Caderno de Prova ’B02’, Tipo 001
CONHECIMENTOS BÁSICOS
Língua Portuguesa
Atenção:
As questões de números 1 a 3 referem-se ao texto abaixo.
Os filhos dos japoneses davam um duro danado, em poucos anos tinham feito muitas coisas, trabalho de um
século. Na roça deles tinha tudo... Entravam na água e cortavam a juta, eram corajosos e disciplinados.
Vi vários deles, magros e tristes, na ilha das Ciganas, em Saracura, Arari, Itaboraí, e até no Paraná do Limão.
Cortavam juta com um terçado, secavam as fibras num varal e depois as carregavam para a propriedade, onde eram
prensadas e enfardadas; a maioria dos empregados morava em casebres espalhados em redor de Okayama Ken;
quando adoeciam, eram tratados por um dos poucos médicos de Parintins, que uma vez por semana visitava os
trabalhadores da propriedade.
(Cinzas do Norte. Milton Hatoum. São Paulo: Cia das Letras, 2005, p.71, com adaptações)
1.
Está INCORRETO o que se afirma em:
(A) Segundo o narrador, os trabalhadores da propriedade em questão tinham acesso precário à saúde.
(B) O narrador deixa claro que admira os filhos dos imigrantes japoneses por trabalharem com afinco e eficiência.
(C) A cultura da juta constitui um trabalho pesado, que envolve várias etapas de produção.
(D) No local descrito no texto, os trabalhadores são apresentados como pessoas de baixo poder econômico,
embora com acesso aos meios de subsistência.
(E) A tristeza dos trabalhadores famélicos retratados no texto desperta emoções negativas com relação a eles no
narrador do texto.
2.
Os filhos dos japoneses em poucos anos tinham feito o trabalho de um século. Entravam na água e cortavam a juta,
eram corajosos e disciplinados.
O período acima está reescrito com correção, mantendo o sentido original, em:
(A) Corajosos e disciplinados, os filhos dos japoneses entravam na água e cortavam a juta, e em poucos anos
tinham feito o trabalho de um século.
(B) Os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados, em poucos anos tinham feito o trabalho de um século,
entravam na água e cortavam a juta.
(C) Entravam na água e cortavam a juta, os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados e em poucos anos
tinham feito o trabalho de um século.
(D) Os filhos dos japoneses, entravam na água, cortavam a juta, eram corajosos, disciplinados e tem feito o
trabalho de um século em poucos anos.
(E) Os filhos dos japoneses corajosos e disciplinados entravam na água e cortavam a juta, tinha sido feito o
trabalho de um século em poucos anos.
3.
...secavam as fibras num varal e (...) as carregavam para a propriedade, onde eram prensadas e enfardadas...
Invertendo-se as vozes passiva e ativa da frase acima, a frase correta resultante será:
(A) As fibras eram secadas num varal e carregadas para a propriedade, onde a prensava e enfardava.
(B) As fibras secavam num varal e eram carregadas para a propriedade, onde lhes prensavam e enfardavam.
(C) As fibras eram secas num varal e carregadas para a propriedade, onde as prensavam e enfardavam.
(D) As fibras secaram num varal e foram carregadas para a propriedade, onde lhes prensavam e enfardavam.
(E) As fibras ficavam secando num varal e lhes carregavam para a propriedade, onde as prensavam e enfardavam.
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Caderno de Prova ’B02’, Tipo 001
Atenção:
As questões de números 6 a 11 referem-se ao texto abaixo.
Há uma rotina de ideias a que não escapa sequer o escritor original. Os grandes temas, os temas universais,
reduzem-se a uma contagem nos dedos – e quem escreve ficção vai beber sempre na mesma aguada. Um ficcionista
puxa outro. Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporâneos, graças à sua força extraordinária de
gravitação. Servem de impulso à primeira largada, seus modos de dizer e maneira de ver e sentir o mundo deixam de
ser propriedade privada, incorporam-se à literatura como conquista de uma época, um condomínio em que as ideias se
desligam e flutuam soltas.
Fala-se comumente em influências na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno
pejorativo. Quem não tem influências, quem não se abeberou em alguém? Literatura é um organismo vivo que não
cessa de receber subsídios. Felizes os que, contribuindo com essa coisa inquietante que é escrever, revigoram-lhe o
lastro. Eles se realizam em termos de criação artística e contribuem, com sua experiência e suas descobertas, para que
outros cheguem e deitem ali, também, o seu fardo.
Stendhal inventou para o amor a teoria da cristalização que se poderia aplicar à coisa literária. No fundo, as ideias
são as mesmas, descrevem um círculo vicioso que o escritor preenche conscientemente, se acrescentar ao que já
encontrou feito uma dimensão pessoal. Criação espontânea, inspiração, musa? Provavelmente não existem, pelo menos
na proporção em que os românticos quiseram valorizar as manifestações do seu espírito. Escrever – e falo sempre em
termos de criar – é um exercício meticuloso em busca do amadurecimento; quem escreve retoma uma experiência
sedimentada, com o dever, que só alguns eleitos cumprem, de alargá-la dentro da perspectiva do homem e da época.
(Hélio Pólvora. Graciliano, Machado, Drummond & Outros. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, pp. 37-38)
6.
A ideia central do texto está corretamente reproduzida em:
(A) Alguns temas, que são universais, tornam-se a matéria-prima de escritores, que habitualmente se influenciam
uns aos outros.
(B) Obras que tratam de alguns temas, abordados sob influência explícita de outros autores, nem sempre
apresentam verdadeiro valor literário.
(C) Poucos escritores conseguiram, em sua época e em seu meio, abordar em suas obras temas edificantes para
o acervo cultural da humanidade.
(D) Os autores românticos parecem ter sido, realmente, os únicos inovadores quanto à transformação de
experiências de vida em temas literários.
(E) Temas de domínio comum, compartilhados por autores sob influência mútua em uma mesma época, resultam
em pequena valorização das obras em que são tratados.
7.
A afirmativa correta, de acordo com o texto, é:
(A) A criação literária deve ser entendida como resultado de um amadurecimento pessoal, capaz de trabalhar
temas universais segundo novos prismas, característicos de um tempo específico.
(B) A literatura se baseia, segundo alguns escritores, em grandes causas humanistas, principalmente aquelas
pertencentes a uma única comunidade, ainda que em épocas distintas.
(C) O fato de se transformarem em conhecimento de domínio público, pela troca recíproca de influências entre os
autores de uma mesma época, compromete o valor literário de certas obras.
(D) Os ficcionistas realmente considerados como modelo para que outros se deixem influenciar por eles são
pouquíssimos, ainda que a literatura, como organismo vivo, sempre esteja se modificando.
(E) A ideia de transformação da literatura em um condomínio, com temas inalteráveis tanto no tempo quanto nos
mais variados lugares, reduz o ato de criação a mero exercício imitativo de publicações anteriores.
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Caderno de Prova ’B02’, Tipo 001
8.
Fala-se comumente em influências na obra deste ou daquele autor. O termo, com o tempo, perdeu contorno
o
pejorativo. (2 parágrafo)
A opinião exposta acima está corretamente reproduzida, com outras palavras, em:
(A) Um ou outro autor recebem influências, que pode ser apontado por seu viés negativista, como a perda do
sentido da própria criação.
(B) Mudanças positivas na maneira de se avaliar obras literárias, a partir das influências recebidas nessas
mesmas obras, sempre foi bem recebido por um ou outro autor.
(C) A maneira pejorativa de comparar obras literárias com influência deste ou daquele autor coexistiu nas críticas
elaboradas ao longo do tempo.
(D) Influências que, com frequência, são apontadas em obras de diferentes autores passaram a ser vistas, ao
longo do tempo, sem conotação negativa.
(E) Quando se fala em influências na obra escrita por certo autor, é comum haver conotação pejorativa na
avaliação da mesma.
9.
o
o
É correto afirmar que as questões colocadas nos 2 e 3 parágrafos
(A) estimulam a estranheza do leitor por introduzirem uma voluntária incoerência de seu autor no contexto.
(B) apresentam semelhança de sentido e pressupõem respostas que embasam a opinião defendida pelo autor.
o
(C) constituem recursos enfáticos adotados pelo autor para contradizer a opinião exposta no 1 parágrafo.
(D) assinalam uma crítica velada do autor a escritores que recebem influência de outros, pois tratam dos mesmos
temas.
(E) permitem perceber o sentido irônico do questionamento que se coloca entre a criação artística espontânea e a
imitação de terceiros.
o
10. A respeito do 1 parágrafo, é INCORRETO o que se afirma em:
(A) Há uma rotina de ideias a que não escapa sequer o escritor original.
Uma nova redação, sem alteração do sentido original da frase acima, está em: Nem mesmo o escritor
original escapa a uma rotina de ideias.
(B) ... e quem escreve ficção vai beber sempre na mesma aguada ...
o
O sentido da afirmativa acima é retomado na questão colocada no 2 parágrafo: quem não se abeberou em
alguém?
(C) Dostoievski, Faulkner, Kafka deflagraram muitos contemporâneos, graças à sua força extraordinária de
gravitação.
Observa-se entre as orações do período acima relação sintática de consequência e sua causa imediata,
respectivamente.
(D) Servem de impulso à primeira largada, (...) incorporam-se à literatura como conquista de uma época ...
Os segmentos grifados exercem a mesma função sintática, em seus respectivos períodos.
(E) ... um condomínio em que as ideias se desligam e flutuam soltas.
Na frase acima, a noção de condomínio pressupõe um conjunto de autores que deixaram o testemunho de sua
maneira de ver e de sentir o mundo, característica de determinada época.
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Caderno de Prova ’B02’, Tipo 001
11. Considere as afirmativas abaixo.
I. O emprego do pronome lhe em revigoram-lhe o lastro imprime a esse pronome valor de possessivo, pois
o
equivale a revigoram seu lastro ou, de outro modo, revigoram o lastro da literatura. (2 parágrafo)
II. O emprego das formas verbais contribuem, cheguem e deitem, flexionadas nos mesmos tempo e modo,
o
denota, no contexto, uma mesma noção, a de hipótese provável. (2 parágrafo)
III. Ao transpor para a voz passiva a oração que o escritor preenche conscientemente, o resultado será
o
preenchidas conscientemente pelo escritor, porque o pronome que refere-se diretamente a ideias. (3
parágrafo)
IV. A forma pronominal grifada em alargá-la dentro da perspectiva do homem e da época evita a substituição, no
o
contexto, da expressão uma experiência sedimentada. (3 parágrafo)
Está correto o que se afirma APENAS em:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
II e III.
I e IV.
I, III e IV.
I, II e III.
II, III e IV.
12.
Minha frase célebre
I. O remédio é a gente silenciar, "pondo a modéstia de parte", como dizia o bom Noel.
II. Até eu já posso posar como ladrão de frase.
III. Em todo caso, Noel, desculpe o mau jeito.
IV. A letra de Noel foi esquecida por muita gente, e várias vezes, através dos anos, encabulei ao ganhar elogios
pela "minha" frase.
V. Afinal ele escreveu tanta coisa bonita que com certeza não se importaria muito com este pequeno furto.
VI. É que certa vez escrevi: Nasci, modéstia à parte, em Cachoeiro de Itapemirim – mas escrevi parodiando
declaradamente uma letra de Noel Rosa sobre Vila Isabel.
Para que o texto de Rubem Braga (Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 7.ed, 1998, p. 94) seja entendido
com lógica e clareza, os parágrafos numerados acima devem ser lidos na seguinte ordem:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
I, IV, VI, III, II, V.
II, VI, IV, I, V, III.
III, VI, V, II, I, IV.
V, III, VI, IV, II, I.
VI, V, III, IV, I, II.
13. Leia a tirinha reproduzida abaixo.
(Quino. Toda a Mafalda. São Paulo, Martins Fontes, 1993, p.40)
É correto afirmar que o diálogo entre Susanita e Mafalda opõe, do modo mais cru, a fim de provocar o riso,
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
a vaidade de uma à modéstia da outra.
a ignorância de uma à sabedoria da outra.
o egocentrismo de uma ao desprendimento da outra.
o senso de realidade de uma ao idealismo da outra.
a esperteza de uma à ingenuidade da outra.
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Caderno de Prova ’C03’, Tipo 001
1.
CONHECIMENTOS GERAIS
Língua Portuguesa
Atenção:
As questões de números 1 a 8 referem-se ao texto
que segue.
O poder nuclear e a civilização
Entre as razões que podem sustentar uma posição pessimista, no que toca ao futuro de uma civilização com o
poder de se destruir, estão
(A)
a globalização político-econômica e o aferrado sentimento patriótico.
(B)
a inevitabilidade de uma detonação nuclear e o protecionismo econômico.
(C)
a permanência inexorável das armas nucleares e a
exacerbação do patriotismo.
(D)
a desintegração econômica dos Estados e o desejo
de se abolirem as fronteiras.
(E)
o pacto com o poder a qualquer preço e a iminência
de uma globalização econômica.
Considerando que nosso futuro será, em grande parte,
determinado por nossa atitude perante a questão nuclear, é
bom nos perguntarmos como chegamos até aqui, com o poder
de destruir a civilização. O que isso nos diz sobre quem somos
como espécie?
Nossa aniquilação é inevitável ou será que seremos ca-
_________________________________________________________
pazes de garantir nossa sobrevivência mesmo tendo em mãos
2.
Atente para as seguintes afirmações:
armas de destruição em massa? Infelizmente, armas nucleares
I. Diante da questão das fronteiras entre os Estados,
são monstros que jamais desaparecerão. Nenhuma descoberta
a posição do autor do texto e a de Einstein, uma
vez confrontadas, acusam uma séria divergência.
científica “desaparece”. Uma vez revelada, permanece viva, mes-
II. A indagação anterior a O que você diz? é um
mo se condenada como imoral por uma maioria. O pacto que
exemplo de pergunta retórica.
acabamos por realizar com o poder tem um preço muito alto. É
III. O autor não isenta cientistas e engenheiros da res-
ponsabilidade pelas consequências do emprego do
poder nuclear, mas não os vincula às razões de
Estado.
irreversível. Não podemos mais contemplar um mundo sem armas nucleares. Sendo assim, será que podemos contemplar um
mundo com um futuro?
Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
O medo e a ganância – uma combinação letal – trouxeram-nos até aqui. Por milhares de anos, cientistas e enge-
(A)
I.
nheiros serviram o Estado em troca de dinheiro e proteção. Cer-
(B)
II.
(C)
III.
(D)
I e II.
(E)
II e III.
camo-nos de inimigos reais ou virtuais e precisamos proteger
nosso país e nossos lares a qualquer preço. O patriotismo é o
maior responsável pela guerra. Não é à toa que Einstein queria
ver as fronteiras abolidas.
Olhamos para o Brasil, os Estados Unidos e a Comunidade Europeia, onde fronteiras são cada vez mais invisíveis, e
_________________________________________________________
3.
Ao considerar que Nenhuma descoberta científica “desaparece”, o autor sugere que
temos evidência empírica de que a união de Estados sem
fronteiras leva à estabilidade e à sobrevivência. A menos que as
(A)
as evidências do progresso da ciência são tantas
que não temos razões para colocá-lo em questão.
(B)
nada se extingue no campo da ciência porque tudo
obedece ao princípio básico da transformação.
(C)
os cientistas têm razões éticas para alterar o rumo
de descobertas que lhes pareçam nocivas.
(D)
a ciência implica acumulação e preservação, e não o
descarte das suas descobertas.
(E)
a ciência, em seu processo de desenvolvimento, é
imune à ingerência do poder político.
coisas mudem profundamente, é difícil ver essa estabilidade
ameaçada. Será, então, que a solução – admito, extremamente
remota – é um mundo sem fronteiras, uma sociedade de fato
globalizada e economicamente integrada? Ou será que existe
outro modo de garantir nossa sobrevivência a longo prazo com
mísseis e armas nucleares apontando uns para os outros,
prontos a serem detonados? O que você diz?
(Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 18/04/2010)
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Caderno de Prova ’J10’, Tipo 001
1.
CONHECIMENTOS GERAIS
Língua Portuguesa
Atenção:
As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto
que segue.
Ao refletir sobre a relação entre ciência e religião, o autor
defende a seguinte convicção:
(A)
elas são caminhos de conhecimento igualmente
aceitáveis e compatíveis, variando apenas a metodologia de cada uma.
(B)
nada obsta a que um cientista seja religioso, desde
que confie à ciência a explicação dos fenômenos
naturais.
(C)
os conflitos históricos entre ciência e religião devemse ao fato de que aquela busca ocupar o lugar desta.
(D)
sendo naturalistas, os cientistas temem que os sobrenaturalistas venham a obter todas as respostas
que a ciência persegue.
(E)
ambas oferecem interpretações legítimas do universo, apenas divergindo quanto à razão primeira da
Criação.
Sobre a crença e a ciência
A pergunta que mais me fazem quando dou palestras é
se acredito em Deus. Quando respondo que não acredito, vejo
um ar de confusão, às vezes até de medo no rosto das pessoas. “Mas como é que o senhor consegue dormir à noite?”
Não há nada de estranho em perguntar a um cientista
sobre suas crenças. Mesmo o grande Newton via um papel
essencial para Deus na natureza: Ele interferia para manter o
cosmo em xeque, de modo que os planetas não desenvolvessem instabilidades e acabassem todos amontoados no cen-
_________________________________________________________
2.
Atente para as seguintes afirmações:
I. No 2o parágrafo, afirma-se que a ciência fundamen-
tro, junto ao Sol. Porém, logo ficou claro que a natureza podia
tou o papel de Deus como criador do universo, ao
negar seu papel de interventor na natureza.
cuidar de si mesma. O Deus que interferia no mundo transformou-se no Deus criador: após criar o mundo, deixou-o à
II.
mercê de suas leis. Mas, nesse caso, o que seria de Deus? Se
essa tendência continuasse, a ciência tornaria Deus desnecessário? Foi dessa tensão que surgiu a crença de que a
o
No 3 parágrafo, evidências científicas, como a de
que o mundo tem muito mais que 7.000 anos, são
lembradas para contestar o que apregoam certas
crenças.
III. No 4o parágrafo, identifica-se nos mistérios do uni-
agenda da ciência é roubar Deus das pessoas.
verso a fonte de um temor que tanto pode assaltar
um cientista como a um crente.
Eu conheço muitos cientistas religiosos que não veem
qualquer conflito entre a sua ciência e a sua crença. Para eles,
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
quanto mais entendem o Universo, mais admiram a obra do seu
(A)
I, II e III.
(B)
I e II, apenas.
interpretar a natureza, expandindo nosso conhecimento do
(C)
I e III, apenas.
mundo natural. Sua missão é aliviar o sofrimento humano,
(D)
II e III, apenas.
(E)
II, apenas.
Deus. (São vários) Mesmo que essa não seja a minha posição,
respeito os que creem. A ciência se propõe simplesmente a
aumentando o conforto das pessoas, desenvolvendo técnicas
de produção avançadas, ajudando no combate de doenças. O
problema se torna sério quando a religião se propõe a explicar
_________________________________________________________
fenômenos naturais: dizer que o mundo tem menos de 7.000
3.
A afirmação que NÃO constitui um argumento utilizado
pelo autor na defesa de suas convicções é:
anos ou que somos descendentes diretos de Adão e Eva é
(A)
O papel da ciência não é o de se indispor contra os
que têm fé, pois seus objetivos não se prendem a
um mundo sobrenatural.
(B)
Os cientistas que são também crentes exercem sua
função de intérpretes da natureza, vendo-a como
uma obra de Deus.
(C)
São, na verdade, vários os deuses em que os cientistas do mundo todo podem crer e aos quais podem
cultuar.
(D)
Uma das missões da ciência é negar o misticismo,
para assim dissipar o temor que têm os homens do
desconhecido.
(E)
Para um cientista, o desconhecido instiga, em vez
de assustar, desafia, em vez de submeter o homem
à crença no inexplicável.
equivalente a viver no século 16 ou antes disso. A insistência
em negar os avanços e as descobertas da ciência é, francamente, inaceitável.
Podemos dizer que há dois tipos de pessoa: os
naturalistas e os sobrenaturalistas: estes veem forças ocultas
por trás dos afazeres dos homens, escravizados por crenças
inexplicáveis, e aqueles aceitam que nunca teremos todas as
respostas. Mas, em vez de temer o desconhecido, os
naturalistas abraçam essa ignorância como um desafio, e não
uma prisão. É por isso que eu durmo bem à noite.
(Adaptado de Marcelo Gleiser, cientista e professor de física
teórica. Folha de S. Paulo, 28/03/2010)
TRT9R-Conhecimentos-Gerais2
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Caderno de Prova ’A01’, Tipo 001
1.
CONHECIMENTOS BÁSICOS
Português
Atenção:
As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto
que segue.
Janelas quebradas
De acordo com o contexto, deve-se entender que a “teoria
das janelas quebradas” sustenta a tese de que
(A)
o espaço público deve ser administrado a partir de
iniciativas dos cidadãos.
(B)
a concentração urbana é fator determinante para os
serviços dos poderes públicos.
(C)
a atitude dos indivíduos é influenciada pela ação ou
omissão dos poderes públicos.
(D)
a deterioração do espaço público decorre da ação
irresponsável da maioria dos cidadãos.
(E)
a iniciativa dos cidadãos é determinante para a formulação de políticas públicas.
A deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos poderes públicos, portanto enfraquece os controles
impostos pela comunidade, aumenta a insegurança e convida à
prática de crimes. Essa tese, defendida pela primeira vez em
1982 pelos americanos James Wilson e George Kelling, recebeu o nome de “teoria das janelas quebradas”. Segundo ela,
_________________________________________________________
provoca mais desordem, induz ao vandalismo e aos pequenos
Deve-se deduzir que a expressão janelas quebradas
aponta para um fenômeno típico dos espaços urbanos
indiciados, também, pela expressão
crimes. Com base nessas ideias, a cidade de Nova York iniciou,
(A)
aviso bem visível.
(B)
situação ordeira.
(C)
caixa de correio da rua.
(D)
lixo em redor.
(E)
envelope parcialmente preso.
a presença de lixo nas ruas e de grafite sujo nas paredes
2.
nos anos 1990, uma campanha para remover os grafites do
metrô, que resultou numa diminuição dos crimes realizados em
suas dependências.
O sucesso da iniciativa serviu de base para a política de
“tolerância zero” posta em prática a seguir. Medidas semelhantes foram adotadas em diversas cidades dos Estados Unidos,
da Inglaterra, da Holanda, da Indonésia e da África do Sul. Mas,
_________________________________________________________
3.
apesar da popularidade, a teoria das janelas quebrada gerou
Atente para as seguintes afirmações:
I. O relato das duas experiências ocorridas na Ho-
controvérsias nos meios acadêmicos, por falta de dados em-
landa fornece sérios fundamentos para que se rechace a “teoria das janelas quebradas”.
píricos capazes de comprová-la.
Mas houve, sim, alguns experimentos bem sucedidos.
II. A tese defendida pelos americanos James Wilson e
Na Holanda, um deles foi conduzido numa área de compras da
George Kelling encontra sustentação na remoção
dos grafites do metrô de Nova York.
cidade de Groningen. Para simular ordem, os pesquisadores
III. A rejeição dos meios acadêmicos à “tese das ja-
limparam a área e colocaram um aviso bem visível de que era
nelas quebradas” deveu-se à frágil sistematização
teórica dos experimentos holandeses.
proibido grafitar. Para a desordem, grafitaram as paredes da
mesma área, apesar do aviso para não fazê-lo. A grafitagem
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
constava apenas de rabiscos mal feitos, para evitar confusão
com arte. Em ambas as situações, penduraram um panfleto
(A)
I, II e III.
inútil nos guidões de bicicletas, de modo que precisasse ser
(B)
I e II, somente.
(C)
I e III, somente.
(D)
II e III, somente.
(E)
II, somente.
retirado pelo ciclista antes de partir. Não havia lixeiras no local.
Na situação ordeira, sem grafite, 77% dos ciclistas levaram o
panfleto embora. Na presença do grafite, apenas 31% o
fizeram, os demais jogaram-no no chão.
Em outra experiência holandesa, foi colocado, numa
caixa de correio da rua, um envelope parcialmente preso à boca
_________________________________________________________
da caixa (como se tivesse deixado de cair para dentro dela) com
4.
Entre as situações referidas como de ordem ou de desordem, verifica-se uma relação de
uma nota de 5 em seu interior, em local bem visível para os
(A)
franca oposição, caracterizada pelos tipos de indivíduos que são incitados a delas participarem.
(B)
franca oposição, caracterizada pelos elementos físicos que qualificam os espaços.
(C)
complementaridade, dado que se aplicam a indivíduos de índoles semelhantes.
(D)
complementaridade, visto que a qualidade do
espaço urbano real não encontra gradações entre
uma e outra.
(E)
subordinação, pois é a existência da segunda situação que determina a da primeira.
transeuntes. Na situação ordeira, a caixa estava sem grafite e
sem lixo em volta; na situação de desordem, a caixa estava
grafitada e com lixo em redor. Dos transeuntes que passaram
diante da caixa limpa, 13% furtaram o dinheiro. Esse número
aumentou para 27% quando havia grafite e sujeira. A mensagem é clara: desordem e sujeira nas ruas mais do que
duplicam o número de pessoas que praticam contravenções ou
pequenos crimes no espaço público.
(Adaptado de Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, 18/07/2009)
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Caderno de Prova ’A01’, Tipo 001
5.
o
Do relato do experimento realizado em Groningen (3 . parágrafo), deve-se deduzir que
(A)
os rabiscos mal feitos funcionaram como índices de
desordem.
(B)
a maior parte dos ciclistas na situação desordeira
interessou-se pelo que dizia o panfleto.
(C)
há muita gente que considera artísticos os grafites
mal rabiscados.
(D)
a existência ou não de lixeiras foi a variável mais
relevante.
(E)
nem mesmo os avisos bem visíveis impedem a ação
dos grafiteiros.
_________________________________________________________
6.
Com base no relato da segunda experiência holandesa
o
(4 parágrafo), comprova-se que há uma relação causal
entre
(A)
palavras grafitadas e eficácia das caixas de correio.
(B)
qualidade do meio urbano e comportamento moral.
(C)
dinheiro exposto e criminalidade urbana.
(D)
aumento da segurança e índice de criminalidade.
(E)
incitamento ao furto e situação ordeira.
_________________________________________________________
7.
Considerando-se o contexto, está INCORRETA a tradução
de sentido do segmento sublinhado em:
(A)
a deterioração da paisagem urbana é lida como
ausência dos poderes públicos = é interpretada como omissão
(B)
convida à prática de crimes = estimula a
(C)
induz ao vandalismo = acomete com
(D)
constava apenas de rabiscos mal feitos = constituíase tão somente
(E)
Na situação ordeira, apenas 31% o fizeram
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