COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA
Mais uma vez a prova de História da UFPR distribuiu muito bem os assuntos, abordando temas importantes e
esperados, como a educação em Esparta, o nascimento das universidades, a unificação alemã, o Brasil na Guerra, entre
outros. Da mesma forma é louvável a atenção e o destaque a dois temas contemporâneos e muito pertinentes: os avanços
da cidadania, especialmente os direitos das mulheres e o drama do deslocamento humano em massa, particularmente a
questão dos refugiados.
Como contribuição na forma de uma crítica construtiva, destacamos a necessidade de evitar que a escolha de certos
temas mais específicos ou mesmo a disposição dos termos dos itens das questões possam deixar os alunos e alunas na
situação de se obrigarem a "chutar" para tentar acertar. Foi o que aconteceu com a questão das irmandades e com a
questão dos refugiados. No primeiro caso, o assunto não é comum no programa do Ensino Médio e a maioria dos alunos
não tinha informações suficientes para discernir entre as alternativas que, com uma exceção, traziam pequenas diferenças
entre si. Logo, embora se tratasse de uma abordagem importante a ser inserida, até para forçar o conhecimento dessa
forma de organização existente no Brasil Colonial, a elaboração da questão, sem qualquer texto de apoio ou "pista",
acabou perdendo o efeito de seleção. Será beneficiado quem acertar o "chute". E isso é péssimo. O outro exemplo é a
construção de um dos itens da questão sobre os refugiados, afirmando que Getúlio era "contrário" a vinda dos judeus. Ora,
seria bem mais claro e correto afirmar "criou barreiras, restrições, dificuldades" ou outro termo que não gerasse a dúvida
que levou muitos e muitos alunos e alunas e considerarem errado esse item e, assim, errarem a questão como um todo.
Afinal, quando se diz que um presidente foi contrário a algo, pode-se deduzir que não foi permitida a vinda dos judeus no
período, o que não é verdade.
Apesar disso – o que não é pouco! – devemos, enfim, parabenizar a UFPR por mais esse vestibular e torcer para
que, no ano que vem, ele seja certamente melhor.
1
HISTÓRIA
Resolução:
Questão fácil sobre um tema esperado, conforme alertamos em nossas revisões de véspera. Mais uma vez a UFPR manteve a tradição de abordar o importante conteúdo de Antiguidade Clássica. A resolução tornou-se mais simples pela combinação do gabarito proposto, pois o item 3 que apresenta um erro evidente "a distribuição de terras conquistadas", aparece
como afirmativa correta em todas as afirmativas propostas, com exceção é claro da alternativa b.
2
HISTÓRIA
Resolução:
Boa questão sobre o contexto de surgimento e a importância das universidades no período correspondente à Baixa Idade
Média. Conforme abordamos em nossas revisões de véspera, as universidades têm suas origens ligadas ao processo de
renascimento comercial e urbano, assim como os bancos e o estilo gótico da arquitetura presente na construção das grandes catedrais.
3
HISTÓRIA
Resolução:
Questão de gênero durante a Revolução Francesa. Como destacamos, quando tratamos do tema, a Revolução não deu às
mulheres direitos políticos, apesar da intensa participação feminina nas jornadas populares. Os revolucionários franceses
influenciados pelos pensadores iluministas acreditavam que o "status da mulher era o de ser mãe" (Rousseau). Olympe de
Gouges, Théroigne de Méricourt e Madame Roland se destacaram nas lutas pelos direitos femininos. Fracassaram.
Olympe de Gouges e Madame Roland foram guilhotinadas. Boa questão.
4
HISTÓRIA
Resolução:
Questão sobre as irmandades. Essas irmandades ou confrarias surgiram na Idade Média, ligadas às corporações de ofício
e às ordens religiosas (franciscanos, beneditinos, etc.), mas eram compostas por leigos e, no Brasil, contribuíram bastante
para o sincretismo." Para a igreja Católica, as irmandades foram um dos meios mais eficazes de converter ou até mesmo
submeter diversos grupos étnicos, tais como índios, mouros e negros, ao catolicismo. Alguns estudiosos afirmam que, no
Brasil, várias irmandades estiveram por muito tempo sob o controle da coroa portuguesa, submetidas à fiscalização do
setor eclesiástico. "Muitas irmandades tornaram-se verdadeiros núcleos de resistência cultural, nichos de suas práticas religiosas e agências de alforria. Foi a questão fora da curva da prova de História. Por se tratar de um tema pouco estudado,
ajudaria se a UFPR trouxesse algum texto de apoio para contribuir na contextualização. Além do mais, com exceção da letra
C, as alternativas traziam elementos corretos sobre as irmandades. Ou seja, uma questão feita para o aluno errar. Não seleciona, exceto quem "chutou" e acertou. Não significa que o assunto não seja importante, mas a questão não teve o cuidado
de deixar nenhuma pista para auxiliar o aluno que quer ser médico, dentista, advogado, engenheiro e que precisa sim
conhecer como se organizaram os negros brasileiros no período colonial, mas não com esse excesso de detalhismo e de
especificidade. Um tipo de questão que insistimos em dizer aos nossos alunos e alunas que os elaboradores da UFPR não
fazem, porque o vestibular da UFPR não tem intenção de selecionar pelo "chute". Dessa vez ficamos com a "cara no chão".
5
HISTÓRIA
Resolução:
Essa falamos na revisão de véspera, né? Chamei a atenção para o fato de a imigração hoje – tanto na Europa com os sírios
e no Brasil com os haitianos – ser problemática, poderia ensejar uma questão sobre o assunto. Pena apenas sobre o detalhismo, mais uma vez, no item 4, visando confundir o aluno em relação aos termos "refugiado" e "imigrante". Desnecessário
selecionar alunos e alunas com esses critérios. Da mesma forma, quando se afirma que "Getúlio foi contrário à entrada de
judeus podemos concluir que não houve entrada de judeus nesse período, o que não é verdade. O que houve foi um controle, uma restrição. Veja o que diz, a este respeito, a Revista de História: Apesar de todo o aparato burocrático e legal estabelecido com o objetivo específico de restringir a entrada de judeus no Brasil ao longo do Estado Novo, o país recebeu cerca
de nove mil judeus no período considerado crítico, entre 1938 e 1941.
Boa parte dessas entradas estava relacionada a três fatores principais. O primeiro foi a brecha estabelecida nos últimos
meses de 1938, possibilitanto a concessão de vistos de parentes até segundo grau de judeus já residentes no Brasil . O
segundo foi a boa vontade de alguns diplomatas brasileiros para conceder vistos mesmo à revelia das instruções, dos quais
o mais expressivo foi o embaixador na França, Luiz Martins de Souza Dantas. Por fim, judeus que lograram entrar no Brasil
não evidenciando a condição de israelitas."
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/selecao-questionavel
Por isso, não deveria haver resposta certa. No entanto, na análise das alternativas, sobra apenas a letra A. Lamentável. Um
assunto tão importante e uma questão tão problemática.
6
HISTÓRIA
Resolução:
Boa questão. O presidente James Monroe (1823) no contexto das restaurações após a queda de Napoleão se opôs à política intervencionista do Congresso de Viena, defendendo que os europeus não deveriam se imiscuir nas questões do continente americano. Tal ideário serviu para justificar intervenções norte-americanas nos recém-emancipados países da
América Latina.
Quanto ao rompimento dos Estados Unidos com Cuba, ocorreu logo após a Revolução liderada por Fidel Castro no contexto
da Guerra Fria. Ressalta-se o erro de data: 1823 e não 1865.
Resolução:
Outra questão que destacamos na revisão de véspera, lembram?
E desta vez, com uma redação bem clara e objetiva, abordando os efeitos políticos da entrada do Brasil na Segunda Guerra.
7
HISTÓRIA
Resolução:
Questão pertinente, bem elaborada sobre um tema de grande atualidade.
Resolução:
Questão fácil sobre a unificação alemã.
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HISTÓRIA
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