FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME CAMPUS DE JI-PARANÁ WANDERSON PINHEIRO RELAÇÃO ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER POTÊNCIA Ji-Paraná 2013 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA – DME CAMPUS DE JI-PARANÁ WANDERSON PINHEIRO RELAÇÃO ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER POTÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Departamento de Matemática e Estatística, da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Matemática, sob a orientação do professor Ms. Reginaldo Tudeia dos Santos. Ji-Paraná 2013 DEDICATÓRIA Este Trabalho de Conclusão de Curso é dedicado a todos os meus familiares, em especial aos meus pais Maria do Socorro Pinheiro e João Pinheiro; à minha esposa Gleicy M. S. Pinheiro; a todos os meus irmãos, Edna, Edson, João e Antônio; aos meus sobrinhos Vinicius, Vítor, João Gabriel, Maria Eduarda e Marcos Antônio; aos meus professores dos quais estiveram presentes durante toda essa jornada. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter permitido que caminhasse até aqui e superado cada dificuldade encontrada. A todos os membros da minha família que acreditaram em mim desde o princípio. A minha esposa por ter me apoiado com muito amor e dedicação. A todos os professores, em especial aos de Matemática do Ensino Fundamental e Médio: Edith Pinheiro, Gleisson Guardia, Israel Carley; Assim como os professores da UNIR: Ms. Marlos Gomes de Albuquerque, Ms. Reginaldo Tudeia dos Santos, Ms. Marcos Leandro Ohse, Dra. Aparecida Augusta da Silva, Ms. Emerson da Silva Ribeiro, Dr. Ariveltom Cosme da Silva e Dr. Fernando Luiz Cardoso. Muito obrigado! “A Matemática é como um fractal. Nela existem infinitas ramificações, onde muitas ainda serão descobertas.” (Wanderson Pinheiro) RESUMO O presente trabalho faz inicialmente, uma abordagem histórica sobre o desenvolvimento das teorias matemáticas, suas demonstrações geométricas e algébricas, buscando mostrar as diferentes formas de desenvolvimento da Matemática por cada civilização, no período em que viveram. Faz também algumas demonstrações na busca da validação de um modelo matemático que represente a diferença entre dois Números Inteiros em qualquer potência n, para n também Inteiro. Ao longo do trabalho estão dispostos alguns conceitos, fórmulas e Teoremas para a representação de equações e sequências que surgiram das observações do autor. A pesquisa obteve bons resultados, originando novas ideias e provando que a Matemática pode ser cada vez mais explorada. Palavras Chave: Números, Consecutivos, Qualquer Potência. ABSTRACT The present study is initially a historical approach on the development of mathematical theories, geometric and algebraic statements, trying to show the different ways of developing mathematics for every civilization in the period in which they lived. It also makes some statements in search of validation of a mathematical model that represents the difference between two Integers in any potency n, for any integer n also. Throughout the work are willing concepts, formulas and theorems for the representation of equations and sequences that emerged from the author's observations. The survey achieved good results, yielding new ideas and proving that mathematics can be increasingly exploited. Key Words: Numbers Consecutive, Any Potency. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ilustração do Teorema de Pitágoras .......................................................................... 22 Figura 2: Quadrado dos lados do triângulo de lado 3, 4 e 5 ..................................................... 22 Figura 3: Quadrado da Diferença ............................................................................................. 23 Figura 4: Diferença entre os quadrados de lado 5 e 1 .............................................................. 23 Figura 5: Quadrado da soma..................................................................................................... 24 Figura 6: O quadrado da soma de 4 e 1 .................................................................................... 24 Figura 7: Diferença geométrica entre dois quadrados consecutivos ........................................ 29 Figura 8: diferença entre dois cubos consecutivos ................................................................... 32 Figura 9: Diferença entre os cubos de base 4 e 3 ..................................................................... 32 Figura 10: Diferença entre dois cubos sucessivos .................................................................... 34 Figura 11: Diferença entre os cubos de 4 e 3 ........................................................................... 35 Figura 12: Diferença entre 3 1 e2 1 ........................................................................................ 39 Figura 13: Diferença entre 3 2 e2 2 ........................................................................................ 40 Figura 14: Diferença entre 3 3 e2 3 ........................................................................................ 41 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ .......................................... 28 Tabela 2: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ .......................................... 30 Tabela 3: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ ................................................. 33 Tabela 4: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ ................................................. 33 Tabela 5: Potências entre dois Números Inteiros ..................................................................... 35 Tabela 6: Demonstração das colunas 1 e 8 da Tabela 5 ........................................................... 37 Tabela 7: Potência dos Números Inteiros ................................................................................. 43 Tabela 8: Diferença entre potências de dois Números Inteiros Sucessivos ............................. 44 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12 1. CONTEXTO HISTÓRICO DA MATEMÁTICA ........................................................... 13 1.1 A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE .......................................................................... 13 1.1.1 Pré-História, Egito E Mesopotâmia ............................................................................. 13 1.1.2 Grécia Antiga ................................................................................................................. 15 1.2 IDADE MÉDIA.................................................................................................................. 17 1.3 DA IDADE MODERNA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................. 18 2. OS MODELOS MATEMÁTICOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES .............................. 20 2.1 OS GREGOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES ................................................................... 21 2.2 OS MODELOS MATEMÁTICOS DA IDADE MEDIEVAL .......................................... 24 2.3 AS DEMONSTRAÇÕES APÓS A IDADE MÉDIA ........................................................ 25 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............. 26 3. RECURSOS E MÉTODOS ............................................................................................... 27 4. RELAÇÕES ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER POTÊNCIA ............................................................................................................................. 27 4.1 DIFERENÇAS ENTRE DOIS QUADRADOS SUCESSIVOS ........................................ 28 4.1.1 Diferença Entre Quadrados De Números Inteiros Não Negativos (ℤ )................... 28 4.1.2 Diferença Entre Quadrados De Números Inteiros Não Positivos (ℤ ) .................... 30 4.2 DIFERENÇAS ENTRE DOIS CUBOS CONSECUTIVOS ............................................. 31 4.3 DIFERENÇAS ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS (a e b) ELEVADOS A NÉSIMA POTÊNCIA ( a, b e n ℤ/ b=a+1) ............................................................................ 35 4.3.1 Relações Para Todo n≥0 ................................................................................................ 35 4.3.2 Análise Para Todo n<0 .................................................................................................. 38 4.3.2.1 Observações n= -1 ..................................................................................................... 38 4.3.2.2 Verificações Para n= -2 ................................................................................................ 39 4.3.2.3 Observações Para n= -3 ................................................................................................ 40 4.3.2.4 Análise Para Todo n≤-1 ................................................................................................ 41 4.3.2.5 Verificação Para n ℤ ................................................................................................... 43 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 47 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 48 ANEXOS ................................................................................................................................. 49 ANEXO 1: ANOTAÇÕES DO AUTOR............................................................................... 49 ANEXO 2: ANÁLISE GEOMÉTRICA ............................................................................... 50 ANEXO 3: DIFERENÇA ENTRE DOIS CUBOS .............................................................. 51 12 INTRODUÇÃO Não é possível datar a época exata do surgimento da Matemática, mas é notório que ela está presente na vida do ser humano desde os tempos primitivos, e seus conceitos surgiram da necessidade de contar animais, coisas e objetos. Com o passar do tempo, foi surgindo a necessidade de obter modelos para interpretar e descrever os fenômenos naturais e sociais através de fórmulas ou modelos matemáticos. Foi observando as semelhanças numéricas existentes em cada situação, local, objeto, população ou elemento pesquisado e analisado, que no decorrer dos séculos, os pesquisadores matemáticos fizeram associações, desenvolveram, e ainda desenvolvem representações matemáticas. Em razão das necessidades originadas pelas cheias e baixas do Rio Nilo no Egito antigo (4.000 a.C. a 30 a.C.), foram criados algoritmos para calcular a área de uma superfície plana, por exemplo. A partir de uma situação, bastava relacionar o novo problema a outro semelhante previamente conhecido, onde por comparação, encontravam os passos a serem seguidos para chegar a uma solução. Esses processos de resolução foram de fundamental importância na delimitação de áreas e posteriormente na realização de cálculos envolvendo áreas e volumes. De forma abstrata, a Matemática começou a surgir quando os matemáticos gregos: Tales de Mileto e Pitágoras de Samos, por volta do século VI a.C, começaram a se preocuparem como funcionava a lógica dos números. Posteriormente, essas ideias foram sendo fortalecidas através de fórmulas e conjecturas que foram solidificadas com o surgimento da álgebra. Hoje, a Matemática continua em processo dinâmico de construção e este trabalho nasceu da curiosidade e interesse do autor em aprofundar seus conhecimentos matemáticos e poder contribuir para seu próprio desenvolvimento e de certa forma, para a construção da Matemática. Ainda no Ensino Fundamental, sem conhecimento matemático suficiente para desenvolver uma pesquisa, o autor foi guardando os dados, que julgava interessante, até chegar a oportunidade em que pudesse desenvolver e apresentar a comunidade suas ideias. Oportunidade que surge na elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. 13 O presente trabalho busca representações geométricas da diferença entre dois quadrados ou cubos consecutivos e, posteriormente, a generalização para . Por fim, com o uso da Modelagem Matemática, busca demonstrar a solução para potências de ordem dois, três e posterior extensão para todo o Conjunto dos Inteiros em qualquer potência n inteira. Esta pesquisa está estruturada da seguinte forma: O capítulo 1 faz o uso da História da Matemática para relatar os principais acontecimentos matemáticos de acordo com cada período histórico; No capítulo 2 são expostos exemplos, resoluções e demonstrações de problemas matemáticos enfrentados no decorrer da história; Os recursos e métodos utilizados foram expressos no capítulo 3; No capítulo 4 está presente o desenvolvimento da pesquisa, com teoremas e suas demonstrações; Por fim, as considerações finais (capítulo 5), refere-se aos bons resultados obtidos no decorrer da pesquisa. 1. CONTEXTO HISTÓRICO DA MATEMÁTICA Ao longo da história, a Matemática mostra que sua evolução está ligada aos problemas do cotidiano, onde cada povo ou civilização procura resolvê-los de maneira sistemática ou não, organizada ou não, tendo suas próprias características de acordo com a região e o período histórico de cada povo. 1.1 A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE 1.1.1 Pré-história, Egito e Mesopotâmia O princípio da contagem surgiu da necessidade diária dos povos primitivos. E seus primeiros registros datam aproximadamente 50.000 anos. Para Paiva (2004), o fato de um indivíduo olhar para um animal e observar a quantidade de patas, a capacidade de perceber os tamanhos distintos de cada ser vivo já estaria comparando e contando, mesmo sem se dar conta. Com o início do cultivo de plantas e criação de animais, a princípio, rebanhos de ovelhas, os primitivos passaram a ter necessidade, cada vez maior, de uma representação 14 matemática. Assim, era necessário certificar, no final de cada dia, se todas as ovelhas, que tinham saído para a pastagem pela manhã, haviam voltado. Precisavam buscar formas mais eficientes e seguras para atender suas necessidades. Para essa averiguação, usavam uma quantidade de pedrinhas de forma que representasse todo o rebanho, tal que cada ovelha era representada por uma pedra. No Egito, as dificuldades enfrentadas com as cheias do Rio Nilo fizeram com que os habitantes de suas margens procurassem alternativas para contornar esse problema e poder plantar e sobreviver. Os egípcios também precisavam construir canais e diques para distribuir e reservar água para as épocas de baixa do Nilo. Após o período de cheia, era necessário remarcar as terras - papel fundamental dos esticadores de corda. Este foi um dos motivos que levou ao crescimento do Egito e impulsionou o desenvolvimento da Matemática. Eles observaram que o rio subia logo depois que a estrela Sírius se levantava a leste, um pouco antes do Sol. Notando que isso acontecia a cada 365 dias, os egípcios criaram um calendário solar composto de doze meses de 30 dias cada mês, mais cinco dias de festas, dedicados aos deuses Osíris, Hórus, Seth, Ísis e Nephthys. (LIMA, et al, 2004, pg. 2). De acordo com Lima et al (2004), esses doze meses foram divididos em três estações contendo quatro meses cada. As estações representavam os períodos de semear, de crescimento e de colheita. Seriam os primeiros relatos de “relação e progressão” obtidos. Outros problemas envolvendo Progressão Aritmética e Progressão Geométrica são encontrados em um papiro escrito por volta de 1650 a.C. denominado “Papiro Rhind”. Além das progressões, havia diversos problemas com soluções tais como: problemas envolvendo equação do primeiro grau, cálculo de áreas e volumes, divisão de 1, 2, 6, 7, 8 e 9 pães para 10 pessoas, entre outros. No Egito, a Matemática era voltada para a prática. Os egípcios apresentavam conhecimento em diversas áreas, tais como: cálculos do calendário, administração das colheitas, utilização nas obras públicas, cobrança de impostos, cálculo de áreas e volumes, algumas erradas, mas que para eles dava certo, e ainda dominavam algumas equações algébricas, além de conhecer bem a medicina. Semelhante ao Egito, na Mesopotâmia – “terra entre rios” -, comunidade localizada na região entre os rios Tigres e Eufrates, a Matemática desenvolvida também era voltada para as aplicações do cotidiano. Dominavam diversos campos tais como: astronomia, matemática 15 financeira, sistemas de pesos e medidas e ainda desenvolviam alguns cálculos de multiplicação e de divisão. 1.1.2 Grécia Antiga Enquanto os egípcios e os mesopotâmicos se preocupavam apenas em desenvolver uma Matemática voltada para o cumprimento e facilitação de seus trabalhos, os gregos iam além e procuravam saber “por que” os fatos ocorriam. Procuravam entender todo o processo lógico existente, impulsionando não somente a Matemática, como também as ciências da natureza e originando a Filosofia. Segundo Ohse (2005), apesar da existência de diversos conhecimentos algébricos, é nesta época que começa a surgir a Matemática demonstrativa, inicialmente com o grande filósofo, matemático e astrônomo Tales de Mileto, que viveu no século VI a.C. dotado de forte raciocínio lógico e dedutivo, principalmente aplicado a geometria. Existem diversas estórias relacionadas a Tales: uma delas é a de que teria calculado a altura de uma das pirâmides do Egito observando somente a proporção entre o comprimento da sombra de seu bastão e da sombra da pirâmide; outra relata que teria calculado a distância de um navio no mar usando seus conhecimentos de proporção entre os triângulos retângulos. Com fatos comprovados ou não, Tales é considerado como o primeiro filósofo, o primeiro dos sete sábios1 e criador da geometria demonstrativa. Provável discípulo de Tales, por ser aproximadamente 50 anos mais jovem, Pitágoras de Samos (570 a 496 a.C) foi um dos primeiros matemáticos a ter curiosidade em trabalhar com as semelhanças numéricas, onde gostava de “brincar com os números” e desvendar seus mistérios. São atribuídos a Pitágoras alguns dos primeiros modelos matemáticos e identidades algébricas. Pitágoras de Samos “foi uma das figuras mais influentes e, no entanto, mais misteriosas da Matemática” (SINGH, 2008, pg. 28). Até os dias atuais existem dúvidas se Pitágoras foi realmente uma pessoa ou simplesmente um pseudônimo, entretanto, inúmeras descobertas são atribuídas a ele. Dentre elas estão: 1 São considerados como os sete sábios da humanidade: Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, Cleóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta. 16 A descoberta dos Números Perfeitos, os quais são iguais a soma de seus divisores. Exemplos: os divisores do número 6 são os números 1, 2 e 3 e, portanto é um número perfeito, pois 1+2+3=6, assim como o número 28, do qual 1+2+4+7+14=28; A descoberta dos números amigáveis 284 e 220, cuja soma dos divisores de 284 é igual a 220, assim como a soma dos divisores de 220 resulta em 284; A prova de que, se 2n-1 é um número primo, então (2n-1) é um número perfeito; A descoberta das grandezas irracionais; As três identidades algébricas: 1. (a+ b)2 = a2 + 2ab + b2 2. 4ab + (a - b)2 = (a+ b)2 3. (a + b)(a – b) = a2 - b2; A relação entre os diversos trios pitagóricos representados pela equação a²=b²+c², onde a soma de dois quadrados resultam em um novo quadrado. O famoso “teorema de Pitágoras” foi demonstrado como um teorema abstrato, ao contrário dos babilônicos que o recebiam como um resultado de medições; Por fim, um teorema do qual se refere que “números quadrados sucessivos são formados pela sequência 1 + 3 + 5 +... + (2n – 1)” (BOYER, 1996, pg. 37). Além de Tales de Mileto e Pitágoras de Samos, vários matemáticos da época contribuíram para o crescimento da Matemática. Alguns com grandes descobertas ou simplesmente se dedicando a manuscritos, disseminando as ideias daqueles que não quiseram ou não tiveram a oportunidade de divulgar o seu trabalho. Dentre eles podem ser citados: Euclides (306?-283? a.C.) foi bibliotecário da grande biblioteca de Alexandria e é responsável pela publicação de “Os Elementos”, escritos em 13 volumes contendo “aplicações da álgebra à geometria, baseados numa dedução estritamente lógica de teoremas, postulados, definições e axiomas. Até os dias de hoje, este é o livro mais impresso em matemática” (OHSE, 2005, pg. 11). De todas as áreas, perde em números de publicações apenas para a Bíblia. Arquimedes (287 – 212 a.C.): 17 É considerado o maior matemático do período helenístico 2 e de toda antiguidade. Suas maiores contribuições foram feitas no campo que hoje denominamos “cálculo integral”, por meio do seu “método de exaustão”. Arquimedes também deu importante contribuição na mecânica e engenharia, com o desenvolvimento de vários artefatos, principalmente militares. Foi morto por um soldado romano quando da queda de Siracusa (OHSE, 2005, pg. 11). Apolônio (262-190 a.C.) ficou conhecido com suas publicações envolvendo as “secções cônicas”, denominadas por ele como “parábolas, elipses e hipérboles”. Claudio Ptolomeu (150 d.C.), conhecido principalmente pela obra “Almagesto”, de grande importância para a astronomia, desenvolveu fórmulas para o cálculo do seno e cosseno da soma e da diferença. Diofanto de Alexandria: não se sabe da época exata em que viveu, mas estima-se que tenha vivido por volta do século III. Teve fundamental importância para a álgebra e para a teoria dos números. Aritmética foi sua escrita mais importante, abordando a solução e análise de equações indeterminadas. 1.2 IDADE MÉDIA Para Ohse (2005), com a ascensão da Igreja no período da Idade Média, a busca pelo conhecimento científico foi substituída pelas teologias cristãs, com opressões e violências físicas contra aqueles que desrespeitassem suas ordens. Os cientistas eram vistos como bruxos, perdendo suas vidas nas fogueiras. Neste período, a Matemática e as demais ciências ficaram estagnadas na Europa, sendo chamado de “Idade das Trevas”. São poucos os registros de descobertas significativas desta época. Alguns matemáticos se tornaram conhecidos somente por terem feito algumas traduções de exemplares antigos ou de outra região, com algumas exceções, tais como Fibonacci e Beda. Leonardo de Pisa (1175 – 1250 d.C.), mais conhecido como Fibonacci (filho de Bonacci), tornou-se conhecido pela “seqüência de Fibonacci” (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,...) e principalmente pela introdução e propagação da Álgebra na Europa. Conhecimentos muito desenvolvidos no Oriente Médio. 2 Período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C.. 18 Beda (673 – 735 d.C.), também conhecido como “São Beda” e “Beda, o Venerável”, nasceu na Inglaterra onde se tornou monge. Conta-se que este foi o primeiro a propor mudanças no calendário cristão, que viria ocorrer apenas séculos mais tarde. Sua contribuição para a Matemática está relacionada aos cálculos envolvendo Raciocínio Lógico. Enquanto a Matemática na Europa fica desprovida de grandes avanços, na China, Índia e Oriente Médio ela continua crescendo e contribuindo, posteriormente, para uma grande evolução no Ocidente. 1.3 DA IDADE MODERNA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Os principais fatores que marcam o início da “Idade Moderna” ou “Período do Renascimento” são basicamente: a perda gradativa do poder da Igreja, ascensão da burguesia visando apenas o lucro, o início das expedições marítimas, o aumento das atividades comerciais, o uso das moedas e a invenção da imprensa móvel. A sociedade volta a ter interesse pela educação e a ciência passa a ter certa liberdade para a pesquisa, ocorrendo muitos avanços nas mais diversas áreas. Dentre elas: O avanço na medicina desenvolvendo estudos sobre anatomia, principalmente com Eustáquio, Falópio, Della Torre, Mundius e Da Vinci; O desenvolvimento da Física e da Astronomia com Da Vinci, Galileu Galilei e Isaac Newton; Evolução da Engenharia e da Arquitetura; O maior avanço da Matemática já ocorrido em todos os tempos, onde as maiorias das descobertas sofreram fortes influencias dos campos citados anteriormente. Entre tantas realizações matemáticas ocorridas neste período, estão: Diversas traduções de manuscritos para o latim; O enfoque dado no cálculo de operações com os números racionais e irracionais; Surgimento do logaritmo; Desenvolvimento e organização das progressões aritméticas e geométricas; Resolução de equações trigonométricas; O desenvolvimento das notações algébricas. 19 São inúmeras as descobertas matemáticas obtidas nesta época, onde nomes, que talvez tivessem sido considerados em outras épocas, foram omitidos nesse período. No entanto, o presente trabalho pretende destacar apenas algumas daquelas voltadas a Álgebra. Pode-se dizer que a Álgebra dos dias atuais são frutos do conhecimento da Matemática existente nas antigas civilizações do Egito, Mesopotâmia e Grécia, além da influência do Oriente Médio e Índia. Dentre outros, Ohse (2005) destaca os seguintes matemáticos no campo da Álgebra: Luca Pacioli (1445-509), autor de summa, primeira obra impressa sobre álgebra, contendo operações fundamentais para a extração de raízes quadradas; Johann Widman (1460-1498), sendo o primeiro matemático a publicar os sinais de + e de – para indicar excesso e deficiência; Robert Recorde (1510-1558) do qual, além da Álgebra, também se dedicava a medicina, a astronomia e a geometria. Credita-se a ele a implantação do sinal = para representar igualdade; Scipione del Ferro (1465-1526) e Niccolo Tartáglia(1500-1557) foram respectivamente, responsáveis pela descoberta de métodos algébricos para a resolução das equações cúbicas do tipo x³+mx=n e x²+px²=n. Estas descobertas serviram de base para algumas formas de resolução de equações quárticas. René Descartes (1596-1650), um dos mais importantes matemáticos da época, muito conhecido pela aplicação da álgebra à geometria, originando a Geometria Analítica; Pierre de Fermat (1601-1665) autor de alguns fundamentos da Geometria Analítica, junto com Descartes, e dono de diversas provas de teoremas. Entretanto, tornou-se muito famoso pelo único teorema que não deixou suas provas escritas antes de falecer, caso realmente tivesse provado, denominado como “O Último Teorema de Fermat”. Fermat partia do pressuposto de que não existia solução para a equação + = para n>2. Este teorema é considerado como aquele que mais teve demonstrações incorretas em todos os tempos, sendo provado apenas recentemente. Em se tratando de grandes descobertas, não pode deixar de ser mencionada a grande disputa travada por Isaac Newton (1643-1727) e Gottfried W. Leibniz (1646-1716) na origem do Cálculo Integral e Diferencial. Esta é, certamente, uma das mais notáveis entre as 20 descobertas matemáticas, pois tem fundamental importância, não somente para a Matemática, mas também, para a Física, Ciências Biológicas entre outras. Além do Cálculo Diferencial e Integral, até o final do século XVIII ocorreram inúmeras descobertas envolvendo Equações Diferenciais, Permutação, Combinação, Probabilidade, Trigonometria, métodos de resolução por aproximação de uma raiz de uma equação de grau n>4, novos símbolos para representações algébricas, etc. “Muitos matemáticos, ao final do século XVIII expressaram o sentimento de que as descobertas matemáticas estavam saturadas. Segundo eles, os matemáticos das gerações vindouras apenas iriam desvendar problemas de menor envergadura” (OHSE, 2005, pg. 20). Teoria totalmente infundada, pois não existem limites para novas descobertas. 2. OS MODELOS MATEMÁTICOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES Sem dúvida, uma das primeiras representações matemáticas a surgir foi o princípio de contagem, desenvolvida ainda pelos povos primitivos, originando o conjunto dos Números Naturais não nulos (*=1, 2, 3, 4, 5, 6,...). Provavelmente, alguns conceitos relacionados às quatro operações básicas (adição, subtração, multiplicação e divisão) já eram conhecidas neste período da Pré-História em função da necessidade de sobrevivência. Com o início das civilizações foi surgindo modelos para a representação de área, volume, entre outros. Esses métodos seguiam uma estrutura lógica onde a resposta era exata ou aproximada. Observe o seguinte problema encontrado em um dos diversos tabletes de argila construídos pelos babilônios e seu procedimento de resolução: PROBLEMA 1: Encontre o lado de um quadrado do qual a área menos o lado é igual a 870. Resolução: Tome a unidade 1; Divida esta unidade em duas partes iguais (1/2) e multiplique por ela mesma (1/2 x 1/2); Some o resultado a 870 → 1/4 + 870 = 3481/4; Este resultado é o quadrado de 59/2; 21 Some 1/2 com 59/2 → 1/2 + 59/2; O lado do quadrado vale 30. Os babilônios ainda não conheciam nenhuma fórmula algébrica, entretanto, possuíam este método de resolução de equações do tipo x²-px=q, que se assemelhava ao modelo matemático expresso pela fórmula abaixo: x= + para p e q positivos (1) Agora observe como seria a resolução deste mesmo problema utilizando a notação algébrica atual usando a fórmula resolutiva da equação quadrática: Encontre o lado de um quadrado do qual a área menos o lado é igual a 870. Resolução: o Considerando x o lado do quadrado, então: x² - x = 870 ou x² - x – 870 = 0 o A fórmula resolutiva é: 2 b b x 4ac , para equação do tipo ax² + bx + c = 0 (2) 2a o Substituindo os dados na fórmula, fica: 1 1 ² 4 .1 . 870 x 2 .1 x' 1 59 30 e x" 2 1 59 29 2 o Logo, o valor do lado do quadrado é 30, pois não se representa comprimento com números negativos. 2.1 OS GREGOS E SUAS DEMONSTRAÇÕES Ao se depararem com um problema, os gregos não buscavam apenas sua solução, mas o entendimento da lógica existente nos processos e métodos de resolução. Eles procuravam representar tais problemas na forma geométrica e também algébrica para melhor entendê-los. Muitas dessas representações foram feitas por Pitágoras de Samos e Euclides de Alexandria, sendo “O Teorema de Pitágoras” uma das primeiras e mais conhecidas demonstrações geométricas feitas na Grécia Antiga. 22 Partindo da ideia de que, em um triângulo retângulo, “a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa” ( a ² b² c² , onde “a” é a hipotenusa, “b” e “c” os catetos), veja nas Figuras 1 e 2: a² @ ² b² @ ² c² Figura 1: Ilustração do Teorema de Pitágoras Figura 2: Quadrado dos lados do triângulo de lado 3, 4 e 5 Na Figura 2 pode ser observado o funcionamento do Teorema de Pitágoras. Veja que o quadrado de lado cinco, formado pelos quadradinhos verdes e amarelos, é preenchido totalmente com a soma das áreas dos quadrados de lado três e quatro. Algebricamente, tem se: a² b² c² 5² 3³ 4² 25 9 19 25 25 Outras demonstrações bem conhecidas, principalmente nos livros de Ensino Fundamental, são as que se referem ao “quadrado da soma” e ao “quadrado da diferença”. Dado um quadrado de lado “a” e subtraindo, de dois de seus lados consecutivos, um tamanho “b”, obtém-se um quadrado de lado (a – b). Observe nas Figuras 3 e 4 a ilustração geométrica do “quadrado da diferença”: 23 b a-b 1 4 b a 1 5 4 a-b a Figura 3: Quadrado da Diferença 5 Figura 4: Diferença entre os quadrados de lado 5e1 Veja o desenvolvimento algébrico referente a Figura 3: (a - b)² = a² -b(a – b) – b(a – b) - b² (a - b)² = a² - 2[b(a - b)] – b² (a - b)² = a² - 2[ab – b²] – b² (a - b)² = a² - 2ab + 2b² - b² (a - b)² = a² - 2ab + b² (3) Numericamente, podem ser usados os valores da Figura 4 na aplicação da equação anterior: “(a - b)² = a² - 2ab + b²”: (5 - 1)² = 5² - 2.1.5 + 1² (4)² = 25 – 10 + 1 16 = 16 Partindo de princípios semelhantes, para um quadrado de lado “a”, o “quadrado da soma” pode ser obtido adicionando um valor “b” em duas de suas laterais consecutivas, onde tem se (a + b)². Ver Figuras 5 e 6: 24 a 4 b 1 1 b a+b a 4 5 5 a+b Figura 5: Quadrado da soma Figura 6: O quadrado da soma de 4 e 1 Desenvolvimento algébrico do quadrado da soma: (a + b)² = a² + a.b + a.b + b² (a + b)² = a² + 2ab + b² (4) Utilizando valores numéricos indicados na Figura 6: (4 + 1)² = 4² + 2.4.1 + 1² (5)² = 16 + 8 + 1 25 = 25 → Que verifica a igualdade da equação. 2.2 OS MODELOS MATEMÁTICOS DA IDADE MEDIEVAL Apesar de não ser um período de grande relevância, das descobertas científicas atribuídas a Idade Média, devem ser destacados dois feitos importantes: a obtenção da Sequência de Fibonacci e o fortalecimento do raciocínio lógico matemático. A sequência de Fibonacci merece destaque no campo da Modelagem Matemática, pois a mesma foi obtida pela primeira vez para representar o número de casais numa população de coelhos em função de cada mês. A quantidade de casais obedeceria a seguinte sequência: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34,... 25 Quanto ao raciocínio lógico, ele contribui muito para a educação, logo, timidamente começava a ser descoberto e valorizado por alguns matemáticos. Porém, a valorização ocorrida apenas no processo do ensino-aprendizagem, e não como campo de pesquisa científica. Beda (673 – 735 d.C.), por exemplo, usava os problemas relacionados ao dia-a-dia para trabalhar com sistemas de equações, entretanto, eram solucionados apenas com o uso do raciocino lógico. Observe o problema de um comprador encontrado nos manuscritos do matemático Beda: Problema do comprador PROBLEMA 2: Deseja-se comprar 100 suínos com 100 unidades monetárias ($): cada porco custa $10, cada leitoa custa $5 e cada 2 porquinhos, $1. Quantos porcos, leitoas e porquinhos devem ser comprados para que o preço seja exatamente $100, nem mais nem menos? SOLUÇÃO: Entre outras, uma solução possível pode ser: 5 porcos ($50), 5 leitoas ($25) e 50 porquinhos ($25), totalizando 100 unidades monetárias. Vale ressaltar que nesta época, não havia os diversos métodos de resolução com o uso de equações e incógnitas conhecidas hoje. Porém, serviram de base para a Matemática mais algébrica de hoje. 2.3 AS DEMONSTRAÇÕES APÓS A IDADE MÉDIA Devido ao grande avanço da Matemática durante a Idade Moderna, período que sucede a Idade Medieval, as demonstrações geométricas já não eram suficientes e, em muitos casos, tornava-se impossível essa forma de representação. Surgia então, a Matemática abstrata conhecida atualmente, com variadas simbologias, contendo diversas regras e letras, denominada Álgebra. Com a ciência novamente em ascensão, não bastava mais realizar uma grande descoberta: era necessário prová-la, ou seja, realizar sua demonstração algébrica para validar tal modelo. 26 Em busca de novas descobertas e suas demonstrações, grandes nomes da Matemática travaram verdadeiras disputas intelectuais neste período da História. Podem ser citados como exemplos: os desafios de Pierre de Fermat; a disputa pelas Equações Cúbicas entre Cardano e Tartáglia; a “grande batalha” entre Newton e Leibniz, envolvendo o Cálculo Diferencial e Integral, entre outras. Além das demonstrações algébricas e geométricas, também foi nesta época que surgiram as máquinas de calcular, sendo a primeira feita por Blaise Pascal (1623 – 1662 d.C.) em 1642, da qual realizava operações de adição. Seriam então, os primeiros registros de uma calculadora, nada muito diferente das atuais. Outra máquina de calcular foi inventada anos mais tarde, em 1694, por Leibniz (1646 – 1716 d.C.), agora com maior eficiência, capaz de somar, subtrair, multiplicar, dividir e extrair raiz quadrada. É possível afirmar que, neste período, a Matemática passa a ter uma estrutura mais organizada, facilitando seu estudo e servindo de suporte para outros ramos das Ciências, tais como a Física e Química. 2.4 AS DEMONSTRAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM As demonstrações são passos organizados contendo inicio, meio e fim. Sendo assim, a partir de um ponto inicial, chega-se a um resultado através de um determinado caminho, ou seja, é construída uma lógica para provar um novo conhecimento tendo como base outro já adquirido. Ambas as demonstrações (geométricas e algébricas), além de facilitar a compreensão da análise de alguns dados algébricos, podem ser usadas como um grande auxílio no processo de ensino e aprendizagem. A partir do momento em que o aluno percebe que “a²” representa a área de um quadrado de lado “a”, ou seja, um número qualquer elevado ao quadrado, fica fácil perceber que as letras (a, b, c, x, y, z, etc.) aplicadas às fórmulas representam, de maneira genérica, diversos números, dos quais podem ser substituídos por cada uma das letras. No momento em que a representação algébrica passa a ser aplicada à geometria, uma situação imaginária se transforma em algo que pode ser visto e até mesmo, palpável. No mundo acadêmico, isto significa que pode ser usado como um recurso para atrair a 27 curiosidade dos alunos para novas descobertas ou mesmo para a reconstrução de situações já vividas. 3. RECURSOS E MÉTODOS Na abordagem histórica foram apresentadas algumas fórmulas e teoremas que surgiram no decorrer dos séculos através de análises e comparações de dados, considerando as necessidades que levaram a essas descobertas. Na sequência, com o uso da Modelagem Matemática, através de figuras e tabelas, será desenvolvida uma relação que represente a diferença entre dois Números Inteiros consecutivos elevados a mesma potência, também Inteira, tendo como suporte alguns conhecimentos já existentes. Os dados a serem apresentados são resultados de, aproximadamente, 10 anos de anotações, pois as ideias iniciais que originam o presente trabalho surgiram quando o autor observava um calendário e uma toalha de mesa, quadriculada, e percebeu uma regra poderia descrever a diferença entre dois quadrados consecutivos. Logo após essa percepção, procurou saber se também haveria outra relação envolvendo os cubos e demais potência, conforme ANEXO 1. Para melhor compreensão, a pesquisa fica subdividida em três tópicos. São eles: Diferenças Entre Dois Quadrados Sucessivos; Diferenças Entre Dois Cubos Consecutivos; Diferenças Entre Dois Números Consecutivos (a e b) Elevados a N-Ésima Potência ( a, b e n ℤ/ b=a+1). 4. RELAÇÕES ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS EM QUALQUER POTÊNCIA A partir deste tópico, serão utilizadas as letras a e b para representar dois números consecutivos de maneira que b=a+1. 28 4.1 DIFERENÇAS ENTRE DOIS QUADRADOS SUCESSIVOS Neste tópico, para melhor compreensão, a análise feita em relação a diferença entre dois quadrados sucessivos subdivide-se em duas partes. São elas: 4.1.1 Números Inteiros Não Negativos (ℤ ) 4.1.2 Números Inteiros Não Positivos (ℤ ). 4.1.1 Diferença entre Quadrados de Números Inteiros Não Negativos (ℤ ) A Tabela 1 ilustra a sequência dos Números Inteiros Não Negativos, também conhecidos como Números Naturais ( ), contendo seus respectivos quadrados e a diferença entre cada grupo de dois números consecutivos. Tabela 1: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ x 0 1 2 3 4 5 ... x² 0 1 4 9 16 25 ... (x+1)²- x² 1 3 5 7 9 ... Veja que a sequência formada pela diferença entre dois quadrados consecutivos sempre será constituída por um número ímpar. Pitágoras (570 a 496 a.C) já havia afirmado algo semelhante: “números quadrados sucessivos são formados pela sequência 1 + 3 + 5 +... + (2n – 1)” (BOYER, 1996, pg. 37). Em outras palavras diz que: TEOREMA 1: “a diferença entre dois quadrados sucessivos é igual à soma de suas raízes”. Ou seja: b² - a² = a + b DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICADO TEOREMA 1: A Figura 7 mostra como pode ser formado um quadrado partindo de outro já existente: 29 b=a+1 a Figura 7: Diferença geométrica entre dois quadrados consecutivos Na figura 7, observa-se que ao adicionar uma unidade de comprimento a duas das laterais consecutivas, forma-se um novo quadrado, onde a diferença entre as unidades de área do novo quadrado e do quadrado anterior é igual à soma de suas raízes, ou seja, é quantidade de quadradinhos acrescentados no novo quadrado. COMPROVAÇÃO NUMÉRICA DA FIGURA 7: 1² - 0² = 1 + 0 = 1 2² - 1² = 2 + 1 = 3 3² - 2² = 3 + 2 = 5 4² - 3² = 4 + 3 = 7 [...] DEMONSTRAÇÃO: aeb / b=a+1, temos que: b² - a² = (a+1)² - a² b² - a² = a² + 2a + 1 – a² b² - a² = 2a + 1 ou (5) b² - a² = a + (a+1) b² - a² = a+ b (6) Note que a+ b é igual à soma das raízes das potências indicadas, conforme citado no Teorema 1. 30 EXEMPLO 1: Adote os valores a=7 e b=8 para averiguar as igualdades (5) e (6). SOLUÇÃO DO EXEMPLO 1: (5) (6) b² - a² = 2a + 1 ou b² - a² = a + (a+1) 8² - 7² = 2.7 + 1 8² - 7² = 7 + (7+1) 64 – 49 = 14 + 1 64 – 49 = 7 + 8 15 = 15 15 = 15 4.1.2 Diferença entre Quadrados de Números Inteiros Não Positivos (ℤ ) Observe a seguir que as relações observadas entre os quadrados gerados por números Naturais também são validas para o conjunto dos Inteiros não positivos: Tabela 2: Diferença entre dois quadrados consecutivos, x ℤ x ... -5 -4 -3 -2 -1 0 x² ... 25 16 9 4 1 0 (x+1)²- x² ... -9 -7 -5 -3 -1 Veja que a diferença entre o quadrado de certo número e o quadrado de seu antecessor, também equivalem à soma de suas raízes. COMPROVAÇÃO NUMÉRICA: 0² - (-1)² =0 – 1 = -1 (-1)² - (-2)² =1 – 4 = -3 (-2)² - (-3)² =4 – 9 = -5 (-3)² - (-2)² =9 – 16 = -7 [...] DEMONSTRAÇÃO PARA ℤ : 31 Sejam a e b ℤ / b=a+1 vem que: b² - a² = (a+1)² - a² b² - a² = a² + 2a + 1 – a² b² - a² = 2a + 1 ou (7) b² - a² = a + (a+1) b² - a² = a + b → “soma de suas raízes” (8) EXEMPLO 2: Seja a=-5 e b=-4, verifique a igualdade (7) e (8). SOLUÇÃO: (7) b² - a² = 2a + 1 (8) ou b² - a² = a + b (-4)² - (-5)² = 2(-5) +1 (-4)² - (-5)² = (-5) + (-4) 16 – 25 = -10 + 1 16 - 25 = -5 -4 -9 = -9 -9 = -9 Sendo as igualdades (5) e (7) equivalentes, bem como as igualdades (6) e (8), logo o Teorema 1 é válido para todo o conjunto dos Números Inteiros. 4.2 DIFERENÇAS ENTRE DOIS CUBOS CONSECUTIVOS Na Figura 7 foi possível observar que a diferença entre dois quadrados sucessivos é igual à soma de suas raízes, ou seja, equivale à soma dos quadradinhos acrescentados nas partes superior e direita que deu origem ao novo quadrado, respectivamente. Com o cubo, o processo acontece de maneira similar. Veja Figura 8: 32 Figura 8: diferença entre dois cubos consecutivos Observe que pode ser formado um novo cubo ao encaixar as peças na ordem ilustrada. As peças necessárias para formar o próximo cubo representam a diferença entre os mesmos. A Figura 9 ilustra a quantidade de unidades cúbicas necessárias para a construção de um cubo de base 4 partindo de outro de base 3. - = Figura 9: Diferença entre os cubos de base 4 e 3 Note que é preciso unir 37 cubinhos (de base igual a 1) aos 27 já existentes para formar outro cubo, agora de base 4. As 37 unidades cúbicas formam três paralelepípedos de uma unidade de espessura, onde cada um deles possui como base: Um quadrado de lado 4; Um retângulo de lados 3 e 4; Um quadrado de lado3. Em geral, a diferença entre dois cubos sucessivos se assemelha ao caso visto na Figura 9. Com isso, seja a=3 e b=4, a diferença entre os cubos de lado b e a, respectivamente, pode ser descrita como: 4³ - 3³ = 3² + 3.4 + 4² 4³ - 3³ = 9 + 12 + 16 33 4³ - 3³ = 37, ou seja: b³ - a³ = a² + ab + b² (9) ALGEBRICAMENTE Sejam a e b ℤ / b=a+1 vem que: b³ - a³ = (a+1)³ - a³ b³ - a³ = (a+1)(a+1)² - a³ b³ - a³ = (a+1)(a² + 2a + 1) – a³ b³ - a³ = a³ + 2a² + a + a² + 2a + 1 – a³ b³ - a³ = 2a² + a + a² + 2a + 1 b³ - a³ = a² + (a²+a) + (a² + 2a + 1) b³ - a³ = a² + a(a+1) + (a+1)² b³ - a³ = a² + ab + b², que comprova a equação (9). Apesar da igualdade (9) ser conhecida há muito tempo, o autor não a conhecia na época que foram feitas suas primeiras observações, pois ainda freqüentava o Ensino Fundamental II. O fato é que, este trabalho teve origem nas observações numéricas relacionadas às Tabelas 1 e 3. Agora, analise a sequência obtida através da diferença entre dois cubos consecutivos nas Tabelas 3 e 4, em seguida, procure relacioná-la à sequência obtida nas Tabelas 1 e 2. Tabela 3: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ℤ x 0 1 2 3 4 5 ... x³ 0 1 8 27 64 125 ... (x+1)³- x³ 1 7 19 37 61 Tabela 4: Diferença entre dois cubos consecutivos, x ... ℤ x ... -5 -4 -3 -2 -1 0 x² ... -125 -64 -27 -8 -1 0 (x+1)³- x³ ... 61 37 19 7 1 34 Analisar uma sequência numérica pode não ser tão simples quanto uma análise geométrica. Para facilitar o entendimento, veja os procedimentos numéricos seguir: 1³ - 0³ = 1 → 1 = 0² + (0+1).1 2³ - 1³ = 7 → 7 = 1² + (1+2).2 3³ - 2³ = 19 → 19 = 2² + (2+3).3 4³ - 3³ = 37 → 37 = 3² + (3+4).4 5³ - 4³ = 61 → 61 = 4² + (4+5).5 [...] GENERALIZANDO a e b ℤ / b=a+1 tem que: b³ - a³ = a² + (a+b)b (10) Lembre-se que (a+b) é a soma das raízes entre as potências para n=2 (diferença entre seus quadrados). Geometricamente, a situação exposta pela equação (10) é ilustrada pelas Figuras 10 e 11. a².1= a² a³ b 1 + = (a+b)b b 1 a Figura 10: Diferença entre dois cubos sucessivos Veja a Figura 11 como exemplo numérico: b³ 35 3².1= 3² 4 1 (3+4)4 3³ + = 4³ 4 1 3 Figura 11: Diferença entre os cubos de 4 e 3 TEOREMA 2: “a diferença entre dois cubos sucessivos pode ser representada pela soma de um quadrado de base „a‟ e o produto da soma de „a e b‟ por b.” Ou seja: a² + (a+b).b. 4.3 DIFERENÇAS ENTRE DOIS NÚMEROS CONSECUTIVOS (a e b) ELEVADOS A NÉSIMA POTÊNCIA ( a, b e n ℤ/ b=a+1) 4.3.1 Relações para todo n≥0 A Tabela 5 ilustra, em cada linha, a sequência dos Números Inteiros elevados a uma potência de grau n. Tabela 5: Potências entre dois Números Inteiros ... 1n n=1 ... 1 1 2 1 3 1 4 n=2 ... 1 3 4 5 9 7 n=3 ... 1 7 8 19 27 n=4 ... 1 15 16 65 ... ... ... ... ... ... n ... 1n (2 (2 n n -1 -1 n n ) ) 2n 2n (3 (3 n n -2 -2 n n ) ) 5n ... 1 5 ... 16 9 25 ... 37 64 61 125 ... 81 175 256 369 625 ... ... ... ... ... ... ... 5n ... 3n 3n (4 (4 n n -3 -3 n n ) ) 4n 4n (5 (5 n n -4 -4 n n ) ) 36 Seja S n a sequência que representa a diferença (D n ) entre dois números a e b (com b=a+1), onde n indica o grau da potência de a e b, analise as sequências abaixo pertencentes ao Conjunto dos Números Inteiros Não Negativos: S 1 = {1, 1, 1, 1, 1, 1, 1,...} S 2 = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13,...} S 3 = {1, 7, 19, 37, 61, 91, 127,...} S 4 = {1, 15, 65, 175, 369, 671, 1105,...} S 5 = {1, 31, 211, 781, 2101, 4651, 9031,...} [...] S n = {...} De maneira geral, cada diferença (D n ) é válida não somente para a e b pertencentes aos Números Naturais, mas para todo o conjunto dos Números Inteiros: a e b ℤ/ b=a+1, onde n D 1 = (b – a) D 2 = (a+b), conforme Teorema 1, ou D 3 = a² + (a+b).b D 4 = a³ + [a² + (a+b).b].b D 5 = a 4 + {a³ + [a² + (a+b).b].b}.b [...] Dn = a n 1 D 2 = a 1 + (b – a).b + (D n 1 ).b (11) Observe que cada termo da sequência S n , representado pela diferença (D n ) entre b e a elevados a “n”, sempre tem uma relação com os termos da sequência de grau “n-1”. Por exemplo: D 3 = a² + (a+b).b D 3 = a² + (D 2 ).b → sendo D 2 = (a+b), temos: 37 Veja na Tabela 6, exemplos numéricos da coluna 8 da Tabela 5, onde a=3 e b=4: Tabela 6: Demonstração das colunas 1 e 8 da Tabela 5 n Dn = a n (4 -3 ) n 1 + (D n 1 ).b n=1 1 → D 1 = 3 + (0).4 =1 n=2 7 → D 2 = 3 + (1).4 = 7 n=3 37 → D 3 = 3 + (7).4 = 37 n=4 175 → D 3 = 3 + (37).4 = 175 ... ... → ... 0 1 2 3 Logo, cada diferença entre dois números elevados a uma potência n está diretamente relacionada aos mesmos valores para a potência n-1, conforme a coluna 3 da Tabela 6. A seguir, a demonstração da equação (11), busca validara sequência obtida pela diferença entre dois números Inteiros consecutivos elevados a qualquer potência não negativa (n ). DEMONSTRAÇÃO DA EQUAÇÃO 11. n n n n n 1 n n n 1 n n n 1 n n n 1 n n n 1 n n n b - a = Dn = a b -a =a b -a =a b -a =a b -a =a b -a =a n 1 + (b +b + (D n 1 ).b n 1 -a n 1 1 n n 1 n n 1 1 +b -a n 1 -a n 1 , tem: ).b n 1 n 1 +b -a n -a n +b -a b -a =b -a n 1 seja D n 1 = b .b .b sendo b=a+1, segue: .(a+1) -a n 1 → igualdade verdadeira. 38 Seja n a e b ℤ/ b=a+1, D n define qualquer elemento da sequência (S n ) que , representa a diferença entre b e a elevados a n-ésima potência. Ou seja, se D 1 for elemento da sequência S 1 da qual representa a diferença entre esses números elevados a uma potência de grau n=1, D 2 para n=2 da sequência (S 2 ), D 3 se n=3 de (S 3 ) e assim sucessivamente, D n será uma solução geral que define qualquer número de uma sequência S n originada pela diferença entre b e a elevados a n. TEOREMA 3: Dn = a n 1 n onde a e b ℤ com b=a+1 tem-se: + (D n 1 ).b → conforme equação (11). 4.3.2 Análise para todo n<0 Após encontrar uma representação que relaciona qualquer sequência formada pela diferença entre dois números consecutivos elevados a uma potência n≥0, será feita a verificação para potências de n<0. Trabalhar com potência negativa requer um pouco mais de atenção, pois envolve o estudo de Frações. Dessa maneira, na representação geométrica será tomada como base a divisão de unidades iguais por valores distintos, originados de acordo com cada potenciação. 4.3.2.1 Observações n= -1 Para ter uma ideia do que é representar geometricamente a diferença entre dois números elevados a uma potência negativa, observe o exemplo 3: EXEMPLO 3: Seja a=2 e b=3, determine a diferença entre b e a elevados a n= -1. SOLUÇÃO: 3 1-2 1 = 1 1 3 2 → 3 1-2 1 = 1 6 39 O resultado é um valor negativo (-1/6), sendo assim, observe a Figura 12 que, para retirar 1/2 de 1/3, ficaria faltando (1/6). -1/6 1 1 - 3 = 2 Figura 12: Diferença entre 3 1 6 1 e2 1 A seguir estão, alguns exemplos numéricos representando a diferença entre dois Números Naturais elevados a n= -1 e, por fim, a representação para qualquer n negativo. 2 1e1 1 3 1-2 1 4 1-3 1 5 1-4 1 [...] b 1 –a = = = = 1 = 1 2 1 6 1 12 1 20 1 a .b (12) Logo, qualquer elemento da sequência definida pela diferença entre b e a ( b e a , onde b=a+1 e a≥1) elevados a n= -1 pode ser representado por: D 1= 1 , conforme equação (12). a .b 4.3.2.2 Verificações Para n= -2 A análise para n= -2ocorre de maneira similar às feitas para n= -1. 40 O Exemplo 4 mostra a diferença existente entre b=3 e a=2, ambos elevados a potência “-2”. EXEMPLO 4: 3 2-2 2 = 1 1 27 8 → 3 2-2 2 = 5 36 Novamente foi obtido um valor negativo como resultado, similar ao caso exposto na Figura 12. Veja na Figura 13 que, para ser retirado 1/4 de 1/9, faltariam 5/36 unidades de área, expresso em vermelho no segundo lado da igualdade: 1 1 - 9 5 = 4 36 Figura 13: Diferença entre 3 aeb 2 e2 2 / b=a+1 e a≥1 segue a sequência para n= -2 da qual representa a diferença entre b e a: S D 2 2 = 3 5 , 36 4 = a a .b , 7 144 b 2 , 9 , ... , com isso, a diferença entre b e a é dado por: 400 (13) 4.3.2.3 Observações Para n= -3 Semelhante aos casos anteriores (onde n= -1 e n= -2), para n= -3 segue o princípio da diferença entre uma unidade cúbica dividida em diversos cubinhos, de acordo com o resultado de cada potenciação. 41 A Figura 14 mostra que, ao retirar 1/8 de 1/27, ficariam faltando 19/216 unidades cúbicas. Observe: 1 1 27 8 1 27 - 1 8 Figura 14: Diferença entre 3 Sendo assim, a e b 19 = 216 3 e2 3 / b=a+1 e a≥1 segue a sequência para n= -3 da qual representa a diferença entre b e a: S 3 7 = 3 37 , 3 a .b , ... 8000 3 a = 61 , 1728 216 8 b D 19 , (14) 3 4.3.2.4 Análise Para Todo n≤-1 Como não é possível obter uma representação geométrica a partir da quarta potência (R 4 ), será mostrada apenas a maneira numérica e algébrica para tais valores. Veja a seguir algumas sequências originadas de cada diferença entre dois Números Naturais b e a em potências negativas (com b=a+1 e a≥1). S 1= S S 2 = 3 = 1 1 , 6 2 3 , 8 , 1 , 12 5 19 216 , ... 20 7 , 9 , 144 36 4 7 1 , , 37 1728 , ... 400 , 61 8000 , ... 42 S 4 15 = 65 , 1296 16 [...] S n = {...} , 175 20736 369 , , ... 160000 Algebricamente, cada diferença presente nas sequências, pode ser descrita como: 1 D 1= D 2 a .b a = b 2 a .b 3 b D 3 = 3 a .b 4 b D 4 4 a = a .b 3 a 4 [...] n b n a Dn = (15) n a .b Para verificar a validade da equação (15) no conjunto dos Inteiros Negativos, acompanhe a demonstração: a e b ℤ/ b=a+1, onde n ≤ -1vem que: n b Dn = n a .b 1 b Dn = 1 n a n 1 n a .b Dn = n a a n a .b b n n a .b . 1 n 43 Dn = Dn = a b n n b a n n → demonstração válida. Dn = Dn 4.3.2.5 Verificação para n ℤ Após alguns estudos, verificou-se a validade tanto da equação (11) para todo n≥0, quanto da equação (15) para n ≤ -1, logo: a, b e n ℤ onde b=a+1 tem-se: TEOREMA 4: Dn = a n 1 + (D n 1 ).b (16) A Tabela 7 representa os Números Inteiros elevados a uma potência n e a Tabela 8 representa a diferença entre dois números consecutivos da Tabela 7. Tabela 7: Potência dos Números Inteiros ... ... -4 n -3 n -2 n -1 n 0n 1n 2n 3n ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... n= 4 ... 256 81 16 1 0 1 16 81 ... n= 3 ... -64 -27 -8 -1 0 1 8 27 ... n= 2 ... 16 9 4 1 0 1 4 9 ... n= 1 ... -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 ... n= 0 ... 1 1 1 1 0 1 1 1 ... ... 1 1 1 -1 0 1 1 1 ... 4 3 2 2 3 1 1 4 9 1 1 8 27 n= -1 n= -2 n= -3 ... ... 1 1 1 16 9 4 1 1 1 1 64 27 8 -1 0 0 1 1 ... ... 44 ... n= -4 1 1 1 256 81 16 ... ... ... ... ... 1 0 ... 1 ... ... 1 1 16 81 ... ... ... ... Tabela 8: Diferença entre potências de dois Números Inteiros Sucessivos n ... (-3) n -(-4) n (-2) n -(-3) n (-1) n -(-2) n 0 n -(-1) n 1 n -0 n 2 n -1 n 3 n -2 n ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 4 ... -175 -65 -15 -1 1 15 65 ... 3 ... 37 19 7 1 1 7 19 ... 2 ... -7 -5 -3 -1 1 3 5 ... 1 ... 1 1 1 1 1 1 1 ... 0 ... 0 0 0 -1 1 0 0 ... -1 1 1 1 1 1 1 ... 12 6 2 6 3 5 4 36 7 19 8 216 -2 -3 ... ... ... 1 2 7 5 3 144 36 4 37 19 7 1728 216 8 ... ... - ... ... -1 1 ... 1 1 ... ... ... ... ... ... ... Acompanhe alguns exemplos de verificação da validade da equação (16). EXEMPLO 5: Utilize a equação (16) para encontrar a diferença entre b n e a n , onde 5 a=2; b=3; n= -1 e (D n 1 ) = Dn = a n 1 36 + (D n 1 ).b 3 1-2 1=2 2+ 3 1-2 1= 1 5 4 12 5 36 .3 . 45 1 3 1-2 1= 6 EXEMPLO 6: Seja a= -4; b= -3; n= -2 e, de acordo com a Tabela 8, (D n 1 ) = 37 , 1728 calcule b n - a n . Dn = a n 1 + (D n 1 ).b (-3) 2 - (-4) 2 (-3) 2 - (-4) 2 (-3) 2 - (-4) 2 (-3) 2 - (-4) 2 37 = (-4) 3 + 1 = 9 37 + 64 = .(-3) 1728 576 37 576 7 = 144 A partir do Teorema 4, onde D n expressa uma solução geral que define qualquer número de uma sequência S n surge uma nova observação: cada coluna da Tabela 8 representa uma nova sequência. Analise: [...] S( 2, 3) = {..., S( 1, 2 ) = {..., S (0, 1) 19 , 216 7 8 5 , , 0, 1, -5, 19, -65,...} 6 36 3 1 4 2 , , 1 , 0, 1, -3, 7, -15,...} = {...,1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, -1,...} S (1 , 0 ) = {..., 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1,...} 46 S ( 2 ,1 ) = {..., S ( 3 , 2 ) = {..., 7 , 8 19 216 3 1 , 4 , , 0, 1, 3, 7, 15,...} 2 5 , 36 1 , 0, 1, 5, 19, 65,...} 6 [...] S ( b , a ) = {..., (b n 2 - a n 2 ), (b n 1 - a n 1 ), (b n - a n ), (b n 1 - a n 1 ), (b n 2 - a n 2 ),...} (17) TEOREMA 5: Seja D n (b,a) a diferença entre b e a elevados a n ( a, b e n Z onde b=a+1), S ( b , a ) é a sequência dada por: S ( b , a ) = {..., a 1 , a 2 , a 3 , a 4 ,..., a n }, onde: a 1 = D 1 (b,a) = (b 1 - a 1 ) a 2 = D 2 (b,a) = (b 2 - a 2 ) a 3 = D 3 (b,a) = (b 3 - a 3 ) ... a n = D n (b,a) = (b n - a n ) Então: S ( b , a ) = {..., D 1 (b,a), D 2 (b,a), D 3 (b,a),...,D n (b,a)} (18) Exemplo para n>0, onde a=2 e b=3, expresso também pela coluna 6 da Tabela 5. S ( 3 , 2 ) = {1, 5, 19, 65,..., [2 n 1 + (D n 1 (3,2)).b]} 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse trabalho teve como finalidade, fazer uma abordagem histórica da Matemática ao longo de vários períodos e buscou um modelo que representasse a diferença entre dois Números Inteiros consecutivos elevados a potência n (para n ℤ), conforme equação (16). Para melhor assimilação, os Teoremas 1 e 2, por exemplo, foram demonstrados de maneira geométrica e algébrica. São demonstrações simples e que poderiam ser usadas também em sala de aula. As partes mais minuciosas foram as demonstrações para potências Inteiras Negativas, conforme Figuras 12, 13 e 14, onde foi usada a ideia de completar os quadrados e cubos que faltariam. O grande resultado da pesquisa é fornecido pelo Teorema 4, pois este, valida o modelo matemático desenvolvido pelo autor. No decorrer do processo, novas ideias foram surgindo e serviram para ir além do projeto inicial. Conforme Teorema 5, do qual descreve uma seqüência numérica composta por termos descritos pela equação 16 . Talvez o conteúdo deste trabalho pode não despertar grandes interesses, mas fica a satisfação do dever cumprido e a vontade de ir além, seja com essas ideias ou com outras ainda engavetadas. Desde o surgimento de suas observações ocorrido, precisamente no dia 05 de Janeiro de 2004 (conforme os anexos: 1, 2 e 3), o autor sempre buscou torná-las públicas. Com isso, durante o processo, novas ideias foram surgindo e outras sendo aprimoradas. O objetivo não era somente tornar as relações matemáticas acessíveis a todos, mas sim mostrar que cada observação feita por um aluno deve ser valorizada. Então fica o desejo de que o aluno também deve ser instigado a “redescobrir” cada modelo matemático durante as aulas. Essa incitação, com o auxílio dos novos e velhos métodos de ensinos – material concreto, Historia da Matemática e o uso da tecnologia – pode tornar a Matemática mais agradável, voltando a competir com os outros ramos da Ciência, principalmente as vinculadas a Era Digital e ao Meio Ambiente. 48 BIBLIOGRAFIA BOYER, Carl B. Historia da Matemática. Revista por Uta C. Merzbach; tradução Elza F. Gomide – 2a Ed.. – São Paulo: Edgard Bücher, 1996. LIMA, Valéria Scomparim de et al. Progressões aritméticas e geométricas: história, conceitos e aplicações. 2004. 35 p. Disponível em: <http://www.seufuturonapratica.com.br/intellectus/_Arquivos/Jan_Jul_04/PDF/Artigo_Valeri a.pdf> acesso em 02/06/2010. PAIVA, Manoel. Matemática. – I Ed. – São Paulo: Moderna, 2004. OHSE, Marcos Leandro. A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE: (Pré-História, Egito Antigo, Mesopotâmia e Grécia Antiga).2005. p. 20. Disponível em <http://www.somatematica.com.br/historia.php> acesso em 09 de março de 2011. OHSE, Marcos Leandro. A MATEMÁTICA NA IDADE MODERNA: Do Renascimento à Revolução Industrial. 2005. Disponível em <http://www.somatematica.com.br/historia.php> acesso em 12 de março de 2011. SINGH, Simon. O Último Teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as maiores mentes do mundo durante 358 anos; tradução de Jorge Luiz Calife – 15a Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2008. 49 ANEXOS ANEXO 1: ANOTAÇÕES DO AUTOR 50 ANEXO 2: ANÁLISE GEOMÉTRICA 51 ANEXO 3: DIFERENÇA ENTRE DOIS CUBOS