VALORAÇÃO DE ATIVOS INTANGÍVEIS EM EMPRESAS NASCENTES DE BASE TECNOLÓGICA
A identificação de uma forma de mensurar os ativos intangíveis das
empresas nascentes de base tecnológica a partir da discussão das
metodologias Fluxo de Caixa e Opções Reais
1.
LANÇANDO A IDEIA
A inovação passou a ser essencial para empresas que desejam entrar e
permanecer no mercado. Passamos de uma Era Industrial, com foco no capital
físico da empresa, para a Era do Conhecimento, baseada no conhecimento,
nas satisfações, nos intangíveis.
A realidade competitiva impõe formas de organização que privilegiam a
comunicação e a integração entre os diversos subsistemas organizacionais. A
flexibilidade e a capacidade de ação diante do crescimento das mudanças e
da inovação tornam-se relevantes para a sobrevivência das organizações,
implicando numa dinâmica complexa e incessante.
Para projetos de
inovação tecnológica
que, em particular, por
vezes até não possuem
valores tangíveis, mas
apenas estratégicos,
claramente não
podemos calcular seu
valor presente
tradicional e deixá-lo
competir igualmente
com os demais projetos
da empresa apenas em
bases financeiras.
No mundo das decisões empresarias, estamos trilhando o caminho inverso,
tentando explicar sofisticados projetos e empresas por meio de uma breve
equação. Contudo, estamos percebendo que nesta área do conhecimento
talvez a simplificação não seja o melhor método. É possível que estejamos
excedendo nas simplificações, por restrições analíticas e de conhecimento,
enquanto o ideal seria ampliar os modelos empresariais e financeiros para
explicar empresas e projetos complexos de forma eficiente.
Geralmente os modelos teóricos consideram os ativos intangíveis adquiridos e
não os que são gerados dentro da empresa. Quando o fazem, eles são
avaliados através dos resultados que podem gerar para a empresa. Porém, os
benefícios destes ativos, muitas vezes, estão vinculados a ativos tangíveis, e
por isso fica difícil separar o resultado gerado por um e outro. Em outros
casos, é considerado o valor residual entre o valor total da empresa e os
ativos tangíveis. Isso pode ser difícil de ser identificado, entretanto, quando a
empresa não possui ativos tangíveis numerosos e este método não os avalia.
A análise tradicional, baseada na aplicação do fluxo de caixa descontado não
é apropriada para a avaliação econômica de projetos que possuam estas
características. Para projetos de inovação tecnológica que, em particular, por
vezes até não possuem valores tangíveis, mas apenas estratégicos,
claramente não podemos calcular seu valor presente tradicional e deixá-lo
competir igualmente com os demais projetos da empresa apenas em bases
financeiras. Por outro lado, a aprovação de projetos dessa classe não pode
depender unicamente da visão e bom senso do gerente, sem que este possua
alguma ferramenta auxiliar ao processo decisório.
Com base nas informações supracitadas indaga-se: qual o método mais
indicado para a valoração de ativos intangíveis nas empresas nascentes de
base tecnológica?
2. CONSTRUINDO O CAMINHO
A criação de empresas de base tecnológica (ENBTs) de origem acadêmica,
também chamadas de spin-off's acadêmicos, tem se tornando comum. Estas
empresas se desenvolvem em incubadoras, que lhes oferecem estrutura física
e apoio técnico. Uma incubadora de empresas é um ambiente flexível e
encorajador, onde é oferecida uma série de facilidades para o surgimento e
crescimento de novos empreendimentos. Além da assessoria na gestão
técnica e empresarial da empresa, a incubadora oferece a infraestrutura e
serviços compartilhados necessários para o desenvolvimento do novo negócio.
Geridas por órgãos governamentais, universidades, associações empresariais e
fundações, elas são catalisadoras do processo de desenvolvimento e
consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo.
Acredita-se que as principais espécies de ativo intangível encontrados em
empresas de base tecnológica são marcas, know-how, patentes, direitos de
exploração de mercados, inovações em P&D, legislação favorável, condições
monopolísticas, processos secretos de fabricação, tecnologia, capital
intelectual, conhecimentos, cultura organizacional, etc.
Dentro dos métodos tradicionais de orçamento de capital existem técnicas
que não consideram o risco. Elas são baseadas apenas no retorno financeiro,
pois, a análise de investimentos que utiliza esses métodos é realizada com a
intenção de encontrar um valor que expresse a viabilidade, ou não, do
projeto.
Sob a perspectiva das
opções reais, o ativo
total da empresa se
compõe dos
investimentos
executados e em
funcionamento e de
suas oportunidades
futuras de
investimento.
Sob a perspectiva das opções reais, o ativo total da empresa se compõe dos
investimentos executados e em funcionamento e de suas oportunidades
futuras de investimento. Por tanto, considera-se que o valor de mercado não
é a soma dos valores dos ativos tangíveis e intangíveis atuais da empresa.
A decisão sobre um investimento não pode ser feita apenas utilizando
métodos que definam “sim” ou “não” como resposta à execução do projeto.
Muitos métodos de avaliação de investimentos apenas consideram a posição
estática quanto à decisão. Em alguns casos, um projeto rejeitado poderia ser
perfeitamente aceito e possuir fator de sucesso se pudesse captar a
flexibilidade das opções que o investimento traz intrinsecamente.
Uma opção real é a flexibilidade que um gerente tem para tomar decisões a
respeito de ativos reais. Ao passo que novas informações vão surgindo e as
incertezas sobre o fluxo de caixa vão se revelando, os administradores podem
tomar decisões que venham a influenciar positivamente no valor final de um
projeto.
Na avaliação de investimentos, classificam-se as incertezas em dois tipos: a
incerteza econômica e a incerteza técnica. Um projeto rejeitado porque seu
Valor Presente Líquido (VLP) é negativo pode ser um investimento
economicamente atrativo se considerada a flexibilidade administrativa.
Portanto, uma opção real é a flexibilidade que o gestor tem de tomar suas
decisões sobre ativos reais, de forma que influenciem positivamente o valor
final de um projeto.
Genericamente, a análise de projetos por opções reais é uma abordagem
sistemática e uma solução integrada que utiliza teorias financeiras, análise
econômica, ciência de gestão, ciência decisória, estatística e modelamento
econométrico ao aplicar a teoria das opções financeiras para a avaliação de
ativos físicos reais num ambiente empresarial dinâmico e incerto. Nesse
ambiente, as decisões de negócio são flexíveis no contexto da tomada de
decisão do investimento de capital estratégico, avaliando oportunidades e
despesas de projeto.
A abordagem das opções supre as falhas do critério do VPL quando aplicado a
projetos que têm altos níveis de incerteza. Em cada opção existem inúmeras
alternativas, que se desmembram em diversas áreas de decisão, resultando
em ações para o alcance de determinado fim.
O método das Opções
Reais possui enorme
potencial para
aplicação em avaliação
de ativos intangíveis e,
ainda mais, para a
avaliação de
aquisições
relacionadas à
tecnologia.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método das Opções Reais possui enorme potencial para aplicação em
avaliação de ativos intangíveis e, ainda mais, para a avaliação de aquisições
relacionadas à tecnologia.
Contudo, por ser uma técnica mais robusta e complexa de valoração, é
preciso avaliar se realmente é preciso ter este grau de sofisticação no
trabalho a ser realizado.
AUTOR
Timotheo Souza Silveira é zootecnista formado pela Universidade Federal de Viçosa. Especialista em
Desenvolvimento de Planos de Negócios, é analista da Inventta, empresa do Grupo Instituto Inovação, e
atua como Consultor de Novos Negócios. Mestrando em Produção e Nutrição de Ruminantes também
pela UFV.
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