IV SEGUNDA-FEIRA 16 NOV 2015 | | Dia Nacional do Mar EMEPC promove investigação em Portugal A formação de uma equipa de pilotos nacional que assegura a operação e a manutenção do ROV Luso, um equipamento único no país, com capacidade para mergulhar até 6.000 metros de profundidade, representa um dos principais marcos atingidos pelo projecto. Mapa com o projecto de extensão da Plataforma Continental. Aumentar a soberania marítima nacional em 2 milhões de quilómetros quadrados Portugal submeteu às Nações Unidas um pedido para a extensão da plataforma continental. Se for aprovada, Portugal será um dos maiores países do mundo, com quase 4 milhões de km², e um território marítimo 40 vezes superior ao terrestre. A extensão da plataforma continental, prevista na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, visa aumentar o território marítimo sob jurisdição dos Estados costeiros e resulta da interpretação e aplicação de conceitos jurídicos, através da aquisição de dados técnico-científicos (hidrografia, geologia e geofísica) que permitem definir o limite da plataforma continental de Portugal além das 200 milhas marítimas medidas a partir da linha de costa correspondentes à Zona Económica Exclusiva. É dentro deste espaço que os Estados costeiros possuem direitos de soberania para fins de exploração, conservação e administração dos recursos naturais existentes na coluna de água, solo e subsolo marinho, sendo também este o território onde se pode pescar. Em 11 de Maio de 2009, Portugal submeteu a sua proposta de extensão da plataforma continental à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLCS). Foi a 44.ª registada num total actual de 77 submissões. Atendendo ao número de dias de trabalho por ano que a CLCS, através das suas várias subcomissões, dedica à avaliação das propostas apresentadas, é expectável que“a apreciação da submissão portuguesa tenha início em 2016 ou 2017”, diz Aldino Santos de Campos, responsável pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), ao Negócios em Rede. No entanto, dada a complexidade e a extensão do dossiê relativo à submissão portuguesa, bem como a constituição de uma nova CLCS a ser eleita em Junho de 2017,“é possível que o início da apreciação da proposta nacional só ocorra após esta data”. 92.000 km² de território português emerso. 1.600.000 km² de fundo marinho da Zona Económica Exclusiva (ZEE). 2.150.000 km² da plataforma continental situada para lá ZEE. Aldino Santos de Campos salienta que a área de extensão além das 200 milhas marítimas reclamada por Portugal (acima dos 2 milhões de km2) representa a segunda mais extensa do conjunto das propostas submetidas individualmente por outros Estados costeiros. De referir que o início deste processo de apreciação da proposta por parte da CLCS em nada depende da vontade do Estado, mas da sequência da entrega das propostas e da capacidade de resposta da CLCS face ao volume de trabalho decorrente das apreciações. A duração média dos processos de apreciação das submissões tem sido de dois anos. Questionado sobre a probabilidade de a resposta de ampliação da plataforma continental ser aprovada, o nosso interlocutor refere que a EMEPC tem trabalhado desde 2009 no reforço desta fundamentação, justificando o pedido com dados de hidrografia, geofísica e geologia, enquadrada pelo Direito Internacional, considerando “haver elevada probabilidade de serem positivas as recomendações a emitir pela Comissão de Limites da Plataforma Continental”. A submissão do pedido de extensão da plataforma continental é só uma fase do reconhecimento da capacidade científica desenvolvida para sustentar o pedido realizado à Comissão de Limites da Plataforma Continental. O sucesso da extensão da plataforma continental assenta na capacidade de Portugal em desenvolver investigação e inovação tecnológica aplicada aos oceanos. Essa investigação “deve continuar a privilegiar a criação e o desenvolvimento de massa crítica que permita valorizar os recursos naturais existentes e compreender os serviços prestados pelos diferentes ecossistemas marinhos”, afirma Aldino Santos de Campos, responsável da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC). Segundo ele, a componente de investigação é privilegiada na componente de formação profissional, através da formação de mestres e doutores, assim como em alguns projectos desenvolvidos na instituição, com particular ênfase no projecto de extensão da plataforma continental, na construção de uma base de dados de apoio à decisão sobre a biodiversidade marinha do mar português e nas actividades de literacia sobre o oceano.“Nestes domínios temos publicado vários trabalhos em revistas científicas de renome internacional com a apresentação de resultados em congressos nacionais e internacionais da especialidade.” Cooperação com as universidades A EMEPC mantém uma relação estreita com as universidades portuguesas pelo facto de ter acesso a meios e dados que representam um investimento avultado que resulta das campanhas oceanográficas realizadas no âmbito dos seus objectivos. De acordo com a Resolução “ A nossa plataforma continental tem uma profundidade média superior a 3.500 metros o que constitui desde logo um desafio tecnológico para mapear, amostrar e monitorizar as diferentes áreas do fundo marinho português. ALDINO SANTOS DE CAMPOS Responsável da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC) do Conselho de Ministros, a EMEPC deve promover o desenvolvimento de projectos de investigação e desenvolvimento orientados para a exploração dos dados e informação obtidos pelo projecto de extensão da plataforma continental, bem como reforçar o corpo científico nacional promovendo a realização de programas de formação avançada, nomeadamente em sistemas de informação geográfica (SIG), geologia, geofísica e direito internacional público. “Levamos a cabo estes objectivos com a cedência de dados e de meios que colocamos ao serviço das universidades e dos investigadores no geral”, conclui Aldino Santos de Campos.