64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 EFEITO DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO E SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA EM SEMENTES E PIRÊNIOS DE Butia capitata (Mart.) Becc. 1* 1 1 Ludmila N. de F. Correia , Vanessa S. Carvalho , Leonardo M. Ribeiro , Paulo S. N. Lopes 1 2 2 Universidade Estadual de Montes Claros- Unimontes, Universidade Federal de Minas Gerais,*[email protected] Introdução O coquinho azedo é uma palmeira endêmica do cerrado que apresenta potencial de uso na indústria alimentícia e como ornamental [1, 2, 3]. Contudo, a propagação da espécie é limitada pela dormência apresentada pelas sementes [4], sendo que não existem estudos sobre os requerimentos de temperaturas para a germinação. Dentre os tratamentos utilizados para superação da dormência e promoção da germinação, um dos mais eficientes é o processo de estratificação [5, 6, 7] com utilização de altas ou baixas temperaturas [8]. Este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de diferentes temperaturas na superação da dormência e germinação de sementes e pirênios de Butia capitata. Metodologia Frutos maduros, obtidos em um pomar experimental, em Montes Claros-MG, foram despolpados sendo obtidos pirênios e sementes isoladas, após extração das mesmas com o auxílio de um martelo. As sementes e os pirênios foram desinfestados em solução 6% de hipoclorito de sódio por 15 minutos, seguida de três lavagens em água destilada. Retirou-se o opérculo de metade das sementes com o auxílio de um estilete. Sementes, com e sem opérculo, e os pirênios foram semeados em vermiculita esterilizada e hidratada à 80% da capacidade de campo em germinadores em diferentes temperaturas: 15, 20, 25, 30, 35, 40ºC. Diariamente, avaliou-se a germinação e, após 60 dias, determinou-se a temperatura que promoveu o maior nível de germinação, sendo que, todos os pirênios e sementes foram transferidos para esta temperatura e monitorados, por mais 60 dias. Os mesmos tratamentos foram aplicados também à pirênios e sementes, após o armazenamento por 60 dias, em sacos plásticos à temperatura ambiente. Os experimentos foram conduzidos em delineamento em blocos casualizados com 18 tratamentos (combinação de semente, semente sem opérculo e pirênio com seis temperaturas) e cinco repetições de 20 pirênios, ou sementes. Os dados foram submetidos a análise de variância e teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Para as sementes oriundas de frutos recém colhidos, após 60 dias da semeadura, as sementes sem opérculo apresentaram maiores percentuais de germinação (acima de 60%) que sementes com opérculo e pirênios (abaixo de 3%), em todas as temperaturas avaliadas. A temperatura de 30ºC foi definida como mais favorável à germinação e após 60 dias de manutenção das sementes nesta temperatura, não se observou alteração significativa no percentual de germinação. Para os pirênios e sementes armazenados, o comportamento foi semelhante até os 60 dias, porém, após este período, ocorreu incremento significativo no caso dos pirênios e sementes com opérculo submetidos à temperaturas de 15ºC e 25ºC. Em experimento realizado com Acrocomia aculeata foi constatado que o aumento no percentual de germinação ocorreu concomitantemente com o aumento da temperatura [8]. Em contraste, trabalhos com Butia odorata demonstraram que o armazenamento à seco e a diminuição da temperatura de 40º para 30ºC favoreceu o aumento do percentual de germinação dos pirênios [9]. Conclusões O armazenamento influencia na sensibilidade à estratificação de sementes de B. capitata. As temperaturas de 15 e 25ºC podem ser utilizadas em tratamentos de estratificação para a espécie. Agradecimentos Agradecimento ao CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica e à FAPEMIG por concessão de Bolsa de Incentivo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico à Leonardo Monteiro Ribeiro. Referências Bibliográficas [1] Lorenzi, H.; Noblick, L.; Kaha, F.; Ferreira, E. 2010. Flora Brasileira: Arecaceae (Palms). Instituto Plantarium, Nova Odessa. [2] Faria, J. P.; Almeida, F.; Silva, L. C. R.; Vieira, R. F.; agostini-Costa, T, da S. 2008. Caracterização da polpa do coquinho-azedo (Butia capitata var capitata). Rev. Bras. Frutic., 30( 3): 827-829. [3] Mercadante-Simões, M. O.; Fonseca, R. S.; Ribeiro, L. M.; Nunes, Y. R. F. 2006. Biologia reprodutiva de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae) em uma área de cerrado no norte de Minas Gerais. Unimontes Científica. 8 (2): 143- 149. [4] Fior, C. S.; Rodrigues, L. M.; Leonhardt, C.; Schwarz, S. F. 2011. Superação de dormência em sementes de Butia capitata. Ciência Rural, [5] Hussey, G. 1958. 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