decorrido entre o primeiro atendimento e a notificação foi de três dias, sendo a mediana de dois dias e moda de um dia. Cerca de 80% dos casos foram notificados até o 4º dia após o atendimento. 10 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com Em relação à oportunidade de investigação epidemiológica, 108 casos (84,4%) foram investigados no dia zero, ou seja, na mesma data da notificação, mas em média a investigação foi realizada em 1,5 dia após a notificação com mediana e moda de zero dia. O intervalo de tempo transcorrido entre a notificação e a investigação variou de 0 a 41dias. No que se refere às informações sobre amostras encaminhadas, por unidade federada, para confirmação de suspeita diagnóstica, não foi possível uma análise detalhada, devido a uma não padronização nas informações disponíveis nos dos relatórios mensais emitidos pelos laboratórios de referência. Aspectos relacionados à infecção em roedores silvestres Durante o ano de 2007, não foi realizada nenhuma investigação ecoepidemiológica para detecção de circulação viral em área de transmissão ou silenciosas com vistas à identificação de novos reservatórios e variantes de hantavírus em roedores silvestres nessas áreas. Considerações finais No ano de 2007 houve uma redução de 33% de casos detectados comparado com ano anterior. Essa redução ocorreu em todas as unidades federadas que registraram casos, exceto o estado de São Paulo. Observou-se, ainda, que a redução na detecção de casos foi de até 50%, como no estado de Mato Grosso. O estado de São Paulo registrou 22 novos casos de casos de SCPH, sendo 2007 o ano em que o estado teve o maior número de casos detectados desde 1993. As análises da distribuição temporal da SCPH em 2007, em relação a 2006 não demonstraram diferenças quanto ao número de picos de registros ocorridos no país, mas mostraram diferenças nos meses em que os três picos ocorreram. Essa diferença sazonal encontrada poderia ser explicada pela redução em 60% na detecção de casos registrados na Região Sul - onde a maioria dos casos sempre foi registrada no último trimestre, e pelo aumento no número de casos detectados por São Paulo, em junho. Em relação ao perfil dos pacientes de hantavirose, antecedentes epidemiológicos e as informações associadas à área/ambiente provável de infecção, os resultados encontrados em 2007 foram similares aos dos últimos três anos, o que corrobora a 11 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com necessidade de se desenvolver atividades de informação e educação para os grupos populacionais clássicos sob risco. As taxas de internação e de letalidade têm se mantido estáveis, mostrando que é necessária a realização de capacitações de profissionais da área de assistência para o manejo e o tratamento e diagnóstico precoces, para redução destas taxas. O estabelecimento de fluxos entre os diferentes níveis de complexidade dos serviços assistenciais poderá contribuir para a redução destas taxas. Quanto ao sistema de vigilância epidemiológica da hantavirose, no ano anterior, o tempo médio transcorrido entre o primeiro atendimento e a notificação foi de sete dias e, em 2007, de três dias. Ainda que o tempo médio para a notificação tenha diminuído, o que demonstra uma melhora na sensibilidade para a notificação da SCPH, mas, sendo a hantavirose uma doença de notificação imediata, é necessário, sistematicamente, intensificar as ações de vigilância epidemiológica nos serviços de saúde e assistenciais, assim, como atividades de comunicação para sensibilizar os profissionais para a notificação imediata. Em 2007 observou-se uma pequena melhora na oportunidade de investigação, quando comparado com o ano anterior, onde a investigação foi realizada em até 154 dias após a notificação. Ainda, que, cerca de 85% das investigações tenham sido realizadas em tempo hábil, alguns serviços mostraram-se deficientes nessa aspecto de tempo adequado de resposta a uma notificação. A ausência de um padrão para os relatórios mensais de produção dos laboratórios de referência dificulta o monitoramento dos dados e acompanhamento das atividades de vigilância epidemiológica em áreas sem registros de casos. Demonstrando a necessidade de maior integração entre a rede laboratorial. Quanto à qualidade das informações observou-se que um grande número de FIE, de diversas unidades federadas, que ainda trazem campos não preenchidos, principalmente os relacionados às variáveis sobre clínica e tratamento, além de outras inconsistências/incoerências, demonstrando a necessidade de monitoramento, detecção de falhas e adoção de medidas corretivas, por meio de treinamentos e cursos tanto em investigação epidemiológica, quanto para as demais atividades de vigilância epidemiológica da hantavirose. Outra situação observada foi que alguns municípios dos estados de Mato Grosso, Pará e São Paulo não haviam implantado ainda a nova ficha do Sinan Net, o que 12 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com dificultou algumas análises, pois a ficha do SinanW contém um número menor de variáveis, essenciais para a análise dos casos. Destaca-se ainda que, nos últimos anos, tem sido possível observar uma melhora gradativa, ainda que lenta, no sistema de vigilância epidemiológica da hantavirose. Agradecimentos Às áreas técnicas de hantavirose das Secretarias de Estado de Saúde: Pará, Rondônia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e do Distrito Federal; Secretarias Municipais de Saúde; Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas – IEC/SVS/MS; Seção de Vírus Transmitidos por Artrópodes do Instituto Adolfo Lutz – IAL/SP; Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz/RJ. 13 PDF Created with deskPDF PDF Writer - Trial :: http://www.docudesk.com