ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA DEPENDÊNCIA EM TEMPERATURA DA VISCOSIDADE NA CONVECÇÃO FORÇADA COM NANOFLUIDOS Luciana Ferreira Lage Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientadores: Renato Machado Cotta João Nazareno Nonato Quaresma Rio de Janeiro Outubro de 2011 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA DEPENDÊNCIA EM TEMPERATURA DA VISCOSIDADE NA CONVECÇÃO FORÇADA COM NANOFLUIDOS Luciana Ferreira Lage DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Renato Machado Cotta, Ph.D. ________________________________________________ Prof. João Nazareno Nonato Quaresma, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Helcio Rangel Barreto Orlande, Ph.D. ________________________________________________ Prof. Leandro Alcoforado Sphaier, Ph.D. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL OUTUBRO DE 2011 Lage, Luciana Ferreira Análise da Influência da Dependência em Temperatura da Viscosidade na Convecção Forçada com Nanofluidos/ Luciana Ferreira Lage. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011. XVII, 80 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Renato Machado Cotta João Nazareno Nonato Quaresma Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Mecânica, 2011. Referências Bibliográficas: p. 74-80. 1. Convecção forçada. 2. Nanofluidos. 3. Transformada integral. I. Cotta, Renato Machado et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Mecânica. III. Título. Ao meu filho, Emanuel, por me mostrar a mais fascinante forma de Amar. Ao meu marido, Carlos Erli, pela compreensão e apoio, o meu eterno amor. Aos meus pais, José Manuel e Conceição, pelo estímulo dado desde sempre, entrego a alegria desta conquista. Ao meu irmão, Eduardo, pelo incentivo, o mais sincero afeto. iv AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por sempre estar ao meu lado, principalmente nos momentos mais difíceis, por ter sido Ele o grande responsável pela motivação de sempre continuar lutando por tudo aquilo que acredito e por ter me dado a oportunidade de conhecer pessoas tão especiais e brilhantes. Ao meu filho Emanuel pela transformação em minha vida. Ao meu marido Carlos Erli por nossa união e por todos os instantes compartilhados, minha admiração e gratidão eternas. Aos meus pais e ao meu irmão por todos os momentos de nossas vidas, pelo apoio e ensinamentos que contribuíram para a realização deste sonho. Ao Grande Mestre e Orientador Renato Machado Cotta pela confiança, competência, paciência e conhecimento compartilhado, suas sugestões e discussões foram indispensáveis para a realização desta conquista. Ao Grande Mestre e Co-orientador João Nazareno Nonato Quaresma pelo seu apoio, colaboração, compreensão e sugestões tornando possível a realização deste trabalho. Aos Meus Orientadores e aos Professores Antônio José da Silva Neto, Carolina Palma Navieira Cotta e Helcio Rangel Barreto Orlande pela amizade e pelo carinho. A todos os meus amigos pelo companheirismo e força, em especial, à Rayana Larissa Vasconcelos e à Vera Lúcia Pinheiro Santos Noronha. À doutoranda Ivana Gabriela dos Santos Cerqueira pela colaboração. A todos os citados e aos que involuntariamente tenham sido esquecidos, do fundo do meu coração – Muito Obrigada. v Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA DEPENDÊNCIA EM TEMPERATURA DA VISCOSIDADE NA CONVECÇÃO FORÇADA COM NANOFLUIDOS Luciana Ferreira Lage Outubro/2011 Orientadores: Renato Machado Cotta João Nazareno Nonato Quaresma Programa: Engenharia Mecânica O termo nanofluido é comumente empregado para caracterizar suspensões de nanopartículas de metais ou óxidos metálicos em líquidos normalmente utilizados como fluidos térmicos, visando a intensificação da transferência de calor. Esta dissertação analisa e avalia a influência da variação da viscosidade com a temperatura no problema de convecção forçada interna de nanofluidos, em regime de escoamento laminar e incompressível, hidrodinamicamente desenvolvido e em desenvolvimento térmico no interior de tubos circulares, a partir de comparações entre resultados teóricos e experimentais, próprios e disponíveis na literatura, das quantidades de interesse prático como temperaturas de parede, temperaturas médias de mistura e números de Nusselt. O modelo proposto admite a variação da viscosidade com a temperatura na equação de momentum longitudinal simplificada, desprezando-se os termos de inércia, a partir de um escoamento desenvolvido na entrada da seção aquecida. O campo de velocidades então obtido desta formulação diferencial ordinária é introduzido na equação de energia referente à região de entrada térmica ao longo do duto. A metodologia aplicada na solução desta equação de energia não-linear consiste vi na Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT). Esta técnica híbrida numérico-analítica propõe a expansão do campo de temperaturas no fluido em autofunções ortogonais na direção transversal do duto e permite obter um sistema transformado de equações diferenciais ordinárias na direção longitudinal, que é resolvido numericamente através do uso da subrotina IVPAG da biblioteca IMSL, a partir da implementação de um código computacional em Fortran 95. Os resultados obtidos foram inicialmente verificados com outras implementações teóricas disponíveis na literatura, para condições de contorno de temperatura e fluxo uniformes prescritos, e subsequentemente validados com resultados experimentais obtidos no Laboratório de Transmissão e Tecnologia de Calor, LTTC, PEM-COPPE, UFRJ, para um nanofluido comercial de água-óxido de silício. vii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) ANALYSIS OF THE INFLUENCE OF TEMPERATURE DEPENDENCY OF THE VISCOSITY ON FORCED CONVECTION OF NANOFLUIDS Luciana Ferreira Lage October/2011 Advisors: Renato Machado Cotta João Nazareno Nonato Quaresma Department: Mechanical Engineering The term nanofluid is commonly used to characterize suspensions of nanoparticles of metals or metal oxides in liquids normally used as heat transfer fluids, aiming at the intensification of heat transfer. This dissertation examines and evaluates the influence of the viscosity with the temperature in the internal problem of forced convection of nanofluids in laminar flow regime and incompressible, hydrodynamically developed and developing heat inside circular tubes, based on comparisons between theoretical results and experimental, fit and available in the literature, the quantities of practical interest such as wall temperatures, average temperatures of mixing and Nusselt numbers. The proposed model admits the change in viscosity with temperature in the longitudinal momentum equation simplified by neglecting the terms of inertia, from a developed flow at the entrance of the heated section. The velocity field obtained then this formulation is introduced into the ordinary differential equation of energy on the thermal entry region along the pipeline. The methodology applied in the solution of energy equation is nonlinear in the Generalized Integral Transform Technique (GITT). This hybrid numerical-technical analytics proposes expanding the field in the fluid temperature in orthogonal eigenfunctions in the transverse direction of the pipeline and allows for a transformed system of ordinary differential equations in the longitudinal viii direction, which is numerically solved by using the IMSL subroutine library IVPAG from the implementation of a computer code in Fortran 95. The results were first checked with other theoretical implementations available in the literature for boundary conditions of prescribed uniform temperature and flow, and subsequently validated with experimental results obtained at the Laboratório de Transmissão e Tecnologia de Calor, LTTC, PEM-COPPE, UFRJ, for nanofluid a commercial water-oxide silicon. ix SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO........................................................................... 1 CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA...................................................... 5 2.1 – CONVECÇÃO FORÇADA COM NANOFLUIDOS...................................... 5 2.2 – A TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA............ 11 CAPÍTULO 3 - FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E METODOLOGIA DE SOLUÇÃO......................................................................................................... 13 3.1 – METODOLODIA DE SOLUÇÃO PARA UM PROBLEMA PARABÓLICO GERAL................................................................................................................ 13 3.2 – ESCOAMENTO EM DESENVOLVIMENTO TÉRMICO PARA O CASO DE TEMPERATURA PRESCRITA UNIFORME NA PAREDE.......................... 22 3.2.1 - Metodologia de Solução.......................................................................... 23 3.3 - ESCOAMENTO EM DESENVOLVIMENTO TÉRMICO PARA O CASO DE FLUXO DE CALOR PRESCRITO UNIFORME NA PAREDE....................... 26 3.3.1 - Metodologia de Solução.......................................................................... 28 3.3.2 - Solução pelo Código UNIT (“Unified Integral Transforms”)..................... 31 CAPÍTULO 4 - DESCRIÇÃO DO APARATO EXPERIMENTAL ....................... 36 CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................. 41 5.1 - TEMPERATURA PRESCRITA................................................................... 41 5.1.1 – Análise da Convergência........................................................................ 41 5.1.2 – Verificação dos Resultados com os da Literatura ([10] e [68])............... 46 5.2 - FLUXO PRESCRITO.................................................................................. 51 5.2.1 – Análise da Convergência........................................................................ 52 5.2.2 – Verificação dos Resultados com os da Literatura ([9] e [10]) ................ 54 5.2.2.1 – Verificação da Importância dos Termos Convectivos na Formulação do Problema para Fluxo Prescrito....................................................................... 56 5.2.3 – UNIT para Óleo Térmico LUBRAX OT-68-OF........................................ 59 5.2.4 – Comparação com os Resultados Experimentais.................................... 65 CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES.......................................................................... 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 74 x LISTA DE FIGURAS Figura 3.2.1 Representação esquemática do problema de convecção forçada em tubo circular para temperatura prescrita uniforme na parede........................................................................................... Figura 3.3.1 22 Representação esquemática do problema de convecção forçada em tubo circular para fluxo de calor prescrito uniforme na parede...................................................................................... 26 Figura Visões gerais do circuito termohidráulico para medidas de 4.1a,b convecção forçada de nanofluidos (LTTC, COPPE/UFRJ).......... 37 Figura 4.2 Disposição esquemática do aparato experimental....................... 37 Figura 4.3 Recipiente do nanofluido (SiO2)-água adquirido (1 litro) (Nanostructured & Amorphous Materials Inc., EUA).................... Figura Análise da variação da viscosidade para o caso da temperatura 5.1.2.1 prescrita e conforme Yang [10]..................................................... Figura Comparação do número de Nusselt local para o caso da 5.1.2.2 temperatura prescrita e ߛ=9,0 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]............................................................ Figura Comparação do número de Nusselt local para o caso da 5.1.2.3 temperatura prescrita e ߛ=-0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]................................................ Figura Comparação da velocidade no centro do tubo para o caso da 5.1.2.4 temperatura prescrita e ߛ=-0,9 conforme referência [68]............. Figura Comparação do número de Nusselt local para o caso de fluxo 5.2.2.1 prescrito e l= -0,3 pela GITT e conforme referência [10]............. Figura Comparação dos termos convectivos ao longo da entrada 5.2.2.1.1 térmica como função da coordenada radial para o caso de fluxo prescrito e l= 0,721295................................................................ Figura Distribuição espacial das temperaturas no óleo térmico 5.2.3.1.a (Re=2000, ∆Tb=20°C).................................................................. Figura 5.2.3.1.b Evolução das temperaturas na parede, média e no centro do tubo (Re=2000, ∆Tb=20°C) .................................................................... Figura Distribuição 5.2.3.2.a (Re=1200, ∆Tb=10°C) ................................................................... Figura Evolução das temperaturas na parede, média e no centro do tubo 5.2.3.2.b (Re=1200, ∆Tb=10°C) ................................................................... espacial das temperaturas no óleo 38 46 47 49 50 55 58 61 62 térmico 63 63 xi Figura Perfis da componente longitudinal da velocidade, u(r,z), em 5.2.3.3 diferentes posições............................................................................... Figura Coeficientes locais de transferência de calor, h(z), em diferentes 5.2.3.4 posições axiais, z=0, 0.1, 1, 2, 3 e 4 m, para Re=1200 e ∆Tb=10°C 64 (pontos - presente simulação, linha continua - correlação de Churchill & Ozoe).................................................................................. Figura Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e 5.2.4.1 médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as 65 propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 1 – SiO2 [75])............................................................................................... Figura Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e 5.2.4.2 médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as 70 propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 7 – SiO2 [75])............................................................................................... Figura Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e 5.2.4.3 médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as 70 propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 9 – SiO2 [75])............................................................................................... Figura Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e 5.2.4.4 médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as 71 propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 3 – SiO2 [75]).............................................................................................. 71 xii LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Dados técnicos do nanofluido (SiO2)-água segundo o fabricante Tabela Convergência da velocidade no centro do tubo para o caso de 5.1.1.1 temperatura prescrita e ߛ=9,0.................................................... Tabela Convergência da temperatura média no tubo para o caso de 5.1.1.2 temperatura prescrita e ߛ=9,0..................................................... Tabela Convergência do número de Nusselt local (fórmula da inversa) 5.1.1.3 para o caso de temperatura prescrita e ߛ=9,0............................. Tabela Convergência do número de Nusselt local (equação de energia) 5.1.1.4 para o caso de temperatura prescrita e ߛ=9,0............................. Tabela Comparação do número de Nusselt local para o caso da 5.1.2.1 temperatura prescrita e ߛ=9,0 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]........................................................... Tabela Comparação do número de Nusselt local para o caso da 5.1.2.2 temperatura prescrita e ߛ = -0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [68]................................................ Tabela Comparação do número de Nusselt local para o caso da 5.1.2.3 temperatura prescrita e ߛ = -0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]................................................ Tabela Comparação da velocidade no centro do tubo para o caso da 5.1.2.4 temperatura prescrita e ߛ = -0,9 conforme referência [68]............ Tabela Convergência da velocidade no centro do tubo para o caso de 5.2.1.1 fluxo prescrito e ߣ= -0,3................................................................. Tabela Convergência da temperatura média no tubo para o caso de 5.2.1.2 fluxo prescrito e ߣ= -0,3............................................................... Tabela Convergência do número de Nusselt local para o caso de fluxo 5.2.1.3 prescrito e ߣ= -0,3........................................................................ Tabela Comparação do número de Nusselt local para o caso de fluxo 5.2.2.1 prescrito e ߣ= -0,3 pela GITT e conforme referência [10]............. Tabela Comparação dos números de Nusselt local e médio para o caso 5.2.2.2 de fluxo prescrito e propriedades constantes, pela GITT e conforme referência [9]................................................................. 38 42 43 44 45 47 48 49 50 52 53 54 55 56 xiii Tabela Análise de convergência do número de Nusselt local para o 5.2.3.1 caso de viscosidade constante (l= 0) e comparação com resultados de referência [9].......................................................... Tabela Comparação dos números de Nusselt locais para o caso não 5.2.3.2 linear l= -0,3: Soluções pelo código UNIT, GITT em rotina dedicada e diferenças finitas [10]................................................. Tabela Consolidação 5.2.4.1 experimentais do nanofluido água-sílica selecionados para as de parâmetros relacionados aos 60 60 casos comparações................................................................................ Tabela Convergência do número de Nusselt local para os dois ensaios 5.2.4.2 considerando-se as propriedades constantes para a condição de fluxo prescrito.......................................................................... Tabela Convergência do número de Nusselt local para os dois ensaios 5.2.4.3 considerando-se a viscosidade variável para a condição de fluxo prescrito................................................................................ Tabela Convergência do número de Nusselt médio para os dois 5.2.4.4 ensaios considerando-se as propriedades constantes para a condição de fluxo prescrito.......................................................... Tabela Convergência do número de Nusselt médio para os dois 5.2.4.5 ensaios considerando-se a viscosidade variável para a condição de fluxo prescrito.......................................................... Tabela Comparação do número de Nusselt local, teórico e experimental 5.2.4.6 (medição 1 – SiO2 [75]),e médio teórico para o caso de fluxo prescrito......................................................................................... Tabela Comparação do número de Nusselt local, teórico e experimental 5.2.4.7 (medição 7 – SiO2 [75]), e médio teórico para o caso de fluxo prescrito........................................................................................ 65 66 67 67 68 69 69 xiv NOMENCLATURA Letras Latinas A Coeficientes da expansão em autofunções Bk Operador linear da condição de contorno d Termo de dissipação linear D Diâmetro do tubo [m] f Distribuição inicial do potencial g Termo fonte h Coeficiente de transferência de calor [W/m2ºC] k Condutividade térmica [W/mºC] L Comprimento do tubo [m] N Norma (integral de normalização) Nu Número de Nusselt NuZ Número de Nusselt local Nuav Número de Nusselt médio P Termo fonte qw Fluxo de calor prescrito [W/m2] Re Número de Reynolds t Variável temporal T Temperatura [ºC] Ti Temperatura de entrada do canal [ºC] Tw Temperatura prescrita uniforme [ºC] u Velocidade do fluido [m/s] uav Velocidade média do fluido [m/s] U Velocidade adimensional R Coordenada radial adimensional r Coordenada radial dimensional rw Raio interno da parede do tubo S Superfície de contorno V Volume do meio x Coordenada espacial Z Coordenada axial adimensional xv z Coordenada axial dimensional w Coeficiente do termo convectivo ou transiente Letras Gregas α Difusividade térmica [m2/s] αk Coeficientes da condição de contorno βk Coeficientes da condição de contorno φ Termo fonte da condição de contorno ߛ Constante que relaciona a variação da viscosidade com a temperatura definida na Eq. (3.2.b) η Coordenada radial do problema de Graetz ϕ Concentração volumétrica de nanopartículas ߣ Constante que relaciona a variação da viscosidade com a temperatura definida na Eq. (3.13.b) ߤ Viscosidade dinâmica [m2/s] ν Viscosidade cinemática [m2/s] θ Temperatura adimensional ξ Coordenada axial do problema de Graetz ψ Autofunções ζ Autovalores ζk Autovalores do problema auxiliar Subscrito av “average” - médio i inicial f índice que representa filtro i índice de autovalores e quantidades relacionadas j índice de autovalores e quantidades relacionadas k índice de autovalores e quantidades relacionadas xvi l local w “wall” - parede 0 condição de entrada Sobrescrito - Relativo a transformada ~ Relativo a autofunção normalizada * Relativo a solução homogênea xvii CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O advento da nanotecnologia proporcionou grandes oportunidades na engenharia moderna ao processar e produzir materiais com tamanho médio menor que 50 nm [1]. Dentre várias outras descobertas em diversos campos, Choi [1] reconheceu uma oportunidade de se aplicar a nanotecnologia então emergente na engenharia térmica. Em 1993, Choi propôs que partículas metálicas nanométricas, com tamanho médio menor que 50 nm, fossem suspensas em fluidos de transferência de calor industriais, como água, etileno glicol ou óleo, para produzir uma nova classe de fluidos projetados com alta condutividade térmica. O autor deu a essa nova classe de fluidos o nome de nanofluidos [2]. Experimentos subsequentes com nanofluidos indicaram aumentos significativos na condutividade térmica, quando comparados com líquidos sem nanopartículas ou partículas grandes [3], e variações significativas das propriedades com a temperatura. O nanofluido é uma suspensão de partículas ultrafinas em um fluido base convencional que utilizado para melhorar as características de transferência de calor do fluido original. Além disso, espera-se que os nanofluidos não sejam inviabilizados em aplicações práticas, pelo aumento em perda de carga, apesar das nanopartículas serem ultrafinas, aparentando comportamento como um fluido monofásico de uma mistura sólido-líquido [4]. A fabricação de nanofluidos por processos simplificados com nanopartículas de óxidos metálicos [5], tornou viável a extensão dessa tecnologia para diferentes aplicações científicas e industriais. A literatura científica já reporta algumas aplicações de nanofluidos diretamente no setor de energia, como no caso de transformadores de energia elétrica [5] e em sistemas híbridos de condicionamento de ar com desumidificação a partir de dessecantes líquidos [6]. Entretanto, pode-se vislumbrar uma série de outras possibilidades em processos e equipamentos de transferência de calor que afetam o aumento da eficiência energética, como no caso da energia. Para tanto, é necessária a consolidação da análise da variação das propriedades termofísicas com a 1 temperatura a fim de possibilitar a correta aplicação desses nanofluidos nos diferentes sistemas de transferência de calor para que os equipamentos tenham a melhor relação custo/benefício aliada ao desempenho e eficiência. As pesquisas em transferência de calor convectiva utilizando suspensões de partículas nanométricas sólidas em líquidos base começaram a apenas duas décadas. As investigações recentes sobre nanofluidos indicam que as nanopartículas suspensas ocasionam alterações nas propriedades de transporte e nas características da transferência de calor da suspensão. Wang e Mujumdar [7] revisaram as recentes pesquisas teóricas e investigações numéricas de várias propriedades térmicas e aplicações de nanofluidos. Os mesmos autores também revisaram o comportamento do escoamento e da transferência de calor de nanofluidos em situações de convecção forçada e livre e as potenciais aplicações de nanofluidos [8]. Como a razão área superficial volume de partículas nanométricas é muito maior que a de partículas de tamanhos convencionais (micropartículas), não só as propriedades termofísicas podem ser melhoradas, mas também a estabilidade da suspensão. Metais nanométricos podem ser apropriados para aplicações na qual o fluido passa por pequenos orifícios, pois as nanopartículas metálicas são pequenas o bastante para se comportarem como moléculas de líquidos. Dessa maneira, as nanopartículas não obstruem os pequenos orifícios e melhoram a condutividade térmica dos fluidos. Isso abriu a possibilidade de se usar nanopartículas mesmo em microcanais para várias aplicações com altas taxas de transferência de calor [1]. O estudo teórico-experimental da convecção forçada com nanofluidos é um assunto ainda pouco explorado, mas que despertou o interesse e a dedicação de alguns pesquisadores devido à sua relevância. Até aqui, pode-se dizer que um dos focos principais de pesquisa tem sido a análise teórica e experimental das propriedades termofísicas inerentes ao nanofluido proposto. O presente trabalho objetiva a comparação crítica entre modelos teóricos e resultados experimentais, visando contribuir à avaliação da importância da variação das propriedades termofisicas com a temperatura, no comportamento da convecção forçada interna com nanofluidos. Para tanto, desenvolveu-se um modelo matemático e uma solução híbrida numérico-analítica baseada na Técnica da Transformada Integral Generalizada para o problema de convecção forçada interna com propriedades variáveis em tubos circulares. O código computacional construído em Fortran 95 foi inicialmente verificado através de uma solução onde se considerou as propriedades constantes e, em outra etapa, apenas com a viscosidade variável, 2 para comparação com os resultados disponíveis na literatura, nas referências [9] e [10], respectivamente. Além da análise dos resultados obtidos em relação aos já disponíveis na literatura, realizou-se também uma comparação com os dados experimentais obtidos recentemente no Laboratório de Transmissão e Tecnologia de Calor, LTTC, Engenharia Mecânica, POLI & COPPE/UFRJ, objetivando consolidar os estudos experimentais realizados com nanofluidos comerciais de água-sílica e evidenciar a influência da viscosidade variável no comportamento da transferência de calor em regime laminar. Este trabalho faz parte de um projeto que vem sendo desenvolvido pela equipe do LTTC, iniciado em 2006, com apoio do CENPES/Petrobras. Como parte dos trabalhos já produzidos nesse esforço mais amplo, pode-se citar: − A medição de propriedades termofísicas de diferentes nanofluidos através de técnicas experimentais e a comparação dos resultados experimentais com modelos e correlações disponíveis na literatura para prever o aumento da condutividade térmica de nanofluidos [11]; − A análise experimental da convecção forçada com nanofluidos de alumina, em diferentes frações volumétricas, no aumento da taxa de transferência de calor no escoamento em regime laminar em tubos, para o problema de convecção forçada interna [12]; − A avaliação da intensificação térmica, através da simulação computacional, de diferentes nanofluidos em tubos circulares para o problema da convecção forçada turbulenta com propriedades constantes, ao longo da região de desenvolvimento térmico [13]; − A análise dos efeitos da intensificação térmica advindos da utilização de nanofluidos comerciais de alumina e óxido de titânio dispersos em água, em convecção forçada laminar em tubos circulares aquecidos eletricamente, incluindo os efeitos de perdas de calor pelo isolamento térmico [14]; Este trabalho apresentará a análise da variação de propriedades termofísicas com a temperatura para o problema de convecção forçada interna de nanofluidos, no regime de escoamento laminar e incompressível, hidrodinamicamente desenvolvido e em desenvolvimento térmico no interior de tubos circulares. Os tópicos a serem explorados são os seguintes: 3 − Simular a convecção forçada laminar para nanofluidos com variação da viscosidade com a temperatura, considerando um modelo para a equação de momentum na direção longitudinal que desconsidera os termos de inércia, a partir de uma condição de entrada de escoamento desenvolvido, e avaliandose comparativamente com resultados de referência para o caso de viscosidade constante; − Verificar a solução obtida com resultados teóricos disponíveis na literatura para os casos de temperatura e fluxo de calor uniforme prescritos; − Validar o modelo e solução propostos com resultados experimentais recentemente obtidos no contexto do projeto COPPE-CENPES para nanofluidos comerciais de água-sílica. De forma a elucidar os primeiros estudos para implementação do circuito termohidráulico para altas temperaturas que será construído no LTTC, serão analisados também neste trabalho uma simulação utilizando o código UNIT e aplicando a metodologia de solução aqui descrita para o óleo térmico LUBRAX OT-68OF. Conforme realizado anteriormente, a formulação com o código UNIT será validada a partir dos resultados deste trabalho. Será apresentada a seguir uma revisão bibliográfica, com foco na análise da variação de propriedades termofísicas com a temperatura para nanofluidos. 4 CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 - CONVECÇÃO FORÇADA COM NANOFLUIDOS Segundo Hwang et al. [15], em seu recente estudo, diversas nanopartículas, em nanotubos de carbono de paredes múltiplas (MWCNT), como, por exemplo, fulereno, óxido de cobre e dióxido de silício têm sido usados para produzir nanofluidos, cujos líquidos bases mais utilizados foram água destilada, etileno glicol e óleo. Os autores realizaram medidas da condutividade térmica e avaliaram a estabilidade do nanofluido através do espectrofotômetro UV-vis. De acordo com suas análises, a condutividade térmica do nanofluido aumenta com a fração de volume crescente de nanopartículas exceto para o nanofluido à base de água e fulereno, pois este tem menor condutividade térmica do que o fluido base. A estabilidade de nanofluido é fortemente influenciada pelas características da interação entre o fluido base e as nanopartículas suspensas, como por exemplo, pela morfologia das partículas, pela estrutura química das partículas e o fluido base. Além disso, a adição de surfactante, SDS, pode melhorar a estabilidade das suspensões. Em suma, a melhora da condutividade térmica depende da fração de volume das partículas em suspensão, da condutividade térmica das partículas e do fluido base. Nguyen et al. [16] investigaram experimentalmente o comportamento e o aumento da transferência de calor de um nanofluido com nanopartículas de alumina (Al2O3) dispersas em água, fluindo dentro de um sistema fechado que é destinado à refrigeração de microprocessadores e outros componentes eletrônicos. Os autores obtiveram dados experimentais para o regime de escoamento turbulento, e tais resultados mostraram que a inclusão das nanopartículas em água destilada, produziu uma melhora no coeficiente de transferência de calor convectivo do bloco refrigerado. Além disso, os autores atestaram que um aumento da concentração de partículas produziu uma clara diminuição da temperatura do componente aquecido. Kwak e Kim [17] estudaram a relação entre as propriedades reológicas de nanofluidos de óxido de cobre (CuO) com partículas de 10-30 nm, em etileno glicol, com o aumento da condutividade térmica. De acordo com os autores, a melhora 5 substancial da condutividade térmica é atingível somente quando a concentração de partículas é inferior ao limite de solubilidade. O estudo também sugere que, para um nanofluido ser eficiente, as partículas devem ter formato esférico para promover um limite de diluição crítico alto. Mintsa et al. [18] apresentaram medidas de condutividade térmica efetiva dos nanofluidos de alumina/água e de óxido de cobre/água. Também investigaram os efeitos da fração de volume das partículas, da temperatura e do tamanho das partículas, através de experimentos com leituras à temperatura ambiente e variandose a temperatura para várias frações volumétricas de partículas. Segundo os autores, o efeito global prevê um aumento efetivo da condutividade térmica com o aumento da fração volumétrica de partículas e com uma diminuição no tamanho das partículas. Além disso, ocorreu um aumento relativo da condutividade térmica que se mostrou mais significativo em altas temperaturas. Palm et al. [19] promoveram um estudo do escoamento radial em sistemas de refrigeração, incluindo propriedades dependentes da temperatura, mais especificamente, a viscosidade dinâmica e a condutividade térmica foram analisadas para distribuições dependentes da temperatura com concentrações de nanopartículas de 1% a 4%. Os resultados confirmaram que o uso de nanopartículas aumentou a capacidade de transferência de calor para o escoamento radial do sistema de arrefecimento, porém ocorreram aumentos similares para a tensão de cisalhamento na parede. A inclusão da dependência da temperatura mostrou um aumento na taxa de transferência de calor quando comparado com a análise sob uma propriedade constante. Namburu et al. [20] analisaram numericamente o escoamento turbulento e a transferência de calor de três diferentes nanofluidos fabricados com óxido de cobre (CuO), alumina (Al2O3) e óxido de silício (SiO2), em uma mistura de etileno glicol e água que flui através de um tubo circular sob condição de fluxo de calor prescrito constante. Os autores apresentaram uma revisão de novas correlações para a viscosidade para até 10% em fração volumétrica para estes nanofluidos, como uma função da fração volumétrica e da temperatura, que foram desenvolvidas a partir dos experimentos. Conforme o estudo numérico realizado, todas as propriedades termofísicas de nanofluidos dependem da temperatura. Além disso, verificou-se que nanofluidos contendo nanopartículas de menor diâmetro apresentaram maior viscosidade e maiores valores de números de Nusselt. Portanto, constatou-se que a viscosidade de nanofluidos aumenta à medida que diminui o diâmetro da partícula. O coeficiente de transferência de calor de nanofluidos aumenta com o aumento da concentração volumétrica de nanopartículas e do número de Reynolds. A operação de 6 nanofluidos a temperaturas elevadas produz um maior aumento percentual na taxa de transferência de calor. Já o número de Prandtl dos nanofluidos aumenta com a diminuição da temperatura de operação, uma vez que a viscosidade desempenha um papel dominante. Para a mesma concentração de nanopartículas a um dado número de Reynolds, os nanofluidos de óxido de cobre obtiveram um desempenho superior no que diz respeito à transferência de calor, seguidos pelo de alumina e do de óxido de silício. A perda de carga aumenta com o aumento na fração volumétrica de partículas dos nanofluidos. Cotta et al. [21] investigaram aspectos da modelagem e simulação em convecção forçada laminar relacionada com a melhoria da eficiência energética pelo aumento da transferência de calor no escoamento laminar em dutos. Três linhas de pesquisa complementares foram exploradas, considerando-se a modificação do fluido base com a dispersão de nanopartículas de óxido metálico (nanofluidos), a análise conjugada dos efeitos de transferência de calor em microcanais e o estudo do aumento de transferência de calor em dutos de parede ondulada na microescala. Segundo os autores, foi observado que a dependência da temperatura com a condutividade térmica e com a viscosidade desempenham algum papel na previsão do comportamento convectivo dos nanofluidos, mas, além disso, é necessário levar em consideração as variações da concentração de nanopartículas nos fluidos ao longo da operação dos equipamentos de troca de calor. Mansour et al. [22] pesquisaram o efeito das incertezas nos valores das propriedades físicas da dispersão de água com alumina gama (γ-Al2O3), sobre o seu desempenho termohidráulico para convecção forçada com escoamento plenamente desenvolvido, laminar e turbulento, em um tubo com fluxo de calor prescrito uniforme. Os autores analisaram dois tipos de problemas: a substituição de um fluido simples por um nanofluido em uma determinada instalação e o projeto de uma instalação elementar de transferência de calor. Segundo eles, as condições operacionais e os parâmetros de projeto variam de forma significativa com as propriedades termofísicas do nanofluido. No entanto, visto que, os efeitos de certas características do nanofluido, tais como, o tamanho médio das partículas e a distribuição espacial de nanopartículas, sobre estas propriedades não são atualmente conhecidas com precisão, é muito difícil concluir sobre as vantagens estimadas dos nanofluidos sobre fluidos de transferência de calor convencionais. Yang [10] obteve soluções analíticas para convecção laminar forçada de líquidos escoando em tubos circulares com viscosidade dependente da temperatura 7 para duas condições de contorno: temperatura prescrita na parede do tubo e fluxo de calor na parede prescrito e uniforme. A acurácia deste procedimento analítico foi demonstrada através da comparação com resultados obtidos para problemas isotérmicos cuja solução exata era possível. Ferrouillat et al. [23] investigaram experimentalmente a transferência de calor convectiva de suspensões coloidais SiO2/água (5-34 wt.%) em um circuito com uma seção de testes de tubo horizontal cuja temperatura da parede foi imposta. Experimentos foram realizados em diferentes temperaturas de entrada (20, 50, 70 °C) no resfriamento e / ou nas condições de aquecimento para várias vazões (200 <Re <10000). Os resultados indicaram que utilizando-se o nanofluido, os valores dos coeficientes de transferência de calor aumentaram entre 10% a 60% em comparação com aqueles de água pura. Eles também mostraram que a tendência geral dos padrões das correlações foram respeitados. Escher et al. [24] apresentaram uma caracterização sistemática de suspensões de nanopartículas de sílica em água até uma concentração volumétrica de 31%. Eles determinaram a morfologia das nanopartículas através de imagens microscópicas e a condição da dispersão pelas medidas dos dispersantes. Também obtiveram medidas experimentais das propriedades termofísicas dos fluidos, a saber, calor específico, densidade, condutividade térmica e viscosidade dinâmica. O número de Nusselt foi extraído dos resultados experimentais e comparados com as previsões teóricas, considerando-se as propriedades da mistura. Através destas análises eles demonstraram um desvio menor que 10%. Concluíram que as correlações usuais podem ser utilizadas para estimar a transferência de calor por convecção dos nanofluidos. Também variaram as propriedades termofísicas individualmente no circuito refrigerante e estudaram estes impactos na performance da transferência de calor no canal submerso. Eles demonstraram que o aumento da condutividade térmica relativa deve ser maior que o aumento da viscosidade relativa a fim de conseguir um considerável benifício na performance. Além disso, eles mostraram que é preferível aumentar o calor específico volumétrico do nanofluido do que aumentar a condutividade térmica. Heidary e Kermani [25] estudaram numericamente a transferência de calor e o campo do escoamento no microcanal de parede ondulada. A temperatura do fluido de entrada introduzido no canal era menor que a temperatura da parede. O sistema de equações governantes foi resolvido numericamente no domínio através de uma aproximação por um volume de controle baseado na técnica SIMPLE. O nanofluido considerado na simulação é uma mistura de cobre e água. Um amplo espectro de 8 simulações foram realizadas com um intervalo de Reynolds entre 5 e 1500, com fração volumétrica do nanofluido entre 0 e 20% e amplitude da onda entre 0 e 0,3. Os efeitos desses parâmetros foram investigados através dos números de Nusselt local e médio e do fator de fricção. Os autores concluíram que a transferência de calor nos canais pode aumentar em 50% pela adição das nanopartículas e utilizando-se a parede horizontal ondulada. Anoop et al. [26] investigaram experimentalmente as características da transferência de calor por convecção forçada em um duto com escoamento em desenvolvimento e com fluxo de calor constante, realizado com nanofluido aluminaágua. O objetivo principal era avaliar o efeito do tamanho das nanopartículas na transferência de calor por convecção na região de escoamento laminar. Foram utilizadas nos experimentos duas nanopartículas, uma com média menor que 45 nm e outra com aproximadamente 150 nm. Os autores observaram que ambos os nanofluidos mostraram alta capacidade de transferência de calor comparando-se com o fluido base e o nanofluido com as nanopartículas de menor tamanho apresentou maior coeficiente de transferência de calor que o nanofluido com nanopartículas de 150 nm. Eles também notaram que na região em desenvolvimento, os coeficientes de transferência de calor mostraram-se maiores que na região de escoamento completamente desenvolvido. Kakaç e Pramuanjaroenkij [27] revisaram e resumiram as mais importantes publicações sobre a intensificação da transferência de calor por convecção forçada com nanofluidos. Este levantamento mostrou que os nanofluidos melhoram significativamente a capacidade de transferência de calor em comparação com a utilização dos fluidos convecionais, tais como óleo e água com nanopartículas suspensas nestes fluidos base. Adicionalmente, modelos teóricos e trabalhos experimentais sobre condutividade térmica efetiva e difusividade aparente são necessários para demonstrar o completo potencial dos nanofluidos para a melhoria da convecção forçada. Vajjha e Das [28] investigaram experimentalmente, através da determinação da condutividade térmica, três nanofluidos contendo óxido de alumínio, óxido de cobre e óxido de zinco em nanopartículas dispersas no fluido base feito de uma mistura de etileno glicol e água, na proporção (em massa) de 60 para 40. A concentração volumétrica de nanopartículas dos nanofluidos testados foram de até 10% e o intervalo de temperatura nos experimentos foi de 298 a 363K. O resultados mostraram um aumento na condutividade térmica dos nanofluidos comparados com o fluido base bem como com o aumento da concentração volumétrica das nanopartículas. A 9 condutividade térmica também aumenta substancialmente com o aumento da temperatura. Os autores compararam vários modelos existentes para estimar a condutividade térmica com dados experimentais obtidos para estes nanofluidos, no entato eles não mostraram boa concordância. Logo, um modelo foi desenvolvido, o qual tratava-se de um refinamento de um modelo já existente e que incorporava o modelo clássico de Maxwell e o efeito do movimento Browniano para representar a condutividade térmica de nanofluidos como função da temperatura, da concentração volumétrica das nanopartículas, das propriedades das nanopartículas e do fluido base, o qual concorda com os dados experimentais. Mirmasoumi e Behzadmehr [29] estudaram numericamente a convecção mista em regime laminar de um nanofluido de água e Al2O3 em um duto horizontal. Um modelo para mistura bifásica foi empregado para investigar o comportamento térmico e hidrodinâmico do nanofluido para uma elevada gama de números de Grashof e Reynolds. As comparações com trabalhos de análises experimentais e numéricas para convecção mista em dutos horizontais ofereceram boa concordância entre os resultados. Foram apresentados os parâmetros térmicos e hidrodinâmicos, para um determinado diâmetro de nanopartículas, em relação ao efeito da fração volumétrica de nanopartículas. Os resultados mostraram que na região de escoamento completamente desenvolvido a concentração de nanopartículas não influencia significativamente os parâmetros hidrodinâmicos. No entanto, os efeitos sobre os parâmetros térmicos foram relevantes. A concentração das nanopartículas é maior na parte inferior do duto e próxima à parede. Raisee e Moghaddami [30] examinaram os efeitos da melhora da transferência de calor por convecção forçada a partir da adição de nanopartículas metálicas de alumina gama (γ-Al2O3) na água no escoamento em duto circular avaliando-se, conforme o caso, duas condições de contorno distintas, ou seja, temperatura na parede constante ou fluxo de calor na parede uniforme. Dois modelos de nanofluidos foram utilizados nas simulações. O primeiro modelo (simpler model) foi desenvolvido por Maiga et al. [31], enquanto o segundo modelo, o qual considerou-se o movimento Browniano das nanopartículas, foi proposto por Koo e Kleinstreuer [32] baseados nos dados experimentais de Das et al. [33]. Os resultados foram obtidos utilizando-se um código de volumes finitos bidimensionais. O campo de pressões foi obtido através do algoritmo SIMPLE. O fluxo advectivo do volume de controle foi aproximado utilizandose o esquema QUICK. As comparações entre os resultados obtidos numericamente e os dados experimentais de Zeinali et al. [34] mostraram que o segundo modelo previa com maior confiabilidade os níveis de transferência de calor. Além disso, o primeiro 10 modelo também apresentava maior perda de carga que o segundo. Como esperado, a adição de nanopartículas melhora a transferência de calor. Segundo os autores, a menor melhora da transferência de calor foi de aproximadamente 10% para uma fração volumétrica de nanopartículas 1%, enquanto que a maior ficou em torno de 30%, considerando-se uma fração de 4%. Eles também concluíram que a utilização de nanofluidos produz uma melhora mais significante para menores números de Reynolds. Chen et al. [35] realizaram experimentos para investigar a condutividade térmica efetiva, o comportamento reológico e a transferência de calor por convecção forçada com nanofluidos. Nanotubos de titânio foram sintetizados, caracterizados e preenchidos com água para formar nanofluidos estáveis na proporção de 0.5, 1.0 e 2.5 (wt.%) dos nanotubos. Os resultados mostraram uma pequena melhora da condutividade térmica em torno de 3% em 25ºC e aproximadamente 5% para 40ºC, considerando-se o nanofluido de (2.5 wt.%). Os nanofluidos encontrados eram fluidos não-Newtonianos com comportamento pseudoplástico, ou seja, a viscosidade diminuiu com o aumento da tensão de cisalhamento para baixas taxas de cisalhamento. Apesar da pequena melhora em relação a condutividade térmica, segundo os autores, observou-se uma excelente melhora do coeficiente de transferência de calor por convecção. Conforme os autores, comparando-se com nanofluidos contendo nanopartículas esféricas de TiO2 sob condições similares, constatou-se que a melhora de ambos os parâmetros (condutividade térmica e coeficiente de transferência de calor por convecção) em relação ao nanofluido do nanotubo de titânio foi consideravelmente maior; indicando, inclusive, o papel primordial que o formato da nanopartícula exerce na melhora da transferência de calor. 2.2 - A TÉCNICA DA TRANSFORMADA INTEGRAL GENERALIZADA Métodos numéricos discretos para formulações diferenciais parciais em convecçãodifusão pertencem hoje em dia ao trabalho rotineiro dos engenheiros térmicos envolvidos em tarefas de projeto e desenvolvimento, e não são mais restritos aos ambientes de pesquisa científica. Os diferentes métodos e enfoques estão fartamente discutidos em livros texto e de referência [36] e muitos estão disponíveis na forma de aplicativos comerciais. No entanto, e não apenas por curiosidade científica, existe ainda uma forte motivação para a otimização das técnicas já existentes, bem como, para o desenvolvimento de novas técnicas de simulação que se beneficiem dos progressos mais recentes em análise numérica e computação mista simbólicanumérica. 11 Nesse contexto, técnicas de solução para equações diferenciais parciais que exploram a base de conhecimento em métodos analíticos e se apoiam em plataformas de computação simbólica, têm chamado muita atenção da comunidade científica e oferecido algumas vantagens sobre as técnicas numéricas clássicas em diversas aplicações. Dentro desta ampla frente de pesquisa pode-se situar os avanços na Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) [37-42], empregada na solução híbrida numérico-analítica de problemas de convecção-difusão ao longo de cerca de 30 anos. Neste caso, a ênfase é a extensão do método clássico de transformação integral para tratar problemas não transformáveis a priori, permitindo flexibilidade suficiente para tratar mesmo problemas com coeficientes não lineares nas formulações [43-50]. Várias classes de problemas em transferência de calor e em mecânica dos fluidos foram tratados pela GITT, incluindo formulações baseadas nas equações de camada limite e de Navier-Stokes para escoamentos externos, em cavidades e canais, aqui revisados apenas para escoamentos em dutos em função do interesse mais próximo da presente aplicação [51-67]. No entanto, apenas em algumas poucas situações [59-60] a natureza totalmente não linear dessas equações foi tratada, incluindo-se não apenas os termos convectivos não lineares usuais, mas também a variação das propriedades físicas com a temperatura em particular. Segundo Oliveira Filho et al. [68] a variação da viscosidade com relação a temperatura do fluido influencia fortemente os perfis de velocidade e de temperatura e, às vezes, apresentam desvios significativos no problema típico de propriedades constantes. Um dos pesquisadores pioneiros na indentificação desta característica foi Yang [10] e em reconhecer estas diferenças no estudo da convecção forçada laminar de líquidos com dependência da viscosidade em temperatura [68]. Objetivando explorar mais profundamente o problema da convecção forçada interna nas situações onde a variação da viscosidade com a temperatura é levada em consideração, os autores, também aplicaram a GITT para a formulação apresentada por Yang [10], no entanto, o trabalho consistiu somente na análise do caso da temperatura prescrita na parede. Embora estes autores tenham utilizado a mesma metodologia proposta neste trabalho, a formulação aqui empregada é distinta e mais abrangente pois contempla ambos os casos abordados por Yang [10]. Contudo, faremos aqui uma comparação entre os resultados obtidos nestas publicações e àqueles apresentados neste trabalho. Esta análise é bastante enriquecedora dadas as similaridades entre as metodologias face às diferenças nas formulações. 12 CAPÍTULO 3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E METODOLOGIA DE SOLUÇÃO A solução da formulação matemática adimensional do problema de convecção forçada laminar em tubo circular considerado neste trabalho, baseou-se na Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT). A Técnica da Transformada Integral Generalizada foi introduzida por Özisik e Murray [69] e Mikhailov [70], a partir da Técnica da Transformada Integral Clássica (CITT), desenvolvida entre outros por Mikhailov & Özisik [71], a fim de possibilitar a solução analítica de um maior número de problemas de engenharia. Nesta técnica aplica-se o operador de transformação integral no sistema diferencial parcial mesmo que contendo termos não transformáveis, ao contrário do procedimento aplicando-se a CITT. Dependendo da classe do problema e da rigidez das EDOs (Equações Diferencias Ordinárias), podese resolver estes problemas através da solução analítica aproximada ou empregandose uma solução híbrida numérico-analítica. 3.1 - METODOLOGIA DE SOLUÇÃO PARA UM PROBLEMA PARABÓLICO GERAL Na presente seção apresenta-se um procedimento de tranformação integral geral que evita a construção de um sistema transformado com acoplamento do termo transiente a partir de uma matriz de coeficientes não linear, que exigiria tediosas inversões ao longo do processo de integração do sistema diferencial ordinário para o campo transformado. Assim, uma formulação do problema original é preferida, trazendo vantagens na computação dos potenciais transformados. Para permitir uma análise acurada dos modelos teóricos de convecção forçada de nanofluidos a serem aqui considerados, foi proposta uma extensão da Técnica da Transformada Integral Generalizada (GITT) para tratar de forma unificada formulações bem gerais não lineares de convecção-difusão, em que se permitem coeficientes dependentes da temperatura em cada termo da equação de energia e das condições de contorno. A metodologia híbrida numérico-analítica proposta é aplicável tanto a situações em regime permanente quanto transiente, e o processo de transformação integral é promovido de forma a se obter um sistema transformado explícito, evitandose assim permitir coeficientes não lineares no termo transiente (ou variável espacial 13 equivalente), e com isso reduzir o custo computacional na solução numérica do sistema transformado a partir de rotinas de solução de problemas de valor inicial. Para demonstrar os passos da técnica de solução, considera-se uma formulação suficientemente geral de convecção-difusão, que inclui os problemas não lineares em convecção de calor interna de interesse no presente estudo. Um conjunto de potenciais, Tk ( x , t ) , k , l = 1, 2, …, M , dependentes da posição x e do tempo t (ou variável espacial equivalente) como temperatura, concentrações, componentes de velocidade, pressão, etc., encontra-se definido na região V com superfície de contorno S , e obedece a seguinte formulação com coeficientes não lineares em todos os coeficientes da equação e das condições de contorno: wk* ( x ,Tl ) ∂Tk ( x , t ) ∂t d * k + u ( x , t ,Tl ) ⋅∇Tk ( x , t ) = ∇ ⋅ kk* ( x , t ,Tl ) ∇Tk ( x , t ) − ( x, t ,Tl ) Tk ( x, t ) + P ( x, t ,Tl ) , * k (3.1.a) x ∈V , t > 0, k , l = 1, 2, …, M com condições iniciais e de contorno Tk ( x , t ) = f k ( x ) , (3.1.b) x ∈V α k* ( x , t ,Tl ) Tk ( x, t ) + β k* ( x, t ,Tl ) kk* ( x, t ,Tl ) ∂Tk ( x , t ) = φk* ( x , t ,Tl ) , ∂n x∈S (3.1.c) O procedimento híbrido baseado em transformação integral se inicia com a proposição de uma solução formal em termos de uma expansão em autofunções para os potenciais desejados, Tk ( x, t ) , com os coeficientes dependentes de t correspondentes a ser determinados: ∞ Tk ( x , t ) = ∑Ak ,i ( t )ψ k ,i ( x ) (3.2) i =1 onde as autofunções,ψ k ,i ( x ) , são obtidas de um problema de autovalor representativo que contém tanta informação quanto possível do problema original, na forma: ∇ ⋅ kk* ( x ) ∇ψ k ,i ( x ) + (ζ k2,i wk ( x ) − d k ( x ) )ψ k ,i ( x ) = 0, α k ( x ) ψk ,i ( x ) + β k ( x ) kk ( x ) ∂ψ k ,i ( x ) ∂n = 0, x∈S x ∈V , t > 0 (3.3.a) (3.3.b) 14 Os coeficientes wk ( x ) , kk ( x ) , d k ( x ) , α k ( x ) e β k ( x ) do problema auxiliar (3.3) são esperados incluir informações relacionadas aos coeficientes não lineares originais das Eqs. (3.1). Note que o termo convectivo na Eq. (3.1.a) não foi representado no problema auxiliar (3.3), uma vez que assim resultaria um problema de autovalor não auto-adjunto. Embora esta situação tenha sido considerada com alguma vantagem na literatura de GITT, pelo objetivo de unificação da presente solução, somente problemas de Sturm-Liouville de comportamento espectral bem estabelecido serão aqui considerados. Assim, o problema (3.3) oferece uma propriedade de ortogonalidade das autofunções que é muito relevante na aplicação desta metodologia, a qual é escrita como: ∫w ( x ) ψ ( x ) ψ ( x ) dv = δ k k ,i k,j i, j (3.4.a) N k,i V onde o delta de Kronecker δi, j é igual a 1 para i = j ou 0 para i ≠ j e N k ,i são as integrais de normalização que são calculadas por: N k,i = ∫wk ( x ) ψ k,i2 ( x ) dv (3.4.b) V Com ajuda da Eq. (3.4.a), pode-se operar na expansão proposta, Eq. (3.2), ∫ com o operador integral wk ( x ) ψ k,i ( x ) _dv , para obter os coeficientes da expansão: V * Ak,j (t) = 1 wk ( x ) ψk,j ( x )Tk ( x ,t ) dv N k,j V∫ (3.5) Uma vez que todos os termos da soma infinita da Eq. (3.2) são anulados, exceto aquele para o qual i = j . Então, as Eqs. (3.2) e (3.5) fornecem o par de fórmulas de transformação integral, chamadas de transformada e inversa, respectivamente: Tk ,i (t) = ∫wk ( x ) ψ k,i ( x )Tk ( x , t ) dv , transformada (3.6.a) V ∞ Tk ( x , t ) = ∑ ψ k ,i ( x ) Tk ,i (t) , inversa (3.6.b) i =1 15 Nas Eqs. (3.6.a,b) acima adotou-se uma autofunção normalizada, repartindo a contribuição da norma entre as duas fórmulas, transformada e inversa, na forma: ψ k,i ( x ) = ψ k,i ( x ) (3.6.c) N k,i O próximo passo na GITT é então a transformação integral das Eqs. (3.1.a) fazendo uso do par transformada-inversa definido acima. O procedimento tradicional envolveria a operação de transformação integral, com ajuda da fórmula da transformada, Eq. (3.6.b), em ambos os lados da Eq. (3.1.a), o que para essa formulação totalmente não linear resultaria em uma matriz de coeficientes não lineares no lado esquerdo do sistema transformado, devido à natureza não linear do coeficiente do termo transiente no problema original, w*k ( x ,Tl ) . Sob o ponto de vista computacional, essa formulação explícita não linear iria requerer que a matriz de acoplamento fosse invertida diversas vezes ao longo do processo de integração numérica do sistema transformado, como inerente aos procedimentos das rotinas de solução de problemas de valor inicial, resultando em custos computacionais consideráveis. Entretanto, antes de prosseguir nesse caminho, mostra-se vantajoso reescrever a formulação do problema de forma a oferecer uma transformação linear explícita para a transformação integral do termo transiente. Como o resultado final da transformação integral será a construção de um problema de valor inicial para se obter os potenciais transformados, Tk,i (t) , é sem dúvida mais interessante para o algoritmo de solução numérica dessas equações diferenciais ordinárias, lidar com um sistema explícito e linear no operador transiente, evitando-se assim inversões da matriz não linear que seria usualmente obtida. Desta forma, o coeficiente do termo transiente pode ser reescrito na forma: w*k ( x ,Tl )= wk ( x ) w*k ( x ,Tl ) = wk ( x ) Ck−1( x ,t,Tl ) wk ( x ) (3.7) Que resulta na seguinte versão da equação (3.1a): wk ( x ) ∂Tk ( x , t ) ∂t = Ck ( x , t ,Tl ) [∇ ⋅ kk* ( x , t ,Tl ) ∇Tk ( x , t ) − d k* ( x , t ,Tl ) Tk ( x, t ) − u ( x , t ,Tl ) ⋅∇Tk ( x , t ) + Pk* ( x , t ,Tl )], x ∈V , t > 0 (3.8) 16 ,ou simplesmente: wk ( x ) ∂Tk ( x , t ) ∂t = H k ( x , t ,Tl ) (3.9.a) t > 0, l , k = 1, 2,..., M onde: H k ( x , t ,Tl ) = Ck ( x , t ,Tl ) [∇ ⋅ kk* ( x , t ,Tl ) ∇Tk ( x , t ) − d k* ( x , t ,Tl ) Tk ( x, t ) − u ( x , t ,Tl ) ⋅∇Tk ( x , t ) + Pk* ( x , t ,Tl )] (3.9.b) com as condições iniciais dadas pelas equações (3.1.b) e condições de contorno também reescritas na forma: α k ( x ) Tk ( x, t ) + β k ( x ) kk ( x ) ∂Tk ( x , t ) ∂n = φk ( x , t ,Tl ) , x∈S (3.9.c) onde: φk ( x, t ,Tl ) = φk* ( x , t ,Tl ) + α k ( x ) − α k* ( x, t ,Tl ) Tk ( x, t ) + β k ( x ) kk ( x ) − β * k ( x, t ,Tl ) ∂T ( x, t ) k ( x, t ,Tl ) k ∂n (3.9.d) * k O processo de transformação integral é então realizado operando-se a ∫ equação (3.9.a) com o operador ψ k,i ( x ) _dv , para obter: V dTk ,i ( t ) dt = ∫ψ k,i ( x ) H k ( x, t ,Tl ) dv, t > 0,i = 1,2,... (3.10.a) V A princípio, a integração direta do lado direito da eq. (3.10.a) forneceria um vetor, a partir da substituição da fórmula da inversa, eq. (3.6.a), nos termos nãolineares, que no entanto não traria nenhuma informação sobre os termos fonte da condição de contorno, φk ( x , t ,Tl ) . Assim, para levar em conta a contribuição da condição de contorno, primeiro dividimos o lado direito da equação acima em dois termos, como se segue: 17 dTk ,i ( t ) dt = ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x , t ,Tl ) ∇ ⋅ kk* ( x , t ,Tl ) ∇Tk ( x , t ) dv + V (3.10.b) ∫ψ ( x ) C ( x,t ,T ) P ( x, t,T ) − d ( x,t ,T ) T ( x, t ) − u ( x, t,T ) ⋅ ∇T ( x, t ) dv k,i k * k l * k l l k l k V O primeiro termo no lado direito pode ser avaliado empregando-se a 2ª fórmula de Green, para obter-se: ∫ψ ( x ) C ( x, t ,T ) ∇ ⋅ k ( x, t ,T ) ∇T ( x, t ) dv = ∫T ( x, t ) ∇ ⋅ k ( x, t,T ) ∇ ψ ( x ) C ( x, t ,T ) dv + k,i k * k l l k V k * k l k,i k l V ∂ ψ k,i ( x ) Ck ( x, t ,Tl ) ∂Tk ( x , t ) * k x , t , T ψ x C x , t , T − T x , t ( ) ( ) ( ) ( ) ds k l k,i k l k ∫S ∂n ∂n (3.10.c) ou, ∫ψ ( x ) C ( x, t ,T ) ∇ ⋅ k ( x, t ,T ) ∇T ( x, t ) dv = ∫T ( x, t ) ∇ ⋅ k ψ k,i k * k l l V k k * k k,i ∇Ck + ∇ ⋅ kk*Ck ∇ψ k,i dv + V ∫k ( x, t,T ) C ( x, t,T ) ψ ( x ) * k l S k l k,i ∂Tk ( x , t ) ∂ψ ( x ) ∂Ck ( x, t ,Tl ) − Tk ( x , t ) k,i ds − Tk ( x , t ) ψ k,i ( x ) ∂n ∂n ∂n (3.10.d) Desta forma, o sistema transformado pode ser escrito na forma sintética abaixo: dTk ,i ( t ) dt = hk ,i ( t , Tl , j ) , ( onde o vetor hk ,i t , Tl , j t > 0, k = 1, 2,..., M , i = 1, 2,... (3.11.a) ) é formado pelas seguintes contribuições: hk ,i ( t , Tl , j ) = h k*,i ( t , Tl , j ) + qk ,i ( t , Tl , j ) + g k ,i ( t , Tl , j ) (3.11.b) com, h k*,i ( t , Tl , j ) = ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x , t ,Tl ) Pk* ( x , t ,Tl ) − d k* ( x , t ,Tl ) Tk ( x , t ) − u ( x , t ,Tl ) ⋅∇Tk ( x, t ) dv V (3.11.c) 18 qk ,i ( t , Tl , j ) = ∫Tk ( x , t ) ∇ ⋅ kk*ψ k,i∇Ck + ∇ ⋅ kk*Ck ∇ψ k,i dv (3.11.d) V ∂Tk ( x , t ) ∂ψ ( x ) − Tk ( x , t ) k,i Ck ( x , t ,Tl ) ψ k,i ( x ) ∂n ∂n * g k ,i ( t , Tl , j ) = ∫kk ( x , t ,Tl ) ds S ∂Ck ( x , t ,Tl ) −Tk ( x , t ) ψ k,i ( x ) ∂n (3.11.e) O vetor de coeficientes contendo a contribuição do divergente da autofunção pode também ser reescrito de forma mais conveniente para fins computacionais como: qk ,i ( t , Tl , j ) = ∫Tk ( x , t ) ∇ ⋅ kk*∇Ck + ∇kk* ⋅ ∇Ck ψ k,i dv + V ∫T ( x, t )( 2γ k k (3.11.f) ∇Ck + Ck ∇γ k ) ⋅ ( kk ∇ψ k,i ) dv + ∫Tk ( x , t ) γ k Ck ∇ ⋅ ( kk ∇ψ k,i ) dv V V O problema de autovalor, eq.(3.3.a), pode ser empregado para simplificar mais esse vetor, fornecendo: qk ,i ( t , Tl , j ) = ∫Tk ( x , t ) ∇ ⋅ kk*∇Ck + ∇kk* ⋅ ∇Ck + γ k Ck d k ψ k,i ( x ) dv + V ∫T ( x, t )( 2γ k k ∇Ck + Ck ∇γ k ) ⋅ ( kk ∇ψ k,i ( x ) ) dv − ζ V (3.11.g) 2 i ∫T ( x, t ) γ k k Ck wk ∇ψ k,i ( x ) dv V onde, γ k ( x, t , Tl ) = kk* ( x, t , Tl ) kk ( x ) (3.11.h) A contribuição do termo fonte do contorno pode ser reescrita explicitamente manipulando-se as duas condições de contorno, do problema original e do problema auxiliar, eqs.(3.9.d) and (3.3.b), respectivamente, obtendo-se: ∂ψ k,i ( x ) ψ k,i ( x ) − kk ( x ) ∂n ds g k ,i ( t , Tl , j ) = ∫γ k Ckφk ( x , t ,Tl ) α k ( x ) + βk ( x ) S ∂C ( x , t ,Tl ) − ∫kk* ( x , t ,Tl ) Tk ( x , t ) ψ k,i ( x ) k ds ∂n S (3.11.i) 19 Embora formal e exata, a manipulação acima para levar em conta os termos fonte da condição de contorno introduz complexidade adicional à solução ao requerer a avaliação de derivadas dos coeficientes não-lineares, como Ck ( x, t ,Tl ) . Alternativamente, pode-se preferir um procedimento mais direto de incluir a contribuição do contorno, como agora descrito. Partindo da eq. (3.10.b), somamos e subtraimos a contribuição do termo do divergente do fluxo, ou seja: dTk ,i ( t ) dt = ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x , t , Tl ) − 1 ∇ ⋅ kk* ( x , t , Tl ) ∇Tk ( x , t ) dv V + ∫ψ k,i ( x ) ∇ ⋅ kk* ( x , t , Tl ) ∇Tk ( x , t ) dv (3.11.j) V Pk* ( x , t , Tl ) − d k* ( x , t , Tl ) Tk ( x , t ) + ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x , t , Tl ) dv − u x t T ⋅ ∇ T x t , , , ( ) ( ) V l k Agora, a Segunda formula de Green é aplicada somente ao segundo termo do lado direito da equação, que corresponde à transformação integral do termo de divergência do fluxo original, na forma: dTk ,i ( t ) dt = ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x , t , Tl ) − 1 ∇ ⋅ kk* ( x , t , Tl ) ∇Tk ( x , t ) dv + V + ∫Tk ( x , t ) ∇ ⋅ kk* ( x , t , Tl ) ∇ψ k,i ( x ) dv + V ∂Tk ( x , t ) ∂ψ k,i ( x ) k x , t , T ψ x − T x , t ( ) ( ) ( ) ds + l k,i k ∫S ∂ n ∂ n (3.11.k) * k Pk* ( x , t , Tl ) − d k* ( x , t , Tl ) Tk ( x , t ) dv ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x, t, Tl ) −u ( x, t , T ) ⋅ ∇T ( x, t ) V l k como: Logo, o sistema transformado alternativo pode ser escrito em forma sintética dTk ,i ( t ) dt = hˆk,i* ( t , Tl , j ) , t > 0, k = 1, 2,..., M = 1, 2, ... (3.11.l) 20 onde o vetor , hˆk,i* ( t , Tl , j ) , é agora formado pelas três novas contribuições abaixo: hˆk ,i ( t , Tl , j ) = hˆ k*,i ( t , Tl , j ) + qˆk ,i ( t , Tl , j ) + gˆ k ,i ( t , Tl , j ) 3.11.m) com, hˆ k*,i ( t , Tl , j ) = ∫ψ k,i ( x ) Ck ( x, t ,Tl ) − 1 ∇ ⋅ kk* ( x , t ,Tl ) ∇Tk ( x , t ) dv + (3.11.n) V ∫ψ ( x ) C ( x, t ,T ) P ( x, t ,T ) − d ( x,t ,T ) T ( x, t ) − u ( x,t ,T ) ⋅∇T ( x, t ) dv k,i k l * k l * k l k l k V qˆk ,i ( t , Tl , j ) = ∫Tk ( x , t ) ∇ ⋅ kk* ( x , t , Tl ) ∇ψ k,i ( x ) dv (3.11.o) V ∂T ( x , t ) ∂ψ ( x ) gˆ k ,i ( t , Tl , j ) = ∫kk* ( x , t ,Tl ) ψ k,i ( x ) k − Tk ( x , t ) k,i ds ∂n ∂n S (3.11.p) O sistema transformado alternativo, eqs.(3.11.l)-(3.11.p), apresenta expressões finais mais simples, especialmente ao evitar derivadas dos coeficientes não-lineares originais. As eqs.(3.11.a) ou (3.11.l) requerem condições iniciais transformadas para cada potencial, a partir da transformação integral da eq.(3.1.b) com ∫w ( x ) ψ ( x ) _dv ∫ (x), resultando em: k k,i V Tk ,i ( 0 ) = ∫wk ( x ) ψ k,i ( x ) f k ( x ) dv (3.11.q) V As eqs. (3.11.l) a (3.11.q) formam um sistema infinito acoplado de equações diferenciais ordinárias não-lineares para os potenciais transformados, Tk ,i ( t ) , que dificilmente permitiria a obtenção de uma solução analítica. Entretanto, algoritmos confiáveis para a solução numérica de tais sistemas encontram-se disponíveis, após o truncamento em uma ordem suficientemente grande para a precisão final desejada pelo usuário. O sistema Fortran 95 oferece a subrotina IVPAG da biblioteca IMSL [72] para resolver sistemas rígidos de EDO´s como aquele aqui obtido, com controle automático do erro relativo. Uma vez que o sistema tenha sido resolvido, o Fortran 21 também prove funções de interpolação para aproximar o comportamento dos campos transformados na variável t em forma contínua. A fórmula de inversão pode então ser chamada para reconstruir o potencial desejado em forma implícita e analítica nas variáveis espaciais. Para os estudos e análises específicos deste trabalho foram utilizados dois casos distintos de condições de contorno, ou seja, temperatura prescrita uniforme na parede (caso 1) e fluxo de calor prescrito uniforme na parede (caso 2). 3.2 - ESCOAMENTO EM DESENVOLVIMENTO TÉRMICO PARA O CASO DE TEMPERATURA PRESCRITA UNIFORME NA PAREDE T = Tw = constante u0 T0 T = Tw = constante Figura 3.2.1 – Representação esquemática do problema de convecção forçada em tubo circular para temperatura prescrita uniforme na parede. Considera-se escoamento laminar incompressível na região de entrada térmica de um tubo circular onde as paredes do mesmo estão sujeitas a uma temperatura prescrita uniforme Tw, enquanto na entrada a temperatura é admitida ser constante e dada por T0. Ainda, considera-se que o escoamento seja completamente desenvolvido com propriedades físicas constantes, exceto a viscosidade que varia com a temperatura numa forma funcional dada por Yang [10]. Com essas hipóteses, a formulação matemática desse problema na forma adimensional é dada por: U ( R, Z ) ∂ T ( R, Z ) 1 ∂ ∂ T ( R, Z ) = R , 0<R<1, Z>0 ∂Z ∂ R R ∂ R T ( R , 0) = 1, 0 ≤ R ≤1 ∂ T (0, Z ) = 0; ∂R T (1, Z ) = 0, (3.12.a) (3.12.b) Z>0 (3.12.c,d) 22 Despreza-se então o termo de convecção na direção radial. Na Eq. (3.12.a) U(R,Z) é o perfil de velocidade completamente desenvolvido, porém com dependência na variável axial Z, devido à consideração de variação de viscosidade com o campo de temperatura. Este perfil é obtido ao integrar-se duas vezes a componente axial da equação de conservação de quantidade de movimento linear, resultando em: 1 U ( R, Z ) = 2 ∫ 1 R 1 R ∫0 ∫R 1 η dη µ (T ) η dη dR µ (T ) (3.13.a) A forma funcional da dependência da viscosidade com a temperatura é a mesma do trabalho de Yang [10] e é dada por: µ (T ) = µ * (T * ) 1 = * µw 1 + γ T ( R, Z ) (3.13.b) onde, γ é um parâmetro de viscosidade, o qual assume um valor positivo para resfriamento e negativo para aquecimento. Na obtenção da formulação matemática do problema acima, os seguintes grupos adimensionais foram introduzidos: R= T *(r , z ) − Tw r αz u (r , z ) ; Z = 2 ; U ( R, Z ) = ; T ( R, Z ) = rw rw uav uav Ti − Tw (3.14.a-d) 3.2.1 - METODOLOGIA DE SOLUÇÃO Seguindo o formalismo da GITT [51-67] o primeiro passo nesta técnica consiste na definição de um problema de autovalor auxiliar. Para esse propósito, o seguinte problema de autovalor do tipo Sturm-Liouville é escolhido: d dψ i ( R ) R + Rζ i2ψ i ( R ) = 0 , dR dR dψ i (0) = 0; dR ψ i (1) = 0 0<R<1 (3.15.a) (3.15.b,c) 23 O problema definido pelas Eqs. (3.15) acima é resolvido analiticamente para fornecer a equação transcendental para o cálculo dos autovalores, ζi, as autofunções, ψi(R), as normas, Ni, e a propriedade de ortogonalidade, respectivamente, como: J 0 (ζ i ) = 0; 1 N i = ∫ Rψ i2 ( R )dR = 0 1 ∫ Rψ ( R)ψ 0 i (3.16.a,b) ψ i ( R ) = J 0 (ζ i R); j J12 (ζ i ) , 2 i = 1,2,3,... i≠ j 0, ( R)dR = Ni , i= j (3.16.c) (3.16.d) O problema de autovalor dado pelas Eqs. (3.15) permite a definição do seguinte par transformada-inversa: 1 Ti (Z ) = ∫ Rψ i ( R) T ( R, Z )dR , 0 transformada (3.17.a) inversa (3.17.b) ∞ T ( R, Z ) = ∑ψ i ( R )Ti (Z ) , i =1 onde, ψ i ( R ) = ψ i ( R ) / N i , são as autofunções normalizadas. A partir da introdução da fórmula de inversão, Eq. (3.17.b), nas Eqs. (3.13) para o campo de velocidade, obtém-se: ∞ 2(1 − R 2 ) + 4γ ∑ Ai ( R )Ti (Z ) U ( R, Z ) = (3.18.a) i =1 ∞ 1 + 8γ ∑ BiTi (Z ) i =1 1 Ai ( R ) = ∫ ηψ i (η )dη ; R 1 Bi = ∫ RAi ( R)dR 0 (3.18.b,c) O próximo passo na aplicação da GITT diz respeito à transformação integral da EDP (Equação Diferencial Parcial) original. Para isso, a Eq. (3.12.a) é multiplicada por Rψ i ( R) e integrada no domínio [0,1] em R. Após o uso da fórmula de inversão dada pela Eq. (3.17.b) nos termos não transformáveis, obtém-se o sistema de EDOs para o 24 cálculo dos potencias transformados, Ti (Z ) . Similarmente, o mesmo procedimento é realizado na condição de entrada dada pela Eq. (3.12.b), resultando finalmente: ∞ ∑C ij (Z ) j =1 dT j (Z ) dZ = Di ( Z ), (3.19.a) Z >0 (3.19.b) Ti (0) = fi onde, os coeficientes integrais que aparecem nas Eqs. (3.19) são dados por: ∞ 1 1 Cij ( Z ) = 2δ ij − 2 ∫ R 3ψ i ( R )ψ j ( R )dR + 4γ ∑ ∫ R 3ψ i ( R )ψ j ( R ) Ak ( R )dR Tk (Z ) (3.20.a) 0 0 k =1 ∞ Di ( Z ) = −ζ i2Ti (Z ) 1 + 8γ ∑ B jT j (Z ) j =1 1 f i = ∫ Rψ i ( R)dR 0 (3.20.b) (3.20.c) O sistema definido pelas Eqs. (3.19) constitui-se em um problema de valor inicial não linear de equações diferenciais ordinárias acopladas. Para propósitos computacionais, é necessário truncar as expansões infinitas em um número de termos NT suficientemente grande, e assim computar os potenciais transformados Ti (Z ) . Na solução deste sistema, devido à sua característica de rigidez (problema stiff) subrotinas apropriadas devem ser empregadas, como a rotina IVPAG da biblioteca IMSL [72]. Esta sub-rotina fornece uma característica importante de controle automático do erro relativo na solução do sistema de equações diferenciais ordinárias, possibilitando ao usuário estabelecer a princípio o erro de interesse para obter os potenciais desejados. Então, uma vez solucionado este sistema, a fórmula de inversão dada pela Eq. (3.17.b) é utilizada para fornecer o campo de temperatura T(R,Z), bem como o campo de velocidade U(R,Z) dado pela Eq. (3.18.a). A partir do campo de temperatura, quantidades de interesse prático podem ser calculadas, tais como a temperatura média de mistura e números de Nusselt local e médio. Portanto, de suas definições usuais, tem-se: 1 Tav ( Z ) = 2∫ RU ( R, Z )T ( R, Z )dR 0 (3.21.a) 25 Nu ( Z ) = h( z ) D = k Nuav ( Z ) = 1 Z ∫ Z 0 ∂T (1, Z ) ∂R Tav ( Z ) −2 (3.21.b) (3.21.c) Nu (ξ )dξ Portanto, introduzindo-se a fórmula de inversão dada pela Eq. (3.17.b) e a Eq. (3.18.a) para o campo de velocidade nas Eqs. (3.21.a,b), obtém-se ∞ ∞ ∑ E + 8γ ∑ F T (Z ) T (Z ) Tav ( Z ) = i =1 i ij j j =1 i (3.22.a) ∞ 1 + 8γ ∑ BiTi (Z ) i =1 ∞ dψ i (1) Ti (Z ) dR i =1 Tav ( Z ) −2∑ Nu ( Z ) = (3.22.b) 1 Bi = 4 ∫ R(1 − R 2 )ψ i ( R)dR (3.22.c) 0 1 Fij = ∫ Rψ i ( R) Aj ( R)dR (3.22.d) 0 3.3 - ESCOAMENTO EM DESENVOLVIMENTO TÉRMICO PARA O CASO DE FLUXO DE CALOR PRESCRITO UNIFORME NA PAREDE q = qw = constante u0 T0 q = qw = constante Figura 3.3.1 – Representação esquemática do problema de convecção forçada em tubo circular para fluxo de calor prescrito uniforme na parede. 26 As hipóteses para este caso são similares ao do caso de temperatura prescrita uniforme, entretanto na parede do tubo circular aplica-se um fluxo de calor uniforme qw. A viscosidade também varia com a temperatura numa forma funcional dada no trabalho de Yang [10]. Com essas hipóteses, a formulação matemática desse problema na forma adimensional é dada por: U( R, Z ) ∂ T ( R, Z ) 1 ∂ ∂ T ( R, Z ) = R , 0<R<1, Z>0 R ∂ R ∂Z ∂ R T ( R , 0) = 0, 0 ≤ R ≤1 ∂ T (0, Z ) = 0; ∂R ∂ T (1, Z ) = 1, ∂R (3.23.a) (3.23.b) Z>0 (3.23.c,d) O perfil de velocidade completamente desenvolvido, U(R,Z), para este caso é dado por: U ( R, Z ) = µ (T ) = 1 2 ∫ 1 R 1 R ∫0 ∫R 1 η dη µ (T ) η dη dR µ (T ) µ * (T * ) 1 = * µi 1 + λ T ( R, Z ) (3.24.a) (3.24.b) Onde a forma funcional da dependência da viscosidade com a temperatura é a também dada no trabalho de Yang [10]. Na Eq. (3.24.b), λ é um parâmetro de viscosidade, o qual assume um valor positivo para aquecimento e negativo para resfriamento. Na obtenção da formulação matemática do problema desta seção, os mesmos grupos adimensionais dados pelas Eqs. (3.14) foram introduzidos, exceto a temperatura adimensional, a qual para este caso é dada por: T *(r , z ) − Ti T ( R, Z ) = (qw rw / k ) (3.25) Neste ponto, a fim de se homogeneizar a condição de contorno dada pela Eq. (3.23.d), o seguinte filtro é proposto: 27 T ( R, Z ) = R2 + θ ( R, Z ) 2 (3.26) Portanto, introduzindo-se a Eq. (3.26) nas Eqs. (3.23), o seguinte problema homogeneizado é obtido: U( R, Z ) ∂θ ( R, Z ) 1 ∂ ∂θ ( R, Z ) = R + 2, 0<R<1, Z>0 R ∂ R ∂Z ∂ R θ ( R, 0) = R2 , 2 (3.27.b) 0 ≤ R ≤1 ∂θ (0, Z ) = 0; ∂R (3.27.a) ∂θ (1, Z ) = 0, ∂R (3.27.c,d) Z>0 3.3.1 - METODOLOGIA DE SOLUÇÃO Da mesma forma como no caso anterior, aplicando-se a metodologia da GITT [51-67] temos a definição de um problema de autovalor auxiliar. Para esse propósito, o seguinte problema de autovalor do tipo Sturm-Liouville é escolhido: d dψ i ( R ) R + Rζ i2ψ i ( R ) = 0 , dR dR dψ i (0) = 0; dR (3.28.a) 0<R<1 dψ i (1) =0 dR (3.28.b,c) O problema definido pelas Eqs. (3.28) acima é resolvido analiticamente para fornecer a equação transcendental para o cálculo dos autovalores, ζi, as autofunções, ψi(R), as normas, Ni, e a propriedade de ortogonalidade, respectivamente, como: J1 (ζ i ) = 0; (3.29.a, b) ψ i ( R) = J 0 (ζ i R); 1 N i = ∫ Rψ i2 ( R )dR = 0 J 02 ( βi ) , 2 i = 1,2,3,... (3.29.c) i≠ j 0, R ψ ( R ) ψ ( R ) dR = j ∫0 i Ni , i= j 1 (3.29.d) 28 O problema de autovalor dado pelas Eqs. (3.28) permite a definição do seguinte par transformada-inversa: 1 Ti (Z ) = ∫ Rψ i ( R) T ( R, Z )dR , 0 transformada (3.30.a) inversa (3.30.b) ∞ T ( R, Z ) = ∑ψ i ( R )Ti (Z ) , i =1 onde, ψ i ( R ) = ψ i ( R ) / N i , são as autofunções normalizadas. A partir da introdução da fórmula de inversão, Eq. (3.30.b), nas Eqs. (3.26) para o campo de velocidade, obtém-se: ∞ (1 − R 2 ) λ + (1 − R 4 ) − λ ∑ Fi ( R )Ti (Z ) 1 2 8 i =1 U ( R, Z ) = ∞ 1 λ 2 + + λ ∑ GiTi (Z ) 8 24 i =1 (3.31.a) onde: Fi ( R) = F ( R) = i ( R 2 − 1) 2 Ni para i = 1; RJ1 (ζ i R) para i > 1. ζ i Ni 1 Gi = 8 N i G = J 0 (ζ i ) i ζ i2 N i para i = 1; (3.31.b,c) para i > 1. Utilizidando-se a Eq. (3.31.a) para a velocidade U(R,Z) na equação da continuidade, após que integra-se o resultado no domínio de [0,R] na direção radial, obtém-se a seguinte expressão para a velocidade radial V(R,z): ∞ R ∞ dT (Z ) R2 λ R R4 (1 − ) + λ ∑ H i ( R)Ti (Z ) λ ∑ Gi i (1 − ) + dZ 2 16 3 1 4 i =1 i =1 V ( R, Z ) = 2 ∞ 2 1 λ 8 + 24 + λ ∑ GiTi (Z ) i =1 dTi (Z ) H ( R ) λ ∑ i dZ i =1 − ∞ 1 λ 8 + 24 + λ ∑ GiTi (Z ) i =1 (3.32.a) ∞ onde: R(2 − R 2 ) C ( R ) = para i = 1; i 8 N i F ( R) = 1 RJ (ζ R) − 2 J (ζ R) 0 i i ζi 1 i N i ζ i2 (3.32.b) para i > 1. 29 O próximo passo na aplicação da GITT diz respeito à transformação integral da EDP original. Para isso, a Eq. (3.25.a) é multiplicada por Rψ i ( R) e integrada no domínio [0,1] em R. Após o uso da fórmula de inversão dada pela Eq. (3.30.b) nos termos não transformáveis, obtém-se o sistema de EDOs para o cálculo dos potencias transformados, Ti (Z ) . Similarmente, o mesmo procedimento é realizado na condição de entrada dada pela Eq. (3.25.b), resultando: ∞ ∑ A (Z ) dT j (Z ) ij dZ j =1 = Bi ( Z ), (3.33.a) Z >0 (3.33.b) Ti (0) = g i onde, os coeficientes integrais que aparecem nas Eqs. (3.33) são dados por: Aij ( Z ) = ∞ C (Z ) 1 λ λ T (Z ) δ ij − aij ) + (δ ij − bij ) + i δ ij − aij ) − λ ∑ ijk Tk (Z ) ( ( 2 8 2 Ni Nk k =2 ζ k (3.34.a) ∞ 1 λ λ T1 (Z ) J (µ ) Bi ( Z ) = −ζ i2Ti (Z ) + g i (R ) + + + 2λ ∑ 20 k Tk (Z ) Nk k =2 ζ k 4 12 4 N1 1 aij = ∫ R 3ψ i ( R)ψ j ( R)dR, 0 1 bij = ∫ R 5ψ i ( R )ψ j ( R)dR 0 (3.34.b) (3.34.c,d) 1 Cijk = ∫ R 2ψ i ( R)ψ j ( R) J1 (ζ k R)dR (3.34.e) 0 1 gi ( R) = 2∫ Rψ i ( R)dR = N i 0 0 1 para i = 1; para i > 1. (3.34.f) O sistema definido pelas Eqs. (3.33) constitui um problema de valor inicial não linear de equações diferenciais ordinárias acopladas. Para propósitos computacionais, conforme já explicado anteriormente, é necessário truncar as expansões infinitas em um número de termos NT suficientemente grande, e assim computar os potenciais transformados Ti (Z ) . Na solução deste sistema, também, devido à sua característica de rigidez (problema stiff) sub-rotinas apropriadas devem ser empregadas, como a rotina IVPAG da biblioteca IMSL [72]. Logo, uma vez solucionado este sistema, a fórmula de inversão dada pela Eq. (3.30.b) é utilizada para fornecer o campo de temperatura T(R,Z), bem como o campo de velocidade U(R,Z) dado pela Eq. (3.31.a). A partir do campo de temperaturas, as mesmas quantidades de interesse prático podem ser calculadas, de forma equivalente ao exposto anteriormente. 30 3.3.2 – SOLUÇÃO PELO CÓDIGO UNIT (“Unified Integral Transforms”) A versão 1D - Mathematica do código UNIT [73-74] utilizado pelo presente trabalho inclui todos os cálculos simbólicos necessários que foram descritos para a solução formal via Técnica da Transformada Integral Generalizada para o caso unidimensional, além de todos os cálculos numéricos envolvidos na solução do problema de autovalor escolhido e do sistema de EDO's para os potenciais transformados resultantes. De fato, o usuário essencialmente necessita especificar a formulação do problema, escolher os coeficientes a serem utilizados no problema de autovalor e determinar como apresentar os resultados. A seguir é feita uma descrição do algoritmo implementado no código UNIT 1D utilizado neste trabalho para a solução formal do problema geral de convecção-difusão. O código trata a seguinte formulação matemática unidimensional transiente: wk ( x) ∂Tk ( x, t ) = Gk ( x, t , T j ), k , j = 1, 2,..., M P , x0 < x < x1 , t > 0 ∂t Tk ( x,0) = fk ( x), x0 ≤ x ≤ x1 α k ( x)Tk ( x, t ) + β k ( x)kk ( x) (3.35.a) (3.35.b) ∂Tk ( x, t ) = φk ( x, t , T j ), x = x0 , x1 , t > 0 ∂n (3.35.c) onde M P é a quantidade de potenciais presentes no sistema modelado. Em todos os resultados apresentados neste trabalho o único potencial da formulação é o campo de temperatura e, portanto, M P = 1 . No módulo “Input & Problem Definition” do código UNIT, os seguintes termos devem ser definidos pelo usuário de acordo com o modelo físico em análise: G k ( x , t , T j ) que deve incluir os termos de difusão, dissipação e fonte, lineares ou nãolineares. Também devem ser definidos pelo usuário a forma funcional de fk ( x) , que é a condição inicial do modelo; os coeficientes αk ( x) , βk ( x) e kk (x) , que permitem várias combinações, definindo diferentes tipos de condições de contorno e, finalmente, φk ( x, t , T j ) , que é o termo-fonte do contorno, podendo ser linear ou não-linear. 31 Definida a formulação matemática do problema como supracitado, o usuário deve fornecer valores para a seguinte lista de parâmetros, ainda no módulo “Input & Problem Definition”: − M, que corresponde ao M P na formulação do problema, sendo o número de potenciais envolvidos no modelo. Como já destacado, neste trabalho o único potencial presente na formulação é o campo de temperatura e M =1; − Neig, que corresponde à ordem de truncamento na expansão em autofunções do campo de temperatura; − Ifilter, este parâmetro pode ter os valores 0 ou 1, sendo 0 para ativar o filtro linear automático ou 1 quando o usuário pretende fornecer o filtro manualmente. − Iintegral, que permite ao usuário escolher a maneira como serão executadas as integrações de transformação dos termos-fonte. Os valores possíveis são: 0 para a integração semi-analítica automática, 1 para a integração através de quadraturas gaussianas, 2 para integração analítica (função Integrate) ou 3 para integração numérica automática intrínseca ao Mathematica (função NIntegrate); − Intorder, o valor deste parâmetro deve ser definido caso o usuário opte pela integração semi-analítica automática, neste caso, o valor deste parâmetro define a forma funcional do integrando de cada sub-região, sendo 0 para ordem zero, 1 para aproximação linear (1ª ordem) e 2 para aproximação quadrática (2ª ordem); − Mreg, que também deve ser definido caso o usuário opte pela integração semianalítica automática. Este parâmetro define o número de sub-regiões utilizados na integração. Também pode ser definido como Mregauto, neste caso o número de regiões é definido automaticamente; − ngauss, que define a ordem da integração Gaussiana, caso o usuário opte por este tipo de integração. Também pode ser definido como ngauto, neste caso o valor é escolhido automaticamente; − tfinal, que corresponde ao maior tempo de interesse na solução do problema; − Nerror, que corresponde à quantidade de termos que aproximam o resíduo na análise de convergência da expansão do potencial em autofunções. Ainda os parâmetros a seguir, que na realidade são opções da função NDSolve utilizada na solução do sistema transformado, podem ser definidos manualmente. 32 Entretanto, ressalta-se que a configuração default deve funcionar para a maior parte dos problemas. − maxstepsize, que é o tamanho máximo do passo no tempo na solução numérica do problema transformado; − startingstepsize, é o tamanho inicial do passo no tempo na solução numérica do problema transformado; − accuracyODE, acurácia desejada na solução numérica do problema precisão desejada na solução numérica do problema transformado; − precisionODE, transformado; − methodODE, método para a solução numérica do problema transformado . Neste momento o problema já está devidamente formulado, mas o usuário ainda deve fornecer qual deve ser a escolha do problema auxiliar de autovalor através da definição dos coeficientes k*(x), w*(x) e d*(x), todos devidamente indicados no módulo “Input & Problem Definition”, que devem ser especificados e então o problema auxiliar de autovalor é automaticamente gerado. A partir deste ponto começa a solução propriamente dita do problema. Primeiro, o módulo de filtragem automático é iniciado e utiliza ou o filtro fornecido pelo usuário ou o filtro linear automático, dependendo de qual foi a escolha do usuário. Na sequência, o problema auxiliar de autovalor é resolvido empregando a função DSolve do Mathematica, e a equação transcendental que gera os autovalores e as respectivas autofunções normalizadas são determinados analiticamente pela plataforma de computação simbólica. Então, a condição inicial transformada é calculada. Como já destacado nesta seção, o código utiliza a forma de integração definida pelo usuário no parâmetro Iintegral, que pode ser a integração analítica automática (função Integrate), a integração numérica automática (função NIntegrate), a integração semi-analítica ou ainda a integração numérica com quadraturas gaussianas. O mesmo acontece para obtenção dos coeficientes do sistema de EDO's para o potencial transformado, onde integrações devem ser efetuadas. A importância da opção de utilização da integração semi-analítica reside principalmente na sua maior eficácia na integração destes termos-fonte, que usualmente exigem integrações numéricas internas à rotina de 33 solução do problema de valor inicial, especialmente em formulações não-lineares. Na opção de integração semi-analítica a transformação integral do termo-fonte se dá da seguinte maneira: M g i (t , T j ) = ∫ ψ i ( x )G ( x, t , T) dv = ∑ ∫ ψ i ( x )Gˆ m ( x, t , T) dv v m =1 vm (3.36) ˆ onde Gm (x, t ,T) são formas funcionais mais simples analiticamente integráveis do termo-fonte, definas em M sub-regiões Vm. A escolha mais simples é a utilização de valores uniformes dentro de cada sub-região (aproximação de ordem zero), mas aproximações lineares (primeira ordem) e quadráticas (segunda ordem) também estão implementadas no código e o usuário deve optar por uma delas no caso de escolha da utilização da integração semi-analítica, como já citado, através da escolha adequada do parâmetro Intorder no módulo “Input & Problem Definition”. A esta altura o sistema de EDO's para o potencial transformado é montado e o próximo passo é a sua solução. Como discutido anteriormente, este sistema é resolvido numericamente através da função NDSolve, intrínseca à plataforma Mathematica. O código UNIT em sua configuração default utiliza o método BDF, intrínseco à função NDSolve. Com o sistema de EDO's para o potencial transformado resolvido, o campo de temperatura é calculado a partir da expansão em autofunções. Neste ponto o usuário deve verificar se a convergência da expansão está satisfatória e eventualmente diminuir/aumentar a ordem de truncamento N de modo a atender seus requisitos. Por exemplo, pode ser usada a seguinte fórmula para este teste de convergência: N ∑ ψ (x)Ti (t ) i ε (t ) = max i = N *+1 N T f (x; t ) + ∑ψ i (x)Ti (t ) i =1 (3.37) O numerador na Eq. 3.37 diz respeito aos termos que a princípio poderiam ser extraídos da expansão da temperatura, para fornecer uma estimativa do resíduo da solução, e verificar o atendimento da tolerância admitida pelas especificações do usuário. O número de termos usados para este teste de convergência é controlado 34 pelo parâmetro Nerror. Neste trabalho foram sempre escolhidos alguns pontos diferentes do domínio de modo a se avaliar qual o maior erro de truncamento dentre estes pontos. Ressalta-se que não está disponível um sistema automático de convergência e o usuário deve observar se a convergência está dentro de suas pretensões e então aumentar/diminuir a ordem de truncamento, conforme suas necessidades de precisão e custo computacional. Finalmente, a expansão em autofunções é realizada e o usuário então dispõe de uma função contínua em x e t para os potenciais e então, no módulo “Results”, pode utilizar as ferramentas do Mathematica para apresentar os resultados de acordo com suas necessidades, como gráficos, tabelas, comparações, etc. 35 CAPÍTULO 4 DESCRIÇÃO DO APARATO EXPERIMENTAL Para validação dos resultados obtidos através deste estudo teórico e contribuir mais efetivamente com o avanço das pesquisas nesta linha, utilizou-se dados experimentais próprios aquisitados no LTTC para um nanofluido comercial água-sílica, no contexto do projeto COPPE-CENPES [75]. Portanto, para um entendimento adequado sobre os resultados experimentais obtidos, far-se-á uma breve descrição a respeito do aparato experimental e dos experimentos correspondentes. O aparato experimental para estudos de convecção forçada com nanofluidos objetiva a determinação de coeficientes de transferência de calor locais e médios para escoamento em tubos retos de seção circular, em função do número de Reynolds, variando-se a vazão do escoamento, bem como em função da posição axial ao longo do tubo e da concentração de nanopartículas no fluido. No desenvolvimento deste trabalho, foram considerados alguns aspectos relevantes em função das mais recentes inovações e modificações na bancada experimental já disponível no LTTC, originalmente projetada e construída no projeto precursor junto ao CENPES/Petrobras [76]. O histórico de todas estas melhorias no circuito termohidráulico estão amplamente abordadas e justificadas nos relatórios de progressos e podem ser disponibilizados para consulta [75]. O circuito termohidráulico, mostrado nas Figuras 4.1 a,b e esquematizado na Figura 4.2 abaixo, está dividido em cinco partes: Aquecimento, Seção de Testes, Circuito Hidráulico, Sistema de Rejeição de Calor e Aquisição de Dados [14]. 36 Figura 4.1.a,b – Visões gerais do circuito termohidráulico para medidas de convecção forçada de nanofluidos (LTTC, COPPE/UFRJ). Figura 4.2 – Disposição esquemática do aparato experimental. 37 Para os estudos inerentes a este trabalho foi utilizado e avaliado um nanofluido comercial de óxido de silício (SiO2)-água [45, 50 e 53], o qual foi adquirido da empresa americana Nanostructured & Amorphous Materials, Inc. A ficha técnica fornecida pelo fabricante do nanofluido utilizado é apresentada na tabela 4.1 mostrada abaixo e o recipiente comercializado é ilustrado na Figura 4.1. Tabela 4.1 – Dados técnicos do nanofluido (SiO2)-água segundo o fabricante. Tipo da nanopartícula SiO2 Tamanho da nanopartícula 30 nm Densidade da nanopartícula 2.2 g/cm3 pH 6-7 Concentração de nanopartículas 25 % em massa Figura 4.3 – Recipiente do nanofluido (SiO2)-água adquirido (1 litro) (Nanostructured & Amorphous Materials Inc., EUA). Foram empregados 2,5 litros do nanofluido no circuito, com uma concentração volumétrica nominal, antes da realização do experimento, de 12,794% de 38 nanopartículas de óxido de silício (25% em massa), posteriormente avaliada mais adequadamente de acordo com as medidas de fração volumétrica efetuadas no laboratório, com auxílio da estufa e da balança de precisão. O sistema de aquisição de dados é responsável pela aquisição e armazenamento dos dados, a partir do processamento automático das informações proveniente de sensores, bem como pelo monitoramento nos componentes de suporte dos equipamentos do aparato experimental. A aquisição de dados em um experimento típico do circuito térmohidráulico de convecção forçada inclui os arquivos de aquisição de vazão produzidos pelo programa “GramaTempo”, o arquivo de aquisição de temperaturas e voltagens gerado pelo Agilent, e outros dados de controle anotados pelo operador (temperatura ambiente, corrente na resistência aquecedora, etc.). O programa “GramaTempo” é um aplicativo em C construído no LTTC, que permite a comunicação com a balança de precisão e o computador, registrando as medidas de tempo e massa e oferecendo ao operador o controle do início e final da operação enquanto estima a vazão durante a aquisição. Um grande volume de dados é gerado pela aquisição de temperaturas e voltagens do Agilent, que captura todo o processo transiente desde o ligamento do circuito térmico até o estabelecimento do regime permanente, requerendo um tratamento estatístico seguido pela apresentação gráfica e devidas comparações com previsões teóricas. Para tal fim foi construído um notebook* na plataforma Mathematica [77] “ExperimentoNanofluido”. Este notebook é modular podendo ser executado na íntegra ou apenas nos conjuntos de células de interesse para uma dada situação. Os grupos de células mais importantes podem ser assim descritos: * notebook – terminologia utilizada para designar o código computacional no Mathematica. a. Propriedades Termofísicas da Água e do Nanofluido A partir de dados da literatura, efetuam-se interpolações para as propriedades termofísicas da água e empregam-se as fórmulas de correção para o nanofluido correspondente; pode-se também empregar os dados próprios de propriedades para o nanofluido. b. Parâmetros Experimentais: Vazão, Temperaturas, Voltagens e Outros Dados O Módulo principal que lê os dados aquisitados de vazão, temperaturas e voltagens, tratando esses dados a seguir. Para o tratamento dos dados de vazão despreza-se 10% das medidas no início e final do processo, empregando-se a rotina 39 Regress* do Mathematica para análise estatística desses dados e obtenção da estimativa da vazão. São efetuadas em geral seis réplicas para obtenção de médias, desvios-padrão e incertezas (intervalo de confiança de 95%). A utilização da função Regress forneceu excelente concordância, o que foi observado na totalidade dos experimentos aqui observados, e a incerteza associada, por exemplo, à vazão média permaneceu em torno de 3%. * Regress – função padrão do Mathematica que faz uma estimativa para os coeficientes de curvas a partir de um conjunto de dados, neste caso a curva é linear. Já da aquisição de temperaturas e voltagens do Agilent, é selecionada uma janela de tempo dentro do período constatado como em regime permanente para obtenção das médias e incertezas de cada medida. Foi adotada aqui uma janela de cinco minutos em todas as estimativas, que se mostrou representativa em todos os experimentos, cujo tempo para atingir regime permanente variou de 15 minutos até cerca de 120 minutos em alguns casos, dependendo da vazão, condição inicial e potência fornecida. Por fim, os resultados experimentais são consolidados pelo Mathematica, onde a primeira linha corresponde à temperatura de entrada do fluido e as demais correspondem aos termopares posicionados na parede externa do tubo nas posições axiais ali apresentadas. Observou-se que as incertezas destas medidas eram inferiores a 0,1 ºC em todas as posições. 40 CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir serão apresentados os resultados numéricos a partir da solução proposta, obtidos através de uma implementação computacional em Fortran 95. Ambas as condições de contorno, de temperatura ou fluxo de calor prescritos, foram simuladas e seus resultados comparados com a literatura e, no caso específico do fluxo de calor prescrito, foi efetuada a validação com resultados experimentais obtidos no LTTC para um nanofluido comercial de água-sílica. Para a efetiva verificação do código computacional construído, foram considerados diferentes casos com variação de ߛ e ߣ, parâmetros que caracterizam a variação da viscosidade com a temperatura, definidos, respectivamente, na Eq. (3.13.b) e na Eq. (3.24.b), conforme apresentado na literatura [10]. Além disso, buscou-se realizar uma análise da convergência dos resultados a fim de avaliar a incerteza dos resultados. 5.1 - TEMPERATURA PRESCRITA 5.1.1 - ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA No presente estudo, para confirmar a convergência dos resultados variou-se o número de termos da expansão, até que os resultados obtidos fossem considerados convergidos. Observou-se, como esperado, que quanto menor a distância axial considerada, ou seja, quanto mais próximo da entrada do tubo, mais termos na expansão são necessários para atingir a convergência em um dado número de dígitos significativos. Caso analisado: ߛ = 9,0 Para as análises apresentadas nas tabelas 5.1.1 - 4 abaixo, optou-se por uma variação de 10 em 10 termos na expansão. Das Tabelas 5.1.1 e 5.1.2 pode-se observar que a velocidade no centro do tubo e a temperatura média na seção atingem convergência em cinco dígitos significativos em todas as posições axiais apresentadas, para NT<80. Claramente, ordens de truncamento bem menores podem ser empregadas para critérios de convergência menos rígidos, ou seja, convergência 41 em quatro dígitos significativos pode ser obtida mesmo com ordens de truncamento NT<40. Tabela 5.1.1.1 – Convergência da velocidade no centro do tubo para o caso de temperatura prescrita e ߛ=9,0. VELOCIDADE NO CENTRO Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 2,1042 2,1278 2,137 2,1377 2,1381 2,1383 2,1384 2,1384 0,0002 0,0001 2,1305 2,1717 2,1727 2,1735 2,1737 2,1738 2,1739 2,1739 0,0003 0,00015 2,1553 2,1967 2,1978 2,1983 2,1985 2,1986 2,1986 2,1986 0,0004 0,0002 2,1784 2,2161 2,2175 2,2179 2,2180 2,2181 2,2182 2,2182 0,0005 0,00025 2,1997 2,2325 2,234 2,2343 2,2345 2,2345 2,2346 2,2346 0,0006 0,0003 2,2192 2,2470 2,2483 2,2487 2,2488 2,2488 2,2488 2,2489 0,0007 0,00035 2,2370 2,2599 2,2611 2,2614 2,2615 2,2615 2,2616 2,2616 0,0008 0,0004 2,2531 2,2716 2,2726 2,2729 2,2730 2,2730 2,2731 2,2731 0,0009 0,00045 2,2677 2,2822 2,2832 2,2834 2,2835 2,2836 2,2836 2,2836 0,001 0,0005 2,2808 2,2921 2,293 2,2932 2,2933 2,2933 2,2933 2,2933 0,002 0,001 2,3633 2,3647 2,3652 2,3653 2,3654 2,3654 2,3654 2,3654 0,003 0,0015 2,4116 2,4139 2,4143 2,4144 2,4144 2,4144 2,4145 2,4145 0,004 0,002 2,4495 2,4521 2,4524 2,4524 2,4525 2,4525 2,4525 2,4525 0,005 0,0025 2,4811 2,4835 2,4838 2,4838 2,4839 2,4839 2,4839 2,4839 0,006 0,003 2,5083 2,5104 2,5106 2,5106 2,5107 2,5107 2,5107 2,5107 0,007 0,0035 2,5321 2,5339 2,5341 2,5341 2,5341 2,5342 2,5342 2,5342 0,008 0,004 2,5532 2,5548 2,5550 2,5550 2,5550 2,5551 2,5551 2,5551 0,009 0,0045 2,5723 2,5737 2,5738 2,5739 2,5739 2,5739 2,5739 2,5739 0,01 0,005 2,5896 2,5909 2,5910 2,5910 2,5911 2,5911 2,5911 2,5911 0,02 0,01 2,7082 2,7088 2,7089 2,7089 2,7089 2,7089 2,7089 2,7089 0,03 0,015 2,7776 2,7781 2,7781 2,7781 2,7781 2,7781 2,7781 2,7781 0,04 0,02 2,8240 2,8243 2,8243 2,8243 2,8243 2,8243 2,8243 2,8243 0,05 0,025 2,8565 2,8567 2,8567 2,8567 2,8567 2,8567 2,8567 2,8567 0,06 0,03 2,8797 2,8799 2,8799 2,8799 2,8799 2,8799 2,8799 2,8799 0,07 0,035 2,8963 2,8964 2,8964 2,8964 2,8964 2,8964 2,8964 2,8964 0,08 0,04 2,9077 2,9078 2,9078 2,9078 2,9078 2,9078 2,9078 2,9078 0,09 0,045 2,9153 2,9153 2,9153 2,9153 2,9153 2,9153 2,9153 2,9153 0,1 0,05 2,9197 2,9197 2,9197 2,9197 2,9197 2,9197 2,9197 2,9197 0,2 0,1 2,8741 2,8740 2,8740 2,8740 2,8740 2,8740 2,8740 2,8740 0,3 0,15 2,7698 2,7697 2,7697 2,7697 2,7697 2,7697 2,7697 2,7697 0,4 0,2 2,6540 2,6539 2,6539 2,6539 2,6539 2,6539 2,6539 2,6539 0,5 0,25 2,5392 2,5391 2,5391 2,5391 2,5391 2,5391 2,5391 2,5391 0,6 0,3 2,432 2,4319 2,4319 2,4319 2,4319 2,4319 2,4319 2,4319 0,7 0,35 2,3367 2,3367 2,3367 2,3367 2,3367 2,3367 2,3367 2,3367 0,8 0,4 2,2561 2,2560 2,2560 2,2560 2,2560 2,2560 2,2560 2,2560 0,9 0,45 2,1906 2,1906 2,1906 2,1906 2,1906 2,1906 2,1906 2,1906 1 0,5 2,1394 2,1394 2,1394 2,1394 2,1394 2,1394 2,1394 2,1394 2 1 2,0041 2,0041 2,0041 2,0041 2,0041 2,0041 2,0041 2,0041 3 1,5 2,0001 2,0001 2,0001 2,0001 2,0001 2,0001 2,0001 2,0001 4 2 2,0000 2,0000 2,0000 2,0000 2,0000 2,0000 2,0000 2,0000 42 Tabela 5.1.1.2 – Convergência da temperatura média no tubo para o caso de temperatura prescrita e ߛ=9,0. TEMPERATURA MÉDIA (Tav) Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 0,9985 0,9968 0,9968 0,9968 0,9968 0,9968 0,9967 0,9967 0,0002 0,0001 0,9960 0,9950 0,9949 0,9948 0,9948 0,9948 0,9948 0,9948 0,0003 0,00015 0,9939 0,9934 0,9932 0,9932 0,9932 0,9932 0,9932 0,9932 0,0004 0,0002 0,9922 0,9919 0,9917 0,9917 0,9917 0,9917 0,9917 0,9917 0,0005 0,00025 0,9906 0,9905 0,9904 0,9903 0,9903 0,9903 0,9903 0,9903 0,0006 0,0003 0,9893 0,9892 0,9891 0,9891 0,9890 0,9890 0,9890 0,9890 0,0007 0,00035 0,9880 0,9880 0,9879 0,9878 0,9878 0,9878 0,9878 0,9878 0,0008 0,0004 0,9869 0,9868 0,9867 0,9867 0,9867 0,9867 0,9867 0,9867 0,0009 0,00045 0,9859 0,9857 0,9856 0,9856 0,9856 0,9856 0,9856 0,9856 0,001 0,0005 0,9849 0,9846 0,9845 0,9845 0,9845 0,9845 0,9845 0,9845 0,002 0,001 0,9759 0,9752 0,9751 0,9751 0,9751 0,9751 0,9751 0,9751 0,003 0,0015 0,9678 0,9672 0,9671 0,9671 0,9671 0,9671 0,9671 0,9671 0,004 0,002 0,9606 0,9600 0,9600 0,9600 0,9600 0,9599 0,9599 0,9599 0,005 0,0025 0,9539 0,9534 0,9534 0,9533 0,9533 0,9533 0,9533 0,9533 0,006 0,003 0,9476 0,9472 0,9471 0,9471 0,9471 0,9471 0,9471 0,9471 0,007 0,0035 0,9417 0,9413 0,9412 0,9412 0,9412 0,9412 0,9412 0,9412 0,008 0,004 0,9361 0,9357 0,9356 0,9356 0,9356 0,9356 0,9356 0,9356 0,009 0,0045 0,9306 0,9302 0,9302 0,9302 0,9302 0,9302 0,9302 0,9302 0,01 0,005 0,9254 0,9250 0,9250 0,9250 0,9250 0,9249 0,9249 0,9249 0,02 0,01 0,8799 0,8796 0,8795 0,8795 0,8795 0,8795 0,8795 0,8795 0,03 0,015 0,8417 0,8415 0,8414 0,8414 0,8414 0,8414 0,8414 0,8414 0,04 0,02 0,8079 0,8077 0,8076 0,8076 0,8076 0,8076 0,8076 0,8076 0,05 0,025 0,7771 0,7769 0,7769 0,7769 0,7769 0,7769 0,7769 0,7769 0,06 0,03 0,7486 0,7484 0,7484 0,7484 0,7484 0,7484 0,7484 0,7484 0,07 0,035 0,7220 0,7218 0,7217 0,7217 0,7217 0,7217 0,7217 0,7217 0,08 0,04 0,6969 0,6967 0,6966 0,6966 0,6966 0,6966 0,6966 0,6966 0,09 0,045 0,6731 0,6729 0,6729 0,6729 0,6729 0,6729 0,6729 0,6729 0,1 0,05 0,6505 0,6503 0,6503 0,6503 0,6503 0,6503 0,6503 0,6503 0,2 0,1 0,4686 0,4685 0,4684 0,4684 0,4684 0,4684 0,4684 0,4684 0,3 0,15 0,3389 0,3388 0,3388 0,3388 0,3388 0,3388 0,3388 0,3388 0,4 0,2 0,2439 0,2438 0,2438 0,2438 0,2438 0,2438 0,2438 0,2438 0,5 0,25 0,1743 0,1742 0,1742 0,1742 0,1742 0,1742 0,1742 0,1742 0,6 0,3 0,1238 0,1237 0,1237 0,1237 0,1237 0,1237 0,1237 0,1237 0,7 0,35 0,0874 0,0874 0,0874 0,0874 0,0874 0,0873 0,0873 0,0873 0,8 0,4 0,0614 0,0614 0,0614 0,0614 0,0614 0,0614 0,0614 0,0614 0,9 0,45 0,0430 0,0430 0,0430 0,0430 0,0430 0,0430 0,0430 0,0430 1 0,5 0,0300 0,0300 0,0300 0,0300 0,0300 0,0300 0,0300 0,0300 2 1 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 3 1,5 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 43 Tabela 5.1.1.3 – Convergência do número de Nusselt local (fórmula da inversa) para o caso de temperatura prescrita e ߛ=9,0. Número de Nusselt local (Nu) – Fórmula da Inversa Z X NT=10 NT=20 NT=30 0,0001 0,00005 35,4863 35,3665 28,4273 0,0002 0,0001 31,5665 22,9289 22,4788 0,0003 0,00015 28,1472 19,4849 19,4361 0,0004 0,0002 25,1889 17,7480 0,0005 0,00025 22,6500 16,4888 0,0006 0,0003 20,4879 15,4899 0,0007 0,00035 18,6598 14,6751 14,5002 0,0008 0,0004 17,1239 13,9985 13,8587 0,0009 0,00045 15,8400 13,4275 13,3177 0,001 0,0005 14,7709 12,9387 0,002 0,001 10,2131 10,2052 0,003 0,0015 8,9340 8,9129 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 28,3543 28,0278 27,9216 27,8727 27,8504 22,1675 22,0902 22,0625 22,0518 22,0468 19,2875 19,2526 19,2412 19,2362 19,2337 17,5642 17,4895 17,4705 17,4639 17,4608 17,4590 16,2622 16,2169 16,2049 16,2003 16,1980 16,1967 15,2802 15,2488 15,2403 15,2368 15,2349 15,2339 14,4769 14,4703 14,4674 14,4660 14,4651 13,8407 13,8353 13,8329 13,8317 13,8310 13,3033 13,2988 13,2967 13,2957 13,2951 12,8526 12,8407 12,8368 12,8351 12,8341 12,8336 10,1874 10,1832 10,1816 10,1809 10,1806 10,1804 8,9033 8,9009 8,9000 8,8996 8,8993 8,8992 0,004 0,002 8,1639 8,1040 8,0976 8,096 8,0954 8,0951 8,0949 8,0948 0,005 0,0025 7,5936 7,5321 7,5274 7,5261 7,5257 7,5255 7,5254 7,5253 0,006 0,003 7,1497 7,0981 7,0944 7,0935 7,0931 7,0929 7,0928 7,0928 0,007 0,0035 6,7938 6,7532 6,7503 6,7495 6,7492 6,7490 6,7490 6,7489 0,008 0,004 6,5014 6,4701 6,4676 6,4669 6,4667 6,4666 6,4665 6,4665 0,009 0,0045 6,2563 6,2319 6,2298 6,2292 6,2290 6,2289 6,2288 6,2288 0,01 0,005 6,0470 6,0277 6,0258 6,0253 6,0251 6,0251 6,0250 6,0250 0,02 0,01 4,8822 4,8761 4,8754 4,8752 4,8752 4,8751 4,8751 4,8751 0,03 0,015 4,3465 4,3430 4,3425 4,3424 4,3424 4,3424 4,3424 4,3424 0,04 0,02 4,0244 4,0220 4,0218 4,0217 4,0217 4,0216 4,0216 4,0216 0,05 0,025 3,8064 3,8047 3,8045 3,8045 3,8044 3,8044 3,8044 3,8044 0,06 0,03 3,6487 3,6474 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 0,07 0,035 3,5297 3,5286 3,5285 3,5285 3,5284 3,5284 3,5284 3,5284 0,08 0,04 3,4373 3,4364 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 0,09 0,045 3,3642 3,3635 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 0,1 0,05 3,3057 3,3051 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 0,2 0,1 3,0934 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 0,3 0,15 3,1084 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 0,4 0,2 3,1703 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 0,5 0,25 3,2427 3,2425 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 0,6 0,3 3,3154 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 0,7 0,35 3,3836 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 0,8 0,4 3,4441 3,4438 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 0,9 0,45 3,4954 3,4950 3,4950 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 1 0,5 3,5370 3,5365 3,5368 3,5364 3,5364 3,5364 3,5364 3,5364 2 1 3,6537 3,6532 3,6531 3,6519 3,6531 3,6522 3,6496 3,6538 3 1,5 3,6639 3,6568 3,6567 3,6870 3,6567 3,6567 3,6567 3,6507 4 2 3,6578 3,6645 4,1313 3,6568 3,6568 3,6568 3,6568 3,6568 44 Tabela 5.1.1.4 – Convergência do número de Nusselt local (equação de energia) para o caso de temperatura prescrita e ߛ = 9,0. Número de Nusselt Local(Nu) – Balanço de Energia Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 27,2681 30,9964 27,9788 28,0033 27,9064 27,8723 27,8538 27,8432 0,0002 0,0001 24,7322 22,2936 22,2044 22,1018 22,0718 22,0577 22,0504 22,0462 0,0003 0,00015 22,5170 19,2951 19,3194 19,2663 19,2483 19,2401 19,2358 19,2333 0,0004 0,0002 20,5954 17,5775 17,5141 17,4813 17,4690 17,4634 17,4605 17,4588 0,0005 0,00025 18,9396 16,3262 16,2373 16,2133 16,2042 16,2000 16,1978 16,1966 0,0006 0,0003 17,5213 15,3496 15,2660 15,2469 15,2398 15,2365 15,2348 15,2338 0,0007 0,00035 16,3125 14,5623 14,4914 14,4757 14,4699 14,4672 14,4658 14,4650 0,0008 0,0004 15,2863 13,9116 13,853 13,8399 13,835 13,8327 13,8316 13,8309 0,0009 0,00045 14,4173 13,3624 13,3139 13,3027 13,2985 13,2966 13,2956 13,295 0,001 0,0005 13,6821 12,8906 12,85 12,8402 12,8366 12,8349 12,8341 12,8336 0,002 0,001 10,1977 10,2014 10,1868 10,1830 10,1815 10,1809 10,1805 10,1803 0,003 0,0015 8,9372 8,9115 8,903 8,9007 8,8999 8,8995 8,8993 8,8992 0,004 0,002 8,1455 8,1032 8,0974 8,0959 8,0953 8,095 8,0949 8,0948 0,005 0,0025 7,5703 7,5315 7,5272 7,5261 7,5256 7,5254 7,5253 7,5253 0,006 0,003 7,1294 7,0976 7,0943 7,0934 7,0931 7,0929 7,0928 7,0928 0,007 0,0035 6,7784 6,7529 6,7501 6,7494 6,7492 6,7490 6,7490 6,7489 0,008 0,004 6,4905 6,4698 6,4675 6,4669 6,4667 6,4666 6,4665 6,4665 0,009 0,0045 6,2488 6,2316 6,2297 6,2292 6,229 6,2289 6,2288 6,2288 0,01 0,005 6,0420 6,0274 6,0257 6,0253 6,0251 6,0250 6,0250 6,0250 0,02 0,01 4,8813 4,8760 4,8754 4,8752 4,8752 4,8751 4,8751 4,8751 0,03 0,015 4,3458 4,3429 4,3425 4,3424 4,3424 4,3424 4,3424 4,3424 0,04 0,02 4,0239 4,0220 4,0217 4,0217 4,0217 4,0216 4,0216 4,0216 0,05 0,025 3,8060 3,8047 3,8045 3,8044 3,8044 3,8044 3,8044 3,8044 0,06 0,03 3,6483 3,6473 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 3,6472 0,07 0,035 3,5293 3,5286 3,5285 3,5284 3,5284 3,5284 3,5284 3,5284 0,08 0,04 3,4370 3,4364 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 3,4363 0,09 0,045 3,3640 3,3635 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 3,3634 0,1 0,05 3,3055 3,3051 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 3,3050 0,2 0,1 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 3,0932 0,3 0,15 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 3,1082 0,4 0,2 3,17 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 3,1701 0,5 0,25 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 3,2424 0,6 0,3 3,3150 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 3,3151 0,7 0,35 3,3831 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 3,3832 0,8 0,4 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 3,4437 0,9 0,45 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 3,4949 1 0,5 3,5364 3,5364 3,5368 3,5364 3,5364 3,5364 3,5364 3,5364 2 1 3,6531 3,6531 3,6531 3,6530 3,6531 3,653 3,6527 3,6531 3 1,5 3,6624 3,6567 3,6567 3,6664 3,6567 3,6567 3,6567 3,6492 4 2 3,6571 3,6644 4,0295 3,6568 3,6568 3,6568 3,6568 3,6568 45 Na avaliação do número de Nusselt local, para o caso de temperatura prescrita na parede, foram utilizadas duas formas de cálculo, uma através do balanço integral da equação de energia e outra pelo cálculo direto da derivada da temperatura na parede a partir da fórmula da inversa. Claramente, como ilustrado nas Tabelas 5.1.1.3 e 5.1.1.4 abaixo, o cálculo baseado na integração da equação de energia apresenta uma convergência melhor que no caso da substituição direta da fórmula da inversa para estimar o fluxo de calor na parede. Não obstante, ambas formas de cálculo levam ao mesmo resultado final para ordens de truncamento suficientemente grandes. 5.1.2 - VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS COM OS DA LITERATURA ([10] e [68]) A seguir apresentamos uma breve verificação do código implementado, a partir de comparações com resultados numéricos apresentados por Yang [10]. Para ajudar a visualizar as sensíveis variações da viscosidade nos casos apresentados em [10], mostramos na Figura 5.1.2.1 abaixo, as diferentes curvas para a viscosidade em função da temperatura, para os valores de ߛ utilizados por Yang [10], tanto positivos quanto negativos. 10 Casos de Yang [10] γ = -0,3 γ = -0,6 γ = -0,9 γ = 3,0 γ = 6,0 µ(T) γ = 9,0 1 0.1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 T Figura 5.1.2.1 – Análise da variação da viscosidade para o caso da temperatura prescrita e conforme Yang [10]. 46 Caso analisado: ߛ = 9,0 ([10]) Nos resultados apresentados na Tabela 5.1.2.1 foram considerados 80 termos na expansão do campo de temperaturas. Tabela 5.1.2.1 – Comparação do número de Nusselt local para o caso da temperatura prescrita e ߛ = 9,0 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]. Z 0,0008 0,0086 0,0342 0,0812 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 1 X 0,0004 0,0043 0,0171 0,0406 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 Nu 13,8310 6,3193 4,1905 3,4266 3,0932 3,1082 3,1701 3,2424 3,3151 (1) Nu local (Inversa) 2 Nu 13,8309 6,3193 4,1905 3,4266 3,0932 3,1082 3,1701 3,2424 3,3151 Nu [10] 14,203 6,382 4,231 3,531 3,115 3,193 3,276 3,360 3,438 (2)Nu local (Energia) 24 Nusselt Local (γ = 9,0) Yang [10] Nu(Z) - Inversa Nu(Z) - Energia 20 Nu(Z) 16 12 8 4 0 0 0.2 Z 0.4 0.6 Figura 5.1.2.2 – Comparação do número de Nusselt local para o caso da temperatura prescrita e ߛ=9,0 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]. 47 As duas formas de calcular o número de Nusselt aqui adotadas, a partir do balanço integral e da fórmula da inversa, apresentam total concordância entre si, após ser atingida a convergência (como esperado), como mostrado na Tabela 5.1.2.1, e tem uma razoável concordância com os resultados pioneiros de Yang [10], como também pode ser observado em escala gráfica na Figura 5.1.2.2. Caso analisado: ߛ = -0,9 ([10] e [68]) De forma análoga ao caso anterior, na sequência é apresentada uma nova verificação do código implementado, a partir de comparações com resultados numéricos apresentados por Yang [10], bem como com resultados mais recentes de Oliveira Filho et al. [68]. Estes autores consideraram para esta publicação resultados com erro relativo de 10-6 na obtenção dos campos transformados e ordem de truncamento de 40 termos. Nos resultados apresentados na Tabela 5.1.2.2 foram considerados 80 termos na expansão do campo de temperaturas. As duas formas de calcular o número de Nusselt aqui empregadas, a partir do balanço integral e da fórmula da inversa, apresentam total concordância entre si, após ser atingida a convergência, como mostrado nas Tabelas 5.1.2.2 e 5.1.2.3, e não apresentam concordância com os resultados mais recentes Oliveira Filho et al. [68], Tabela 5.1.2.2, no entanto apresentam boa concordância com Yang [10], Tabela 5.1.2.3, como também pode ser observado em escala gráfica na Figura 5.1.2.3. Tabela 5.1.2.2 – Comparação do número de Nusselt local para o caso da temperatura prescrita e ߛ = -0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [68]. Z=X 0,0001 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,2 0,3 0,5 1,0 1,6 2,0 (1) 1 Nu 59,268 24,287 12,740 9,664 5,364 4,429 3,944 3,812 3,721 3,661 3,764 3,773 Nu local (Inversa) 2 Nu 59,126 24,283 12,740 9,664 5,364 4,429 3,944 3,812 3,721 3,662 3,750 3,757 Nu [68] 372,296 94,251 33,428 21,232 8,065 5,833 4,646 4,243 3,907 3,694 3,661 3,657 (2)Nu local (Energia) 48 Tabela 5.1.2.3 – Comparação do número de Nusselt local para o caso da temperatura prescrita e ߛ = -0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]. 1 2 Z 0,003 X 0,0015 Nu 15,646 Nu 15,645 Nu [10] 16,004 0,0188 0,0094 7,570 7,570 7,685 0,052 0,026 5,298 5,298 5,317 0,0988 0,0494 4,441 4,441 4,447 0,2 0,1 3,944 3,944 3,912 0,3 0,15 3,812 3,812 3,829 0,4 0,2 3,754 3,754 3,781 0,5 0,25 3,721 3,721 3,752 0,6 0,3 3,700 3,700 3,734 (2) Nu local (Inversa) (2)Nu local (Energia) 20 Nusselt Local (γ = -0,9) Yang [10] Nu(Z) - Inversa Nu(Z) - Energia 16 Nu(Z) 12 8 4 0 0 0.2 0.4 0.6 Z Figura 5.1.2.3 – Comparação do número de Nusselt local para o caso da temperatura prescrita e ߛ=-0,9 para ambas as formas de cálculo e conforme referência [10]. 49 Por outro lado, através da Tabela 5.1.2.4 e da Figura 5.1.2.4 as comparações considerando-se a velocidade no centro do tubo demonstrou excelente concordância com os resultados de Oliveira Filho et al. [68]. Aparentemente houve um equívoco nos resultados reportados para o número de Nusselt na ref.[68], sendo este o único conjunto de dados disponível para comparação direta naquela referência. Tabela 5.1.2.4 – Comparação da velocidade no centro do tubo para o caso da temperatura prescrita e ߛ = -0,9 conforme referência [68]. Z=X 0,0001 0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,2 0,3 0,5 1,0 1,6 2,0 U 1,606 1,433 1,372 1,377 1,504 1,620 1,763 1,847 1,931 1,990 1,999 2,000 U [68] 1,609 1,433 1,371 1,377 1,504 1,620 1,763 1,846 1,931 1,990 1,999 2,000 2 Velocidade no centro (γ = -0,9) Oliveira Filho et al. [68] GITT U(Z) 1.8 1.6 1.4 0.0001 0.001 0.01 0.1 1 Z Figura 5.1.2.4 – Comparação da velocidade no centro do tubo para o caso da temperatura prescrita e ߛ=-0,9 conforme referência [68]. 50 5.2 - FLUXO PRESCRITO 5.2.1 - ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA Para este caso foi realizado procedimento semelhante ao descrito anteriormente, para o caso da temperatura na parede prescrita, quanto à variação do número de termos na expansão, no entanto, observou-se uma maior rigidez deste problema em relação ao anterior, e que quanto maior o valor absoluto de ߣ , menor a taxa de convergência e maior o custo computacional requerido. Caso analisado: ߣ= -0,3 Para as análises apresentadas nas tabelas 5.2.1 - 3 abaixo, optou-se por uma variação de 10 em 10 termos na expansão. Observa-se uma excelente convergência para a velocidade no centro do tubo, para a temperatura média na seção, bem como para o número de Nusselt local. Pelo menos quatro dígitos significativos encontram-se convergidos para o número de Nusselt com NT=80. 51 Tabela 5.2.1.1 – Convergência da velocidade no centro do tubo para o caso de fluxo prescrito e ߣ= -0,3. VELOCIDADE NO CENTRO Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 2,0008 2,0011 2,0012 2,0012 2,0012 2,0012 2,0012 2,0012 0,0002 0,0001 2,0014 2,0019 2,0019 2,0019 2,0019 2,0019 2,0019 2,0019 0,0003 0,00015 2,0021 2,0025 2,0025 2,0025 2,0025 2,0025 2,0025 2,0025 0,0004 0,0002 2,0026 2,003 2,003 2,0031 2,0031 2,0031 2,0031 2,0031 0,0005 0,00025 2,0032 2,0035 2,0035 2,0035 2,0035 2,0035 2,0035 2,0035 0,0006 0,0003 2,0037 2,0040 2,0040 2,0040 2,0040 2,0040 2,0040 2,0040 0,0007 0,00035 2,0042 2,0044 2,0044 2,0044 2,0044 2,0044 2,0044 2,0044 0,0008 0,0004 2,0046 2,0048 2,0048 2,0048 2,0048 2,0048 2,0048 2,0048 0,0009 0,00045 2,0050 2,0052 2,0052 2,0052 2,0052 2,0052 2,0052 2,0052 0,001 0,0005 2,0054 2,0056 2,0056 2,0056 2,0056 2,0056 2,0056 2,0056 0,002 0,001 2,0087 2,0087 2,0087 2,0087 2,0087 2,0087 2,0087 2,0087 0,003 0,0015 2,0112 2,0112 2,0112 2,0112 2,0112 2,0112 2,0112 2,0112 0,004 0,002 2,0134 2,0134 2,0134 2,0134 2,0134 2,0134 2,0134 2,0134 0,005 0,0025 2,0153 2,0153 2,0153 2,0154 2,0154 2,0154 2,0154 2,0154 0,006 0,003 2,0171 2,0171 2,0171 2,0171 2,0171 2,0171 2,0171 2,0171 0,007 0,0035 2,0187 2,0187 2,0187 2,0187 2,0187 2,0187 2,0187 2,0187 0,008 0,004 2,0202 2,0203 2,0203 2,0203 2,0203 2,0203 2,0203 2,0203 0,009 0,0045 2,0216 2,0217 2,0217 2,0217 2,0217 2,0217 2,0217 2,0217 0,01 0,005 2,0230 2,0230 2,0230 2,0230 2,0230 2,0230 2,0230 2,0230 0,02 0,01 2,0337 2,0337 2,0338 2,0338 2,0338 2,0338 2,0338 2,0338 0,03 0,015 2,0416 2,0416 2,0416 2,0416 2,0416 2,0416 2,0416 2,0416 0,04 0,02 2,0479 2,0479 2,0480 2,0480 2,0480 2,0480 2,0480 2,0480 0,05 0,025 2,0532 2,0532 2,0532 2,0532 2,0532 2,0532 2,0532 2,0532 0,06 0,03 2,0578 2,0578 2,0578 2,0578 2,0578 2,0578 2,0578 2,0578 0,07 0,035 2,0617 2,0617 2,0617 2,0617 2,0617 2,0617 2,0617 2,0617 0,08 0,04 2,0652 2,0653 2,0653 2,0653 2,0653 2,0653 2,0653 2,0653 0,09 0,045 2,0684 2,0684 2,0684 2,0684 2,0684 2,0684 2,0684 2,0684 0,1 0,05 2,0712 2,0712 2,0712 2,0712 2,0712 2,0712 2,0712 2,0712 0,2 0,1 2,0898 2,0898 2,0898 2,0898 2,0898 2,0898 2,0898 2,0898 0,3 0,15 2,1012 2,1012 2,1012 2,1012 2,1012 2,1012 2,1012 2,1012 0,4 0,2 2,1116 2,1116 2,1116 2,1116 2,1116 2,1116 2,1116 2,1116 0,5 0,25 2,1230 2,1230 2,1230 2,1230 2,1230 2,1230 2,1230 2,1230 0,6 0,3 2,1366 2,1366 2,1366 2,1366 2,1366 2,1366 2,1366 2,1366 0,7 0,35 2,1534 2,1534 2,1534 2,1534 2,1534 2,1534 2,1534 2,1534 0,8 0,4 2,1749 2,1749 2,1749 2,1749 2,1749 2,1749 2,1749 2,1749 0,9 0,45 2,2035 2,2035 2,2035 2,2035 2,2035 2,2035 2,2035 2,2035 1 0,5 2,2433 2,2433 2,2433 2,2433 2,2433 2,2433 2,2433 2,2433 52 Tabela 5.2.1.2 – Convergência da temperatura média no tubo para o caso de fluxo prescrito e ߣ= -0,3. TEMPERATURA MÉDIA (Tav) Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 1,41E-04 1,93E-04 1,98E-04 1,99E-04 1,99E-04 1,99E-04 1,99E-04 2,00E-04 0,0002 0,0001 3,41E-04 3,92E-04 3,97E-04 3,98E-04 3,99E-04 3,99E-04 3,99E-04 3,99E-04 0,0003 0,00015 5,40E-04 5,91E-04 5,96E-04 5,97E-04 5,98E-04 5,98E-04 5,98E-04 5,98E-04 0,0004 0,0002 7,39E-04 7,90E-04 7,95E-04 7,96E-04 7,97E-04 7,97E-04 7,97E-04 7,97E-04 0,0005 0,00025 9,38E-04 9,89E-04 9,94E-04 9,95E-04 9,96E-04 9,96E-04 9,96E-04 9,96E-04 0,0006 0,0003 1,14E-03 1,19E-03 1,19E-03 1,19E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 1,20E-03 0,0007 0,00035 1,34E-03 1,39E-03 1,39E-03 1,39E-03 1,39E-03 1,39E-03 1,39E-03 1,39E-03 0,0008 0,0004 1,53E-03 1,59E-03 1,59E-03 1,59E-03 1,59E-03 1,59E-03 1,59E-03 1,59E-03 0,0009 0,00045 1,73E-03 1,79E-03 1,79E-03 1,79E-03 1,79E-03 1,79E-03 1,79E-03 1,79E-03 0,001 0,0005 1,93E-03 1,98E-03 1,99E-03 1,99E-03 1,99E-03 1,99E-03 1,99E-03 1,99E-03 0,002 0,001 3,92E-03 3,97E-03 3,98E-03 3,98E-03 3,98E-03 3,98E-03 3,98E-03 3,98E-03 0,003 0,0015 5,90E-03 5,96E-03 5,96E-03 5,96E-03 5,96E-03 5,96E-03 5,96E-03 5,96E-03 0,004 0,002 7,89E-03 7,94E-03 7,95E-03 7,95E-03 7,95E-03 7,95E-03 7,95E-03 7,95E-03 0,005 0,0025 9,87E-03 9,93E-03 9,93E-03 9,93E-03 9,93E-03 9,93E-03 9,93E-03 9,93E-03 0,006 0,003 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 1,19E-02 0,007 0,0035 1,38E-02 1,39E-02 1,39E-02 1,39E-02 1,39E-02 1,39E-02 1,39E-02 1,39E-02 0,008 0,004 1,58E-02 1,59E-02 1,59E-02 1,59E-02 1,59E-02 1,59E-02 1,59E-02 1,59E-02 0,009 0,0045 1,78E-02 1,79E-02 1,79E-02 1,79E-02 1,79E-02 1,79E-02 1,79E-02 1,79E-02 0,01 0,005 1,98E-02 1,99E-02 1,99E-02 1,99E-02 1,99E-02 1,99E-02 1,99E-02 1,99E-02 0,02 0,01 3,96E-02 3,97E-02 3,97E-02 3,97E-02 3,97E-02 3,97E-02 3,97E-02 3,97E-02 0,03 0,015 5,95E-02 5,95E-02 5,96E-02 5,96E-02 5,96E-02 5,96E-02 5,96E-02 5,96E-02 0,04 0,02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 7,94E-02 0,05 0,025 9,92E-02 9,93E-02 9,93E-02 9,93E-02 9,93E-02 9,93E-02 9,93E-02 9,93E-02 0,06 0,03 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 1,19E-01 0,07 0,035 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 1,39E-01 0,08 0,04 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 1,59E-01 0,09 0,045 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 1,79E-01 0,1 0,05 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 1,99E-01 0,2 0,1 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 3,98E-01 0,3 0,15 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 5,97E-01 0,4 0,2 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 7,97E-01 0,5 0,25 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 9,96E-01 0,6 0,3 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 1,20E+00 0,7 0,35 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 1,39E+00 0,8 0,4 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 1,59E+00 0,9 0,45 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1,79E+00 1 0,5 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 1,99E+00 53 Tabela 5.2.1.3 – Convergência do número de Nusselt local para o caso de fluxo prescrito e l= 0,3. Número de Nusselt local (Nu) Z X NT=10 NT=20 NT=30 NT=40 NT=50 NT=60 NT=70 NT=80 0,0001 0,00005 62,9132 53,1291 49,2223 49,0226 48,9521 48,9155 48,8975 48,8875 0,0002 0,0001 48,1523 38,4086 37,7176 37,6496 37,6189 37,6057 37,599 37,5952 0,0003 0,00015 39,8168 32,5545 32,3923 32,3439 32,3269 32,3194 32,3156 32,3134 0,0004 0,0002 34,4725 29,1787 29,1022 29,0695 29,0581 29,0530 29,0505 29,0490 0,0005 0,00025 30,7604 26,8618 26,798 26,7743 26,7659 26,7622 26,7603 26,7593 0,0006 0,0003 28,0349 25,1205 25,061 25,0426 25,0361 25,0332 25,0318 25,0309 0,0007 0,00035 25,9502 23,7409 23,6866 23,6717 23,6665 23,6641 23,6629 23,6623 0,0008 0,0004 24,3045 22,6097 22,5612 22,5489 22,5445 22,5425 22,5415 22,541 0,0009 0,00045 22,9719 21,6588 21,616 21,6055 21,6018 21,6001 21,5993 21,5988 0,001 0,0005 21,8702 20,8441 20,8064 20,7973 20,7941 20,7927 20,7919 20,7915 0,002 0,001 16,3772 16,243 16,2283 16,2247 16,2235 16,2229 16,2226 16,2225 0,003 0,0015 14,1290 14,0731 14,0646 14,0626 14,0618 14,0615 14,0613 14,0612 0,004 0,002 12,7729 12,7275 12,7217 12,7203 12,7198 12,7196 12,7195 12,7194 0,005 0,0025 11,8214 11,7824 11,7781 11,7771 11,7767 11,7766 11,7765 11,7764 0,006 0,003 11,1018 11,069 11,0656 11,0648 11,0645 11,0644 11,0643 11,0643 0,007 0,0035 10,5318 10,5042 10,5015 10,5008 10,5006 10,5005 10,5004 10,5004 0,008 0,004 10,0654 10,0420 10,0397 10,0392 10,039 10,0389 10,0388 10,0388 0,009 0,0045 9,6743 9,6542 9,6522 9,6517 9,6516 9,6515 9,6514 9,6514 0,01 0,005 9,3399 9,3223 9,3206 9,3202 9,3201 9,3200 9,3200 9,3199 0,02 0,01 7,4691 7,4619 7,4612 7,4610 7,4610 7,4610 7,4609 7,4609 0,03 0,015 6,6078 6,6035 6,6031 6,6030 6,6029 6,6029 6,6029 6,6029 0,04 0,02 6,0880 6,0850 6,0847 6,0847 6,0846 6,0846 6,0846 6,0846 0,05 0,025 5,7335 5,7312 5,731 5,731 5,7309 5,7309 5,7309 5,7309 0,06 0,03 5,4741 5,4723 5,4721 5,4721 5,4720 5,4720 5,4720 5,4720 0,07 0,035 5,2755 5,2739 5,2738 5,2738 5,2737 5,2737 5,2737 5,2737 0,08 0,04 5,1185 5,1172 5,1171 5,1170 5,1170 5,1170 5,1170 5,1170 0,09 0,045 4,9916 4,9904 4,9903 4,9903 4,9903 4,9903 4,9903 4,9903 0,1 0,05 4,8872 4,8861 4,8860 4,8860 4,8860 4,8860 4,8860 4,8860 0,2 0,1 4,4127 4,4121 4,4120 4,4120 4,4120 4,4120 4,4120 4,4120 0,3 0,15 4,2906 4,2901 4,2901 4,2900 4,2900 4,2900 4,2900 4,2900 0,4 0,2 4,2495 4,2490 4,2490 4,2490 4,2490 4,2490 4,2490 4,2490 0,5 0,25 4,2288 4,2284 4,2283 4,2283 4,2283 4,2283 4,2283 4,2283 0,6 0,3 4,212 4,2115 4,2115 4,2115 4,2115 4,2115 4,2115 4,2115 0,7 0,35 4,1935 4,1931 4,1931 4,1931 4,1931 4,1931 4,1931 4,1931 0,8 0,4 4,171 4,1706 4,1706 4,1705 4,1705 4,1705 4,1705 4,1705 0,9 0,45 4,1418 4,1414 4,1414 4,1414 4,1414 4,1414 4,1414 4,1414 1 0,5 4,1021 4,1018 4,1017 4,1017 4,1017 4,1017 4,1017 4,1017 5.2.2 - VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS COM OS DA LITERATURA ([9] e [10]) A seguir, efetua-se a verificação do código construído, por comparação direta com alguns resultados apresentados nos trabalhos de Quaresma [9] e Yang [10]. Nos 54 resultados apresentados na Tabela 5.2.4 abaixo foram considerados 80 termos na expansão, comparando-se o número de Nusselt local em algumas posições axiais. Os resultados tem uma razoável concordância com Yang [10], como também confirmado pela comparação gráfica apresentada na Figura 5.2.1. Tabela 5.2.2.1 – Comparação do número de Nusselt local para o caso de fluxo prescrito e l= 0,3 pela GITT e conforme referência [10]. Z X Nu Yang [10] 0,0082 0,0041 9,9561 9,754 0,015 0,0242 0,0075 0,0121 8,1683 7,0382 8,024 6,918 0,0356 0,0178 6,2859 6,170 0,0494 0,0652 0,0247 0,0326 5,7490 5,3628 5,647 5,277 40 Nusselt Local (λ= -0,3) Yang [10] GITT Nu(Z) 30 20 10 0 0 0.02 Z 0.04 0.06 Figura 5.2.2.1 – Comparação do número de Nusselt local para o caso de fluxo prescrito e l= 0,3 pela GITT e conforme referência [10]. A seguir apresentamos uma verificação da solução aqui proposta, para o caso de viscosidade constante, comparada aos resultados de referência obtidos por Transformação Integral Clássica (CITT) por Quaresma [9], no qual o respectivo autor considerou 50 termos na expansão. Para a análise dos resultados apresentados na Tabela 5.2.5 foram considerados 25 termos na expansão da presente solução. A presente solução com um número relativamente menor de termos permitiu verificar a 55 boa aderência com a solução benchmark da ref. [9], e serviu para definir um limite da ordem de truncamento a ser utilizada nos exemplos subsequentes da formulação não linear. Tabela 5.2.2.2 – Comparação dos números de Nusselt local e médio para o caso de fluxo prescrito e propriedades constantes, pela GITT e conforme referência [9]. Z z Nuz Quaresma [9] Nuav Quaresma [9] 0,0004 0,0001 27,357 27,276 38,111 38,405 0,0008 0,0002 21,591 21,557 31,070 31,191 0,0012 0,0003 18,809 18,790 27,404 27,477 0,0016 0,0004 17,062 17,095 25,023 25,074 0,002 0,0005 15,823 15,813 23,300 23,339 0,0024 0,0006 14,880 14,872 21,972 22,003 0,0028 0,0007 14,129 14,123 20,904 20,929 0,0032 0,0008 13,511 13,506 20,017 20,038 0,0036 0,0009 12,990 12,985 19,264 19,283 0,004 0,0010 12,542 12,538 18,614 18,630 0,008 0,0020 9,988 9,986 14,840 14,846 0,012 0,0030 8,773 8,772 13,001 13,005 0,016 0,0040 8,021 8,020 11,844 11,847 0,02 0,0050 7,494 7,494 11,024 11,026 0,024 0,0060 7,099 7,099 10,401 10,403 0,028 0,0070 6,788 6,788 9,906 9,908 0,032 0,0080 6,536 6,536 9,500 9,502 0,036 0,0090 6,326 6,326 9,159 9,160 0,04 0,0100 6,148 6,148 8,867 8,868 0,08 0,0200 5,198 5,198 7,227 7,228 0,12 0,0300 4,816 4,816 6,479 6,473 0,16 0,0400 4,621 4,621 6,037 6,037 0,2 0,0500 4,514 4,514 5,742 5,742 0,24 0,0600 4,452 4,452 5,532 5,532 0,28 0,0700 4,416 4,416 5,375 5,375 0,32 0,0800 4,399 4,399 5,253 5,253 0,36 0,0900 4,382 4,382 5,157 5,157 0,4 0,1000 4,375 4,375 5,079 5,079 0,8 0,2000 4,364 4,364 4,723 4,723 5.2.2.1 - VERIFICAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS TERMOS CONVECTIVOS NA FORMULAÇÃO DO PROBLEMA PARA FLUXO PRESCRITO A fim de verificar a importância dos termos convectivos no cálculo do campo de temperatura para o problema com condição de contorno de fluxo prescrito, deve-se, primeiramente, calcular a componente radial do campo de velocidade. Para esse propósito, se utiliza a Eq. (3.31.a) para a velocidade U(R,Z) na equação da 56 continuidade, em seguida integra-se o resultado no domínio de [0,R] na direção radial, obtendo-se assim a seguinte expressão para a velocidade radial V(R,Z): ∞ R ∞ dT (Z ) R2 λ R R4 (1 − ) + λ ∑ H i ( R)Ti (Z ) λ ∑ Gi i (1 − ) + 2 16 3 dZ 1 4 i =1 i =1 V ( R, Z ) = 2 ∞ 2 1 λ 8 + 24 + λ ∑ GiTi (Z ) i =1 ∞ dTi (Z ) λ ∑ H i ( R) dZ − i =1 ∞ 1 λ 8 + 24 + λ ∑ GiTi (Z ) i =1 (5.1.a) onde: R(2 − R 2 ) H ( R ) = para i = 1; i 8 N i H ( R) = 1 RJ (ζ R) − 2 J (ζ R) 0 i i ζi 1 i N i ζ i2 (5.1.b) para i > 1. As Eqs. (5.1) acima juntamente com a componente axial de velocidade dada pelas Eqs. (3.31) e o campo de temperatura dado pelas Eqs. (3.26) e (3.30.b) servem para calcular os termos convectivos e verificar as suas respectivas importâncias para esse problema de entrada térmica com condição de contono de fluxo prescrito. Neste ponto, antes de prosseguir com as análises será feita uma verificação da importância dos termos convectivos U ( R, Z ) ∂ T ( R, Z ) ∂ T ( R, Z ) ∂ Z e V ( R, Z ) ∂ R no campo de temperatura e quantidades de interesse prático, tais como números de Nusselt. Para esse propósito, observou-se a variação desses referidos termos ao longo da entrada térmica como função da coordenada radial para o caso de fluxo calo prescrito constante e adotando-se λ=0,721295. Observa-se das Figuras 5.2.2.1.1 que o termo U ( R, Z ) ∂ T ( R , Z ) ∂ T ( R, Z ) ∂ Z é sempre superior ao V ( R, Z ) ∂ R para quase todas as posições axiais, exceto para Z=0,0001, onde a ordem de magnitude desses termos são bem próximas em uma determinada faixa de posição radial, embora próximo da parede R=1, os gradientes de U ( R, Z ) ∂ T ( R, Z ) ∂ Z sejam bem maiores, o que influenciará diretamente os valores de números de Nusselt. À medida que Z aumenta, a importância do termo convectivo radial vai diminuindo consideravelmente. 57 Dessa forma, justifica-se a hipótese adotada no presente trabalho de se desprezar o termo convectivo radial face à importância do termo convectivo axial. 10 24 22 Z=0.0001 20 U(∂T/∂Z) 18 U(∂T/∂Z) V(∂T/∂R) 8 V(∂T/∂R) 7 Termos Convectivos 16 Termos Convectivos Z=0.001 9 14 12 10 8 6 4 6 5 4 3 2 2 1 0 0 -2 -1 -4 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 0 1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 5.0 0.7 0.8 0.9 1 0.6 0.7 0.8 0.9 1 4.0 Z=0.1 Z=0.01 4.5 3.5 U(∂T/∂Z) V(∂T/∂R) 4.0 U(∂T/∂Z) V(∂T/∂R) 3.0 Termos Convectivos 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 2.5 2.0 1.5 1.0 1.0 0.5 0.5 0.0 0.0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 R R 4.0 Z=1.0 3.5 U(∂T/∂Z) V(∂T/∂R) 3.0 Termos Convectivos Termos Convectivos 0.6 R R 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 R Figura 5.2.2.1.1 – Comparação dos termos convectivos ao longo da entrada térmica como função da coordenada radial para o caso de fluxo prescrito e l= 0,721295. 58 5.2.3 – UNIT PARA ÓLEO TÉRMICO LUBRAX OT-68-OF Inicialmente será apresentada uma breve verificação da solução obtida pelo código UNIT para a convecção forçada laminar, utilizando o valor l= 0, correspondente à situação de viscosidade constante, para o qual resultados benchmark estão disponíveis a partir da solução exata por transformada integral [9]. A tabela 5.2.3.1 abaixo apresenta uma análise de convergência para o número de Nusselt local da solução híbrida proposta, que deve ser comparada em sua ordem de truncamento mais elevada, N=30, com a solução de referência em [9], apresentada na última coluna. Apresentamos também a solução por GITT acima detalhada, como obtida pela rotina dedicada escrita em Fortran 95 do presente trabalho. A solução pelo código UNIT foi obtida com um máximo de 30 termos na expansão em autofunções, empregando o filtro automático acima definido, e evitando-se o sistema transformado implícito, levando-se o campo de velocidades U(R,Z) para o denominador do termo fonte geral. Foi empregada integração numérica por Gauss não adaptatitiva com 464 pontos nodais. Claramente, a solução obtida pelo UNIT encontra-se convergida em pelo menos três dígitos significativos, em toda a faixa de variável dependente considerada. Pode-se também observar que a solução automática concorda pelo menos em mais ou menos um nesse mesmo dígito em relação às duas soluções apresentadas, a solução exata na ref.[9] e o algoritmo dedicado deste trabalho. Essa comparação fornece a necessária confiança para empregar esse conjunto de parâmetros na obtenção dos resultados para o caso específico do óleo térmico. Já a Tabela 5.2.3.2 apresenta uma comparação específica dos números de Nusselt locais para o caso não-linear apresentado por Yang [10] com l= -0,3. Além dos resultados de Yang na última coluna, apresentamos os resultados da simulação com o código UNIT e com a rotina dedicada por GITT deste trabalho. Pode-se observar uma maior discrepância entres os resultados da presente análise e o trabalho pioneiro e aproximado de Yang [10], mas uma diferença apenas no terceiro dígito entre a presente simulação e o código dedicado do presente trabalho. 59 Tabela 5.2.3.1 - Análise de convergência do número de Nusselt local para o caso de viscosidade constante (l= 0) e comparação com resultados de referência [9]. Número de Nusselt local (Nu) Z N=5 N=10 N=15 N=20 N=25 N=30 Nuz Ref. [9] 0,0012 20,0317 18,8936 18,6568 18,6288 18,6151 18,6034 18,809 18,790 0,0016 18,1671 17,0779 16,9452 16,9249 16,9154 16,9074 17,062 17,095 0,002 16,7967 15,8107 15,7282 15,7122 15,7050 15,699 15,823 15,813 0,0024 15,734 14,8569 14,8004 14,7873 14,7817 14,7769 14,880 14,872 0,0028 14,8789 14,1021 14,0601 14,0492 14,0446 14,0406 14,129 14,123 0,0032 14,1718 13,4834 13,4501 13,4408 13,4369 13,4336 13,511 13,506 0,0036 13,5745 12,9631 12,9352 12,9272 12,9238 12,921 12,990 12,985 0,004 13,0615 12,5165 12,4923 12,4853 12,4824 12,4799 12,542 12,538 0,008 10,1816 9,97263 9,96148 9,95855 9,9573 9,95625 9,988 9,986 0,012 8,86583 8,76196 8,75504 8,75324 8,75248 8,75184 8,773 8,772 0,016 8,07336 8,01148 8,00656 8,00528 8,00474 8,00428 8,021 8,020 0,02 7,52877 7,48642 7,48263 7,48165 7,48123 7,48087 7,494 7,494 0,024 7,12441 7,0923 7,08922 7,08841 7,08807 7,08779 7,099 7,099 0,028 6,80862 6,78247 6,77988 6,7792 6,77891 6,77867 6,788 6,788 0,032 6,55316 6,53083 6,52858 6,5280 6,52775 6,52751 6,536 6,536 0,036 6,34109 6,32142 6,31944 6,31892 6,3187 6,31849 6,326 6,326 0,04 6,16154 6,14385 6,14208 6,14161 6,14142 6,14123 6,148 6,148 0,08 5,2053 5,19587 5,19495 5,19471 5,19461 5,19452 5,198 5,198 0,12 4,82069 4,8138 4,81314 4,81296 4,81289 4,81282 4,816 4,816 0,16 4,62554 4,61978 4,61922 4,61908 4,61902 4,61896 4,621 4,621 0,2 4,51774 4,51256 4,51206 4,51193 4,51187 4,51182 4,514 4,514 0,24 4,4559 4,45105 4,45058 4,45045 4,4504 4,45036 4,452 4,452 0,28 4,41976 4,4151 4,41461 4,41452 4,41448 4,41443 4,416 4,416 0,32 4,39844 4,39388 4,3934 4,39332 4,39327 4,39323 4,399 4,399 0,36 4,38578 4,38128 4,38081 4,38074 4,38068 4,38064 4,382 4,382 0,4 4,37824 4,37378 4,37332 4,37324 4,37319 4,37315 4,375 4,375 0,8 4,36713 4,36273 4,36227 4,36219 4,36214 4,3621 4,364 4,364 Tabela 5.2.3.2 - Comparação dos números de Nusselt locais para o caso não linear l= -0,3: Soluções pelo código UNIT, GITT em rotina dedicada e diferenças finitas [10]. Z UNIT Nuz GITT/Fortran Yang [10] 0,0082 9,93846 9,9561 9,754 0,015 8,18838 8,1683 8,024 0,0242 7,0665 7,0382 6,918 0,0356 6,31145 6,2859 6,17 0,0494 5,76738 5,749 5,647 0,0652 5,37234 5,3628 5,277 60 A seguir serão apresentados resultados referentes ao óleo térmico LUBRAX OT-68-OF, cujas propriedades podem ser consultadas na ref. [75]. O primeiro caso considerado refere-se a uma temperatura de entrada de 150°C, uma variação de temperatura média de 20°C na seção térmica, e um número de Reynolds de Re=2000, praticamente no limite superior do regime laminar. Para o comprimento aquecido de L=4,95m e o raio interno da tubulação de rw=0,0079m, prescreve-se então uma potência total (desprezando as perdas) de Qw=3077,4 W, distribuídos nas doze resistências que compõem a seção de testes. O ajuste do parâmetro da variação de viscosidade fornece o valor l= 18,99 nesse caso, a uma velocidade média de um=0,394 m/s. Este caso foi rapidamente descartado, pois observou-se os altos valores da temperatura da parede alcançados, chegando-se a 369,6°C na saída da seção de testes, bem acima das temperaturas de fulgor VA (254°C), do ponto de combustão (284°C) e quase até de auto-ignição do óleo (366°C). Esse resultado é ilustrado nas Figuras 5.2.3.1.a,b abaixo que ilustram a distribuição espacial da temperatura do fluido e os gráficos das temperaturas na parede, média e no centro para esta situação, respectivamente. Outro aspecto importante observado é que o comprimento de entrada de Le=0,51 m seria insuficiente para o desenvolvimento hidrodinâmico do escoamento até a entrada da seção térmica, e que seria necessário um comprimento de 1,77m. Figura 5.2.3.1.a - Distribuição espacial das temperaturas no óleo térmico (Re=2000, ∆Tb=20°C) 61 Tb, T0 & Tw @ºC D 350 300 250 200 1 2 3 4 5 z @mD Figura 5.2.3.1.b - Evolução das temperaturas na parede, média e no centro do tubo (Re=2000, ∆Tb=20°C) Em função dessas considerações, optou-se então por considerar um aumento menos acentuado na temperatura média do fluido ao longo da seção, bem como uma redução no número de Reynolds para Re=1200, e considerando-se um ∆Tb=10°C. Nesse caso, a potência pré-dimensionada resultou em Qw=974,2 W, desta feita distribuídos entre apenas 10 resistências. As duas primeiras resistências são então desconectadas para prover um comprimento de desenvolvimento hidrodinâmico adequado. Estima-se que nesse caso o comprimento de entrada Lh seria de 1,06m e portanto, com a distância disponível e o comprimento das duas resistências desligadas, chega-se ao valor novo disponível de Le=1,3m. O comprimento de desenvolvimento térmico estimado é de cerca de 62m tendo em vista o alto número de Prandtl do óleo térmico. O parâmetro de viscosidade então assume o valor l= 7,105 e a velocidade média é um=0,252 m/s e a vazão cerca 2,4 kg/min. As Figuras 5.2.3.2.a,b então ilustram a distribuição espacial da temperatura no fluido e as temperaturas na parede, média de mistura e no centro do canal, respectivamente. Neste caso, chega-se à temperatura máxima de parede de 248,1°C, portanto abaixo da temperatura de fulgor VA de 254°C. Naturalmente, essa estimativa é conservativa, porque há perdas térmicas pelo isolamento, mas é possível reduzir o número de Reynolds para definir um caso teste ainda mais conservativo. Pela distribuição espacial na saída observa-se claramente que um termopar posicionado no fluido não efetuaria uma medida representativa da temperatura média de mistura, o que demonstra a necessidade de um misturador adiabático na saída para que a estimativa da temperatura média tenha aplicabilidade. 62 Figura 5.2.3.2.a - Distribuição espacial das temperaturas no óleo térmico (Re=1200, ∆Tb=10°C) Tb , T0 & Tw @ºC D 240 220 200 180 160 1 2 3 4 z @m D Figura 5.2.3.2.b - Evolução das temperaturas na parede, média e no centro do tubo (Re=1200, ∆Tb=10°C) 63 A Figura 5.2.3.3 apresenta os perfis da componente longitudinal da velocidade na seção do tubo ao longo da dimensão axial, nas posições z=0, 0.1, 1, 2, 3 e 4 m a partir da entrada, confirmando a importância de se levar em consideração a variação da viscosidade para esse fluido. Já a Figura 5.2.3.4 apresenta a variação do coeficiente de transferência de calor local ao longo do tubo, mostrado em forma de pontos, nas mesmas posições axiais onde estão previstos os termopares, ou seja, três termopares equiespaçados na terceira resistência (primeira resistência ativa nesse caso), e um termopar central nas demais 9 resistências, perfazendo um total de 12 medidas. Evita-se assim que os termopares estejam próximas às extremidades das resistências, bem como da entrada e da saída do tubo. Vale comentar que o coeficiente de transferência de calor na saída do tubo é de 53,89 W/m2°C, ainda bem distante do valor assimptótico de de 24,28 W/m2°C. Por outro lado, o coeficiente de transferência de calor médio na saída da seção térmica é de 77,84 W/m2°C. Esses valores podem ser diretamente comparados com aqueles previstos pelas correlações teórica de Shah [78], hS(L)=74,22 W/m2°C, e empírica de Churchill & Ozoe [79], hC(L)=75,34 W/m2°C. A correlação de Churchill & Ozoe também permite uma correção do valor do número de Nusselt em função da variação da viscosidade, o que nesse caso resulta em um valor majorado do coeficiente de transferência de calor médio, igual hC(L)=81,18 W/m2°C. A comparação entre os coeficientes locais de transferência de calor aqui calculados e aqueles previstos pela correlação de Churchill & Ozoe (linha vermelha) é mostrada na Fig.5.2.3.4, com excelente concordância, oferecendo uma verificação do modelo aqui adotado. uHr,zL @mêsD 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 2 4 6 8 r @mm D Figura 5.2.3.3 - Perfis da componente longitudinal da velocidade, u(r,z), em diferentes posições axiais, z=0, 0.1, 1, 2, 3 e 4 m, para Re=1200 e ∆Tb=10°C 64 h @W êm2C D 250 200 150 100 50 0 1 2 3 4 z @mD Figura 5.2.3.4 - Coeficientes locais de transferência de calor, h(z), em diferentes posições axiais, z=0, 0.1, 1, 2, 3 e 4 m, para Re=1200 e ∆Tb=10°C (pontos - presente simulação, linha continua - correlação de Churchill & Ozoe). O presente caso servirá como caso-teste após a montagem e testes de funcionamento do circuito termohidráulico para altas temperaturas. 5.2.4 – COMPARAÇÃO COM RESULTADOS EXPERIMENTAIS Esta seção é dedicada à comparação da presente simulação com resultados experimentais recentemente obtidos no contexto do projeto COPPE-CENPES, para um nanofluido comercial de água-sílica [75]. Quatro ensaios com o nanofluido comercial foram selecionados para esta comparação, e seus dados principais são consolidados na Tabela 5.2.4.1 abaixo, observando-se a ampla faixa de números de Reynolds selecionada, de cerca de 1200 a 1900. Tabela 5.2.4.1 – Consolidação de parâmetros relacionados aos casos experimentais do nanofluido água-sílica selecionados para as comparações. l Medição 1 0,721295 Vazão 876 T0 [°C] qw [W/m2] Reynolds 25,06 5295 1458 Prandtl 9,87802 Peclet 14401 3 0,784579 720 25,58 5733 1237 9,53625 11796 7 0,728404 973 26,19 5286 1654 9,64812 15957 9 0,926381 1093 26,26 6723 1876 9,54910 17914 65 As tabelas 5.2.4.2 e 5.2.4.5 abaixo apresentam uma análise de convergência, através de uma variação de 5 em 5 termos na expansão. A tabela 5.2.4.2 apresenta os resultados referentes ao número de Nusselt local no caso de propriedades constantes, enquanto a tabela 5.2.4.3 ilustra a convergência do caso com variação da viscosidade com a temperatura. Praticamente quatro dígitos significativos encontram-se convergidos nessa faixa de ordem de truncamento da expansão, mais que suficiente para as comparações com resultados experimentais que se seguirão. As posições axiais mostradas correspondem às posições onde estão instalados os termopares ao longo do tubo de teste. Observa-se um aumento no número de Nusselt ao considerarse o modelo com variação da viscosidade, ao longo do tubo aquecido, exceto na primeira posição próxima à entrada do canal. Vale lembrar que o presente modelo não leva em consideração a variação da componente transversal da velocidade, que pode ter alguma importância nas posições mais próximas à entrada do canal. Além do cálculo do número de Nusselt local, inclui-se também a convergência do número de Nusselt médio, ilustrada nas tabelas 5.2.4.4 e 5.2.4.5, respectivamente para os casos de propriedades constantes e viscosidade variável. Nesse caso, uma convergência de cerca de três dígitos significativos foi observada nas posições correspondentes aos termopares instalados no experimento. Aqui fica evidente o maior desvio entre os números de Nusselt médio para propriedades constantes e viscosidade variável, na região mais próxima à entrada do canal. Tabela 5.2.4.2 – Convergência do número de Nusselt local para dois ensaios considerando-se as propriedades constantes para a condição de fluxo prescrito. Nuz Caso Medição 1 - SiO2 Medição 7 - SiO2 Z z (m) NT=5 NT=10 NT=15 NT=20 NT=25 8,32624 E-04 0,019 29,013 22,664 21,348 21,328 21,299 1,87559 E-02 0,428 7,6973 7,6491 7,6428 7,6413 7,6408 3,44882 E-02 0,787 6,4328 6,4054 6,4024 6,4017 6,4014 5,20171 E-02 1,187 5,7650 5,7463 5,7445 5,7440 5,7439 7,23506 E-02 1,651 5,3279 5,3147 5,3134 5,3131 5,3130 8,86964 E-02 2,024 5,1011 5,0904 5,0894 5,0891 5,0890 9,71541 E-02 2,217 5,0103 5,0005 4,9996 4,9993 4,9993 7,51973 E-04 0,019 30,033 23,764 22,105 22,083 22,051 1,69392 E-02 0,428 7,9493 7,8909 7,8838 7,8821 7,8815 3,11475 E-02 0,787 6,6201 6,5904 6,5871 6,5863 6,5860 4,69785 E-02 1,187 5,9177 5,8969 5,8949 5,8944 5,8942 6,53425 E-02 1,651 5,4536 5,4389 5,4375 5,4371 5,4370 8,01049 E-02 2,024 5,2105 5,1986 5,1974 5,1971 5,1971 8,77433 E-02 2,217 5,1123 5,1015 5,1004 5,1002 5,1001 66 Tabela 5.2.4.3 – Convergência do número de Nusselt local para dois ensaios considerando-se a viscosidade variável para a condição de fluxo prescrito. Nuz Caso Medição 1 - SiO2 (l= 0,721295) Medição 7 - SiO2 (l = 0,728404) Z z (m) NT=5 NT=10 NT=15 NT=20 NT=25 8,32624 E-04 0,019 27,964 19,873 19,247 19,231 19,209 1,87559 E-02 0,428 7,7515 7,7100 7,7038 7,7023 7,7018 3,44882 E-02 0,787 6,5486 6,5208 6,5178 6,5171 6,5168 5,20171 E-02 1,187 5,8999 5,8804 5,8785 5,8781 5,8779 7,23506 E-02 1,651 5,4708 5,4568 5,4554 5,4551 5,4550 8,86964 E-02 2,024 5,2467 5,2352 5,2340 5,2338 5,2337 9,71541 E-02 2,217 5,1566 5,1460 5,1449 5,1447 5,1446 7,51973 E-04 0,019 28,982 20,642 19,768 19,766 19,741 1,69392 E-02 0,428 7,9867 7,9387 7,9318 7,9301 7,9296 3,11475 E-02 0,787 6,7300 6,7003 6,6970 6,6961 6,6958 4,69785 E-02 1,187 6,0500 6,0286 6,0264 6,0259 6,0257 6,53425 E-02 1,651 5,5957 5,5802 5,5787 5,5784 5,5782 8,01049 E-02 2,024 5,3561 5,3433 5,3421 5,3418 5,3417 8,77433 E-02 2,217 5,2590 5,2473 5,2462 5,2459 5,2458 Tabela 5.2.4.4 – Convergência do número de Nusselt médio para dois ensaios considerandose as propriedades constantes para a condição de fluxo prescrito. Nuav Caso Medição 1 - SiO2 Medição 7 - SiO2 Z z (m) NT=5 NT=10 NT=15 NT=20 NT=25 8,32624 E-04 0,019 36,161 37,913 33,676 31,512 30,692 1,87559 E-02 0,428 12,456 11,622 11,395 11,292 11,251 3,44882 E-02 0,787 9,9542 9,4849 9,3592 9,3029 9,2806 5,20171 E-02 1,187 8,6434 8,3247 8,2405 8,2031 8,1882 7,23506 E-02 1,651 7,7677 7,5341 7,4732 7,4461 7,4354 8,86964 E-02 2,024 7,2959 7,1032 7,0533 7,0312 7,0224 9,71541 E-02 2,217 7,1008 6,9240 6,8783 6,8581 6,8501 7,51973 E-04 0,019 36,873 39,491 34,959 32,564 31,660 1,69392 E-02 0,428 12,953 12,036 11,784 11,671 11,626 3,11475 E-02 0,787 10,322 9,8056 9,6667 9,6045 9,5798 4,69785 E-02 1,187 8,9442 8,5934 8,5004 8,4589 8,4425 6,53425 E-02 1,651 8,0228 7,7656 7,6983 7,6684 7,6565 8,01049 E-02 2,024 7,5256 7,3135 7,2583 7,2338 7,2242 8,77433 E-02 2,217 7,3197 7,1250 7,0746 7,0522 7,0433 67 Tabela 5.2.4.5 – Convergência do número de Nusselt médio para dois ensaios considerandose a viscosidade variável para a condição de fluxo prescrito. Nuav Caso Medição 1 - SiO2 (l = 0,721295) Medição 7 - SiO2 (l= 0,728404) Z z (m) NT=5 NT=10 NT=15 NT=20 NT=25 8,32624 E-04 0,019 35,385 32,582 26,450 24,783 24,918 1,87559 E-02 0,428 12,200 11,170 10,880 10,800 10,804 3,44882 E-02 0,787 9,8573 9,2819 9,1222 9,0782 9,0800 5,20171 E-02 1,187 8,6220 8,2327 8,1259 8,0966 8,0978 7,23506 E-02 1,651 7,7915 7,5069 7,4297 7,4085 7,4093 8,86964 E-02 2,024 7,3420 7,1075 7,0443 7,0270 7,0276 9,71541 E-02 2,217 7,1555 6,9405 6,8828 6,8669 6,8675 7,51973 E-04 0,019 36,118 33,842 27,115 25,293 25,452 1,69392 E-02 0,428 12,663 11,524 11,203 11,116 11,120 3,11475 E-02 0,787 10,202 9,5663 9,3895 9,3414 9,3437 4,69785 E-02 1,187 8,9057 8,4760 8,3579 8,3258 8,3272 6,53425 E-02 1,651 8,0339 7,7199 7,6344 7,6112 7,6122 8,01049 E-02 2,024 7,5613 7,3025 7,2326 7,2136 7,2144 8,77433 E-02 2,217 7,3650 7,1277 7,0637 7,0464 7,0471 A comparação com os resultados experimentais é agora consolidada nas Tabelas 5.2.4.6 a 5.2.4.7, respectivamente, para os mesmos dois casos acima do nanofluido comercial. Para os resultados apresentados nessas tabelas foram considerados 25 termos na expansão, conforme já explicitado anteriormente. As tabelas apresentam os resultados da simulação para os números de Nusselt local e médio, com propriedades constantes e viscosidade variável, bem como o resultado experimental estimado para o número de Nusselt local nas posições dos termopares. Para determinação do número de Nusselt experimental, é necessário estimar teoricamente a temperatura média de mistura a partir da hipótese de fluxo de calor prescrito uniforme e desconsiderando perdas ao longo do tubo. Apresenta-se também os valores do número de Nusselt local obtidos a partir da correlação empírica de Churchill e Ozoe, que apresenta uma excelente concordância com os resultados de propriedades variáveis aqui produzidos, exceto no ponto mais próximo da entrada do canal, possivelmente pelo presente modelo não levar em conta a a convecção na direção transversal na equação de energia nem os termos de inércia na equação de momentum. As Figuras 5.2.4.1 e 5.2.4.4 ilustram os resultados de números de Nusselt em forma gráfica, para permitir também uma análise comparativa de todos os quatro casos considerados. 68 Em geral, os resultados teóricos com o modelo de viscosidade variável reproduzem melhor os resultados experimentais, embora a diferença entre os dois resultados teóricos seja menor que o desvio entre os resultados teórico e experimental. Claramente, há um comportamento sistemático do segundo ponto experimental, de subestimar o número de Nusselt, e portanto superestimar a temperatura, que pode estar relacionado a um mau posicionamento deste termopar. Po outro lado, o último termopar, localizado muito próximo ao final da seção quente, mostra uma tendência a superestimar o número de Nusselt, tendo em vista o aumento da perda de calor para a seção fria do tubo nessa posição, que reduz o valor da diferença de temperaturas entre a parede e a temperatura média do fluido. Tabela 5.2.4.6 – Comparação do número de Nusselt local, teórico e experimental (medição 1 – SiO2 [75]),e médio teórico para o caso de fluxo prescrito. Nuz (Props. Constantes) 21,299 Nuexp Nuz [79] 0,019 Nuz (l= 0,721295) 19,209 17,857 25,952 0,428 7,7018 7,6408 6,6610 7,7039 10,804 11,251 3,44882 E-02 0,787 6,5168 6,4014 6,3234 6,4253 9,0800 9,2806 5,20171 E-02 1,187 5,8779 5,7439 5,7470 5,8058 8,0978 8,1882 7,23506 E-02 1,651 5,4550 5,3130 5,3782 5,4268 7,4093 7,4354 8,86964 E-02 2,024 5,2337 5,0890 5,1551 5,2380 7,0276 7,0224 9,71541 E-02 2,217 5,1446 4,9993 5,3859 5,1635 6,8675 6,8501 Z z (m) 8,32624 E-04 1,87559 E-02 Nuav Nuav (Props. (l= 0,721295) Constantes) 24,918 30,692 Tabela 5.2.4.7 – Comparação do número de Nusselt local, teórico e experimental (medição 7 – SiO2 [75]), e médio teórico para o caso de fluxo prescrito. 7,51973 E-04 Nuz (l= 0,728404) 0,019 19,741 19,520 27,180 Nuav (l= 0,728404) 25,452 1,69392 E-02 0,428 7,9295 7,8815 7,1992 7,9718 11,120 11,626 3,11475 E-02 0,787 6,6958 6,5860 6,8390 6,6110 9,3437 9,5798 4,69785 E-02 1,187 6,0257 5,8942 6,5202 5,9456 8,3272 8,4425 6,53425 E-02 1,651 5,5782 5,4370 6,4965 5,5354 7,6122 7,6565 8,01049 E-02 2,024 5,3417 5,1971 5,8128 5,3299 7,2144 7,2242 8,77433 E-02 2,217 5,2458 5,1001 6,0786 5,2485 7,0471 7,0434 Z z (m) Nuz (Props. Constantes) 22,051 Nuexp Nuz [79] Nuav (Props. Constantes) 31,660 69 50 SiO2 - Reynolds = 1458 Nu(Z) - Experimental Nu(Z) - Churchill & Ozoe [79] Nu(Z) - Viscosidade variável Nu(Z) - Propriedades constantes Nuav (Z) - Viscosidade variável 40 Nuav (Z) - Propriedades constantes Nu 30 20 10 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 Z Figura 5.2.4.1 – Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 1 – SiO2 [75]). 50 SiO2 - Reynolds = 1654 Nu(Z) - Experimental Nu(Z) - Churchill & Ozoe [79] Nu(Z) - Viscosidade variável Nu(Z) - Propriedades constantes Nuav (Z) - Viscosidade variável 40 Nuav (Z) - Propriedades constantes Nu 30 20 10 0 0.02 0.04 0.06 0.08 Z Figura 5.2.4.2 – Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 7 – SiO2 [75]). 70 50 SiO2 - Reynolds = 1876 Nu(Z) - Experimental Nu(Z) - Churchill & Ozoe [79] Nu(Z) - Viscosidade variável Nu(Z) - Propriedades constantes Nuav (Z) - Viscosidade variável 40 Nuav (Z) - Propriedades constantes Nu 30 20 10 0 0.02 0.04 0.06 0.08 Z Figura 5.2.4.3 – Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 9 – SiO2 [75]). 50 SiO2 - Reynolds = 1237 Nu(Z) - Experimental Nu(Z) - Churchill & Ozoe [79] Nu(Z) - Viscosidade variável Nu(Z) - Propriedades constantes Nuav (Z) - Viscosidade variável 40 Nuav (Z) - Propriedades constantes Nu 30 20 10 0 0.04 Z 0.08 0.12 Figura 5.2.4.4 – Comparação dos números de Nusselt local, teórico e experimental, e médio teórico, considerando-se a viscosidade varíavel e as propriedades constantes, para o caso de fluxo prescrito (medição 3 – SiO2 [75]). 71 CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES Este trabalho teve como ênfase apresentar a análise da variação de propriedades termofísicas com a temperatura para o problema de convecção forçada interna de nanofluidos, no regime de escoamento laminar e incompressível, hidrodinamicamente desenvolvido e em desenvolvimento térmico no interior de tubos circulares. A partir da avaliação dos resultados obtidos pode-se verificar que a metodologia de solução empregada neste trabalho representa adequadamente o desenvolvimento térmico no escoamento laminar incompressível em um tubo circular, considerando-se variações da viscosidade com a temperatura, para ambos os casos de condições de contorno estudados, ou seja, temperatura prescrita uniforme e fluxo de calor prescrito. A análise de convergência efetuada permitiu identificar os limites de ordens de truncamento a serem utilizados nas comparações, e consolidou os valores convergidos que foram efetivamente comparados com resultados da literatura para ambas as situações. Na sequência, o código construído foi empregado para comparações críticas dos resultados teóricos com resultados experimentais recentemente obtidos para um nanofluido comercial de água-sílica. Embora a concordância entre resultados teóricos e experimentais não seja uniforme ao longo do duto, os resultados referentes à situação com viscosidade variável se aproxima mais das medidas. Além de melhorias eventualmente possíveis na aquisição de dados e na estimativa das perdas de calor, o modelo aqui proposto deve também ser estendido para incluir a componente transversal da velocidade na equação de energia, bem como a variação com a temperatura em particular da condutividade térmica do nanofluido, permitindo uma investigação mais definitiva sobre a importância da variação dessa propriedade nas previsões da convecção forçada com nanofluidos. Sem prejuízo dessas extensões, o presente estudo também demonstrou que a correlação empírica de Churchill & Ozoe, construída a partir de experimentos com fluidos ordinários, tem uma concordância bastante razoável com a presente simulação, exceto na posição do primeiro termopar bem próximo à entrada do canal, confirmando que não há nenhum comportamento não previsível na convecção forçada do nanofluido água-sílica aqui ensaiado, podendo ser analisada a partir das correlações clássicas. 72 A avaliação para o óleo térmico LUBRAX OT-68-OF mostrou-se satisfatória e, portanto, o caso analisado neste trabalho servirá como caso-teste para estudos de performance do circuito termohidráulico para altas temperaturas que será construído no LTTC e, também, para verificação da intensificação térmica das propriedades termofísicas no óleo a partir da dispersão de partículas metálicas na escala nanométrica que aqui denominaremos, a priori, de nanofluido de óleo. 73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Choi, S.U.S., “Nanofluid Technology: Current Status and Future Research”, Korea-U.S. Technical Conference on Strategic Technologies, Viena, VA (US), 1998. 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