Os Atentados em
Londres
Resenha
Segurança
Tiago Cerqueira Lazier
01 de setembro de 2005
Os Atentados em Londres
Resenha
Segurança
Tiago Cerqueira Lazier
01 de setembro de 2005
Depois de Nova York, Washington, Madri e Turquia, Londres foi alvo de atentados
terroristas. Vários responsáveis já foram identificados pela polícia britânica, no entanto,
apesar de fita divulgada pelo grupo Al-Qaeda, a ligação deste ainda não está confirmada.
L
ondres foi a terceira cidade
européia a sofrer ataques após os
atentados em solo estadunidense,
em 11 de setembro de 2001, cuja autoria
provável seria o grupo Al-Qaeda. Em
menos de vinte dias esta cidade se viu
duas vezes sob ação terrorista. Analistas
dizem que no caso do segundo, os indícios
não parecem apontar para a Al-Qaeda.
No dia 7 de julho, às 8:50 da manhã, três
bombas
foram
detonadas
simultaneamente
dentro
do
metrô
londrino. Uma se encontrava no segundo
vagão do metrô saindo da estação Edward
Street; a explosão aconteceu quando outro
trem passava em sentindo contrário. Sete
pessoas foram mortas e quarenta feridas.
Outra bomba foi detonada dentro do túnel
conectando as estações de King’s Cross a
Ruseel Square, no segundo vagão de um
metrô com mais de novecentas pessoas
dentro. Vinte e sete foram mortas e
dezenas feridas. Por fim, uma bomba
explodiu no terceiro vagão do metrô que
se encontrava a cem metros da estação
Liverpool. Alguns passageiros conseguiram
escapar quebrando a porta com extintores
de incêndio. Oito pessoas foram mortas e
cento e dez feridas.
Uma hora depois, às 9:47 da manhã, uma
outra bomba foi detonada no segundo
andar de um ônibus que se encontrava
perto do local dos demais atentados.
Catorze pessoas foram mortas, dezenas
feridas. O balanço final alcançou o
número de cinqüenta e duas pessoas
mortas e setecentas feridas. A polícia foi
capaz de confirmar a identidade dos
quatro autores, a partir das imagens
gravadas em de fitas de segurança. Fotos
da estação Luton, onde os mesmos se
encontraram
momentos
antes
de
realizarem os atentados, foram divulgadas
pela imprensa.
Os quatros terroristas, mortos ao
praticarem o atentado, segundo a BBC,
possuíam uma vida comum. Hasib Mir
Hussain tinha 18 anos, cuja família se diz
chocada com seu envolvimento. Shehzad
Tanweer tinha 22 anos. Mohammad
Sidique Khan tinha 30 anos. Estes eram
britânicos. Germaine Lindsay, tinha 19
anos, nasceu na Nigéria e se converteu
para o Islamismo.
A polícia desconfia da ligação dos
terroristas com o Paquistão. Mohammad
Sidique Khan e Shehzad Tanweer
viajaram juntos para este país em 19 de
novembro de 2004, apesar de não se saber
o motivo da viagem, a família alega que
foram estudar sobre religião. Sabe-se que
Hasib Hussain viajou para o país no ano
de 2003. No dia 20 de julho, a polícia do
Paquistão deteve mais de 200 pessoas
acusadas de estarem ligadas aos ataques.
A cúpula do G-8 que se reunia na Escócia
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durante os atentados teve sua segurança
fortemente reforçada, no entanto não foi
ameaçada.
No dia 21 de julho, em uma nova
tentativa, a ação dos terroristas - que
acontece em um padrão semelhante - foi
frustrada, já que as bombas não
explodiram totalmente. Registraram-se
três incidentes no metrô e um no ônibus.
Todas foram acionadas ao mesmo tempo,
embora a explosão tenha sido pequena, foi
capaz de causar danos, mas ninguém saiu
ferido. Em todos os locais, as pessoas
próximas ao incidente, relataram um
barulho seguido de cheiro de borracha
queimada. Os quatros suspeitos que
fugiram
após
a
explosão
foram
identificados por câmeras e capturados
alguns dias depois. No dia 23 de julho
uma bomba não detonada foi encontrada
no parque Litlle Wormwood Scrubs.
Ibrahim Muktar Said e Ramzi Mohamed
foram presos em Londres, no dia 29 de
julho. Yassin Hassan Omar foi preso em
Birmingham, no dia 27 de julho. Hussain
Osman foi preso em Roma, na Itália, no
dia 29 de julho. Todos com exceção de
Hussain Osman - que será extraditado da
Itália para o Reino Unido até trinta e cinco
dias após aprovação da corte, que se deu
no dia 17 de agosto - estão sendo
processados por planejar e executar a
tentativa de matar passageiros do sistema
de transporte londrino. Manfo Kwaku
Asiedu, também capturado em Londres,
está sendo responsabilizado pela quinta
bomba encontrada. Até o momento, trinta
e nove pessoas foram presas e catorze
indiciadas, acusadas de ligação com os
atentados do dia 21 de julho.
Apesar da semelhança entre os atentados,
o Ministro britânico do Interior, Jack
Straw, afirmou que não foi encontrada
qualquer ligação entre os dois. Alguns
meses antes, França e Arábia Saudita
haviam avisado que o Reino Unido
poderia ser alvo de ataques terroristas.
No dia 22 de julho, policiais à paisana
mataram o eletricista brasileiro Jean
Charles de Menezes com oito tiros na
estação de metrô de Stockwell, confundidoo com um terrorista. O erro da Scotland
Yard foi divulgado no dia seguinte. Uma
extensa discussão se instalou na imprensa
e na sociedade britânica sobre a
possibilidade da polícia matar suspeitos
de terrorismo. Uma delegação brasileira
foi enviada a Londres para acompanhar a
apuração do caso. Recentes denúncias
feitas pela impressa britânica dizem que a
versão oficial da morte do brasileiro é
falsa. Segundo a TV britânica ITV, Jean
Menezes não estava usando casaco, não
carregava uma mochila, não pulou as
catracas, nem mesmo desobedeceu às
ordens dos policiais para parar. Quando
foi executado já estava imobilizado.
Em fita de vídeo divulgada, um dos
líderes do grupo terrorista Al-Qaeda, AlZawahri diz que a guerra foi levada para
solo europeu e novas ameaças foram
feitas. O vídeo está sendo investigado em
Londres e em Washington. Segundo
analistas, este não é suficiente para provar
a ligação deste grupo com os ataques do
dia 7 de julho. Na fita não se faz
reivindicação direta dos atentados, muito
embora vídeos do grupo raramente o
fazem. É verdade que a maneira como os
terroristas agiram se assemelha às ações
da Al-Qaeda, o que não implica
necessariamente em seu envolvimento
direto, podendo apenas ser fonte de
inspirações para outros terroristas. O fato
é que a mensagem está sendo interpretada
como uma tentativa oportunista do grupo
avançar sua agenda.
Em um outro vídeo gravado antes dos
ataques suicidas em Londres, divulgado
no dia primeiro de setembro, um dos
teorristas, Mohammad Sidique Khan, se
diz um soldado do islamismo, culpa a
população que suporta democracias que
subjugam seu próprio povo e diz que a
luta continuará até quando se sentirem
seguros. Este vídeo foi encontrado junto
com a gravação do líder Al-Zawahri.
Ainda não se sabe se o suicida sabia disso,
ou se a fita foi editada depois.
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Os atentados fomentaram uma série de
manifestações da imprensa e de líderes
políticos, levando ao povo britânico uma
mensagem de solidariedade, espanto e
necessidade de se combater o terrorismo
em todo o mundo. O presidente
estadunidense George W. Bush defende a
continuação da ofensiva contra a Al
Qaeda para que assim, o grupo não tenha
tempo para agir.
Apesar da maioria dos britânicos
acreditarem que a decisão do primeiro
ministro Tony Blair de ir para a guerra no
Iraque aumentou o risco de ataque
terrorista, o suporte político a sua posição
aumentou, segundo pesquisa feita nos
dias 23 e 24 de julho, divulgado pelo
jornal The Times.
Em Londres os metrôs continuam lotados
no horário de pico, mas as pessoas evitam,
na medida do possível, fazer compras no
centro. As estações apresentam inúmeros
avisos de segurança, os usuários estão
mais cautelosos e atentos. A utilização de
aviões pela população não foi afetada. O
medo atinge também os mulçumanos, que
temem ser vítimas de desconfiança e
preconceito. Segundo uma pesquisa
realizada pelo jornal The Guardian, dois
terços dos muçulmanos pensam em deixar
o país. Pesquisa publicada no Jornal
Médico Britânico diz que quase um terço
dos londrinos sofrem de estresse devido
aos atentados de julho. O centro de
desenvolvimento
de
Londres
está
oferecendo um tratamento para aqueles
envolvidos que sofreram algum tipo de
trauma. Em uma outra pesquisa realizada
pelo ICM pools, três quartos da população
estaria disposta a ceder direito civis em
troca de mais segurança.
a liberdade de expressão dentro de uma
democracia, alegando que muitos têm
aproveitado para desvalorizar a cultura
islâmica. Uma nova legislação contra o
terrorismo está em discussão no
parlamento.
Referência
Sites:
BBC: www.bbc.co.uk
BBC Brasil: www.bbc.co.uk/portuguese
Folha On-line: www.folhaonline.com
The Guardian: www.guardian.co.uk
The Times and Sunday Times On-line:
www.timesonline.co.uk
Veja: www.veja.com.br
Líderes mulçumanos se uniram contra a
proposta de fechamento de mesquitas
ditas extremistas, banimento de grupos
islâmicos e extradição de pessoas naturais
de países caracterizados por desrespeito
aos direitos humanos. Alertam para a
possibilidade de se formar uma subcultura dentro do Reino Unido. Defendem
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