ANOREXÍGENOS:
controle rígido ou proibição de seu uso?
Amanda Pauliane Alves Moreira *
Elias Borges do Nascimento Júnior **
RESUMO: A obesidade é considerada um problema de saúde pública que associada à comorbidades gera custos aos sistemas de saúde. O seu tratamento
consiste em mudanças de estilo de vida, relacionados a hábitos alimentares e atividades físicas. O uso de medicamentos pode ser considerado, quando os
resultados não são satisfatórios com as medidas não farmacológicas. O tratamento farmacológico com anorexígenos de ação central, por muito tempo foi visto
como uma opção terapêutica duvidosa e sujeita a inúmeras críticas. Isso se deve ao uso abusivo e irracional que levou a necessidade de criação de medidas
regulatórias com o intuito de aumentar o controle sobre os anorexígenos e atualmente passam por problemas regulatórios no que diz respeito à eficácia e
segurança em longo prazo, motivando a decisão da ANVISA de retirada de três anorexígenos do mercado e manutenção da sibutramina com restrições.
PALAVRAS- CHAVE: Obesidade; Anorexígenos; Uso irracional; Controle; Retirada.
INTRODUÇÃO
alimentares e exercícios físicos (MANCINI, HALPERN, 2006).
A obesidade é considerada um problema de saúde pública
Segundo Coutinho 2009, os anorexígenos são indicados jun-
mundial, por se tratar de uma doença crônica de genética com-
tamente com os hábitos saudáveis de vida, a pacientes que
plexa, associada a várias comorbidades e acompanhada de
apresentam índice de massa corporal (IMC) superior a 30 kg/
morbimortalidade principalmente por doenças cardiovascula-
m2, ou quando morbidades estão associadas ao sobrepeso
res (PINHEIRO, FREITAS, CORSO, 2004; REPETTO, RIZZOLLI,
(IMC acima de 25 kg/m2) e que não obtêm resultados satisfató-
BONATTO, 2002). O seu crescimento tem alcançado propor-
rios apenas com medidas não farmacológicas.
ções epidêmicas, e gerado altos custos para os sistemas de
No processo de indicação, devem ser consideradas ca-
saúde. No Brasil, o custo anual da obesidade e doenças liga-
racterísticas importantes dos anorexígenos, tais como: reações
das a ela, é de quase R$ 1,5 bilhão, valor que inclui internações,
adversas no sistema nervoso central, cardiovascular e elevado
consultas e medicamentos (LAMOUNIER, PARIZZI, 2007).
potencial para síndrome de abstinência, abuso, dependência e
A obesidade é resultante de fatores ambientais e genéti-
tolerância (BEHAR, 2002).
cos. Além desses fatores, a doença está relacionada a aspec-
Os anorexígenos que vinham sendo mais utilizados no Bra-
tos socioculturais, marcados pela idealização de magreza, em
sil eram: a anfepramona, femproporex, mazindol e sibutramina
que, principalmente as mulheres, almejam e contrariam as ne-
(CARNEIRO, JÚNIOR, ACURCIO, 2008). O uso desses medica-
cessidades nutricionais do corpo, buscando alternativas para
mentos sempre esteve envolvido com erros de prescrição, uso
perder peso (ALVES et al., 2009; BERNARDI, CICHERELO, VI-
irracional e abusivo, além de desvalorizar métodos convencio-
TOLO, 2005).
nais de tratamento, como as dietas hipocalóricas, exercícios fí-
Diante dessa situação, a busca por métodos mais rápidos
sicos e terapias comportamentais (MANCINI, HALPERN, 2002).
e “milagrosos”, na visão dos pacientes, é algo necessário e fun-
O Brasil sempre se destacou como um dos maiores con-
damental na busca do corpo magro (MELO, OLIVEIRA, 2011).
sumidores de medicamentos anfetamínicos, chegando a um
Entre esses métodos estão os fármacos anorexígenos, que
consumo de 23,6 toneladas anuais (MELO, OLIVEIRA, 2011).
inibem o apetite, causando sensação de saciedade, e conse-
Em relatório divulgado pela Junta Internacional de Fiscalização
quentemente contribuem para redução do peso (FLIER, FLIER,
de Entorpecentes (JIFE) em 2005, foi identificado além do uso
2009).
abusivo, erros relacionados à venda sem prescrições e o des-
O tratamento farmacológico deve ser baseado em um
vio das substâncias de locais de fiscalização (ANVISA, 2005).
diagnóstico médico que avalie profundamente o paciente
Com o consumo elevado dos anorexígenos, tornou-se
quanto ao tipo de obesidade, presença de doenças contraindi-
indispensável aprimoramento de ações de vigilância sanitária
cadas, possibilidade de desenvolvimento de efeitos adversos,
com o propósito de aperfeiçoar o controle e a fiscalização na
e que identifique mudanças impróprias relacionadas a hábitos
venda dessas substâncias que podem causar danos a saú-
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 203
de, estabelecendo normas mais rigorosas para a prescrição
Diretrizes clínicas do tratamento da obesidade, nos sites da As-
mediando seu comércio, por meio de um acesso mais racional
sociação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
(CARNEIRO, JÚNIOR, ACURCIO, 2008). A criação das medidas
Metabólica (ABESO), e outros artigos publicados em revista de
regulatórias possibilitou um acesso maior aos medicamentos
sites acadêmicos.
por via lícita, por meio das prescrições (MELO, OLIVEIRA, 2011).
Além de problemas com uso irracional, recentemente os
OBESIDADE
anorexígenos foram questionados quanto à indicação clínica,
A obesidade é uma doença crônica, definida com base no
reavaliados por estudos sobre eficácia e segurança, com resul-
índice de massa corporal (IMC), que é obtido pela divisão da
tados satisfatórios de redução de peso em curto prazo e pouca
massa corporal (quilogramas – kg) pelo quadrado da estatura
manutenção por longo tempo, além do aparecimento de vários
(metros ao quadrado– m²). O sobrepeso ocorre em indivíduos
efeitos adversos graves que dificulta seu uso clínico (MANCINI,
que apresentam IMC entre 25,0kg/m² e 29,9kg/m². São conside-
HALPERN, 2002; NADVORNY, WANNMACHER, 2004; PAUM-
rados obesos os pacientes com IMC igual ou superior a 30,0kg/
GARTTEN, 2011).
m², na seguinte gradação: obesidade moderada entre 30,0kg/
Desta forma, o presente artigo tem como objetivos levantar
m² e 34,9kg/m²; obesidade severa entre 35,0kg/m² a 39,9kg/m²;
questionamentos sobre o aumento do controle na venda e pres-
e obesidade muito severa (mórbida) acima de 40,0kg/m² (FLIER,
crição com normas complementares, que restrinjam o uso dos
FLIER, 2009).
anorexígenos a pacientes com elevado grau de risco de obesidade, restringindo também a prescrição a médicos especia-
A prevalência da obesidade aumenta de forma rápida e
listas no assunto de modo a conter o uso danoso e irracional,
consideravelmente, atingindo 1,7 bilhão de indivíduos no mundo
considerando o uso contínuo somente se eles forem seguros
inteiro (ERLANGER, 2008; LI, CHEUNG, 2009). No Brasil, dados
e eficazes, assim como analisar a decisão da Agência Nacio-
mais recentes mostram que 12,5% dos homens e 16,9% das
nal de Vigilância Sanitária (ANVISA) de proibição do uso, com
mulheres de um total de 188 mil brasileiros de todas as idades,
manutenção apenas da sibutramina. Além disso, pretende-se
são considerados obesos (RADOMINSKI et al., 2010).
ressaltar as consequências do uso indiscriminado, reforçando a
importância do uso racional desses medicamentos.
A obesidade pode acarretar inúmeras comorbidades, como:
resistência a insulina, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, dislipidemia, doenças biliares,
MÉTODO
apneia do sono, osteoartrites e certos tipos de câncer. Além de
O método utilizado na pesquisa consistiu em uma revisão
complicações, a obesidade está associada a um aumento de
bibliográfica realizada em um período compreendido entre o
50 a 100% no risco de morte por todas as causas, principal-
mês de agosto e meados de setembro de 2011.
mente cardiovasculares, em relação aos indivíduos mais magros
Para a pesquisa foram utilizados os livros: Harrison Medici-
(FLIER, FLIER, 2009). A doença leva a morte de 2,5 milhões de
na Interna e Farmacologia Clínica da Lenita Wannmacher, dis-
indivíduos por ano no mundo todo. Nos Estados Unidos, é a se-
poníveis na biblioteca do Centro Universitário Newton Paiva, nas
gunda causa de morte, com 300.000 óbitos anuais (ERLANGER,
edições mais recentes. Os artigos utilizados foram localizados
2008; FLIER, FLIER, 2009).
em sites acadêmicos, como PUBMED e BIREME que incluiu as
Os gastos com a obesidade e suas complicações são bem
bases de dados LILACS, SCIELO e MEDLINE e utilizou-se como
elevados. No Brasil o custo anual é de quase R$ 1,5 bilhão. Des-
palavras chave: anorexígenos, anfetaminas, aspectos sociais,
se valor, 600 milhões são provenientes do governo via Sistema
obesidade, anorectics, obesity e sibutramine, respectivamente.
Único de Saúde, e representa 12% do orçamento gasto para
Após a leitura de seus resumos para verificar se contemplavam
tratar as doenças decorrentes da obesidade (LAMOUNIER, PA-
o tema abordado, foram selecionados 40 artigos, dos quais 23
RIZZI, 2007). Nos Estados Unidos, os gastos são bem mais rele-
foram incluídos neste trabalho.
vantes chegando a cerca de US$ 50 bilhões por ano (FELIPPE,
Também foram utilizadas, notícias, documentos, relatórios,
SANTOS, 2004).
regulamentações e portaria no site da ANVISA, Conselho Fede-
O crescimento global da obesidade, assim como o seu
ral de Farmácia (CFF), Conselho Federal de Medicina (CFM) e
desenvolvimento em um determinado indivíduo, é resultante de
outras entidades nacionais relacionadas à questão dos medica-
uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais
mentos.
(PINHEIRO, FREITAS, CORSO, 2004; TROMBETTA, 2003).
Outras pesquisas foram realizadas, buscando notícias e
A fisiopatologia da obesidade consiste num aporte calóri-
204 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785
co maior que o gasto energético efetivo (CARNEIRO, JÚNIOR,
macológico sozinho mostra ser insuficiente em pacientes com
ACURCIO, 2008). O quadro de balanço energético positivo, ou
obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²); ou sobrepeso (IMC≥ 25 kg/m²) na
ganho de peso está relacionado às mudanças no estilo de vida,
presença de comorbidades (COUTINHO, 2009).
caracterizadas por uma alimentação rica em gorduras, açúca-
Tanto o tratamento farmacológico quanto o não farmacoló-
res, alimentos industrializados e redução da atividade física,
gico, muitas das vezes, proporcionam modesta e gradual perda
configurando um ambiente marcado pelas sociedades contem-
de peso em torno de 5 a 10 %, portanto essa perda é capaz de
porâneas (WANDERLEY, FERREIRA, 2010).
reduzir de forma significativa às doenças ligadas à obesidade,
Segundo Popkin et al.(1993), citado por Wanderley e Ferrei-
(COUTINHO, 2009; NADVORNY, WANNMACHER, 2004) visto
ra (2010, p.187) as mudanças nos padrões de alimentação e ati-
que o objetivo do tratamento da obesidade não é apenas reduzir
vidade física,
o peso, mas, além disso, é prevenir ou atenuar a morbidade as-
“se correlacionam com mudanças econômicas,
sociais, demográficas e relacionadas à saúde decorrentes do
sociada ao excesso de peso (PAUMGARTTEN, 2011).
Os medicamentos que já foram aprovados para o tratamento
processo de modernização mundial”. O consumo de alimentos industrializados também é de
da obesidade são: os anorexígenos derivados de anfetaminas;
grande responsabilidade das indústrias alimentícias, que inves-
e catecolaminérgicos anfepramona e femproporex; derivado tri-
tem cada vez mais em publicidade, marketing e propaganda,
cíclico mazindol e representante do grupo catecolaminérgico/
motivando a sociedade a adquirir seus produtos. As indústrias
serotoninérgico a sibutramina que de acordo com a RDC n° 52,
de consumo estimulam a venda dos alimentos através da mídia,
ainda se manterá no mercado (RADOMINSKY et
al., 2010).
ao mesmo tempo em que a mídia impõe à sociedade um padrão
estético corporal a ser seguido (FELIPPE, SANTOS, 2004).
HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS ANOREXÍGENOS
Todavia, em uma sociedade representada por obesos, a fal-
Os anorexígenos anfepramona, mazindol e femproporex
ta de vontade de muitos para se submeter aos ideais de magre-
foram os primeiros fármacos aprovados para o tratamento da
za é grande, entregando-se cada vez mais ao prazer compulsivo
obesidade, introduzidos no mercado mundial há cerca de 50
de comer. Do mesmo jeito, se encontra uma sociedade preo-
anos, tendo, portanto um longo histórico favorável de uso (MU-
cupada com o corpo e a aparência física associada ao magro,
RER, 2010). Já a sibutramina foi aprovada em 1998 pelo Food
caracterizada pela negação da ingestão de alimentos (ALVES
and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano regula-
et al., 2009).
Conforme afirma Alves
et al., (2009, p.4) “na atualidade,
sobretudo na cultura ocidental, o conceito de beleza está associado à juventude, corpo magro e atrativo para as mulheres;
e, corpo volumoso e musculoso para os homens”.
mentador de medicamentos, e registrada no Brasil em março
de 2008, sendo o medicamento mais comercializado entre os
demais emagrecedores (COUTINHO, 2009).
O Brasil sempre esteve entre os principais países consumidores desses medicamentos, seguido dos Estados Unidos
Diante disso é normal que as pessoas queiram atingir esse
e Argentina. No período entre 2002 e 2004, o Brasil registrou
ideal de beleza, pois a rejeição da sociedade pelos obesos é
um consumo diário de 9,1 doses de anorexígenos por grupo de
bastante observada. Aqueles que não conseguem chegar a
mil habitantes, superando o consumo dos EUA (7,7 doses diá-
esse padrão corporal sofrem muito, ocorrendo, quase inevitavel-
rias definidas) e Argentina (6,7 doses diárias) por mil habitantes
mente, o desenvolvimento de transtornos alimentares, sentimen-
(UNODC, 2006).
tos de inferioridade, baixa autoestima, depressão, entre outras
psicopatologias (ALVES, et
al., 2009).
Em relatório divulgado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) em 2005, foi relatado um aumento
Por razões estéticas e para melhorar a qualidade de vida, as
de 500% no consumo dos anorexígenos desde 1998. O relatório
pessoas buscam tratamentos de redução de peso. A estratégia
aborda também a venda ilícita dos medicamentos em farmácias
primária de redução de peso consiste em terapias comporta-
sem devida licença de funcionamento, onde a venda é realiza-
mentais, orientação dietoterápica e aumento de atividade física
da também pela internet, e sem prescrições médicas (ANVISA,
(LI, CHEUNG, 2009). As terapias comportamentais baseiam-se
2005).
em técnicas de ajuda, usadas para melhorar e reforçar os novos
Os anorexígenos são fármacos que atuam no sistema ner-
comportamentos alimentares e de atividade física (MANCINI,
voso central, suprimindo o apetite e, assim, reduzindo o peso.
HALPERN, 2006).
Deveriam ser indicados somente a pessoas com obesidade
Como auxiliares das medidas não farmacológicas, medi-
mórbida, porém o uso não se limita somente na condição clíni-
camentos também são indicados quando o tratamento não far-
ca. Os anorexígenos estão também relacionados ao uso instru-
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 205
mental e recreacional (MURER, 2010) como, por exemplo, em
com ação no sistema nervoso central ou no sistema endócrino.
mulheres que, pela insatisfação e preocupação com o corpo,
A resolução n° 1477, de 11 de julho de 1997, do Conselho
fazem uso de forma abusiva dos medicamentos por meio da
Federal de Medicina, veda aos médicos a prescrição simultânea
automedicação e até mesmo por indicação médica (MELO, OLI-
de anfetaminas com benzodiazepínicos, diuréticos, laxantes,
VEIRA, 2011); por caminhoneiros profissionais que procuram
hormônios ou extratos hormonais, substâncias simpatolíticas ou
reduzir o sono e o cansaço em percursos de longa distância
parassimpatolíticas. É ainda proibido a prescrição, dispensação
(NASCIMENTO, NASCIMENTO, SILVA, 2007); por estudantes
e aviamento desses medicamentos, seja em preparação sepa-
que querem permanecer alertas para estudarem muitas horas
rada ou na mesma preparação,
sem dormir, e atletas que utilizam como doping nos esportes.
O uso para tais finalidades se explica pelos seus efeitos esti-
que contenham esse tipo de associação para o uso exclusivo do tratamento da obesidade (CFM, 1997).
mulantes capazes de deixar a pessoa ligada e mais disposta,
Conforme a RDC n°58, de 5 de setembro de 2007, da ANVI-
além de aumentar a capacidade física dando força para praticar
SA, os medicamentos podem ser dispensados para tratamento
esportes. (MURER, 2010).
igual ou inferior a 30 dias. As doses diárias máximas permiti-
A prescrição dos medicamentos para fins de emagrecimen-
das para finalidade exclusiva de tratamento da obesidade eram:
to há muito tempo foi percebida como uma prática comum entre
femproporex 50,0 mg/dia, anfepramona120,0 mg/dia e mazindol
os médicos brasileiros, apesar das tentativas legais visando coi-
3,0 mg/dia.
bir o uso (NAPPO et al.,1994). A prescrição é um ato legal apro-
Já a RDC nº25, de 1 de julho de 2010, determina a dose
vado pelas autoridades sanitárias, o problema envolvido com
diária máxima de sibutramina permitida de 15 mg, podendo ser
ela está nas irregularidades de preenchimento por parte dos
dispensada quantidade correspondente a, no máximo, 60 dias
prescritores, e dispensação pelos estabelecimentos farmacêu-
de tratamento (ANVISA, 2010)
ticos, contribuindo para o uso irracional (CARNEIRO, JÚNIOR,
ACURCIO, 2008).
Outra medida implantada, com o propósito de fortalecer o
controle no consumo e venda dos medicamentos foi a imple-
O consumo elevado e abusivo dos medicamentos emagre-
mentação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos
cedores levou a necessidade de efetivação de medidas regula-
Controlados (SNGPC), publicado na resolução RDC nº. 27, de
doras que possibilitam um maior controle sobre a venda e pro-
30 de março de 2007, que possibilitou a interligação de dados
porcionam o uso racional de tais substâncias, de modo a evitar
referentes ao transporte e comércio em toda a cadeia produtiva
o uso danoso que os anorexígenos podem causar (CARNEIRO,
da indústria ao consumidor final (ANVISA, 2007).
JÚNIOR, ACURCIO, 2008).
Em 2010, o SNGPC divulgou dados do número de pres-
De acordo com a Portaria N° 344 do Ministério da Saúde, de
crições dos anorexígenos, totalizando 4.416.790 prescrições,
12 de maio de 1998, os medicamentos anfepramona, fempro-
incluindo medicamentos industrializados e manipulados. Pode
porex e mazindol estão incluídos na lista, “B2”, de substâncias
ser visto uma redução no valor total das prescrições quando
psicotrópicas anorexígenas (BRASIL, 1998).
comparados com o ano de 2009, cujo número era de 4.909.208
A Resolução RDC n° 13 de 26 de março de 2010 da ANVISA
receitas. A redução maior ocorreu com a sibutramina, mesmo
foi alterada e mudou a substância sibutramina, que antes esta-
que ainda se destaque como a mais consumida (ANVISA<a>,
va presente na lista “C1” (outras substâncias sujeitas a controle
2011).
especial), para a lista “B2” (psicotrópicas), para que esta substância tenha um controle de venda mais rígido (ANVISA, 2010).
Mesmo considerando as melhorias já implantadas no processo de controle na venda dos anorexígenos os riscos “conti-
A notificação de receita ”B2” (ANEXO 1, p.22), carimbada e
nuam existindo” para os pacientes que ainda os utilizam. Eles
preenchida de forma legível pelo vendedor e paciente, é retida
podem provocar reações indesejáveis no sistema nervoso cen-
na farmácia ou drogaria no ato da compra. É importante ressal-
tral, cardiovascular e gastrintestinal. Além disso, eles possuem
tar que a receita é numerada e solicitada pelo médico à Vigilân-
um elevado potencial para abuso, dependência, tolerância e
cia Sanitária, que cabe conceder ou não a quantidade solicitada
abstinência (BEHAR, 2002).
(BRASIL, 1998).
Devido ao alto potencial para dependência e tolerância,
De acordo com a Resolução n°273, de 30 de agosto de
os anorexígenos não são recomendados para tratamentos que
1995, do Conselho Federal de Farmácia, é proibida a manipu-
ultrapassem 8 a 12 semanas (CARNEIRO, JÚNIOR, ACURCIO,
lação de fórmulas magistrais, que contenham, em sua formula-
2008). Apenas a sibutramina foi aprovada para uso prolongado
ção, anorexígenos associados entre si ou a outras substâncias
(>12meses), por ser considerada mais segura, sem potencial
206 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785
para abuso e dependência (FLIER, FLIER, 2009). A utilização
naram a retirada dos anorexígenos anfepramona, femproporex
desses medicamentos por longo período poderia ser justificada,
e mazindol e passaram a ser questionados quanto à segurança
desde que fossem seguros e efetivos para o paciente que apre-
pulmonar e outros riscos. Os países europeus não utilizam es-
senta grau de risco elevado de obesidade, associada a outras
ses medicamentos desde 1999.
doenças, e que houvesse um acompanhamento médico regular
que intervisse no modo de uso (MANCINI, HALPERN, 2006).
Já a sibutramina não apresenta histórico associado a anormalidades valvulares ou hipertensão pulmonar (LI, CHEUNG,
Atualmente, os anorexígenos têm sido questionados quanto
2009). Geralmente os efeitos adversos provocados por ela são
à efetividade em longo prazo. Até hoje, nenhum estudo clínico
mais brandos, mais tolerados e de duração menor, quando
controlado e randomizado, envolvendo um número grande de
comparado com os anorexígenos noradrenérgicos, nos quais
pacientes, demonstrou que eles produzem benefícios à saúde
incluem; dor de cabeça, boca seca, insônia e prisão de ventre.
por um longo período. Embora causem perda de peso maior
A preocupação maior com seu uso, está relacionado a risco car-
nas primeiras semanas de tratamento, em torno de 0,2 kg por
diovascular, que inclui aumento da pressão arterial e frequência
semana, a redução de peso atribuível aos anorexígenos é em
cardíaca, em que uma dose de 10 a 15 mg/dia, pode levar a um
geral modesta, e uma recuperação parcial de peso ocorre quan-
discreto aumento da pressão de 2 a 4 mmHg, e na frequência
do eles são usados por período superior a um ano. Além disso,
cardíaca de 4 a 6 bpm (FLIER, FLIER, 2009).
em quase todos os casos, a perda de peso alcançada com ini-
Diante suspeitas de riscos cardiovasculares, a Agência
bidores de apetite é revertida, quando o tratamento é interrom-
reguladora de medicamentos da Europa (EMA), sugeriu ao fa-
pido e não são mantidas mudanças nos hábitos alimentares e
bricante Abbot (EUA), um estudo a longo prazo em que fosse
atividade física. Assim a terapia poderia ser justificada, se hou-
avaliado o efeito da sibutramina, associada a dieta e atividades
vesse necessidade de perder peso em curto prazo, como por
físicas sobre a morbimortalidade cardiovascular (CATERSON et
exemplo, antes da cirurgia bariátrica (DOUGLAS, MUNRO, 1982;
al., 2010).
MANCINI, HALPERN, 2002; PAUMGARTTEN, 2011).
O estudo denominado de SCOUT (Sibutramine Cardiovas-
A sibutramina é a única que vem demonstrando benefí-
cular Outcomes), que teve duração de 6 anos, foi um estudo
cios em longo prazo. Associada à dieta, induz a uma perda
randomizado, duplo-cego controlado por placebo, envolvendo
de peso, em torno de 5 a 9% inicial até 12 meses, e manuten-
10.744 pacientes com sobrepeso ou obesidade, com história de
ção por no máximo 2 anos em uso do medicamento (FLIER,
doença cardiovascular, diabetes mellitus tipo 2 ou ambos. Antes
FLIER,2009). Também está relacionada com a melhora de
da fase duplo cego, randomizado, os pacientes foram submeti-
fatores de riscos bioquímicos como: glicose plasmática, he-
dos a um período de seis semanas de testes preliminares, sim-
moglobina glicada, triglicerídeos, colesterol total, lipoproteína
ples cego recebendo 10 mg de sibutramina por dia. A perda de
de baixa densidade (LDL), e lipoproteína de alta densidade
peso média com a sibutramina durante o período de 6 semanas
(HDL) (LI, CHEUNG, 2011).
foi de 2,6 kg, e após a randomização foi alcançada e mantida
Além da questionável efetividade, os anorexígenos podem
uma redução de peso em média de 1,7 kg adicionais aos 12 me-
não ser seguros e provocar vários efeitos adveros importantes,
ses. Após este período ambos os grupos, sibutramina e placebo
como insônia, ansiedade, euforia, depressão, tremor, dor de
tiveram um aumento limitado no peso, mas a perda de peso
cabeça, episódios psicóticos, convulsões, palpitações, taqui-
alcançada foi mantida em grande parte ao longo do estudo (du-
cardia, hipertensão, dor torácica, arritmias, e reações menos
ração média de 3,4 anos). A pressão arterial e frequência cardí-
intensas como boca seca, náusea, vômito, dor abdominal,
aca diminuíram nas 6 primeiras semanas de teste em ambos os
diarreia e constipação (BEHAR, 2002). Entre os anorexígenos,
grupos, com reduções maiores no grupo placebo que sibutra-
o mazindol e a sibutramina são os que apresentam menos efei-
mina (diferença média 1.2/1.4mmHg) e (2.2/3.7batimentos por
tos grave e menor potencial para abuso, por não apresenta-
minuto). O risco de um evento de desfecho primário, que incluiu
rem relação com anfetamina (FLIER, FLIER, 2009; NADVORNY,
infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, ressuscitação
WANMACHER, 2004).
após parada cardíaca, e morte cardiovascular foi aumentada em
Casos de hipertensão pulmonar e valvopatias cardíacas já
16% no grupo sibutramina em comparação ao grupo placebo,
foram relatados com o uso de derivados anfetamínicos, como é
com incidência global de 11,4% e 10% nos dois grupos, res-
o caso da fenfluramina e dexfenfluramina que foram retiradas do
pectivamente. As taxas de infarto do miocárdio e AVC não fatais
mercado desde 1997(LI, CHEUNG, 2011). Segundo Nota Técni-
também foram aumentadas no grupo sibutramina com 4,1% e
ca ANVISA 2011, a partir desse achado, muitos países determi-
2,6% e 3,2% e 1,9% respectivamente, no grupo placebo. E com
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 207
relação a morte cardiovascular e ressuscitação após parada
cientes sem hipertensão e com hipertensão controlada o risco
cardíaca não foram observadas diferenças significativas entre
de efeitos adversos na pressão sanguínea também existe, po-
os grupos. O aumento no resultado primário de risco cardiovas-
rém o medicamento pode ser indicado desde que os pacientes
cular não fatal, ocorreu nos pacientes que havia a doença car-
sejam monitorados constantemente e avaliados 1 mês após o
diovascular, e nos pacientes com doença cardiovascular mais
início do tratamento (FLIER, FLIER, 2009).
diabetes tipo 2, mas não ocorreu nos pacientes diabéticos sem
história de doença cardiovascular (JAMES et al ., 2010).
Em janeiro de 2010 a EMA retirou a Sibutramina do mercado
PARECERES DA ANVISA E DE ENTIDADES MÉDICAS E
FARMACÊUTICAS SOBRE OS ANOREXÍGENOS
europeu, devido aos resultados preliminares do estudo SCOUT
No dia 26 de outubro de 2010, a Câmara Técnica de Medi-
indicando riscos de eventos cardiovasculares graves, mas não
camentos (CATEME), se posicionou, por cancelar o registro dos
fatais. O Food and Drug Administration (FDA), manteve a sibu-
medicamentos contendo sibutramina, devido aos resultados do
tramina até a finalização do estudo SCOUT em setembro de
estudo SCOUT, e dos medicamentos anfepramona, fempro-
2010, e devido aos resultados demonstrando risco cardiovas-
porex e mazindol, por apresentarem baixo perfil de eficácia em
cular, no dia 8 de outubro de 2010 foi anunciado que a própria
longo prazo e o risco aumentado de consumo com o possível
empresa Abbot retiraria voluntariamente a sibutramina dos EUA.
cancelamento da sibutramina (ANVISA<a>, 2011).
(LI, CHEUNG, 2011). A mesma medida foi tomada pelo Canadá
e Austrália (ANVISA<b>, 2011).
No dia 17 de fevereiro de 2011, a equipe técnica da ANVISA
publicou a Nota Técnica sobre eficácia e segurança dos medi-
Pode-se concluir com o estudo SCOUT, que a sibutramina
camentos, que consta de estudos clínicos e meta-análises, e di-
pode aumentar a pressão arterial, frequência cardíaca ou ambos
vulgou os dados de notificação de reações adversas registradas
e provocar outros eventos cardiovasculares, devido aos seus
no Brasil com a utilização dos anorexígenos. Os dados podem
efeitos simpaticomiméticos, portanto não deve ser indicada a
ser vistos na Tabela 1 (ANVISA<a>,<b>, 2011).
pacientes com doenças cardíacas (JAMES, et al., 2010). Em pa-
Tabela 1- Dados de notificação de reações adversas no Brasil
De acordo com a Nota Técnica da ANVISA 2011, os estudos
peso perdido, além de mostrar pouca manutenção de redução
clínicos randomizados avaliando a eficácia dos medicamentos,
de peso em longo prazo. Em relação aos demais anorexígenos,
por períodos longos, maiores que um ano são poucos, mesmo
o femproporex, se destaca por não haver relato de estudos clí-
com a sibutramina que apesar de apresentar um maior número
nicos publicados, e não foram encontrados em nenhuma das
de estudos, os mesmos não demonstram melhora em desfe-
revisões e meta-análises avaliada.
chos de mortalidade e morbidade cardiovascular. A quantidade
No dia 23 de fevereiro de 2011, a ANVISA, realizou uma
média de redução de peso demonstrada nas meta-análises e
audiência pública envolvendo participantes que representam
estudos clínicos com a sibutramina é modesta, menor que 5kg,
classes médicas e farmacêuticas, para discutir sobre o pare-
e somente uma minoria de pacientes atinge pelo menos 10% de
cer da CATEME de retirar os anorexígenos, e apresentar a Nota
208 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785
Técnica que contém dados técnico-científicos sobre a questão
sibutramina (ANVISA, 2011).
da eficácia e segurança dos medicamentos, a fim de justificar
o motivo de não apresentarem mais relação a favor do seu uso
CONCLUSÃO
(ANVISA<a>, <b>, 2011).
A obesidade é considerada um grave problema de saúde
Segundo a Nota Técnica 2011, as reações adversas graves,
pública, por atingir bilhões de pessoas no mundo, de diferentes
o risco de tolerância, dependência e abstinência, além da au-
classes sociais, trazendo sérios riscos à saúde. Portanto, é fun-
sência de estudos clínicos com padrão de qualidade regulatório
damental que medidas eficientes sejam tomadas para conter a
que comprovem a eficácia e segurança em longo prazo, tornam
obesidade, como por exemplo: investimento em educação da
a relação risco/benefício desfavoráveis.
sociedade para melhoria dos hábitos alimentares e prática de
Durante o processo de audiências e discussões, entida-
atividades físicas; através de propagandas e programas educa-
des médicas e farmacêuticas propuseram medidas contrárias
tivos permanentes que objetivem esclarecer sobre a obesidade,
ao de proibição dos medicamentos no mercado. O parecer de
suas causas, consequências, meios de prevenção e tratamento.
todos, foi de que a ANVISA aumente o controle sobre a prescri-
É importante ressaltar que a culpa por ser obeso não é unica-
ção e a venda dos anorexígenos, através de uma fiscalização
mente da pessoa como muitas das vezes é atribuível pela so-
rigorosa, que venha complementar as normas mais atuais (RDC
ciedade, mas inclui responsabilidades governamentais. Diante o
N°58/2007 e RDC N°25/2010), garantindo o acesso aos pacien-
fato é importante que politicas públicas efetivas sejam direciona-
tes que apresentam obesidade de grau de risco elevado que
das para minimizar o atual número de pessoas obesas.
não perdem peso somente com medidas não farmacológicas
(PHARMÁCIA BRASILEIRA, 2011).
A obesidade crônica por ser é uma doença de difícil controle, muitas das vezes pressupõe o emprego de medicamentos.
Com a reação, principalmente da classe médica, a proposta
Porém, o tratamento farmacológico deve sempre visar auxiliar o
da ANVISA de retirar os medicamentos, foi adiada por mais al-
processo de mudança de estilo de vida que inclui dietas e exer-
gum tempo, e após alguns meses marcados por debates e audi-
cícios físicos, que são as medidas mais saudáveis e essenciais
ências públicas, a decisão final foi tomada durante uma reunião
no controle e perda de peso. Identificar os fatores causais da
pública da Diretoria Colegiada da ANVISA no dia 04 de outubro
doença também é imprescindível para que possamos interferir
de 2011. Ficou decidido retirar do mercado em um prazo de 60
e mudá-los.
dias as substâncias anfepramona, femproporex e mazindol e
O tratamento farmacológico deve ser compartilhado com
manter a sibutramina respeitando algumas condições (ABESO,
profissionais da saúde, como médicos, que possam realizar o
2011).
diagnóstico correto, com indicação e prescrição precisa, acom-
No dia 6 de outubro de 2011, foi publicada a RDC N°52 da
panhamento regular, além de dispensação e cuidado farma-
ANVISA, que se dispõe sobre o cancelamento dos três anore-
cêutico, como estratégia bem fundamentada de orientação no
xígenos com manutenção da sibutramina, porém com novas
modo de uso, acompanhamento e registro de pacientes, de for-
restrições, visando aumentar ainda mais o controle sobre ela
ma a evitar o uso abusivo e irracional do medicamento.
(ANVISA, 2011).
Os anorexígenos anfetamínicos não deveriam ser reco-
De acordo com a RDC N°52, a prescrição virá acompanha-
mendados, e não justificaria criar novas normas na tentativa
da de um termo de responsabilidade do prescritor, (ANEXO 2
de aumentar mais o controle, já que os riscos que eles podem
,p.26) a ser preenchida em três vias, devendo ficar arquivadas
causar são verdades científicas bem documentadas. Para a si-
no prontuário do paciente, na farmácia dispensadora e uma via
butramina, medicamento até então parcialmente efetivo e único
mantida com o usuário. Os profissionais de saúde que prescre-
mantido, foi implementada uma nova resolução que mantém as
vem o medicamento, assim como as empresas detentoras do
mesmas restrições existentes, mas com um termo de responsa-
registro e farmácias de manipulação ou drogarias, deverão no-
bilidade que informa bem sobre todos os riscos, restrição do uso
tificar ao Sistema Nacional de Notificações da Vigilância Sanitá-
e tempo limitado, no intuito de aumentar mais o controle sobre
ria (NOTIVISA), qualquer reação adversa relacionada ao uso da
ela e evitar danos à saúde.
sibutramina. Além disso, as empresas que possuem o registro
Diante os riscos apresentados pelos anorexígenos, a de-
da sibutramina terão 60 dias para encaminharem à ANVISA um
cisão da ANVISA de proibição dos três anorexígenos é a mais
plano de farmacovigilância para minimização de riscos de uso
viável, e a manutenção da sibutramina por enquanto é tolerável
do medicamento. Com base nesse plano, a ANVISA analisará,
sob um controle mais rígido. Porém outras soluções devem ser
em 12 meses, a segurança de uso dos medicamentos a base de
tomadas para que a proibição não traga problemas como; a pro-
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 209
dução dos medicamentos sem a devida licença e fiscalização da vigilância sanitária e a venda ilícita. Portanto, o investimento em
pesquisas de novos medicamentos que sejam eficazes, seguros e acessíveis é fundamental, diante da opção limitada de medicamentos para emagrecer, com a sibutramina e orlistate. ANEXO 1- Notificação de receita B2
ANEXO 2- RDC n° 52 e termo de responsabilidade do prescritor para uso do medicamento contendo a substância sibutramina
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome
Metabólica. Anvisa retira anorexígenos e mantém sibutramina. 04
de Out.2011. Disponível em: www.abeso.or.br/lenoticia/784/anvisa-retira-anorexigenos-e-mantem-sibutramina.shtml Acesso em: 07 out., 2011.
vereiro de 2005. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2005/030305_realese.htm. Acesso em: 10 set. 2011.
ALVES, D et al. Cultura e imagem corporal. Motricidade [online]. v.5,
n.1, p.1-20, Jan.2009.
ANVISA<a>. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Relatório Integrado sobre a eficácia e segurança dos inibidores do apetite. 18
p., Brasília, abr. 2011. Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/hotsite/
anorexigenos/pdf/Relat%F3rio%20Integrado%20Inibidores%20do%20
Apetite%202011_final.pdf. Acesso em: 16 set. 2011.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. JIFE Analisa Tráfico na Internet e faz Recomendações ao Brasil. Brasília, 24 de fe-
ANVISA<b>. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica
sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores do Ape-
210 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785
tite. 86 p., Brasília, 2011. Disponível em: http://www.abeso.org.br/pdf/
Nota%20tecnica%20Anvisa%5B1%5D.pdf. Acesso em: 15 set. 2011.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº. 27, de 30 de
março de 2007. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC,estabelece a implantação
do módulo para drogarias e farmácias e dá outras providências.
Diário Oficial da União 2007; 2 abr. Disponível em: http://www.bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/res0027_30_03_2007.html.
Acesso em: 13 set. 2011.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 58, de 5 setembro de 2007. Dispõe sobre o aperfeiçoamento do controle e
fiscalização de substâncias psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2007/rdc/58_120907rdc.htm. Acesso em: 10 set. 2011.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC N ° 13 de 26 de
Março de 2010. Dispõe sobre a atualização do Anexo I – Listas de
Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, e outras de controle especial. Diário Oficial da União, Brasília 30 de Março de 2010. Disponível
em: http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?data=30/03/2010&
jornal=1&pagina=115&totalArquivos=152. Acesso em: 10 set., 2011.
n.8, p.1763-1772, Rio de Janeiro, ago., 2008.
CATERSON, I et al. Early Response to Sibutramine in Patients Not Meeting Current Label Criteria: Preliminary Analysis of SCOUT Lead-in Period.
Obesity a research jornal [online], v.18, n.5, p.987-994, may. 2010.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução CFF de N° 273 de 30
de agosto de 1995. Dispõe sobre Manipulação Medicamentosa. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/273_95cff.htm. Acesso
em: 10 set. 2011.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução nº 1477 de 11 de julho
de 1997. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de julho de 1997. Disponível
em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1997/1477_1997.
htm. Acesso em: 10 set. 2011.
COUTINHO, W. The first decade of sibutramine and orlistat: a reappraisal
of their expanding roles in the treatment of obesity and associated conditions. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol. [online], v. 53, n. 2, p. 262-270,
São Paulo, Mar. 2009.
DOUGLAS, J. G; MUNRO, J. F. Drug treatment and obesity. Pharmacology & Therapeutics [online], v.18, n.13, p.351-373, 1982.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 25, de 30 de
junho de 2010. Altera a RDC nº 58, de 5 de setembro de 2007, que
dispõe sobre o aperfeiçoamento do controle e fiscalização de
substâncias psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
Disponível em: http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?jornal
=1&pagina=174&data=01/07/2010. Acesso em: 13 set. 2011.
ERLANGER, S. R. Classification and Pharmacological Management of
Obesity. Pharmacy e Therapeutics [online], v. 33, n.12, p. 724–728, dez.
2008.
FELIPPE, F.; SANTOS, A. M. Novas demandas profissionais: obesidade
em foco. Revista da ADPPUCRS [online] , nº. 5, p. 63-70, Porto Alegre,
dez. 2004.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n° 52, de 6 de
outubro de 2011. Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros, bem como
intermediários e medidas de controle da prescrição e dispensação de
medicamentos que contenham a substância sibutramina, seus sais e
isômeros, bem como intermediários e dá outras providências. Disponível em: http://www.bvms.saude.gov.br/saudelegis/anvisa/2011/
res0052_06_10_2011.html. Acesso em: 13 out. 2011.
FLIER, J.S; FLIER, E.M. Obesidade. In: Harrison medicina interna,
17.ed., v.1, Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2009, p.462- 473.
BEHAR, A. R. Anorexígenos: indicaciones e interacciones. Revista Chilena de Neuro psiquiatria [online], v. 40, n.2, p. 21-36, Santiago, abr. 2002.
BERNARDI, F.; CICHERELO, C.; VITOLO, M. R. Comportamento de restrição alimentar e obesidade. Revista de Nutrição [online], v.18, n.1, p.
85-93, fev. 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária SVS/MS
- Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico
sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Diário
Oficial da União, Brasília, 01 fev. de 1998.
CARNEIRO, M. F.G; JÚNIOR, A. A. G; ACURCIO, F. A. Prescrição, dispensação e regulação do consumo de psicotrópicos anorexígenos em
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública [online] v.24,
HALPERN A.; MANCINI M.; GRINBERG M.; SEGAL A. Diretrizes para
Cardiologistas sobre Excesso de Peso e Doença Cardiovascular
dos Departamentos de Aterosclerose, Cardiologia Clínica e FUNCOR da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Capitulo VI – Tratamento Farmacológico do Obeso Aspectos Relacionados ao Cardiologista. Arq. Bras. Cardiol.[online], v. 78, n.1 pág. 9, 10. São Paulo,
2002.
JAMES, W. P. T et al. Effect of Sibutramine on Cardiovascular Outcomes in Overweight and Obese Subjects. New England Journal of
Medicine [online], v. 363, n.10, p.905-917, 2 sep. 2010.
LAMOUNIER, J. A.; PARIZZI, M. R. Obesidade e Saúde Pública. Cad.
Saúde Pública [online], v.23, n.6, p.1497-1499, jun.2007.
LI, M.; CHEUNG, B.M. Pharmacotherapy for obesity. Br. J Clin Pharmacol. [online], v. 68, n. 6, p. 804–810,dec. 2009.
LI, M.; CHEUNG, B. M. Rise and fall of anti-obesity drugs. Wourd Journal of Diabetes [online], v. 2, n. 2, p. 19–23, feb. 2011.
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785 l 211
MANCINI, M. C.; HALPERN, A. Tratamento farmacológico da obesidade. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia [online], v. 46, n. 5, p. 497-512, São Paulo, Out. 2002.
MANCINI, M. C.; HALPERN, A. Pharmacological treatment of obesity.
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia [online], v. 50, n.2,
p. 377-389, abr. 2006.
MELO, C.M.; OLIVEIRA, D.R. O uso de inibidores de apetite por mulheres: um olhar a partir da perspectiva de gênero. Ciênc. saúde
coletiva [online], v.16 n.5, p.2523-2532 Rio de Janeiro, maio, 2011.
MURER, E. Drogas anfetaminas e Remédios para emagrecer. P.111120, 2010. Disponível em: www.fef.unicamp.br/departamentos/deafa/
qvaf/livros/alimen_saudavel_ql_af/alimen_saudavel/alimen_saudavel_
cap12.pdf. Acesso em: 25 set. 2011.
NADVORNY. S, WANNMACHER L. Fármacos em obesidade. In: Farmacologia Clínica: fundamentos da terapêutica racional, 3.ed., Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan , p. 886-894.
NAPPO et al. A prescrição por médicos brasileiros de fórmulas
magistrais para emagrecer: uma duvidosa prática para a saúde
dos pacientes. Arq. Bras. Méd.[online] v.68, n.1, p.15-20, jan. 1994.
NASCIMENTO, E.C; NASCIMENTO, E. ; SILVA, J.P. Uso de álcool e
anfetaminas entre caminhoneiros de estrada. Rev. Saúde Pública
[online], vol.41, n.2, p. 290-293, abr. 2007.
REPETTO, G.; RIZZOLLI, J.; BONATTO, C. Prevalência, riscos e soluções na obesidade e sobrepeso: Here, There, and Everywhere.
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia [online], v. 47, n.
6, p.633-635, dez. 2003.
SANTOS, A. M. Obesidade infantil e mídia: as ofertas da televisão
alimentando a doença. Revista Digital Comunicação & Saúde [online],
v.1, n.1, p. 1-10, dez. 2004.
TROMBETTA, I. C. Exercício físico e dieta hipocalórica para o paciente obeso: vantagens e desvantagens. Rev. Bras. Hipertens. [online], v.10, n.2, p. 130-133, abril/junho de 2003.
UNODC. Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Brasil
lidera consumo mundial de anorexígenos, diz JIFE. Brasília, 03 de
março de 2006. Disponível em: www.unodc.org/brazil/pt/press_release_2006-03-03.html. Acesso em 05 nov. 2011.
WANDERLEY, E. N; FERREIRA, V. A. Obesidade: uma perspectiva
plural. Ciênc. saúde coletiva [online], v.15, n.1, p. 185-194, Jan. 2010.
NOTAS DE RODAPÉ
*Aluna do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva
**Professor do curso de Farmácia do Centro Universitário Newton Paiva
PAUMGARTTEN, F. J. R., Tratamento farmacológico da obesidade:
a perspectiva da saúde pública. Cad. Saúde Pública [online], v. 27,
n.3, p. 404, mar. 2011.
PHARMÁCIA BRASILEIRA. Inibidores do apetite: Controlar sim; proibir não. Aloísio Brandão, nº 80, fev./mar., 2011 p. 14-16. Disponível em:
http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/130/014a016_inibidores_de_apetite.pdf. Acesso em: 10 out. 2011.
PINHEIRO, A. R. O. ; FREITAS, S. F. T.; CORSO, A. C.T. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev. de Nutr. [online], v.17, n.4,
p.523-533, dez. 2004.
POPKIN, B. M. Nutritional patterns and transitions. Population and
Development. Nutr. Rev., v.19, n.1, p.138-157, 1993. apud WANDERLEY, E.N; FERREIRA, V.A. Obesidade: uma perspectiva plural. Ciênc.
saúde coletiva [online], v.15, n.1, p. 185-194, Jan. 2010.
RADOMINSKI, R. B et al. Atualização das Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Obesidade e do Sobrepeso. Projeto Diretrizes. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia(SBEM), p.4-18,out.2010. Disponível em: http://www.abeso.
org.br/pdf/diretrizes2010.pdf. Acesso em: 15 set. 2011.
212 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 1/2012 - EDIÇÃO 5 - ISSN 2176 7785
Download

ANOREXÍGENOS - O blog da Newton Paiva