“Amazônia e o direito de comunicar”
20 a 22 de outubro de 2011 - Belém/PA
Rádio pela Educação: a comunicação radiofônica nas
escolas do Baixo Amazonas paraense 1
Francisco César Sousa REGO2
Rosa Luciana Pereira RODRIGUES3
Lizandra Brasil de SOUSA4
Diocese de Santarém/Rádio Rural de Santarém-PA
Universidade Federal do Pará - UFPA
RESUMO
O Projeto Rádio pela Educação é uma iniciativa que se utiliza da comunicação radiofônica
para motivar a criação de ecossistemas educomunicativos em comunidades escolares da rede
municipal de ensino de Santarém, na Amazônia. Desenvolvido pela Rádio Rural de Santarém,
emissora da igreja católica local, o projeto envolve mais de 50 escolas municipais do ensino
fundamental, de comunidades rurais e urbanas do município, em ações que vão desde a
apresentação de um programa de rádio na emissora, que é ouvido nas salas de aula, até a
criação de rádios escolares nas unidades de ensino. O programa de rádio apresenta quadros
que contemplam a realidade da Amazônia, a voz das crianças e adolescentes, de professores e
comunitários, discutindo temas ligados à defesa dos direitos das crianças, meio ambiente,
saúde, entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: Rádio, Educação, Educomunicação
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta o relato de uma experiência com o uso do rádio em ambientes
educacionais em contextos amazônicos. É o Projeto Rádio pela Educação – PRPE,
desenvolvido pela Rádio Rural de Santarém (emissora da Diocese de Santarém), que existe
desde 1999 como uma proposta de dinamização na sala de aula e de espaço de expressão para
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Trabalho apresentado na II Conferência Sul-Americana e VII Conferência Brasileira de Mídia Cidadã – Belém/PA, no
período de 20 a 22 de outubro de 2011.
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Especialista em Língua Portuguesa; coordenador do Projeto Rádio pela Educação – Santarém/Pa; email:
[email protected]
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Jornalista, Mestranda em Ciências da Comunicação do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da
UFPA; ex-coordenadora do Projeto Rádio pela Educação; e-mail: [email protected]
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Acadêmica do Curso de Licenciatura Plena em Letras da Universidade Federal do Oeste do Pará; coordenadora do Projeto
Rádio pela Educação – Santarém/Pa; email: [email protected]
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os agentes das comunidades escolares envolvidas, principalmente as crianças e adolescentes
que são motivados a também serem protagonistas no processo educativo.
A sede central do projeto, e sua principal área de atuação, é o município de Santarém,
mas a experiência já foi desenvolvida em outros municípios da região, como: Belterra, Monte
Alegre e Juruti. Além disso, também sinaliza tentativas de reaplicação em outros estados.
O Rádio pela Educação foi inspirado em uma iniciativa primeira da Rádio Rural – as
Aulas Radiofônicas do MEB – Movimento de Educação de Base, também desenvolvidas pela
CNBB em outras regiões do país. O PRPE foi implantado com apoio do Unicef – Fundo das
Nações Unidas para a Infância – e hoje se sustenta por meio de parceria com a Secretaria
Municipal de Educação de Santarém e com a captação de recursos por meio de projetos para
ações pontuais. Tem como ação principal um programa de rádio que é direcionado a turmas
do ensino fundamental. A partir desse programa, outras ações são realizadas motivando
ambientes comunicativos nas comunidades escolares. Além disso, motiva a criação de rádios
escolares incentivando o desenvolvimento da expressão de professores, alunos e demais
agentes envolvidos pelas ações da escola.
Este relato apresenta as bases teóricas nas quais a experiência se fundamenta, a
metodologia aplicada, o desenvolvimento do processo, e ainda informações adicionais que
ajudam a conhecer melhor essa prática que, pelo rádio, se constitui como uma oportunidade
para o direito de comunicar no ambiente amazônico.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As atividades do Projeto Rádio pela Educação – PRPE – se baseiam nas concepções
de Paulo Freire, para quem a educação é um processo de comunicação e de informação, em
que o sujeito é protagonista de sua história, capaz de interagir, dialogar, relacionar com o
outro e de desenvolver seu senso crítico, afirmando que “a educação é comunicação, é
diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos
interlocutores que buscam a significação dos significados” (FREIRE, 1985, p. 46).
As ações do PRPE também seguem o pensamento de Mikhail Bakhtin de que o sujeito
comunica-se por gêneros do discurso – orais e/ou escritos –, nos quais os principais sujeitos
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da comunicação – emissor e receptor – dialogam entre si como sujeitos ativos e dinâmicos na
composição da linguagem humana, sendo esta dialógica por excelência, não havendo a
possibilidade de abordá-la sem considerar este ponto fundamental. Os “gêneros”, para o autor,
referem-se aos enunciados que o sujeito emprega nas situações comunicativas do dia-a-dia.
A perspectiva do trabalho desenvolvido pelo projeto Rádio pela Educação também
está em consonância com as discussões do Núcleo de Comunicação e Educação da
Universidade Estadual de São Paulo – NCE/USP, que chegou à Educomunicação, definida
pelo professor Ismar de Oliveira Soares (2007) como:
“conjunto de ações voltadas para o planejamento e a criação de ecossistemas
educomunicativos, abertos e criativos, envolvendo comunidades, empresas e escolas
em programas destinados a ampliar a capacidade de expressão dos sujeitos sociais,
tornando-os capazes de analisar suas próprias práticas comunicativas, bem como a
produção da indústria cultural”. (SOARES Apud GUIA, 2011. p.153)
Com base nessas reflexões, o PRPE promove o pensamento freiriano na prática
educomunicativa que realiza, buscando traduzir metodologicamente o pensamento de
Bakthin, já que este pensador influenciou grandemente as concepções de ensino de Língua
Portuguesa no Brasil, havendo nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino (PCN)
citações que o reportam como essencial para a prática docente dos educadores de língua
materna. Tendo os gêneros do discurso – gêneros textuais para Marcuschi (2005) –, como
objeto de ensino na Escola, o PRPE intenta facilitar o acesso a essas concepções.
É a partir dessas concepções que o PRPE desenvolve seu trabalho, tendo a mídia rádio
como um dos recursos didáticos, buscando envolver escola e comunidade em um processo
educomunicativo, no qual o docente além de educador torna-se comunicador.
Marciel
Consani (2007) apresenta, em seu livro “Como Usar o Rádio na Sala de Aula”, subsídios
comuns para definir a missão entre educador e comunicador, dos quais citamos cinco:
preservar e ampliar os saberes constituídos; manter a coesão do tecido social; fortalecer o
estado de direito; melhorar a relação interpessoal; melhorar a relação intrapessoal.
Nesse sentido, a metodologia desenvolvida pelo Projeto Rádio pela Educação busca
transformar o espaço escolar num local democrático em que os sujeitos envolvidos sejam
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capazes de encontrar seus espaços pessoais, profissionais e sociais, e ao mesmo tempo,
tornem-se cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
MÉTODOS, TÉCNICAS
O Projeto Rádio Pela Educação é composto por um conjunto de ações estratégicas
realizadas como passos específicos, concomitantes e contínuos para a sua implementação
no(s) município(s). Estas ações estratégicas básicas se articulam com outras ações agregadas,
formando o conjunto metodológico do projeto. Apresentamos abaixo o detalhamento de cada
ação estratégica, com a descrição dos passos necessários à sua realização:
1ª Ação estratégica: Programa Para Ouvir e Aprender e Audição nas Escolas
O Programa de Rádio Para Ouvir e Aprender é veiculado pela Rádio Rural de
Santarém às segundas, quartas e sextas-feiras, nos horários de 7h30 às 8h e de 14h05 às
14h35. Durante trinta minutos, o programa leva para a sala de aula 14 sessões alternadas, que
contemplam a realidade da Amazônia, a voz das crianças e adolescentes, professores e
comunitários e temas ligados à defesa dos direitos das crianças, meio ambiente, entre outros.
Para a produção, pesquisamos (na comunidade local, na internet, e em outras mídias)
notícias, temas, acontecimentos e ações ligadas à educação, à infância e à adolescência, meio
ambiente, etc, para serem veiculados no “ar” como matéria fundamental para a formação
cidadã dos educandos. Essas pesquisas se transformam nos quadros do programa, elaborados
com linguagem específica para a compreensão dos educandos que também fazem parte da
apresentação. Destacamos ainda a atuação dos repórteres do projeto que visitam as escolas e
comunidades para entrevistar alunos, professores, moradores, líderes comunitários, artistas
locais, autoridades, etc. O programa é gravado, passando pelo trabalho de edição e revisão das
matérias antes de ir ao ar, sendo um recurso pedagógico alternativo que o professor dispõe
para dinamizar a aula.
As sessões (ou quadros) do programa são as seguintes:
1. Sonho do aluno – um momento em que crianças e adolescentes podem falar de seus
sonhos, expectativas, esperanças; 2. Sessão de Leitura – são histórias, lendas, causos e
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contos contados por alunos/as, professores/as, pais, mães, comunitários/as e arteeducadores/as – espaço que estimula a criatividade e a leitura; 3. Correio do aluno – as
cartas dos/as alunos/as que são enviadas para o projeto e que são lidas no programas.
Os alunos falam da escola, da comunidade, elogiam, reclamam, reivindicam e
mandam alô para seus amigos. 4. Correio do Professor – os/as professores/as também
têm esse espaço no qual podem falar de suas experiências. A carta do professor é lida
no ar por algum convidado ou mesmo pelo/a seu/sua autor/a quando é possível fazer a
gravação. 5. Busca Ativa – divulgação de ações que transformam a vida da escola e da
comunidade; é o espaço de propagar as boas experiências desenvolvidas; 6. Entrevista
com o/a professor/a – os/as professores/as soltam a voz, falando de seus desafios e
sucessos; 7. Entrevista com o/a aluno/a – crianças e adolescentes contam sobre suas
vidas na escola e na comunidade; 8. Jornal Informativo – notícias e informações da
escola, da comunidade e da infância; a linguagem é adaptada aos educandos –
apresentada por dois adolescentes; 9. Reportagem Especial – uma produção sobre
determinado tema ou evento com depoimentos diversos; 10. Rede de Repórteres –
espaço dedicado às matérias dos repórteres educativos que falam sobre suas
comunidades; 11. Radionovela – crianças, adolescentes e convidados gravam novelas
radiofônicas sobre temas diversos ligados à educação e à infância; 12. Sessão Debate –
discussões sobre temas ligados à infância, à educação e à cidadania. Do debate
participam crianças e adolescentes. 13. Sessão com especialista – conversa sobre
determinado tema com alguém que pode dar informações mais específicas; 14. Sessão
Pedagógica – A cada programa toca uma música ou se lê um texto com dicas
pedagógicas para estimular as discussões e atividades após o programa (PROJETO
RÁDIO PELA EDUCAÇÃO, 2008, p. 10).
2ª Ação estratégica: Produção do Guia Pedagógico do Professor
O Guia Pedagógico do Professor contém gêneros textuais (músicas, fábulas, texto
teatral, etc.) que são veiculados na Sessão Pedagógica do programa Para Ouvir e Aprender.
Esta sessão foi a primeira a ser pensada pelos idealizadores do projeto, porque serviria como
“carro chefe” para as demais sessões do Programa. No Guia Pedagógico, encontramos
sugestões de atividades didático-pedagógicas para se trabalhar os referidos gêneros textuais
com as turmas nas escolas. Este material é produzido em parceria com instituições locais de
Ensino Superior, envolvendo educadores, pesquisadores e acadêmicos.
3ª Ação estratégica: Capacitação dos Professores
Nesse passo, orientamos os professores para a utilização do programa de rádio como
instrumento pedagógico na sala de aula, tendo como suporte o Guia Pedagógico. Também é
um momento de ouvirmos sugestões dos educadores para a troca de experiências e
desenvolvimento de novas metodologias de ensino, tendo o rádio como recurso.
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4ª Ação Estratégica: Rádios Internas em Escolas
Esta ação acontece a partir dos seguintes passos: 1º) Identificar as escolas interessadas
e aptas a receberem o projeto de rádios internas;
equipamentos necessários;
2º)
Adequar
as
escolas
com
os
3º) Capacitar equipes de professores, técnicos e alunos das
escolas que desenvolverem o projeto, através de oficinas específicas que unem a proposta da
rádio escolar com a inclusão digital. As programações dessas rádios internas acontecem em
horários definidos pela comunidade escolar. Pode-se aproveitar o recreio e/ou datas especiais
para a escola fazer os programas de rádio, envolvendo toda a comunidade escolar (alunos,
professores, técnicos, pais e/ou lideranças da comunidade). O processo de seleção dos
alunos/educadores que participam da rádio escolar deve ser orientado por critérios e passos
conduzidos pela própria comunidade escolar. Cabe à equipe do projeto Rádio pela Educação
fazer a capacitação continuada dos envolvidos nas rádios escolares.
Ações Agregadas
Encerramos este tópico, ressaltando que o PRPE, ao longo de 12 anos, agrega outras
ações em parceria com outras instituições que atuam na área da infância e adolescência.
Destacamos, como exemplo, a realização do Projeto Prêmio das Crianças do Mundo – The
Word’s Children’s Prize For The Rights Of The Child (WCPRC), organizado em mais de 100
países pela organização sueca não governamental Childrens Word. Este projeto acontece na
Amazônia desde o ano de 2004 e é articulado através do Rádio pela Educação juntamente
com a(s) Secretaria Municipal de Educação parceira(s). A ação envolve mais de 200 escolas,
anualmente, em uma Votação Mundial pelos Direitos da Criança e do Adolescente.
Outra parceria existente é com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente que possibilita participação em campanhas que utilizam o espaço do rádio para
mobilização e divulgação dos direitos da criança e dos adolescentes.
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DESCRIÇÃO DO PROCESSO
Vamos explicar o processo do PRPE apresentando como o projeto se desenvolve a
partir da participação dos agentes envolvidos na experiência.
Num primeiro momento, destacamos a produção do Guia Pedagógico que direciona a
produção do programa de rádio e o uso que os professores e alunos fazem da experiência na
comunidade escolar. O guia reúne conhecimentos teóricos e experiências na prática docente,
além dos aspectos técnicos e vivenciais da comunicação. Na produção desse guia são
envolvidos diversos agentes que contribuem para o resultado final: pesquisadores das áreas da
linguagem e da pedagogia (com os aportes teóricos), professores e técnicos em educação
(com suas experiências), comunicadores (com o processo comunicacional), crianças (com
suas cartas e desenhos para ilustrar o material), enfim, um conjunto de agentes que ajuda a
nortear o desenvolvimento da experiência do rádio na sala de aula.
Depois do guia, vamos ao programa de rádio. Este toma como principal referência o
Guia Pedagógico que apresenta o gênero textual que estará em destaque na principal sessão
(quadro) do programa – a Sessão Pedagógica – e as sugestões de atividades que os professores
podem desenvolver na escola. Depois, na montagem da pauta, outros elementos são
inspiradores na decisão dos conteúdos e demais quadros que o programa vai ter: datas
comemorativas (dia da educação, dia da saúde, dia do meio ambiente, etc), assuntos em
destaque na sociedade (eleições, eventos, campanhas, etc), e os contextos mais específicos das
escolas/comunidades envolvidas no projeto que são apreendidos de várias formas (repórteres
do projeto vão às escolas/comunidades conversar com alunos, professores, comunitários;
repórteres mirins mandam reportagens das suas escolas/comunidades; crianças, professores e
pais escrevem cartas para o programa ou vão à sede do projeto conversar com a equipe). Esses
elementos são levados aos diversos quadros (ou sessões) do programa de rádio.
Depois de sabermos como acontece na produção, vamos continuar vendo o
desenvolvimento da experiência, mas agora a partir da escola. Primeiro, vemos como se dá na
sala de aula e depois como envolve a comunidade escolar.
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Na sala de aula, nos dias em que tem o programa de rádio, professores e alunos
iniciam suas atividades ouvindo o programa. Antecipadamente, os professores olham o guia e
preparam o ambiente de acordo com as sugestões. Uma das ações que é mais frequente é a
apresentação do gênero textual da Sessão Pedagógica na lousa para que os alunos possam
copiar em seus cadernos. Há outros professores que fazem fotocópias e distribuem aos alunos.
Após o programa, a dinâmica acontece de acordo com cada professor, com cada
realidade. Se o gênero textual é notícia, por exemplo, os professores podem pedir aos alunos
que relatem fatos ocorridos na comunidade ou mesmo que os escrevam; se for um texto
teatral, pode ser organizada uma representação teatral para apresentar na escola; se for uma
quadrinha, os alunos podem ser motivados a produzem seus próprios versinhos; enfim, podem
ser diversas as formas de desenvolvimento.
Os professores também usam assuntos das demais sessões para desenvolver atividades
de produções dissertativas, de gramática, de semântica e de outras propostas da disciplina de
Língua Portuguesa, além de debates e discussões em sala sobre temas relevantes como
direitos das crianças, questões ambientais, cuidado com a saúde, cidadania, entre outros.
Quanto ao envolvimento do conjunto da comunidade escolar, destacamos que não só
professores e alunos são envolvidos com a experiência. Inicialmente, ressalta-se que o
programa de rádio pode ser ouvido por todas as pessoas que sintonizarem a emissora. Então, a
família dos alunos pode ouvir em casa, os gestores educacionais também acompanham, as
lideranças comunitárias, etc. Além de ouvir o programa, esses agentes também têm espaço
fazendo parte de entrevistas, reportagens e demais quadros, de acordo com as temáticas em
evidência. Eventos da comunidade geral e atividades e projetos desenvolvidos nas escolas são
divulgados e geram discussões conjuntas. Esses agentes fazem parte da comunidade escolar e
também são envolvidos com a dinâmica da experiência do PRPE.
Essa descrição teve a referência das atividades do projeto com o programa de rádio em
sala de aula. Mas também há outra atividade (iniciada em 2008) na qual, o PRPE motiva a
implantação de rádios escolares. Nessa ação, a equipe do PRPE, por meio de projetos
financiados, doa equipamentos às escolas e ajuda na capacitação de professores e alunos para
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o uso da rádio escolar. Algumas produções gravadas nas escolas também são divulgadas no
programa Para Ouvir e Aprender.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Para se compreender a dimensão da experiência, algumas informações adicionais são
apresentadas neste relato:
-Quanto aos números: de acordo com o relatório de 2010 do PRPE, as atividades do
Rádio pela Educação (tanto com o programa de rádio quanto com a ação das rádios escolares)
envolvem 57 escolas da rede municipal de Santarém, sendo 12 situadas na zona urbana e 45
na zona rural; 505 professores e nove mil 651 alunos.
-Quanto aos resultados: projeto motivador de experiências de rádios nas escolas
municipais e estaduais de Santarém que começaram a vivenciar o uso do rádio nas atividades
pedagógicas; exemplo de projeto educomunicativo com o rádio no Programa Mídias na
Educação (Governo Federal) que atua na capacitação de professores de todo o país;
reconhecimento como tecnologia social – prêmio nacional da Fundação Banco do Brasil; e a
tentativa reaplicação da experiência, com adaptações, no estado do Paraná.
-Alguns desafios: a sustentabilidade do projeto – a instituição realizadora carece de
recursos financeiros e humanos para o desenvolvimento do projeto; grande extensão
geográfica das áreas envolvidas pelo projeto, entre outros que acabam inibindo o
acompanhamento mais próximo e os avanços da iniciativa;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência do Rádio pela Educação no município de Santarém vem se consolidando
como uma possibilidade de se tornar política pública na área da educação, considerando seu
tempo de execução, seus resultados e o reconhecimento que extrapola os limites locais.
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A cidadania é o mote principal do projeto que envolve seus agentes em processos
geradores de ecossistemas comunicativos primando pelo diálogo e pela participação conjunta
dos sujeitos em movimentos transformadores das realidades amazônicas no que se refere ao
direito de expressão.
São doze anos em execução na Amazônia e o PRPE representa uma oportunidade
reconhecida de acesso ao direito de comunicar a várias pessoas que moram em comunidades
distantes, no meio das florestas, às margens dos rios, em especial, professores e alunos.
Nesses espaços há carência das novas tecnologias, inclusive, com lugares onde não há nem
energia elétrica. Então, a mídia rádio acaba sendo o meio de comunicação mais acessível às
populações locais que tem muito a dizer, muito a partilhar de suas práticas culturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSANI, Marciel. Como usar o rádio na sala de aula. São Paulo: Editora Contexto, 2007.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 8ª. Ed (trad. Darcy de Oliveira). São Paulo: Paz na
Terra, 1985. Acervo digital da Biblioteca Central da UFPB.
GUIA PEDAGÓGICO DO PROFESSOR. Vol. 9. Diocese de Santarém/Projeto Rádio pela Educação.
Santarém: Gráfica e Editora Tiagão, 2011.
PROJETO RÁDIO PELA EDUCAÇÃO - Fortalecimento do “Para Ouvir e Aprender” e criação de
rádios internas em escolas municipais do baixo amazonas (apresentado ao projeto Criança Esperança).
Santarém, 2008.
_____________________. Relatório de atividades. Santarém, 2010.
SOARES, Ismar de Oliveira. Potencial Pedagógico. In: Revista Onda Jovem: comunicação
– a contribuição das mídias à educação juvenil. Nº 08. São Paulo, 2007.
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