Consenso sobre INFECÇÃO HPV E LESÕES INTRAEPITELIAIS DO COLO, VAGINA E VULVA 2011 Cascais, 19 e 20 de Março de 2010 Organização sociedade Portuguesa de Ginecologia secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvovaginal Coordenação e Redacção José Alberto Fonseca Moutinho Participantes Amália Pacheco, Amélia Pedro, Anabela Colaço, Andrea Pereira, boaventura Alves, Celeste Castelão, Conceição saldanha, elisa Paredes, eugénia Cruz, Fátima Peralta, Gabriel borges silva, Helena nascimento, Isabel oliveira, João saraiva, José Cabral, Maria Joaquina branco, rita sousa, Teresa S.P.C.P.C.V. Fraga, Teresa Paula, Teresa rebelo, Virgínia Monteiro, Vítor Caeiro, Vítor neto, Vítor rodrigues, Zélia Gomes. H. Atitudes terapêuticas na neoplasia intraepitelial.........................................30 ÍnDICe 1. Condiloma / CIn1 ....................................................................................30 Índice de Abreviaturas .......................................................................................06 Introdução...........................................................................................................08 2. CIn2 e CIn3 ..............................................................................................32 3. Adenocarcinoma in-situ ..........................................................................33 PARTE 1 1. Gravidez....................................................................................................35 Infecção por HPV e Neoplasia Intraepitelial do Colo do Útero 2. Adolescentes ............................................................................................35 A. Prevenção Primária e secundária .................................................................13 3. Mulheres Imunodeprimidas ou HIV positivas.........................................37 b. Diagnóstico .....................................................................................................15 J. seguimento após o tratamento das neoplasias intraepiteliais ....................37 C. Métodos para avaliação de uma citologia alterada .....................................15 K. Conduta de seguimento após a terapêutica das neoplasias intraepiteliais 1. repetição da citologia .............................................................................15 1. Condiloma / CIn 1 ...................................................................................37 2. Teste de Hr-HPV ......................................................................................15 2. CIn2 3 CIn 3 .............................................................................................37 3. Colposcopia ..............................................................................................16 3. Adenocarcinoma in-situ ..........................................................................38 4. biópsia......................................................................................................16 L. Detecção de HPV de alto risco (Hr-HPV).......................................................38 5. estudo do endocolo ........................................................................................16 M. Técnicas para a estratificação do risco da neoplasia intraepitelial.............38 D. Actuação perante uma citologia alterada.....................................................17 n. Considerações finais ......................................................................................39 1. Insatisfatório / Inflamatório / Alterações celulares reactivas ..............17 2. AsC-Us ......................................................................................................18 PARTE 2 3. AsC-H ........................................................................................................21 Infecção por HPV e Neoplasia Intraepitelial da Vulva e da Vagina 4. LsIL............................................................................................................21 A. Condilomas.....................................................................................................43 5. HsIL ...........................................................................................................22 b. neoplasia intraepitelial da vulva...................................................................45 6. AGC ...........................................................................................................23 C. neoplasia intraepitelial da vagina.................................................................49 7. Células endometriais................................................................................26 e. Conduta perante uma citologia alterada em condições especiais...............27 PARTE 3 1. Adolescentes ............................................................................................27 Formação e Qualidade 2. Pós-histerectomia Total ...........................................................................27 A. Introdução ......................................................................................................53 3. Gravidez....................................................................................................27 b. estudo citológico ............................................................................................53 4. Pós-menopausa .......................................................................................27 C. Teste de HPV...................................................................................................58 5. Imunossupressão .....................................................................................27 D. Colposcopia.....................................................................................................58 F. Conduta perante um teste de Hr-HPV positivo e citologia sem alterações.....28 e. Unidades de colposcopia................................................................................62 G. Tratamento da neoplasia intraepitelial.........................................................29 F. estudo Anatomo-Patológico ...........................................................................63 1. Tratamentos destrutivos..........................................................................29 bibliografia..........................................................................................................66 2. Métodos excisionais.................................................................................30 4 5 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva ÍNDICE I. Atitudes terapêuticas na neoplasia intraepitelial em situações especiais...35 AsC-Us ...........Células pavimentosas atípicas de significado indeterminado Hr-HPV ...........HPV de alto risco AsC-Us+ .........Citologia com AsC-Us ou mais grave Hr-HPV+ ........Teste de HPV de alto risco positivo AsC-H .............Células pavimentosas atípicas sem excluir lesão in- Hr-HPV- ..........Teste de HPV de alto risco negativo traepitelial de alto grau JeC ...................Junção escamo-colunar do colo do útero AGC ................Células glandulares atípicas LsIL..................Lesão pavimentosa de baixo grau AGC-nos .........Células glandulares atípicas não especificadas PnV .................Plano nacional de Vacinação Ce-IVD .............Comunidade europeia-Diagnóstico In-Vitro rnA.................Ácido ribonucleico CIn 1 ...............neoplasia intraepitelial do colo do útero de grau 1 TnM ................Classificação TnM CIn 2 ...............neoplasia intraepitelial do colo do útero de grau 2 ZT ...................Zona de transformação do colo do útero CIn 2+ ............neoplasia intraepitelial do colo do útero de grau 2 ZTA ..................Zona de transformação atípica do colo do útero ou mais grave ZTT...................Zona de transformação típica do colo do útero CIn 3 ...............neoplasia intraepitelial do colo do útero de grau 3 CIn 3+ .............neoplasia intraepitelial do colo do útero de grau 3 VaIn ................neoplasia intraepitelial da vagina VaIn 1 .............neoplasia intraepitelial da vagina, grau 1 ou mais grave VaIn 2 .............neoplasia intraepitelial da vagina, grau 2 FIGo ................Classificação da Federação Internacional de Ginecologia VaIn 3 .............neoplasia intraepitelial da vagina, grau 3 e obstetrícia VIn ..................neoplasia intraepitelial vulvar HC2 .................Captura Híbrida 2 HIV ..................Vírus da Imunodeficiência Adquirida HsIL.................Lesão pavimentosa de alto grau VIn 1...............neoplasia intraepitelial vulvar, grau 1 VIn 2...............neoplasia intraepitelial vulvar, grau 2 VIn 3...............neiplasia intraepitelial vulvar, grau 3 HPV .................Papilomavírus humano WHo................organização Mundial de saúde 6 7 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva ÌNDICE DE ABREVIATURAS ÍnDICe De AbreVIATUrAs InTroDUÇÃo M ais do que 5 anos se passaram desde o Consenso sobre Patologia Cervico-vulvo-vaginal (PCVV), promovido, em 2004, sob os auspícios da sociedade Portuguesa de Gine- cologia. neste lapso de tempo, a evolução dos conhecimentos médicos em patologia pré-maligna do aparelho genital inferior da Mulher trouxe ideias novas, modificou a prática clínica e estimulou a organização das instituições. Mais do que uma actualização pontual do anterior Consenso sobre PCVV, impunha-se um exercício de reflexão. A difusão da utilização da citologia em meio líquido com possibilidade de detecção reflexa do DnA do HPV de alto risco e, posteriormente, a utilização dos dois métodos em simultâneo, com considerável ganho de sensibilidade, veio permitir alargar a periodicidade do rastreio, Consenso sobre Infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva mas também levantou questões adicionais, até então inexistentes. 9 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva o reconhecimento que as terapêuticas das neoplasias intraepiteliais na decisão terapêutica. A especialização em citologia e anatomo-pa- do colo do útero podem ter consequências negativas na saúde repro- tologia ginecológica tem tido uma implementação crescente. A dis- dutiva da Mulher, conduziu à elaboração de critérios mais prudentes cussão dos casos clínicos discordantes, com a participação de todos os para a sua aplicação, especialmente em mulheres mais jovens. médicos intervenientes, assim como a discussão dos insucessos, passaram a ser, hoje, apanágio de boa prática médica em Colposcopia. intraepiteliais do colo do útero é muito reduzido e que o seu próprio o objectivo do actual consenso foi definir princípios que contribuam comportamento biológico tem um carácter mais benigno, influenciou para melhorar a prática médica em patologia pré-maligna consideravelmente o seu manuseamento. cervico-vulvo-vaginal e implementar o seu conhecimento e utilização Também na esfera dos conceitos, a evolução foi significativa. Foi re- nas Unidades de Colposcopia nacionais. conhecido que o intuito de eliminar por completo o Cancro do Colo representantes de 25 Unidades de Colposcopia de todo o país, tive- do Útero conduz ao aumento injustificado da morbilidade com bene- ram parte activa na elaboração deste Consenso. Um epidemiologista fícios marginais. Uma redução progressiva e sustentada da incidência e dois anatomo-patologistas, integraram, também o grupo. do Cancro do Colo do Útero à custa da sensibilização e educação das populações, da implementação universal da vacinação profilática contra o HPV e da qualidade dos cuidados médicos assistenciais é hoje considerada a praxis a implementar. A todos os participantes foi pedido, individualmente, que sugerissem modificações ao Consenso de 2004. Com base nas respostas obtidas, foi elaborado um texto provisório que foi, então, enviado a cada elemento do grupo, para apreciação individual. nos dias 19 e 20 de A impossibilidade de qualquer consenso prever todas as situações Março, em reunião plenária, foi elaborado o texto definitivo. no dia clínicas possíveis tem sido um conceito muito valorizado. o médico, 12 de novembro de 2010 foi apresentado o texto do consenso em na área da colposcopia, tem de estar cada vez mais cientificamente reunião científica da sociedade Portuguesa de Ginecologia habilitado para resolver situações pouco usuais. A necessidade de investir na formação médica em colposcopia é uma realidade que não Limitaram-se os conceitos teóricos e salientaram-se as orientações pode ser ignorada. em vários países, especialmente de língua inglesa, de carácter prático. Foi dedicado um capítulo à formação e à quali- os cursos teórico-práticos em patologia cervico-vulvo-vaginal já são dade, aspectos ainda pouco valorizados entre nós, como mensagem uma prática corrente, assim como a creditação dos profissionais e as e compromisso para um futuro que, esperamos, seja breve. auditorias às “Unidades de Colposcopia”. estamos convictos que o actual consenso vai constituir um instrumento A variabilidade diagnóstica inter e intra-observador na citologia, col- de trabalho de grande utilidade para todos aqueles que estão envolvi- poscopia e histologia, tem sido apontada como factor a considerar dos no rastreio, diagnóstico, tratamento e vigilância destas patologias. 10 11 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva InTroDUÇÃo A observação que, nas adolescentes, o risco oncológico das neoplasias A. PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA A redução da incidência e da mortalidade por Cancro do Colo do Útero só será possível através de adopção de medidas de prevenção primária e secundária. são consideradas medidas de Prevenção Primária: 2. Vacinação profilática contra o HPV, administrada universalmente e de forma gratuita no Plano nacional de Vacinação (PnV); 3. recomendação da vacinação profilática contra o HPV fora do PnV. Consenso sobre Infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva A medida de Prevenção Secundária é o rastreio do Cancro do Colo do Útero. são considerados dois tipos de rastreio: 1. organizado, com base populacional; 2. oportunista (termo utilizado a nível internacional para, por oposição a organizado, designar um acto que é realizado no âmbito de uma consulta e sem periodicidade definida, não tendo qualquer conotação depreciativa, porque também tem tido impacto na redução da incidência e da mortalidade). PArTe 1 InFeCÇÃo Por HPV e neoPLAsIA InTrAePITeLIAL DO COLO DO ÚTERO Apesar de não existirem estudos randomizados que comprovem a eficácia do rastreio do Cancro do Colo do Útero, os estudos epidemiológicos têm demonstrado que o rastreio citológico, a intervalos de 3 a 5 anos, se tem acompanhado de uma redução de cerca de 80% na mortalidade por Cancro do Colo do Útero (1-2-3). o rastreio organizado deve ser incentivado e desenvolvido em detrimento do rastreio oportunístico por ser: 1. Mais abrangente 2. Mais equitativo 3. Mais económico 4. Permitir controlo de qualidade padronizada 12 13 Consenso Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva sobre in- INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO 1. Informação e sensibilização das populações para os factores de risco associados ao Cancro do Colo do Útero; anos e nos 3 primeiros anos do início do coito (5-6), pelo que o início do rastreio antes dos 21 anos e nos primeiros 3 anos de actividade sexual deve ser desencorajado. embora o risco de vir a desenvolver cancro do colo do útero após os 65 anos, em mulheres com 3 citologias negativas, seja muito reduzido (7), o aumento da esperança de vida impede o estabelecimento de uma idade limite para o fim do rastreio oportunista. Podem ser utilizados como método de rastreio a citologia convencional, a citologia em meio líquido e o teste de HPV. A periodicidade do rastreio depende da sensibilidade do método que for utilizado. A associação da citologia em meio líquido com o teste de Hr-HPV, permite melhorar a sensibilidade do rastreio, embora encareça o método. Ainda não está esclarecido o seu benefício na redução da mortalidade por Cancro do Colo do Útero (8). o Rastreio Organizado deve ser considerado uma medida de saúde Pública e abranger toda a população nacional. A sua finalidade é reduzir a mortalidade por Cancro do Colo do Útero. o rastreio organizado é tanto mais eficaz quanto maior a percentagem de população abrangida, que deve ser sempre superior a 70%. segundo as guidelines europeias (9), deve ser iniciado entre os 25 e os 30 anos e terminar aos 65, com uma perioricidade de 3 a 5 anos. o teste de HPV de alto risco tem maior sensibilidade para detectar as lesões de CIn 2-3, mas é menos específico quando usado individualmente (10-11). segundo a orientação da eU em vigor, o rastreio organizado deve continuar a recorrer à citologia como teste preferencial do rastreio (9). Rastreio do Cancro do Colo do Útero em situações especiais (12): • Mulheres submetidas à vacinação profilática contra o HPV: não sofre alteração; • Mulheres HIV positivas ou com imunodeficiência: citologia anual; • Mulheres grávidas: citologia após o parto, se citologia normal nos últimos 5 anos. B. DIAGNÓSTICO excepto os condilomas acuminados, as lesões associadas à infecção pelo HPV (neoplasia intraepitelial e carcinoma microinvasivo do colo do útero) não têm tradução clínica macroscópica. o método inicial “standard” para o rastreio destas lesões é o estudo citológico. o diagnóstico da infecção pelo HPV é sugerido no estudo histológico, mas o seu diagnóstico é efectuado por meios moleculares. o diagnóstico da neoplasia intraepitelial é histológico. C. MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE UMA CITOLOGIA ALTERADA Constituem métodos de avaliação das alterações citológicas: 1. Repetição da Citologia Deve ser evitada num espaço <3 meses para permitir a completa regeneração das células (13). na suspeita de infecção ou inflamação, deve ser efectuada terapêutica antimicrobiana. na atrofia genital pode ser considerada a estrogenioterapia (13). o método de colheita deve ser a escova cervical, não sendo aconselhada a espátula de madeira ou plástico. 2. Teste de HR-HPV está desaconselhada a sua utilização em idades inferiores a 25 anos. É preferencial no estudo de citologia AsC-Us. Tem interesse em mulheres na pós-menopausa com citologia LsIL. É útil na orientação pós-colposcópica nas mulheres referenciadas por citologia AGC ou AsC-H (14-15-16-17). 14 15 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO o Rastreio Oportunista faz parte dos cuidados personalizados de saúde. nesse contexto, a decisão da data de início do rastreio é uma decisão ponderada caso a caso, em que a principal preocupação deve ser a de não prejudicar quem procura cuidados de saúde (4). o cancro do colo do útero é uma raridade antes dos 21 3. Colposcopia Deve ser tido em consideração que, segundo a meta-análise efectuada por Mitchell e colaboradores, a sensibilidade e a especificidade da colposcopia em detectar lesões de CIn2 + foi estimada em 96% e 48%, respectivamente (18). A Curetagem do endocolo está contraindicada em mulheres grávidas (13-23). A escova endocervical deve ser preferida à curetagem endocervical por ser menos traumatizante para a doente e apresentar menos falsos negativos (24). Tem que ser sempre orientada por colposcopia e dirigida a todas as lesões suspeitas. Deve ser levado em linha de conta que a sensibilidade de uma única biópsia dirigida por colposcopia para detectar CIn2+, pode ser tão baixa quanto 57%, mesmo quando a colposcopia é satisfatória(19). Deve haver a preocupação de biópsia múltiplas(20) e dos fragmentos conterem sempre epitélio e estroma(13). A Pinça de biópsia adequada deve ser preferida quando: a. Lesão completamente visível Todos os casos de citologia alterada devem ser referenciados a médico com experiência em colposcopia ou a unidades de referência em patologia cervical, públicas ou privadas (25-26-27). A prática de see and treat deve ser evitada porque aumenta a morbilidade, sem benefício de diagnóstico (28). Deve ser compreendido pelos clínicos e pelas utentes, que uma citologia negativa e uma colposcopia satisfatória com ZTT, não asseguram por completo a inexistência de uma neoplasia intraepitelial ou de um carcinoma invasivo do colo do útero (29). b. Lesão acessível a pinça de biópsias 1. INSATISFATÓRIO/INFLAMAÇÃO/ALTERAÇÕES CELULARES REACTIVAS c. suspeita de Carcinoma A Conização deve ser utilizada quando: a. Lesão não completamente visível b. Lesão extensa c. suspeita de Carcinoma microinvasivo 5. Estudo do endocolo o estudo do endocolo pode ser efectuado por curetagem endocervical, por escova endocervical, por microcolpohisteroscopia ou por conização, e nas seguintes situações (23): a. suspeita citológica ou colposcópica de lesão glandular b. Colposcopia insatisfatória c. Avaliação do canal cervical após conização em geral, os motivos que levam à classificação do esfregaço citológico em insatisfatório para avaliação estão relacionados com a deficiente colheita, enquanto a presença de inflamação ou de alterações celulares reactivas tendem a estar relacionadas com a presença de patologias cervico-vaginais. Face a um resultado citológico considerado insatisfatório, o esfregaço citológico deve ser repetido ao fim de 3 meses, tendo em atenção os motivos pelos quais foi considerado insatisfatório. Caso se mantenha o mesmo resultado, é de suspeitar de dificuldade técnica na colheita (septo vaginal, estenose do orifício externo, etc.), pelo que será prudente a referenciação a uma Unidade de Patologia Cervical. A presença de um resultado citológico de alterações celulares reactivas associadas a inflamação, geralmente, traduz uma alteração sem carácter oncológico, mas pode estar associada à presença de lesões de neoplasia intraepitelial ou de carcinoma invasivo. 16 17 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO D. ACTUAÇÃO PERANTE UMA CITOLOGIA ALTERADA 4. Biópsia As alterações citológicas e colposcópicas tendem a ser mais marcadas nas lesões associadas ao HPV16 do que nas associadas a outros tipos de HPV, e discretas nas lesões relacionadas com o HPV 18 (30). em mulheres com resultado citológico repetido de alterações celulares reactivas associadas a inflamação, o risco de carcinoma invasivo subjacente foi estimado em <1%, em 20,9% para as CIn1 e em 6,9% para lesões de CIn2 e CIn3, pelo que se justifica a orientação para colposcopia (31). Citologia: ASC-US 2. ASC-US – Células Pavimentosas Atípicas de Significado Indeterminado (Oportunista/Organizado) Insatisfatória Estudo Endocervical Podem ser consideradas três opções: Negativo Citologia: ASC-US Colposcopia Repete Citologia (6 meses) A repetição da citologia aos 6 meses deve ser considerada, apenas, na falta de disponibilidade de colposcopia imediata (14). A relação custo/benefício favorece a detecção do Hr-HPV Negativo Rastreio Colposcopia nos programas organizados de rastreio constituiu o diagnóstico citológico mais frequente, correspondendo a cerca de 4% de todos os esfregaços (32). em meta-análise foi determinada uma prevalência de CIn2+ de 10% e de CIn3+ de 6%, em doentes com o diagnóstico citológico de AsC-Us (17). segundo o estudo de Melnikow e colaboradores (33) a probabilidade de ser diagnosticado um Carcinoma invasivo nos 6 e 24 meses após um AsC-Us foi de 0,06% e 0,25% respectivamente. está recomendada a avaliação diagnóstica. HR-HPV (Reflexo) HR-HPV (34) Satisfatória ZTT Satisfatória ZTA Repete Citologia Biópsia (6 e 12 meses) ou Repete citologia com HR-HPV (12 meses) CIN Ambos Negativos Conização (Oportunista/Organizado) Negativa Rastreio Algoritmo do Consenso , pelo que, sempre que possível, esta deve ser a opção preferida. 18 19 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva CIN INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO Positivo 3. ASC-H – Células Pavimentosas Atípicas Sem Excluir Lesão Intraepitelial de Alto Grau. Citologia: ASC-US A prevalência de lesões de CIn2+ nas mulheres com este diagnóstico citológico ronda os 50%, pelo que está indicada a realização de colposcopia (35). o teste de HPV não está aconselhado (13). Colposcopia Satisfatória ZTT (6 e 12 meses) ou Repete citologia com HR-HPV Opção 1 Colposcopia Major (12 meses) Negativo CIN Citologia: ASC-H Minor Opção 2 Repete Citologia Estudo Endocervical Satisfatória ZTA Insatisfatória Satisfatória ZTT Satisfatória ZTA Estudo Endocervical Repete Citologia Biópsia Biópsia Ambos Negativos Negativa CIN Rastreio (Oportunista/Organizado) (6 e 12 meses) ou Repete citologia com HR-HPV (12 meses) Negativo Algoritmo do Consenso CIN Negativa Ambos Negativos CIN Rastreio (Oportunista/Organizado) Citologia: ASC-US Algoritmo do Consenso Repete Citologia (6 meses) Negativa ASC-US+ 4. LSIL – Lesão Pavimentosa Intraepitelial de Baixo Grau A prevalência de CIn 2+ em mulheres com LsIL no estudo ALTs foi de 27,6%, pelo que a exploração diagnóstica é obrigatória (36). Repete Citologia (12 meses) o teste de Hr-HPV não está recomendado, porque 85% das doentes com diagnóstico citológico de LsIL apresentam teste positivo para o Hr-HPV (37), no entanto é uma opção nas mu- Negativa Rastreio Algoritmo do Consenso (Oportunista/Organizado) lheres pós-menopáusicas (38) . está recomendada a colposcopia imediata em todos os casos (39). 20 21 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO Insatisfatória Citologia: HSIL Citologia: LSIL Colposcopia Colposcopia Satisfatória ZTT Satisfatória ZTT Satisfatória ZTA Satisfatória ZTA minor Satisfatória ZTA major Opção 1 Opção 1 Estudo Endocervical Negativo CIN Repete Citologia (6 e 12 meses) Biópsia ou Repete citologia com HR-HPV (12 meses) Insatisfatória Opção 2 Biópsia* Revisão Citologia Conização** Opção 2 Repete: Citologia Colposcopia Estudo Endocervical Negativa Ambos Negativos CIN Rastreio (Oportunista/Organizado) Algoritmo do Consenso 5. HSIL – Lesão Pavimentosa Intraepitelial de Alto Grau em apenas uma pequena percentagem, cerca de 0,5%, dos esfregaços citológicos é feito o diagnóstico de HsIL (40). Das doentes com o diagnóstico citológico de HsIL, 70 a 75% têm lesões histológicas de CIn 2 e CIn 3 e em 1 a 4% carcinoma invasivo (40-41). estas doentes devem ser submetidas de imediato a colposcopia. está desaconselhada a repetição da citologia e do teste do Hr-HPV (13). * Colposcopia satisfatória com ZTA major e biópsia < CIN2: - Revisão do estudo citológico e histológico ou - Repartição do estudo citológico e da colposcopia ** Obrigatória na suspeita de microinvasão 6. AGC – Células Glandulares Atípicas A presença de células glandulares atípicas é um diagnóstico citológico raro, ocorrendo em cerca de 0,2% de todos os esfregaços (33). existem 3 tipos de diagnóstico citológico, que condicionam diferentes atitudes (42): 1. Células glandulares atípicas: endocervicais, endometriais, não especificadas (AGC-nos) 2. Células glandulares atípicas que favorecem neoplasia 3. Adenocarcinoma in situ endocervical / Adenocarcinoma estes diagnósticos citológicos estão associados a lesões pavimentosas e glandulares de alto grau em 38% dos casos (43), pelo que merecem avaliação diagnóstica imediata por colposcopia, estudo do endocolo e eventual estudo da cavidade endometrial. A avaliação do endométrio está recomendada em mulheres com ≥35 anos ou em mulheres com <35 anos em que haja suspeita de patologia endometrial. Também deve ser excluída patologia anexial (44). 22 23 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO Insatisfatória em todos os casos, o estudo diagnóstico inicial deve ser a colposcopia com estudo do endocolo (13). o teste de Hr-HPV pode ser considerado em todos os casos de AGC. A positividade do teste tem um alto valor preditivo positivo e em 20% dos casos está associado a lesões de CIn3 ou a carcinoma invasivo (45). Ecografia Ginecológica* e Estudo do Endométrio** Colposcopia Satisfatória ZTT* Insatisfatória HR-HPV Estudo Endocervical ou Conização Positivo Colposcopia Satisfatória ZTA Insatisfatória Satisfatória ZTT Satisfatória ZTA Biópsia Estudo Endocervical Repete Citologia Biópsia Negativo Negativa Negativo Repete Citologia (6 e 12 meses) ou Repete citologia com HR-HPV (12 meses) Negativa (6 e 12 meses) Negativo ou Repete citologia com HR-HPV (12 meses) CIN Ambos Negativos Rastreio (Oportunista/Organizado) Algoritmo do Consenso CIN CIN Ambos Negativos e Ecografia normal e Endométrio normal Rastreio (Oportunista/Organizado) Algoritmo do Consenso * A Ecografia transvaginal deve ser o método preferido ** A histeroscopia deve ser o método preferido * Estudo no Endométrio: - Mulheres com idade ≥35 anos - Suspeita de Patologia Endometrial 24 25 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva CIN INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO Citologia: AGC Células Endometriais atípicas Citologia: AGC Células endocervicais - NOS em mulheres pós-menopáusicas, a presença de células endometriais normais no esfregaço citológico está associada a patologia endometrial em cerca de 7% dos casos (44-47), pelo que se justifica avaliação por ecografia ginecológica e estudo da cavidade endometrial. Citologia: Favorecem Neoplasia Adenocarcinoma in situ Adenocarcinoma endocervical E. CONDUTA PERANTE UMA CITOLOGIA ALTERADA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS Colposcopia Ausência de Sinais de Invasão Sinais de Invasão Conização com Estudo do Colo restante Biópsia É desaconselhada a detecção de Hr-HPV no estudo das citologias AsC-Us e LsIL. se tiver sido efectuada, o resultado não deve influenciar a atitude terapêutica (12-18). 2. PÓS-HISTERECTOMIA TOTAL Cerca de 1,8% das mulheres submetidas a histerectomia por patologia benigna têm uma citologia da cúpula vaginal alterada, mas apenas 0,12% têm o diagnóstico histológico de neoplasia intraepitelial da vagina (48). Sem Invasão D. Invasiva Sem D. Invasiva As mulheres submetidas a histerectomia total por patologia benigna não devem ser submetidas a citologia de rastreio. 3. GRAVIDEZ Tratamento Algoritmo do Consenso o estudo das citologias AsC-Us e LsIL pode ser protelado para depois da 8ª semana após o parto. As citologias AsC-H; HsIL e AGC devem ser avaliadas por colposcopia para exclusão de malignidade (13). na ausência de sinais de malignidade, as grávidas com citologia HsIL, AsC-H e AGC devem ser vigiadas com colposcopia cada 3 meses (13). 7. CÉLULAS ENDOMETRIAIS está contra-indicada a curetagem endocervical. A presença de células endometriais normais surge em 0,5-1,8% dos esfregaços citológicos de mulheres com idade ≥40 anos (46). em mulheres pré-menopáusicas e assintomáticas, a presença de células endometriais normais raramente está associada a processos patológicos (44). nestes casos, não se justifica o estudo da cavidade endometrial, nem tão pouco a repetição da citologia, dado que a descamação daquelas células endometriais se faz de forma intermitente. 4. PÓS-MENOPAUSA A aplicação tópica de estrogénio local nas duas semanas anteriores à realização da colposcopia, melhora a acuidade diagnóstica do método (13). 5. IMUNOSSUPRESSÃO A conduta diagnóstica não sofre modificação. 26 27 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO 1. ADOLESCENTES (≤21 anos) Com a possibilidade de se efectuar em simultâneo o estudo citológico e a detecção do Hr-HPV, como métodos de rastreio do Cancro do Colo do Útero, é previsível que o resultado de positividade para o Hr-HPV e de negatividade para o estudo citológico se torne frequente. Um teste negativo para o Hr-HPV comporta um risco negligenciável para o diagnóstico de lesões de CIn 2+ (49). Pelo contrário, um teste de Hr-HPV positivo, mesmo com citologia negativa, aumenta significativamente o risco de CIn 2+ subjacente, pelo que merece investigação (49). A colposcopia imediata acompanha-se de muitos falsos-positivos (18-39). A infecção pelo HPV nas adolescentes é muito frequente e tende a ocorrer logo após o início da actividade sexual (50-51-104). Antes dos 21 anos, qualquer resultado do teste de Hr-HPV deve ser ignorado para fins de conduta terapêutica (12). HR-HPV Positivo Citologia Negativa <21 Anos ≥30 Anos 21 a 29 Anos Opção 1 Repete Citologia e HR-HPV Opção 2 HPV 16 e HPV 18 G. TRATAMENTO DA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL A finalidade da terapêutica da neoplasia intraepitelial do colo do útero (CIn) é interromper a progressão da doença para cancro invasivo. A decisão de tratar e a escolha dos tratamentos deve ser baseada na história natural das lesões (52), na segurança do diagnóstico citológico e histológico (53) e na disponibilidade do seguimento. os tratamentos podem ser destrutivos ou excisionais. em ambos os casos, deve ser pretendida a remoção/destruição da totalidade da Zona de Transformação (ZT). 1. MÉTODOS DESTRUTIVOS • Diatermocoagulação: usa ponta em forma de bola, cuja capacidade de destruição em profundidade não ultrapassa os 2-3 mm, pelo que deve ser evitado. • Vaporização LASER CO2: usado sob visualização colposcópica, com profundidade de destruição dependente da técnica utilizada pelo operador. Pela sua precisão deve ser o método preferido. • Criocoagulação (crioterapia): usa sonda que aplicada directamente sobre a ZT efectua a sua destruição por congelação a uma profundidade de 3-4 mm. Critérios de Selecção para a utilização dos Métodos destrutivos (54): Colposcopia • o estudo citológico não deve reportar células glandulares atípicas (12 meses) • A ZT deve ser completamente visível ao exame colposcópico Não valorizar Ambos negativos Qualquer Positivo Repete Citologia e HR-HPV Colposcopia Ambos negativos • À colposcopia não deve haver sinais que levantem suspeita de doença invasiva • não deve existir discrepância citologia e/ou colposcopia e/ou biópsia (histologia) • Deve existir sempre um diagnóstico histológico (preferível mais do que uma biópsia) (12 meses) • Possibilidade de follow-up Ambos negativos Rastreio (Oportunista/Organizado) 28 29 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO F. CONDUTA PERANTE UM TESTE DE HR-HPV POSITIVO E CITOLOGIA SEM ALTERAÇÕES 2. MÉTODOS EXCISIONAIS CONIZAÇÃO – com várias opções técnicas, tem como objectivo a excisão de fragmento de colo em forma de cone, em peça única, incluindo toda a lesão; a altura do cone deve ter em conta as características da JeC e a expressão da lesão no canal (22): Com o uso dos métodos excisionais para o tratamento das CIn1 têmse reportado lesões de CIn 2+ na peça operatória entre 18 a 55% (5859-60), pelo que o tratamento excisional deve ser preferido quando (52): • Idade superior a 35 anos • Discordância entre citologia/colposcopia/biópsia • Lesões extensas • Conização com ansa diatérmica: técnica económica e fácil de implementar, com a vantagem de poder ser efectuada em ambulatório, sob anestesia local. Tem como limitações as lesões mais extensas ou com maior expressão no canal cervical. De todas, é a que tem maiores efeitos flogísticos. • Conização com agulha diatérmica: com as mesmas vantagens da ansa diatérmica, mas mais versátil, permitindo excisão em peça única das lesões mais extensas ou mais altas no canal. • Conização com LASER CO2: método mais dispendioso, com maior curva de aprendizagem, mas com efeitos flogísticos mínimos na peça operatória. Tem como vantagem permitir o controle da excisão da peça operatória, quer em profundidade quer em largura. H. ATITUDES TERAPÊUTICAS NA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL (Diagnóstico histológico) • Lesão central • Persistência >2 anos • Doença recorrente • Impossibilidade de seguimento na concordância citologia/colposcopia/biópisa, a vigilância clínica regular deve ser o método terapêutico preferencial (18). Pode ser efectuada por citologia e colposcopia, a cada 6 meses, durante 2 anos, ou por citologia e teste de HPV, aos 12 meses. no caso de agravamento, a lesão deve ser tratada com método excisional. no caso de persistência, pode ser considerada a possibilidade de tratamento excisional(44). Terapêutica: Condiloma/CIN1 Colposcopia Satisfatória Vigilância* Tratamento Destrutivo - Idade <35 Anos - Concordância Citologia/ Colposcopia/Biópsia - Lesão pequena - Localização periférica - Não recorrente/persistente - Possibilidade de seguimento 1. Condiloma / CIN 1 (Nota: considera-se como condiloma todas as alterações histológicas associadas à infecção por HPV, sem displasia) no planeamento da atitude terapêutica da neoplasia intaepitelial grau I deve ser considerada a alta taxa de regressão espontânea da doença (55-56), a sua grande variabilidade diagnóstica entre ob- Colposcopia Insatisfatória Conização * Preferencial servadores (57), assim como o idêntico risco de progressão para CIn 2+, no espaço de 2 anos, entre doentes tratadas e não tratadas (37). 30 31 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO • Conização “a frio”: usa a lâmina de bisturi. Tem maior risco de hemorragia, mas obtém, geralmente, um cone de maior altura. A efectuar sob anestesia geral. não tem efeitos flogísticos. são desaconselhadas as seguintes atitudes para o tratamento das CIn 1(54): a. Destruição química da ZT (Podofilino, Ácido tricloroacético, etc.); b. Histerectomia total como tratamento primário; insatisfatória após a conização estão associadas à utilização de suturas hemostáticas (64), pelo que devem ser evitadas. baixo peso à nascença e prematuridade são complicações obstétricas associadas à realização da conização (65). Após a conização, existe risco acrescido de doença residual no colo restante, quando a margem apical do cone está afectada por CIn3 c. Tratamentos em grávidas e adolescentes. . no entanto, a indicação para reconização não tem a ver apenas com a positividade das margens, mas sobretudo com a possibilidade de recorrência. sendo assim, tem indicação para reconização apenas a presença de CIn 2 e CIn3 na margem apical nas doentes em que (54): numa revisão de 6 estudos (61), que incluíram 423 mulheres com CIn2 e CIn3 comprovada por biópsia, ficou demonstrada uma taxa de progressão de 20% (0-53%), uma taxa de persistência das lesões de 50% (15-96%) e uma taxa de regressão de 29% (4-67%), pelo que está aconselhado o seu tratamento. o método terapêutico a preferir deve ser a conização (mesmo com colposcopia satisfatória), que tem a vantagem de confirmar o diagnóstico, excluir doença invasiva oculta e permitir a avaliação do estado das margens cirúrgicas (54-62-63). 2. Citologia considerada não satisfatória para avaliação 3. Idade superior a 50 anos 4. Há evidência de lesão glandular no cone em estudo recente, a positividade para o Hr-HPV após o tratamento foi o factor mais importante para prever a persistência e a recorrência das lesões de CIn2 e CIn 3 no colo restante, seguido da lesão na margem apical do cone (68), pelo que pode ser consi- Terapêutica CIN2 e CIN3 Colposcopia Satisfatória 1. Colposcopia Insatisfatória derado o teste do Hr-HPV nestes casos. Colposcopia Insatisfatória Pode ser considerada a histerectomia total em mulheres que não desejam preservar a fertilidade, sem sinais sugestivos de invasão e na impossibilidade técnica de realizar a reconização. A histerectomia total está contra-indicada como tratamento inicial da CIn2-3. A conização prévia é obrigatória, mesmo nas mulheres com indicação para histerectomia por outra patologia benigna. Conização o sucesso terapêutico da conização só é conseguido quando as margens são negativas para lesão de alto grau. só é possível avaliar todas as margens em peça única (54). As complicações graves associadas à realização da conização são pouco frequentes (54). A estenose do canal cervical e a colposcopia 3. Adenocarcinoma in-situ o diagnóstico de adenocarcinoma in situ deve ser sempre efectuado em peça de conização (69). se considerada terapêutica conservadora, deve ser preferido método de conização com efeitos flogísticos mínimos ou ausentes (70-71). 32 33 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO (66-67) 2. CIN 2 e CIN 3 o tratamento preferencial do adenocarcinoma in situ do colo do útero deve ser a histerectomia total, dado o elevado risco da presença de adenocarcinoma in situ no colo restante, mesmo com margens negativas (70-73). I. ATITUDES TERAPÊUTICAS NA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL EM SITUAÇÕES ESPECIAIS 1. GRAVIDEZ o risco de progressão das lesões de CIn 3 para cancro é muito baixo nas grávidas e a taxa de regressão é elevada — 36% para as lesões de CIn1 e 48 a 70% para as lesões de CIn2 e CIn3 (74-75). nas lesões de CIn 2 e CIn 3, está aconselhada a vigilância colposcópica em cada trimestre da gravidez e a repetição do estudo citológico + colposcopia às 8 semanas após o parto (69). Terapêutica: Adenocarcinoma in situ 2. ADOLESCENTES Diagnóstico por biópsia Diagnóstico em Conização Conização com Estudo do endocolo restante Preservação de Fertilidade Sim Margens negativas Não Margens positivas As lesões de CIn1 são frequentes nas adolescentes (50) e têm alta taxa de regressão, especialmente nos 2 primeiros anos após o diagnóstico (76-77). As lesões de CIn2 nas adolescentes também são, muitas vezes, regressivas, pelo que a atitude expectante deve ser privilegiada (69). As lesões de CIn3 têm uma frequência e um comportamento biológico semelhantes às lesões encontradas nas mulheres mais velhas (78), mas dada a raridade do Carcinoma invasivo naqueles grupos etários, é aceitável a vigilância periódica (69). Reconização* Sem D. Residual Terapêutica: Condiloma/CIN1 ADOLESCENTES Com D. Residual Citologia (12 meses) Seguimento Histerectomia total** * Se possível ** Tratamento preferencial Considera-se lesão na margem: lesões de adenocarcinoma in situ ou escamosas de alto grau nas margens apical e lateral ou no endocolo restante. Negativa ASC-US/LSIL Citologia Citologia (24 meses) (24 meses) Negativa ASC-US + > LSIL Colposcopia Rastreio (Oportunista/Organizado) 34 35 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO o estudo do endocolo restante constitui um importante factor preditivo de doença residual (72), pelo que deve ser sempre efectuado. 3. MULHERES IMUNODEPRIMIDAS OU HIV POSITIVAS Terapêutica: CIN2 ADOLESCENTES Colposcopia Satisfatória não altera a conduta terapêutica (18). Colposcopia Insatisfatória J. SEGUIMENTO APÓS O TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS (6;12;18;24 meses) 1. Doentes com 40 anos ou mais à data do diagnóstico têm risco mais elevado de recorrência ou persistência da doença. Agravamento Aos 24 meses: Citologia e Colposcopia 2. As doentes com imunossupressão ou HIV positivas têm risco acrescido de recorrência ou persistência da doença. Persistência Ambas Negativas Conização 3. A maior parte das recorrência são diagnosticadas nos primeiros dois anos após a terapêutica Rastreio (Oportunista/Organizado) K. CONDUTA DE SEGUIMENTO APÓS A TERAPÊUTICA DAS NEOPLASIAS INTRAEPITELIAIS Terapêutica: CIN3 ADOLESCENTES Colposcopia Insatisfatória Colposcopia Satisfatória Citologia com Colposcopia (6;12;18;24 meses) Persistência 1. Condiloma / CIN 1: estudo Citológico aos 6 (após tratamento destrutivo ou excisional), 12 e 24 meses. se negativos, volta ao rastreio (18). em mulheres com idade >30 anos, o estudo citológico e Hr-HPV negativo aos 12 meses comporta risco negligenciável de neoplasia intraepitelial(79). neste caso, podem ser orientadas para o rastreio. não está esclarecido se a colposcopia em conjunção com o estudo citológico aumenta a acuidade para o diagnóstico das recidivas (80-81), pelo que o uso da colposcopia deve ser opcional. 2. CIN 2 e CIN 3 Regressão: Citologia e Colposcopia o seguimento das doentes tratadas por CIn 2 e CIn 3 deve ser prolongado, no mínimo, durante dez anos. Conização Citologia cada 12 meses estudo citológico + colposcopia aos 6, 12, 18 e 24 meses e depois citologia anual. Pode ser efectuado o teste de HPV aos 12 meses, porque se negativo dispensa o follow-up aos 18 meses (82). 36 37 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO no planeamento do seguimento das doentes tratadas de neoplasia intraepitelial do colo do útero, deve ser levado em consideração: Citologia com Colposcopia a. Histerectomia: estudo citológico da cúpula vaginal aos 6 e 12 meses e, depois, anual. b. Conização: estudo citológico + colposcopia + Hr-HPV aos 6 e 12 meses e, depois, citologia anual. c. Ponderar histerectomia após fertilidade. L. DETECÇÃO DE HPV DE ALTO RISCO (HR-HPV) o método até agora utilizado na prática clínica para a detecção dos Hr-HPV tem sido a Captura Híbrida 2. recentemente, foram estabelecidas as regras que permitem validar novos testes, sendo utilizado como gold standard a captura híbrida. os testes recomendados para este objectivo devem ter 14 tipos de vírus (12 tipos de HPV de alto risco: 16, 18, 31, 33, 45, 52, 58, 35, 39, 51, 56, 59, um HPV de “provável risco” — o 68 e um do grupo “possivelmente de alto risco” — o HPV 66). Até este ano, para se obter a identificação do HPV16 e do HPV18 era necessário o recurso a testes de genotipagem com capacidade de detecção de múltiplos vírus, entre os quais os de baixo risco, sem interesse para a prática clínica. está a ser introduzida uma nova gama de testes que permitem a identificação de 14 vírus de alto risco e que, em simultâneo, fazem a genotipagem parcial, detectando o HPV 16 e o HPV 18 e que aguardam validação (83). M. TÉCNICAS PARA A ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO DA NEOPLASIA INTRAEPITELIAL Tem-se assistido ao desenvolvimento de novas técnicas para a estratificação do risco da neoplasia intraepitelial do colo do útero, de entre as quais se destaca a genotipagem viral (84), a detecção por imunohistoquímica da expressão da proteína p16 (85), a pesquisa do rnA mensageiro do HPV de alto risco (86) e a elaboração de scores de risco de progressão (87). estas técnicas, apesar de promissoras, ainda não se encontram validadas para uso na prática clínica, pelo que não devem ser utilizadas para o diagnóstico, decisão terapêutica e vigilância das doentes, excepto quando integradas em estudos científicos. N. CONSIDERAÇÕES FINAIS As alterações que têm vindo a ser introduzidas nos algoritmos ao longo destes anos estão, obviamente, relacionadas com um melhor conhecimento da doença e da relação entre a infecção e o cancro. são disso exemplos o diferente modo de actuação nas adolescentes e a indicação de colposcopia em citologias normais quando é identificado o HPV 16. o aumento da complexidade dos testes para diagnóstico vai dificultar, num futuro mais ou menos próximo, o desenho de algoritmos com base em alterações morfológicas, citológicas ou histológicas. Hoje, ainda é fácil perceber que nos algoritmos propostos pelas diferentes organizações nacionais e Internacionais, quando se propõe um determinado seguimento com base num teste de HPV-Hr, que o teste de referência é a Captura Híbrida 2. na europa, é possível ter acesso a testes de HPV, desde que tenham marcação Ce e IVD. É fundamental que nos relatórios esteja identificado de forma inequívoca qual o teste que foi utilizado, que painel de vírus está incluído e saber qual a sensibilidade e especificidade do método que se está a utilizar. Um resultado negativo da Captura Híbrida nada tem a ver com o resultado negativo do PreTect HPV-Proofer (nucleosens HPV) (88). os objectivos destes dois testes são completamente distintos. É de prever que no futuro surjam tabelas em vez de algoritmos, em que, introduzidas as informações disponíveis, a que não será alheia a história clínica, seja possível obter a percentagem de risco de evolução para CIn2 ou 3. Terá, também, de haver uma decisão de qual o cut-off que separará o grupo de mulheres a vigiar (o tempo ainda continua a ser o grande marcador de prognóstico) daquelas a quem o bom senso manda actuar. Castle et al (89) sugeriram uma vigilância aos 2-3 anos para as mulheres com risco de desenvolver CIn2 ou 3 inferior a 2%; vigilância anual para o risco entre 2 e 10%. A bibliografia está plena de informações que vão neste sentido e, quiçá, mesmo no momento actual, essas informações podem ser úteis, nomeadamente nos cuidados individuais de saúde, para que haja coerência nas nossas atitudes. 38 39 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO 3. Adenocarcinoma in situ (69): retiramos alguns dados da bibliografia que ajudam a estratificar as doentes pelo risco de virem a desenvolver CIn2 ou 3 (89-90-91-92-93). Risco de desenvolvimento de ≥CIN3 em 10 anos: HPV 16 + Risco cumulativo de desenvolvimento de ≥CIN3 em 24 meses: HPV16 + 39,1% HPV 31 + 14,8 % HPV 59 + 0,0 % Risco de desenvolvimento de ≥CIN3 em 24 meses: LsIL Colposcopia: CIn1 10% a 15% Colposcopia sem alterações 10% a 15% AsC-Us HPV - < 2% LsIL HPV- AsC-Us HPV+ HPV16 - HPV18 + 13,6% HPV Hr + HPV 16 - e HPV 18 - 3% Risco de desenvolvimento de ≥CIN3 em 18 meses: HsIL ≥ 40% HsIL HPV + HPV + 6% Citologia normal HPV 16 + 14% Citologia bMD* HPV + 20% Citologia bMD* HPV 16 + 37% Citologia normal HPV 18 + > de risco, mas não quantificado > de risco, mas não HPV 31 + ou HPV33 + quantificado 60% Colposcopia sugestiva de ≥CIn3 Colposcopia a não identificar ≥CIn2 HsIL HPV+ HsIL HPV + Citologia normal Citologia bMD* < 2% 17,2% 80% 60% CIn1 (sem olharmos à citologia que o precede, é um risco < do que LsIL ou AsC-Us HPV +) CIn1 antecedido de HsIL já tem um risco aumentado de CIn3 Risco cumulativo de CIN2+ em três anos: Hr-HPV Positivo Hr-HPV Positivo 17% Hr-HPV Positivo Hr-HPV negativo 1% Hr-HPV negativo Hr-HPV negativo 0,5% HPV 16 Positivo HPV 16 Positivo 41% HPV 16 Positivo Positivo com exclusão do HPV 16 / 18 10% *borderline/mildly dyskaryotic (bMD) Risco de desenvolvimento de ≥CIN3 em 24 meses: AsC-Us HPV16 + 32,5 % LsIL HPV16 + 39,1 % AsC-Us HPV 16 - 8,4 % LsIL HPV 16 - 9,9 % 40 41 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DO COLO DO ÚTERO estamos a entrar a passos rápidos na era molecular e é fundamental aprendermos a lidar com as novas informações. Uma mulher com uma citologia normal, mas com uma infecção por HPV 16 tem indicação para colposcopia, mas se esta infecção persistir ao fim dum ano, o risco de ter CIn3 é equivalente ao de uma mulher com uma interpretação de HsIL na citologia – a questão não é “tratar vírus”, porque não têm tratamento, mas sim actuar de acordo com o risco elevado que essa informação representa. As lesões condilomatosas envolvem preferencialmente a vulva, o períneo e a região perianal e, mais raramente, a vagina e o colo do útero. são causadas por tipos de HPV de baixo risco, especialmente os tipos 6 e 11. Constituem a infecção sexualmente transmissível mais frequente e afectam, principalmente, jovens com idade inferior a 25 anos (74). 1. Prevenção Primária PArTe 2 InFeCÇÃo Por HPV e neoPLAsIA InTrAePITeLIAL DA VULVA E DA VAGINA o uso do preservativo masculino confere considerável protecção da doença, embora não total (94), pelo que deve ser aconselhado o seu uso nos jovens. A imunodeficiência e o tabagismo são factores predisponentes para a infecção. A vacina profilática quadrivalente contra o HPV tem mostrado alta eficácia na prevenção da doença. 2. Prevenção Secundária o tratamento dos parceiros sexuais não influencia a taxa de recidivas, porque estas devem-se à reactivação da infecção sub-clínica persistente, após o tratamento. 43 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA E DA VAGINA Consenso sobre Infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva A. CONDILOMAS 3. Formas Clínicas 7. Tratamento a. Condilomas acuminados que atingem cerca de 1% da população sexualmente activa. a. Médico, indicado para lesões limitadas em mulheres jovens i. Ácido tricloroacético a 70-80% b. Condilomatose sub-clínica, dez vezes mais frequente. ii. Podofilino (contra-indicado na grávida) 4. Evolução Clínica iii.Imiquimod (preferencial, mas contra-indicado na grávida após a 32ª semana) nos doentes imunodeprimidos, as lesões são crónicas, multifocais e recidivantes. b. Cirúrgico, indicado para lesões extensas e recidivantes i. Vaporização LAser Co2 (preferencial) ii. electrodiatermia iii.excisional (situações raras) 8. Prognóstico 5. Diagnóstico o diagnóstico dos condilomas acuminados é clínico. não se justifica estudo biópsico por rotina, devendo ser reservado para a suspeita de VIn. Independentemente do método utilizado, a taxa de recidivas é alta, cerca de 30%. o tratamento com Imiquimod parece ter um menor taxa de recidivas, entre os 13-16%. 9. Situações Especiais 6. Estudos complementares estudo citológico do colo do útero, excepto nas adolescentes, por risco acrescido de neoplasia intraepitelial cervical não está aconselhada anuscopia por rotina, devendo ficar reservada para a suspeita de lesões no anús e nas doentes imunodeprimidas. A vulvoscopia e a peniscopia, após a aplicação do ácido acético, não estão indicadas pela elevada taxa de falsos positivos (95), no entanto o uso do colposcópio permite identificar pequenos condilomas de difícil detecção. na presença de lesões condilomatosas extensas ou multifocais e recidivantes, deve ser pedida a serologia de outras infecções sexualmente transmissíveis: HIV-1, HIV-2, sífilis, Hepatite b e Hepatite C. a. na infância, a taxa de regressão espontânea é muita alta, pelo que está aconselhada a atitude expectante durante, pelo menos, 4 meses. na ausência de regressão espontânea, o tratamento destrutivo com LAser Co2 sob anestesia geral é o mais indicado. b. na grávida pode-se propor tratamento destrutivo até às 32 semanas e, se conveniente, até à 36ª semana. c. A cesariana electiva só está indicada na obstrução do canal de parto. B. NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA A neoplasia intraepitelial da vulva (VIn) é uma doença rara, mas com incidência crescente. em 2009, a IssVD passou a considerar apenas 2 tipos de VIn (96): VIn de tipo usual, relacionado com a infecção por HPV de alto risco e o VIn diferenciado, não relacionado 44 45 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA E DA VAGINA 30 a 60% dos condilomas acuminados regridem espontaneamente, especialmente nos jovens. em 20-50% dos casos tratados com sucesso persiste uma infecção sub-clínica. As lesões de VIn de tipo usual tendem a ser multifocais, e, em 66 a 100% dos casos, associadas à infecção pelo HPV 16 (98-99), enquanto as lesões de VIn diferenciado tendem a ser unifocais, não relacionadas com a infecção pelo HPV e localizadas na periferia de carcinomas epidermóides da vulva. surgem em áreas de hiperplasia das células escamosas associadas a líquen escleroso ou líquen plano e estão associadas a um potencial oncogénico significativamente mais elevado que o VIn de tipo usual. Diversos marcadores bioquímicos podem ser usados para diferenciar as lesões de VIn de tipo usual das do tipo diferenciado e do epitélio normal da vulva. os mais utilizados são a expressão da proteína p16, presente no VIn de tipo usual (100), o anticorpo MIb1, presente nas células basais do VIn de tipo diferenciado (101) e a imunoexpressão da proteína p53, que no VIn diferenciado demonstra uma extensão suprabasilar (102). 3. Apresentação Clínica o prurido vulvar crónico, com duração superior a 2 anos, é muito característico das lesões de VIn. raramente, a doença é assintomática. não existem aspectos macroscópicos patognomónicos das lesões de VIn, no entanto as lesões são frequentemente elevadas, papulares e, muitas vezes, pigmentadas. 4. Diagnóstico não está aconselhado o esfregaço das lesões para estudo citológico, porque não é específico e, em geral, não se relaciona com o diagnóstico histológico. não existem sinais vulvoscópicos específicos da doença. no entanto, a realização da vulvoscopia deve ser sempre efectuada, porque permite uma melhor demarcação das lesões e facilita a identificação da sua multifocalidade. não se recomenda a realização do teste de Collins, dada a elevada taxa de falsos positivos e de falsos negativos (104). Todas as lesões da vulva hiperqueratósicas, ulceradas, pigmentadas ou com padrão vascular à vulvoscopia devem ser liberalmente biopsadas. 1. Prevenção primária A vacina profilática quadrivalente contra o HPV mostrou-se muito eficaz na redução da incidência das lesões de VIn3 relacionadas com o HPV 16 (103). o aumento da incidência de lesões de VIn3 parece estar relacionado com o aumento dos hábitos tabágicos, pelo que este factor evitável deve ser combatido (35). 5. Estudos Complementares Dada a multicentricidade da neoplasia intraepitelial, na presença de um diagnóstico de VIn de tipo usual, está aconselhada a realização de: 2. Prevenção Secundária está aconselhada a pesquisa de outras infecções sexualmente transmissíveis, especialmente a serologia do HIV1 e HIV2. A valorização do prurido vulvar crónico pode levar ao diagnóstico mais precoce da afecção. • estudo citológico e colposcópico do colo do útero • Vaginoscopia • Anuscopia As doentes com imunodeficiência e, especialmente, as com serologia positiva para o HIV têm maior risco de VIn3. Uma vigilância mais cuidada pode conduzir a um diagnóstico mais precoce. 46 47 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA E DA VAGINA com a infecção pelo HPV, e que veio actualizar a classificação de 2004 (97). o VIn de tipo usual passou, assim, a englobar as lesões de VIn2 e VIn 3 de tipo condilomatoso, basalóide e misto. As lesões de VIn1 correspondem a lesões reactivas, sem carácter oncológico, pelo que o termo não deve ser considerado (97). Dado o elevado risco de progressão para carcinoma invasivo , todas as lesões de VIn3 devem ser tratadas. A finalidade do tratamento é a erradicação da doença com a menor morbilidade possível. (105) não existe evidência que o tratamento do líquen escleroso ou do líquen plano da vulva previna o desenvolvimento do VIn diferenciado ou do carcinoma invasivo da vulva (106), pelo que deve ser efectuada a excisão de todas as lesões suspeitas. associadas à multicentricidade, multifocalidade, presença de HPV de alto risco, infecção por HIV e margem de recessão inferior a 5 mm (108). 3 a 5% das recidivas surgem após os 5 anos de tratamento. 8. Seguimento A vigilância periódica das doentes tratadas de VIn 3 deve ser apertada (109-110): • 1ª avaliação ao fim do 1º mês de tratamento • de 2/2 meses até ao 6º mês os tratamentos podem ser: 1. Excisionais (lesões extensas e/ou suspeita de microinvasão) excisão alargada (bisturi; agulha diatérmica; LAser Co2) excisão alargada com enxerto cutâneo (skinning vulvectomy) Vulvectomia simples 2. Destrutivos (lesões limitadas, sem suspeita de microinvasão) Vaporização LAser Co2 Terapêutica Fotodinâmica 3. Combinados (destinados a reduzir deformação na vulva) Associam as técnicas de excisão com as destrutivas • 3/3 meses até ao fim de 2 anos • cada 6 meses, indefinidamente C. NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VAGINA A neoplasia intraepitelial da vagina (VaIn) é muito mais rara que a neoplasia intraepitelial do colo do útero e da vulva, correspondendo a 0,4% das doenças intraepiteliais do tracto genital inferior (111). o diagnóstico das VAIn é histológico e, por analogia à neoplasia intraepitelial do colo do útero, é dividido em 3 graus: VaIn 1; VaIn 2; VaIn 3. Apenas as lesões de VaIn 3 que representam 30% dos casos (112), têm risco oncológico bem definido e necessitam de tratamento agressivo. 4. Farmacológicos (lesões extensas, sem suspeita de microinvasão. Tentativa de redução das lesões com vista a terapêutica excisional e/ou destrutiva) Imiquimod (107) (resposta objectiva de 80%) não são aconselhados: aplicação local de interferon, isotretionina, 5-fluoracilo ou 2,4-dinitroclorobenzeno 7. Prognóstico As taxas de recidiva após a terapêutica são muito altas, superiores a 30%, e em mais de metade dos casos, surgem nos primeiros 6 meses. são independentes do método terapêutico utilizado, mas 1. Prevenção Primária A vacina profilática quadrivalente contra o HPV conferiu, num período de 3 anos, uma protecção de 100% em população de jovens sem prévia infecção pelo HPV16 e 18 e de 49% nos restantes casos (103). Cerca de ¾ das lesões de VaIn estão associadas a neoplasia intraepitelial do colo do útero e, em 8% dos casos, por extensão directa. outros factores de risco são: a infecção por HIV, a adenose vaginal e a neoplasia intraepitelial da vulva (113). 48 49 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA E DA VAGINA 6. Terapêutica 2. Prevenção Secundária 2. Destrutivos (Lesões focais sem suspeita de invasão; Recidivas) 3. Apresentação clínica A doença, em geral, é assintomática, mas pode manifestar-se por leucorreia e/ou coitorragias. • Vaporização LAser Co2 • A destruição excessiva da mucosa vaginal pode conduzir a complicações de difícil resolução. As lesões de VaIn1, em geral, são regressivas e, muitas vezes, de origem inflamatória. surge, habitualmente, no 1/3 superior da vagina e na cúpula vaginal de mulheres histerectomizadas por neoplasia intraepitelial do colo do útero. 7. Prognóstico 4. Diagnóstico 8. Seguimento A vaginoscopia é fundamental para o diagnóstico. A utilização do soluto de Lugol é obrigatória. Todas as lesões suspeitas devem ser biopsadas. A vigilância periódica das lesões de VaIn deve ser apertada e de forma indefinida, especialmente para as lesões de VaIn3. As recidivas de VaIn 3 são frequentes e surgem precocemente após a terapêutica. 5. Estudos Complementares na ausência de antecedentes de neoplasia intraepitelial do colo do útero, devem ser pesquisadas infecções sexualmente transmissíveis, especialmente a serologia para o HIV1 e HIV 2. 6. Terapêutica os tratamentos podem ser: 1. Excisionais (Lesões extensas e/ou suspeita de focos invasivos) • excisão alargada • Vaginectomia parcial • Vaginectomia total 50 51 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva INFECÇÃO POR HPV E NEOPLASIA INTRAEPITELIAL DA VULVA E DA VAGINA o estudo citológico da cúpula vaginal em mulheres histerectomizadas por neoplasia intraepitelial do colo do útero tem interesse no diagnóstico precoce da doença. Consenso sobre Infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva o diagnóstico da neoplasia intraepitelial do colo útero, vulva e vagina utiliza instrumentos com baixa sensibilidade e/ou especificidade, tais como o estudo citológico e a colposcopia. Por outro lado, a variabilidade inter-observador é alta, especialmente para as lesões intraepiteliais de baixo grau. situação análoga existe para a realização das técnicas terapêuticas, que são muito dependentes da experiência do operador, o que dificulta a estandardização das condutas e a avaliação dos resultados. A melhoria da acuidade diagnóstica e a redução da morbilidade das terapêuticas envolve, necessariamente, o controlo da qualidade e uma aposta na formação de todos os intervenientes. B. ESTUDO CITOLÓGICO os relatórios dos esfregaços citológicos devem seguir o sistema de bethesda de 2001 (42). não devem ser aceites relatórios com outras classificações. PArTe 3 FORMAÇÃO E QUALIDADE Sistema de Bethesda de 2001 especificar o tipo de amostra observada: Citologia convencional/Citologia líquida Qualidade da amostra 1. satisfatória para avaliação (com ou sem representação da zona de transformação e descrever outros indicadores de qualidade, inflamação, sangue, artefactos de fixação) 52 53 Consenso sobre infecção HPV e lesões in- Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva traepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE A. INTRODUÇÃO 2. Insatisfatória para avaliação (especificar motivo) Anomalias das células epiteliais 3. Amostra rejeitada ou não processada (especificar motivo) 1. Células pavimentosas atípicas de significado indeterminado (AsC): Categorização Geral 1. negativa para lesão intraepitelial ou malignidade 2. Anomalias das células epiteliais 3. outras (por exemplo: presença de células endometriais em mulher >= 40 anos de idade) • de significado indeterminado (AsC-Us) • não pode ser excluída HsIL (AsC-H) 2. Lesão pavimentosa intraepitelial de baixo grau – LsIL (inclui alterações por HPV/displasia leve/CIn1) 3. Lesão pavimentosa intraepitelial de alto grau – HsIL (inclui alterações por displasia moderada e grave, carcinoma in situ, CIn2 e CIn3) • Lesão pavimentosa intraepitelial de alto grau, sem excluir invasão Interpretação / Resultado negativa para Lesão Intraepitelial ou Malignidade 4. Carcinoma epidermóide (ou pavimento-celular) Microrganismos presentes: • Trichomonas vaginalis • organismos fúngicos morfologicamente consistentes com Candida spp • substituição na flora sugestiva de vaginose bacteriana Células glandulares atípicas de significado indeterminado - AGC (especificar endocervical, endometrial, ou NOS - não especificada) 1. Células glandulares atípicas, possivelmente neoplásicas (especificar endocervical, endometrial ou não especificada) • bactérias morfologicamente compatíveis com Actinomyces spp • Alterações celulares consistentes com infecção por vírus Herpes simplex 2. Adenocarcinoma endocervical in-situ (AIs) 3. Adenocarcinoma endocervical 4. Adenocarcinoma endometrial Outros achados não neoplásicos Alterações celulares reactivas associadas a: • Inflamação (inclui reparação atípica) • radiações • Dispositivo intrauterino • Células glandulares pós-histerectomia • Atrofia 5. Adenocarcinoma nos Outras neoplasias malignas NOTAS EDUCATIVAS E SUGESTÕES – opcional. As sugestões devem ser concisas e consistentes com orientações do acompanhamento clínico publicadas por organizações profissionais (referências a publicações relevantes podem ser incluídas). 54 55 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE 4. Amostra processada e examinada, mas insatisfatória para avaliação das anomalias epiteliais, devido a (especificar motivo) REVISÃO AUTOMÁTICA — se foi utilizada observação assistida automaticamente, deve ser referenciado. A citologia é o teste de rastreio preferencial, segundo as guidelines europeias, que estão em vigor desde 2008. É previsível que, quando for publicada a próxima edição, as recomendações, se alterem de forma significativa em consequência dos avanços científicos nesta área e dos resultados dos ensaios clínicos em curso. A sua publicação está prevista para 2011. A sensibilidade dum exame citológico isolado é reconhecidamente baixa, segundo a WHo, varia entre 50 a 60%, mas pode ser inferior. o número elevado de falsos negativos é consequência de múltiplos factores a diferentes níveis do processo, desde a colheita até à elaboração do relatório final. Como processo manual que é, tem variação da sensibilidade, de acordo com os intervenientes no processo. É fundamental a monitorização constante e, para isso, as condições ideais só se atingem em rastreio organizado com controlo de qualidade. nos cancros de intervalo, a auditoria faz parte dos procedimentos habituais, mas num cenário de rastreio oportunista com origem no médico de família, os laboratórios nem sequer têm acesso ao diagnóstico final dos casos interpretados como positivos, quanto mais à identificação dos falsos negativos. A eficácia da citologia na redução da mortalidade do cancro do colo, comprovada ao longo de anos, nomeadamente em rastreio organizado com ampla cobertura populacional, advém de ser repetida periodicamente. estão publicadas as orientações europeias para garantia de qualidade no rastreio de cancro do colo no referente aos laboratórios de executam o exame citológico. A introdução da citologia líquida traduziu-se numa melhoria dos resultados da citologia: A maioria dos estudos comparativos entre a citologia convencional e a citologia em meio líquido foram efectuados com o ThinPrep® e demonstraram melhores resultados globais com citologia líquida, evidenciados pela redução das citologias insatisfatórias, pela redução dos falsos-positivos e falsos-negativos, assim como pela menor divergência com os diagnósticos histológicos (114). existem comercializados diferentes métodos de citologia líquida, que diferem na composição do meio de transporte e na tecnologia de realização da lâmina laboratorial. os dois meios mais divulgados são o ThinPrep® e surePath®. A presença da escova no contentor do ThinPrep® é considerado um erro técnico. A citologia líquida permite a introdução dos sistemas automatizados de screening assistido, assim como a realização de testes de biologia molecular na mesma amostra. A associação da citologia ao teste de HPV faz com que a sensibilidade fique próxima dos 100%. É sabido que o co-teste (superPap) aumenta o número de casos referenciados para colposcopia (43). Das 3 opções possíveis de associação do teste de HPV à citologia: 1) Citologia seguido de HPV reflexo; 2) Teste de HPV seguida de citologia reflexa; 3) Co-teste (Citologia + Teste de HPV) — é este último que tem o VPn mais elevado (115). outra mais-valia da citologia líquida reside no facto de permitir a realização de exames complementares de imunocitoquímica e de biologia molecular, para estudo da infecção pelo HPV ou para a identificação de outros microrganismos, como é o caso da Chlamydia Trachomatis e da neisseria Gonorrheae, recorrendo ao volume residual da suspensão celular. A citologia em meio líquido deve ser o método preferencial para o estudo citológico do colo do útero. 56 57 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE TESTES AUXILIARES — se possível, incluir o resultado no mesmo relatório ou referenciar que existe um relatório complementar. É obrigatório identificar o teste utilizado e as referências técnicas embora os testes de HPV sejam mais objectivos e reprodutíveis do que os exames citológicos e colposcópicos, é importante a escolha dos testes usados para a prática clínica (116), sendo, apenas, recomendados testes com marca Ce-IVD, validados clinicamente, segundo as guidelines internacionais, que apontam a sensibilidade e especificidade clínica da captura híbrida como valor standard para um teste de HPV (117). no início da introdução da captura híbrida não existiam programas de controlo de qualidade externo, mas, actualmente, existem, sendo, por isso, recomendada a participação dos laboratórios num desses programas. É fundamental que tanto os clínicos, como os laboratórios, tenham consciência que estes testes têm por objectivo o rastreio do cancro do colo e não um estudo das infecções víricas, daí a importância da sensibilidade clínica e não da analítica, assim como da selecção dos vírus a incorporar nesses testes (118). Do ponto de vista clínico, o uso do teste de HPV tem que ser modelado pelo risco oncológico (119). D. COLPOSCOPIA A colposcopia é uma técnica diagnóstica do âmbito da Ginecologia, que deve ser acessível a todos os ginecologistas, mas praticada, apenas, por especialistas com treino pós-graduado nessa técnica (26-27-28). A colposcopia é inadequada como método de rastreio organizado (porque tendo boa sensibilidade para a detecção da neoplasia intraepitelial do colo do útero, tem baixa especificidade, com consequente número de biópsias desnecessárias). A técnica de realização da colposcopia deve ser rigorosa e incluir sempre: 1. remoção do muco com soro fisiológico e visualização do colo com filtro verde para avaliação da angioarquitectura capilar; 2. Visualização após aplicação de solução de ácido acético a 3-5% (mínimo 20 segundos); 3. Visualização após aplicação de soluto de Lugol a 50-60%. É obrigatório o registo imagiológico para comparação futura e facilitar auditorias. É obrigatório um relatório dos achados colposcópicos, de acordo com a classificação proposta, em 2002, pela Federação Internacional de Patologia Cervical e Colposcopia (120). Classificação da Federação Internacional de Patologia Cervical e Colposcopia Aspectos Colposcópicos 1. Normais O exame colposcópico pode ser utilizado em 3 condições: 1. Avaliação de um estudo citológico anormal (preferencial); 2. Avaliação de um colo do útero que macroscopicamente não parece normal; 1.1 epitélio pavimentoso original 1.2 epitélio Cilíndrico 1.3 Zona transformação 3. no rastreio oportunístico pode ser utilizado em conjunção com a citologia, com vista a aumentar a sua sensibilidade. 58 59 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE C. TESTE DE HPV 2. Anormais 2.1 epitélio aceto-branco fino 2.2 epitélio aceto-branco grosseiro Um exame colposcópico só fica completo com um diagnóstico que aponte para o tipo e gravidade da lesão em causa. este diagnóstico assume importância na correlação citologia / colposcopia / histologia. 2.3 Mosaico fino 2.4 Mosaico grosseiro Diagnóstico Colposcópico 2.5 Ponteado fino Colposcopia Normal 2.6 Ponteado grosseiro Zona de transformação típica 2.8 Iodo-negativa Colposcopia Anormal 2.9 Vasos atípicos Zona de transformação atípica minor 3. Sugestivos de Cancro Invasivo 4. Colposcopia Insatisfatória • superfície lisa com bordo externo irregular 4.1 Junção escamo-colunar (JeC) não visível • Alteração aceto-branca mínima, que aparece lentamente e desaparece rapidamente 4.2 Inflamação, atrofia, traumatismo • epitélio iodo-positivo ténue com coloração irregular ao iodo 4.3 Colo uterino não visível • Ponteado fino e mosaico fino e regular Zona de transformação atípica major 5. Miscelânea 5.1 Condiloma • superfície geralmente lisa, com bordo externo bem defindo 5.2 Queratose • Alteração aceto-branca densa, que aparece rapidamente e desaparece lentamente 5.3 erosão • orifícios glandulares com coloração aceto-branca densa 5.4 Inflamação • epitélio iodo-negativo amarelado 5.5 Atrofia • Ponteado grosseiro e Mosaico grosseiro, irregular 5.6 Deciduose 5.7 Pólipo Critérios de Invasão Classificação da Zona de Transformação 1. Tipo 1: Completamente visível e totalmente exocervical 2. Tipo 2: Completamente visível, com componente endocervical • superfície irregular erosiva ou ulcerada • Vasos atípicos •Associação de imagens (complexo colposcópico) 3. Tipo 3: não completamente visível, principalmente endocervical 60 61 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE exocolo Padrão 2.7 Coloração irregular ao Lugol não é admissível a biópsia do colo do útero em lesões infraclínicas, não orientada por colposcopia. É fundamental a introdução de padrões de qualidade para a prática da colposcopia, tais como os que foram sugeridos por benedet e colaboradores (121): 1. CIn na biópsia em, pelo menos, 80% dos casos 2. Concordância diagnóstica de CIn 2/3 em 70% 3. Complicações inferiores a 2% 5. Arquivo actualizado, se possível computorizado, dos exames e tratatmentos efectuados. 6. reuniões de discussão de casos clínicos. 7. Divulgação de resultados. 8. Participação em programas de ensino pré e pós-graduado em colposcopia. 9. Possibilidade de auditorias internas e externas. 10. Participação e colaboração na organização funcional de programas de rastreio organizado. 11. Formação e actualização médica em colposcopia. E. UNIDADES DE COLPOSCOPIA A nível hospitalar, os serviços devem organizar-se para estruturar unidades de colposcopia vocacionadas para o diagnóstico e para a terapêutica da neoplasia intraepitelial do colo do útero, da vulva e da vagina. Deve ser constituída por especialistas em Ginecologia com treino pós-graduado em colposcopia. o treino pós-graduado deve incluir ensino teórico e formação prática em unidade de colposcopia de referência. A Unidade de Colposcopia deve ter acesso fácil a um citologista/patologista dedicado à patologia do colo do útero, da vulva e da vagina. A correlação citologia-colposcopia-histologia deve fazer parte da formação contínua do colposcopista. A avaliação e a apresentação de resultados são considerados factores de qualidade das Unidades de Colposcopia. 12. Cumprimento de prazos para observação e tratamento. 13. Definição de casuística mínima que permita manter o treino. 14. Informação escrita para as doentes. 15. Avaliação do grau de satisfação das doentes. F. ESTUDO ANATOMO-PATOLÓGICO o resultado do estudo histológico das biópsias e das peças operatórias do colo do útero deve ser expresso, preferencialmente, segundo a classificação definida por richart, em 1968, para a neoplasia intraepitelial (123). A maioria dos médicos estão familiarizados com este sistema classificativo, que parece traduzir melhor o comportamento biológico das lesões. Classificação de Richart Foram propostos como padrões de qualidade das Unidades de Colposcopia (122): 1. existência de locais adequados para a realização da colposcopia e dos tratamentos. CIn1: neoplasia intraepitelial do colo do útero, grau 1 CIn2: neoplasia intraepitelial do colo do útero, grau 2 CIn3: neoplasia intraepitelial do colo do útero, grau 3 CIs: Carcinoma in situ 2. existência de locais adequados para a circulação dos doentes. 3. equipa de enfermagem treinada. 4. existência de protocolos escritos. 62 63 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE Achados colposcópicos da Vulva e Vagina A realização de biópsias deve obedecer a alguns princípios: 1. Confirmar sempre identificação da doente, data e hora da colheita. 2. evitar a distorção do epitélio. Usar pinças de biópsias de qualidade. 3. Assegurar a presença de estroma. 4. Fragmentos de lesões de várias localizações devem ser enviados ao laboratório em separado e devidamente referenciados. 5. se efectuada com ansa diatérmica, evitar o modo de coagulação. 6. se efectuada excisão da zona de transformação, referenciar segundo 0-12h. 7. se efectuada na vulva ou na vagina, evitar o enrolamento do fragmento. no relatório histológico do produto de biópsia deve ser referido: a) Avaliação do produto: número de fragmentos; maiores eixos; superficialidade (só epitélio) ou com estroma subjacente; representatividade ou não da ZT. b) Diagnóstico: Lesão principal, as lesões secundárias ou relacionadas, num ou em vários fragmentos. na peça de conização, as margens devem ser pintadas com tinta. Deve ser seccionada em cortes paralelos entre si, segundo a altura, e deve ser efectuada a sua inclusão total – procedimento recomendado. no relatório histológico da peça de conização deve ser mencionada: a) Avaliação da peça: Tipo; peça única ou em vários fragmentos; referenciação/ orientação da peça; medidas da base e altura (se esta for muito variável, referir a menor e a maior); estado das margens (sinais artefactuais) e soluções de continuidade; observação do exocolo, junção escamo-colunar e orifício endocervical externo. b) Diagnóstico: • Lesão ou lesões devidamente localizadas (lábio, hora, exocolo, ZT ou canal endocervical); o procedimento só é possível se a peça for devidamente orientada; • em caso de lesões de CIn3 / CIs, adenocarcinoma in situ ou lesões invasivas (T1a), avaliação da sua distância à margem ou margens mais próximas, referindo a presença ou ausência de epitélio nesse intervalo e lesões aí observadas; • no caso de lesões invasivas (T1a), avaliação da máxima profundidade de invasão e máxima extensão horizontal (TnM/FIGo – edição em vigor), devendo-se referir se a lesão se encontra num fragmento ou em vários (fragmentos sequenciais – nº de fragmentos x a sua espessura — ou descontínuos). • Avaliação das margens (exocervical, lateral/profunda, endocervical), referindo sinais artefactuais importantes, se estes condicionam a sua observação e a presença ou ausência de epitélio. É aconselhável o uso de checklists. 64 65 Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva Consenso sobre infecção HPV e lesões intraepiteliais do colo, vagina e vulva FORMAÇÃO E QUALIDADE Deficiente técnica de colheita, orientação da peça operatória e informação clínica dirigida ao patologista, podem condicionar falsos resultados do estudo anatomo-patológico. 1. Coleman n D; Day n; Doughlas G et al: european guidelines for quality assurance in cervical cancer screening. europe against cancer programme. eur J Cancer 29A suppl 4, s1-38, 1993 2. boyle P; Autier P; bartelink H et al: europe Code Against Cancer and scientific justification: third edition. Ann oncol 14, 973-1005, 2003 3. International Agency for research on Cancer. Cervix Cancer screening. IArC Handbooks of Cancer Prevention. Vol. 10. IArCPress, Lyon, 2005 4. Comentary on: statement on HPV DnA Test Utilization. DiagnosticCytopathology; 37: 471-747, 2009 5. 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