GRUPO DE PESQUISA: LÍNGUA(GEM), CULTURA E SOCIEDADE:
SABERES E PRÁTICAS DISCURSIVAS NA AMAZÔNIA
Sérgio Nunes de JESUS (IFRO, UNINI, México)
[email protected]
Procurar-se-á estabelecer resultados a partir dos saberes e das práticas ao identificar por meio da
língua(gem) de que maneira ela é importante na constituição culturalmente do Sujeito da
Amazônia e suas relações com as diversas comunidades não só ribeirinhas (parte integrante da
pesquisa), agricultores do Cone Sul-RO, como também quilombolas e centros urbanos. É
importante ressaltar que a colaboração de professores e acadêmicos de outras IES e outros
Campi do IFRO serão importantes para o trabalho de campo: pois as comunidades que serão
pesquisadas, serão agentes na integralização da pesquisa, por isso a necessidade do convite.
Nesse sentido, a viabilização da pesquisa culminará em pressupostos teóricos, metodológicos e
didáticos pelas teorias que serão instauradas pelos pesquisadores numa só vertente a ser
analisada. Para tanto, o grupo de pesquisa criará um veiculo de informação
(revista/periódico/jornal/tabloide) que possa integralizar por meio de publicação, os trabalhos
pesquisados pelo grupo e por outros que possam convergir na ancoragem das pesquisas no
IFRO. Logo, a partir dessas abordagens, o grupo de pesquisa procurará fomentar palestras,
seminários e cursos de curta e longa duração junto ao IFRO, esses como processo de
integralização do FIC institucional e parcerias na captação de recursos para sua realização.
Assim, a metodologia a ser instituída será a bibliográfica e de campo ao evidenciar as formas
das distintas enunciações abordadas por um “sujeito” que “reclama” uma ilusão de verdade
contraditória em seus deslocamentos discursivos na produção de um sentido que só existe na
relação ao outro – pelas forças e seus imaginários constituídos nessa relação. Discutiremos
também a questão da violência contra a mulher e por qual o motivo ela se multiplica na
sociedade, principalmente nos seios das famílias menos favorecidas – embora haja também um
grande número desse tipo de violências em famílias de classe média alta. Sendo assim,
abordaremos também de que maneira as Práticas Sociais, ou seja, praticada como aparelho
ideológico de estado (AIE) de uma formação ideológica (FI) não investido pelo aparelho de
Estado.
Palavras-chave: Estudos da Língua(gem); Ideologia; Práticas Sociais.
São Carlos, Setembro de 2015
AMOR EM TEMPOS DE VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: DA OPRESSÃO À
RESISTÊNCIA DA MULHER NEGRA
SANTOS, Rafaella Elisa da Silva (IFBAIANO/UFBA)
[email protected]
O campo das afetividades é marcado por significações que concebem os sentimentos como
pertencentes ao universo semântico da inerência humana e da a-ideologia. Entretanto, as
afetividades, longe de serem elementos puramente neutros e naturais, são instâncias discursivas
constituídas a partir de filiações ideológicas e condições de produção que possibilitam a nãoinserção plena de alguns agrupamentos na seara das relações interpessoais. O amor não é isento
de marcas político-ideológicas e, portanto, é marcado ideologicamente por relações de poder e
sua experienciação não é sentido possível ao pensá-lo em sua imbricação com categorias que
demarcam campos sociais, como o gênero e a raça. Assim, neste trabalho há a análise de
discursos em torno do amor como um sentido negado à mulher negra. Parte-se de dois artigos
do site Blogueiras Negras, intitulados “Síndrome de Cirilo e a solidão da mulher negra”
(BARROS, 2013) e “Sobrevivendo apesar da falta de amor: empoderamento afetivo da mulher
negra” (LIMA, 2014). O amor é visto, então, como um instrumento de opressão da mulher
negra, como forma de violentá-la simbolicamente, ao excluí-la da construção da identidade de
ser amável e concebê-la como ser abjeto, como aquela destituída dos elementos necessários para
concretização de uma relação conjugal estável, alocando-a apenas no campo da degustação e
das práticas sexuais. Assim, as afetividades são tomadas como discursos de opressão, mas
também vistas a partir do prisma do deslizamento de suas discursividades para o campo da
resistência, dada a assunção de sentidos que constroem a ideia de grupo, de instauração da
politização dos sentimentos da/pela mulher negra. Tomam-se como corpus os comentários
postados por usuários do referido blog aos artigos supracitados. Tem-se esse gênero discursivo
em conta não apenas por sua importância como veículo de comunicação na esfera digital, mas,
sobretudo por, nessas condições de produção, funcionar como espaço de narrativas de si e
deslizamento de significações. São observados nesses comentários-relatos a construção de ethé
como o de mulher solitária, infeliz e, por isso, culpada, bem como as filiações ideológicas dos
sujeitos envolvidos, com vistas a romper com o amor como forma de opressão de gênero e
racial. Pode-se, desse modo, aventar a ideia de que os sentidos sobre o amor são opressivos,
excludentes e uma forma de violência simbólica contra a mulher negra. Aventa-se ainda que o
gênero discursivo em questão é o espaço simbólico que permite a ressignificação dos sujeitos e,
por conseguinte, os deslizamentos dos ethé e filiações ideológicas.
Palavras-chave: Violência Simbólica Contra A Mulher Negra; Afetividades; Discursos.
São Carlos, Setembro de 2015
A FORMAÇÃO DISCURSIVA EM MATÉRIAS JORNALÍSTICAS SOBRE
A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
JESUS, Sérgio Nunes de (IFRO/UNINI, México)
[email protected]
SANTOS, Rafaella Elisa da Silva (IFBAIANO/UFBA)
[email protected]
RESUMO: Em uma sociedade patriarcal como a brasileira, em que as mulheres não dominam
seus desejos e seus corpos, a violência doméstica ainda é assunto preocupante, por ainda hoje
organizar as relações de poder na instituição do matrimônio. Embora, em 2006, a Lei Maria da
Penha tenha surgido como uma forma de legitimar a luta das mulheres para coibir os
feminicídios e outras formas de violência, estudo do IPEA (2013) revela que as mulheres ainda
sofrem com maus tratos de seus parceiros íntimos. Torna-se importante compreender como em
um momento em que há a institucionalização de direitos de gênero e a reafirmação dos direitos
humanos da mulher, sobretudo no que diz respeito à sua dignidade humana, a violência
doméstica ainda é discurso circulante. Com vistas a compreender as formações discursivas que
sustentam os dizeres que legitimam a violência doméstica como possibilidade, com aporte
teórico-metodológico da Análise do Discurso de orientação pecheuxtiana, foram selecionadas
duas matérias jornalísticas sobre o assassinato em legítima defesa de um homem, ex-marido de
vítima de violência doméstica, pelo atual companheiro, em Joinville. A primeira foi veiculada
pela RIC TV, afiliada da Rede Record, na cidade em que ocorreu o homicídio, no Jornal do
Meio-dia. A segunda foi produzida e transmitida pelo programa Cidade Alerta, de âmbito
nacional. As reportagens foram extraídas dos sites das respectivas emissoras. A opção por essas
materialidades deveu-se à grande circulação na sociedade e pelo grau de institucionalização.
Após análise, observou-se o funcionamento de duas formações discursivas para a legitimação
dos dizeres das matérias jornalísticas, sendo que em nenhuma delas a mulher é significada como
protagonista de sua própria história. Assim, ainda que tenha fala na reportagem, o espaço a ela
reservado é pequeno, o que revela que os dizeres dos sujeitos-jornalistas encontram-se
revestidos pela ideologia patriarcal. Apesar de haver deslizamento de sentidos entre as
formações discursivas, haja vista serem suas fronteiras instáveis, esse intercambiamento não é
suficiente para legitimar a mulher como centro da história. A violência doméstica não é
significada como ponto fulcral na construção de uma sociedade mais igualitária. A filiação
discursiva dos sujeitos envolvidos a configura apenas como uma violência qualquer, a vender
prestígio ao jornalista, ao construir o ethos de justiceiro social, cada reportagem em um grau de
filiação diferente.
Palavras-chave: Violência Doméstica; Análise do discurso. Matéria Jornalística.
São Carlos, Setembro de 2015
Download

G3 – Língua(gem), Cultura e Sociedade