O OLHAR CRÍTICO SOBRE UMA ESCOLA COMUNICADO Antes de ser mostrada qualquer foto ou informação, este grupo gostaria de comunicar que houve resistência por conta dos responsáveis na liberação das fotos internas, vindo a ser liberadas 4 dias após a primeira visitação. Ao contrário do que vimos de início, a Escola encontrava-se basicamente arrumada. Nas paredes onde antes havia deveres e desenhos antigos, agora encontrávamos novos painéis ilustrativos feitos com materiais recicláveis. Infelizmente não temos fotos que provem o que dizemos, mas somos testemunhas vivas do descaso dos responsáveis por essa instituição. No dia em que foi marcado para tirarmos as fotos, as turmas da 3ª e da 4ª série foram dispensadas, provavelmente por serem crianças que poderiam nos passar algo a mais em relação a convivência dentro da Escola. TODAS as professoras encontravam- se no local, mesmo sem alunos. Esse fato não nos estimulou a indagar nada a elas, pois certamente tudo o que fosse dito faria parte de um combinado para melhorar a imagem da Escola. INSTITUIÇÃO ESCOLHIDA: Nossa Senhora de Fátima A instituição Nossa Senhora de Fátima foi fundada a mais de dez anos atrás, ninguém soube nos dizer exatamente quando, aliás as informações que eram nos dadas eram tão vagas que caso o trabalho dependesse mais delas do que da observação crítica do grupo o trabalho não poderia ser realizado. Sondando sobre a estrutura física da escola, acabamos descobrindo que antes de ser uma instituição de ensino, o local onde se funciona a escola era um abatedouro/açougue, que foi interditado pela vigilância sanitária. Daí sua estrutura precária e até mesmo perversa. Estrutura Física “ Todos os ambientes construídos para as crianças deveriam atender cinco funções relativas ao desenvolvimento infantil, no sentido de promover: • • • • • Identidade pessoal; Desenvolvimento de competência; Oportunidades para o crescimento; Sensação de segurança e confiança; Oportunidade para contato social e privacidade”. (Organização dos Espaços em Instituições Pré-Escolares – Carvalho & Rubiano) 1. Prédio/Fachada: Ao nos aproximarmos a primeira impressão é que algum dia alguém já deu ATENÇÃO à esta escola, pelo menos em sua fachada. Porque as paredes, apesar de sujas, rabiscadas e de tintura velha, tem pinturas com desenhos da natureza (flores, árvores, campo, borboletas, etc.), certamente quem desenhou tenha apenas boa vontade sem muita aptidão ou técnica para arte. OBS: Essa “atenção” provavelmente ocorreu quando houve a reforma autorizada pelo governo de ACM, mas ninguém soube nos confirmar essa suposição. Atualmente o descaso é inevitavelmente visível e a falta de cuidado com a limpeza “externa” da escola é culpa também da comunidade, que ajuda a emporcalhar as mediações da escola. Fato que contribui para o aparecimento constante de ratos no depósito de merendas, fazendo com que boa parte dela tenha que ser jogada fora. Outro fator que percebemos no local é a necessidade do improviso tanto na área externa, quanto na interna. O improviso da parte elétrica externa apresenta uma ameaça a segurança do local e principalmente das crianças. 2. Pátio Sua estrutura mal feita chega a ser imprópria para o funcionamento de uma escola para crianças de 05 a 12 anos, uma vez que essa faixa etária necessita de espaço para se desenvolver. O pátio é tão pequeno que não pode nem ser considerado como área de lazer, afinal é através da brincadeira que a criança se relaciona, investiga, experimenta e amplia seus conhecimentos, só que neste espaço tudo isso esta sendo negado. 3. Salas de Aulas As salas de aulas são minúsculas, as carteiras estão dispostas de forma totalmente irregular. Tem criança que fica de lado para o quadro. A saúde física, psíquica e social é afetada; roubando-lhe seus direitos. A criança se torna vítima da situação social e econômica em que se encontra. Os materiais ficam espalhados pelas salas, os murais nas paredes mal expostos, totalmente desorganizados e com informações amontoadas. As salas de aulas são separadas por meros apoios de madeira e para se transitar de um local dentro da escola para outro é necessário passar por dentro de todas as salas. Quase não existem janelas e o local é muito abafado, apesar da existência dos ventiladores, que por sinal encontram-se muito mal conservados. Banheiros Há em toda a escola exatamente três banheiros, um para professores e funcionários e dois para os alunos (feminino e masculino). Acontece que o banheiro dos funcionários encontrasse (em parte) como depósito de livros, só podendo ser utilizado a parte do vaso sanitário e impossibilitando assim, que os funcionários possam tomar banho após as atividades de limpeza por exemplo. Já no banheiro reservado para os alunos a situação consegue ser pior, além de minúsculos os banheiros não recebem nenhum tipo de manutenção. As pias e os sanitários encontram-se quebrados e inclusive o banheiro masculino encontra-se interditado e o feminino esta sendo utilizado por todos os alunos (de ambos os sexos). Diretoria A diretoria da Nossa Senhora de Fátima faz jus a sua estrutura geral. É pequena, mal organizada e segundo as nossas observações geralmente encontra-se vazia. Comportamento da “comunidade escolar” Relatório Geral sobre o comportamento dessa unidade escolar: • Professores: Desmotivados Alguns ainda tentam mudar a situação, sem êxito. O sistema os barra transformando-os em seres manipulados e impotentes. • Funcionários: Indiferentes. Apenas cumprem com suas obrigações sem assumirem qualquer tipo de responsabilidade por uma possível melhoria. • Alunos: Desinteressados A maioria dos alunos não tem o estimulo que precisam para se tornarem bons alunos. Além de não encontrarem na escola esse estímulo em casa a situação é a mesma. A criança é estruturada a partir da relação casa x escola, e nessa como em outras tantas instituições nenhuma das partes faz a sua parte. • Pais: Ignorantes Mais da metade dos pais dos alunos dessa instituição só tem completado o primário, o que os colocam na situação de não formadores de atitudes que estimule a formação de seus filhos. A falta de instrução impede que eles busquem uma solução para o problema, já que se conformam e se adaptam ao que a instituição ordenar. Esta age da mesma forma, só que manipulada pelo sistema. Professor x Professor A relação entre os professores foi declarada como razoável, pois constantemente há fofocas e comentários maldosos se espalhando dentro da instituição. Professor x Aluno A relação professor x aluno varia de acordo com o profissional da instituição, pois certos professores já desgastados com o trabalho descontam suas frustrações nas crianças, através de gritos, apertos... Já outros, ainda com o espírito pedagógico vigente ainda guardam pique para uma investigação sobre as causas das traquinagens de certas crianças. O aluno Marlon que cursa a 3ª série, diz: - Eu não gosto muito da professora Inês da 4ª série, porque ela briga com a gente toda vez que precisamos beber água ou ir ao banheiro, pois pra isso temos que passar pela sala dela. Aluno x Aluno A relação desses alunos, assim como os das crianças em geral é movida pelo calor do momento. Dependendo do fato que estejam envolvidos essa relação pode variar de brigas a cordialidades. Segundo informações de uma mãe de dois alunos que estudam na Nossa Senhora de Fátima, a senhora Valdnea Bonfim Santos há constantes brigas na escola. Inclusive foi comprado um kit de primeiros socorros para fazer curativos nas crianças machucadas. Ela salienta também que o comportamento agressivo das crianças é o retrato do que elas passam ou vêem em casa. D. Valdnea nunca viu a escola se prontificar a resolver eventuais problemas domésticos que atingem as crianças, o que em sua opinião contribui e intensifica o excesso de agressões dentro da unidade escolar. Aluno x Funcionário Os funcionários parecem não se envolver profundamente com as crianças mantendo apenas uma relação superficial. A merendeira prepara o lanche, o serve, dá instruções como “cuidado pra não se queimar” ou “cuidado pra não derramar” e pronto. Os porteiros em geral ficam sentados abrindo e fechando o portão e reclamam com alguns meninos que insistem em brincadeirinhas violentas, mas sem tomar muitas providências. É definitivamente uma relação de obrigatoriedade, uma vez que estão ocupando o mesmo espaço. Funcionário x Funcionário A relação entre os funcionários é cordial, cada um desempenha sua função e interagem entre si quando há algum tipo de necessidade. Nada além de uma relação profissional, não são do tipo que fazem Happy hours após o expediente. Outras fotos Realização Aline Mota Daniele Brito Juliana Costa Luana Marinho Mª da Conceição Santos Susemeire Macedo