FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 O MAINSTREAM DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE SUAS CRÍTICAS Ana Claudia Bansi – Universidade Estadual de Londrina ([email protected]) Bárbara Galleli Dias – Universidade Estadual de Londrina ([email protected]) Benilson Borinelli – Universidade Estadual de Londrina ([email protected]) Resumo O objetivo deste trabalho foi o de reunir as principais críticas ao Desenvolvimento Sustentável (DS). Para tanto, o trabalho partiu de uma análise ao mainstream (ou seja, o pensamento dominante com respeito ao assunto) do DS e realizou uma análise de três principais críticas com referência a três principais características que o mainstream trata como essencial para a resolução dos problemas ambientais, são elas: i) relação entre desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e economia capitalista; ii) posição crítica a respeito da pobreza como causadora da crise ambiental; iii) e organizações com fins lucrativos e a tecnologia como solucionadoras da crise ambiental. Como conclusão acredita-se que as perspectivas críticas são necessárias na medida em que advogam a sustentabilidade do ambiente antes do crescimento da economia. Entretanto, existem falhas em relação à operacionalização de tais contribuições, além de várias perguntas sem respostas e, neste sentido, abordagens de outros paradigmas, até mesmo multiparadigmáticas, podem vir de auxílio e complemento. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável; mainstream; críticas ao desenvolvimento sustentável. 1 INTRODUÇÃO A Conferência Rio+20 representa um longo percurso de debates e acordos sobre as possibilidades e a necessidade de uma ação conjunta das nações para enfrentar os problemas e as ameaças socioambientais da modernidade, sobretudo, a partir da construção de um novo modelo de desenvolvimento, denominado, desde 1987, de desenvolvimento sustentável (DS). Apesar da larga disseminação do conceito, de algumas práticas e do discurso da sustentabilidade, entre as avaliações sobre os avanços alcançados ainda há um espaço considerável marcado por frustração e pessimismo sobre o tema. Encontra-se na literatura estudos que abordam o desenvolvimento sustentável sob diferentes dimensões. Sachs (1993), ao discutir esta questão, aponta cinco dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para se planejar o desenvolvimento: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Passet (1996), por uma abordagem sistêmica, ressalta a interdependência de três dimensões principais inseridas no sistema de compreensão e acontecimento da sustentabilidade: a dimensão econômica, a ambiental e a social. A partir deste entendimento, há estudos elaborados na área que propõem a inclusão de novos elementos no conceito do DS, por meio de uma quarta dimensão: a governança; ou até da construção de uma ‘estrutura dos cinco capitais’ (natural, humano, social, produtivo e financeiro) (HACKING; GUTHRIE, 2008). A despeito do reconhecimento da abrangência de elementos que envolvem o desenvolvimento sustentável, vários países, instituições e organizações incorporam uma definição estreita acerca do assunto, tanto na legislação quanto na prática, limitando-se a tratar apenas das questões ambientais (HACKING; GUTHRIE, 2008). Acredita-se que tal situação deva-se ao fato de que, atualmente, a degradação do meio ambiente apresenta-se mais visível e alardeante aos olhos da sociedade, a qual se ocupa cada vez mais de reagir e pressionar as 1 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 autoridades. Além disso, é provável que o foco no meio ambiente seja devido à complexidade inerente em lidar com questões relacionadas ao DS, seja em âmbito teórico ou prático. Dessa forma, tratar de apenas um dos elementos seria uma forma de reduzir tal complexidade. Por estas considerações, apresenta-se e justifica-se o enfoque do presente trabalho no elemento ambiental que permeia as discussões do desenvolvimento sustentável. Lima (2003) frisa que a luta pelo significado legítimo do desenvolvimento sustentável expressa distintas categorizações e classificações fundadas em práticas diversas e ligadas a múltiplos pontos de vista conflitantes. Nesse contexto, surgem duas grandes matrizes interpretativas: a primeira, mainstream, refere-se ao discurso oficial da sustentabilidade, o qual detém a hegemonia, enfatiza o aspecto econômico e tecnológico do conceito, defende a possibilidade de articular crescimento econômico e preservação ambiental, e postula que o dinamismo do sistema capitalista é tanto capaz de se adaptar às novas demandas ambientais como também de transformá-las em novos estímulos à competitividade produtiva. A segunda matriz se coloca como um contradiscurso à primeira versão e pode ser entendida como uma concepção complexa ou multidimensional de sustentabilidade na tentativa de integrar o conjunto de dimensões da vida individual e social. Uma vez que prioriza as demandas sociais e ambientais, esta vertente passa a desconfiar do mercado enquanto alocador de recursos. A despeito do conceito dominante do desenvolvimento sustentável tratá-lo de forma que mantenha condições para futuras gerações, sua principal característica, funda-se no aspecto econômico, enquanto as vertentes críticas enfatizam primordialmente as condições ambientais. De fato, na literatura que aborda temas relacionados ao desenvolvimento sustentável predomina o mainstream, apesar disso, acredita-se que a perspectiva crítica sobre o assunto possui contribuições que não devem ser desconsideraras. Assim, com a finalidade de avançar nas análises sobre a potencialidade do DS, neste artigo, objetiva-se reunir as principais críticas à proposta de DS. No intuito de responder ao objetivo supramencionado foi realizada uma pesquisa de natureza teórica, cujo problema buscou ser respondido por uma abordagem qualitativa, o objetivo foi analisado por uma perspectiva exploratória e em relação aos procedimentos técnicos a pesquisa é classificada como bibliográfica (DEMO, 2000). Para uma melhor compreensão do tema em investigação, o presente artigo foi desenvolvido com a apresentação das seguintes seções: introdução; o mainstream da literatura sobre o desenvolvimento sustentável; abordagens críticas ao mainstream do desenvolvimento sustentável; uma breve análise às abordagens críticas e considerações finais. 2 O MAINSTREAM DA LITERATURA SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O debate sobre limites de recursos ambientais tem uma longa história e remonta aos séculos XVII e XVIII (LENZI, 2005), no entanto, o final do século XX foi marcado pela globalização dos impactos ambientais e pela percepção do seu efeito: a degradação ambiental, a qual confluiu no fenômeno conhecido como ‘crise ambiental’ (PIOTTO, 2003; LEFF, 2008). Para Leff (2008, p. 15), “a crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza”. Neste contexto, a importância da questão ambiental atingiu toda a sociedade, com grande impacto para a comunidade empresarial. A passagem dos anos de 1960 até a atualidade também foi marcada por grandes eventos que fizeram emergir a preocupação com a questão ambiental, principalmente no 2 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 cenário internacional. A discussão relacionada ao tema possui sua origem no âmbito internacional, no ano de 1972, em Estocolmo, Suécia. Tal evento, denominado a primeira Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Homem, foi palco da elaboração de um dos mais famosos estudos decorrentes dessa ação, The limits to Growth. Quase uma década mais tarde, em 1987, o termo “Desenvolvimento Sustentável” tornou-se conhecido, em um documento denominado Relatório Brundtland, publicado no livro Our Common Future, elaborado pela WCED - World Commission on Environment and Development, em que é definido como o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades (VAN BELLEN, 2004). Entretanto, mesmo após a elaboração do Relatório de Brundtland, este teve repercussão mundial somente com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, na qual foi elaborada a Agenda 21, uma detalhada orientação para resolver o paradoxo da coexistência entre progresso tecnológico e aumento da miséria (CLAPP, 2005). Marcando os vinte aos desta última conferência, em junho de 2012, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, na cidade do Rio de Janeiro, com a finalidade de renovar o compromisso político das nações com o desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Apesar de várias as críticas que recebe, o Relatório de Brundtland continua a ser apresentado por vários autores (HOFF, 2008; MONTIBELLER-FILHO, 2007; JACOBI, 2005; VAN BELLEN, 2004; SIENA, 2008) como documento oficial mais aceito na comunidade científica. Para Jacobi (2005, p.7), este relatório “caracteriza-se por seu acentuado grau de realismo, que [...] ao apresentar uma definição oficial do conceito de desenvolvimento sustentável, o faz de forma muito estratégica buscando um tom conciliatório”. Deste modo, por conter o conceito de DS mais disseminado, o Relatório de Brundtland passa a ser direcionador do mainstream da literatura recente que busca caminhos, sejam eles teóricos ou práticos, para o desenvolvimento sustentável. De acordo com o Relatório de Brundtland, a pobreza generalizada é reconhecida como causa da degradação ambiental em países em desenvolvimento e, para tanto, propõe uma série de ações para solucioná-las: uma vez reduzida a pobreza, a degradação ambiental também o será (CASTRO, 2004). Esta constatação é devida ao entendimento de que os pobres dependem, para sobreviver, dos recursos naturais e, na tentativa de garantir sua sobrevivência, exploram tais recursos de forma insustentável. A abordagem do mainstream sobre este círculo vicioso entre pobreza e degradação do meio ambiente sugere que políticas que aliviam a condição de pobreza ocasionam, consequentemente, a preservação dos recursos naturais e vice-versa (FINCO; WAKIL, 2006). Em prol da resolução dos problemas provenientes desta relação, é necessário que haja um contexto econômico em que vigore o livre mercado para que, assim, os países desenvolvidos possam transferir conhecimento, capital e tecnologia aos países em desenvolvimento, a fim de que estes possam crescer economicamente. Portanto, na abordagem mainstream sobre o desenvolvimento sustentável, as discussões são a favor do mercado e de uma agenda neoliberal (LEFF; 1996; CASTRO, 2004; MONTIBELLERFILHO, 2007). Scantimburgo (2011) salienta que a agenda neoliberal sobre o DS, em que são defendidas soluções sob o modo de produção capitalista, recai também sobre órgãos como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), os quais exercem grande influência 3 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 sobre a maioria das nações no mundo. As publicações do Banco Mundial, embora reconheçam que a degradação ambiental possui múltiplas causas, enfatizam fatores como pobreza, incerteza e ignorância, além do crescimento populacional. De acordo com suas próprias publicações, o Banco Mundial afirma que a ciência e a tecnologia são capazes de fornecer soluções, a partir de uma perspectiva baseada no livre mercado (CASTRO, 2004). Neste contexto, acredita-se que investimentos em capital e em tecnologias mais eficientes configuram a melhor alternativa para contribuir na resolução da crise ambiental. O principal objetivo passa a ser expandir a produção industrial e o desenvolvimento econômico, concomitantemente ao aumento o consumo. Há interesses entre capital privado e governos em promover essa expansão. Em termos sociais, há uma crença de que os avanços correspondentes em bem-estar público são alcançados principalmente através do crescimento econômico. A partir desse ponto de vista, o investimento em tecnologia eficiente é considerado politicamente, economicamente e socialmente sustentável (SCHNAIBERG, 1997). Pelas considerações até ágora expostas de que as diversas abordagens do mainstream do DS indicam, basicamente, que a crise ambiental advém da superpopulação pobre e de que através da tecnologia é possível encontrar soluções para os problemas decorrentes, percebe-se uma aproximação à teoria da Modernização Ecológica de Mol (2000). Para Mol (2000), a reestruturação ou reforma ecológica é baseada em certos pressupostos como, a existência de um estado de bem-estar com tarefas ambientais articuladas e institucionalizadas, desenvolvimento tecnológico avançado e um Estado regulado pelo mercado econômico, o qual abrange todas as fronteiras da sociedade. Segundo Lenzi (2005), os conceitos de DS e de Modernização Ecológica apresentam interfaces tanto do ponto de vista ideológico, com a preocupação em ‘ecologizar’ o crescimento econômico, promoção de tecnologias verdes e associações com organizações governamentais e internacionais, quanto em oferecer respostas para níveis distintos de governo. Embora Mol (2000) considere antes a força do Estado para que ocorra a modernização ecológica, enquanto a ONU e o Banco Mundial compreendam que este é um papel do mercado, ambas as abordagens veem no desenvolvimento tecnológico as respostas para os anseios sociais oriundos da crise ambiental instalada, além de reconhecerem que o DS é operacionalizável no sistema capitalista. Outra característica do mainstream refere-se à crença de que as organizações privadas possam contribuir com o alcance do DS. Dentro do debate do mainstream, as origens sociais de muitos dos problemas ecológicos e suas soluções atualmente observadas, podem ser apontadas nos processos organizacionais e interorganizacionais. Neste contexto, as questões ambientais, bem como o termo “sustentabilidade”, curiosamente tornaram-se parte de uma discussão quase diária na comunidade empresarial, nas agências e departamentos governamentais, nas organizações internacionais e não-governamentais, bem como dentro da academia e da mídia (SHWOM, 2009). Portanto, nestas análises pode-se concluir que no mainstream sobre o DS, as críticas e soluções apontadas para contornar os impactos ambientais são as que partem de dentro do sistema e buscam soluções que não alterem os pressupostos e o funcionamento do livre mercado, a sociedade de consumo e a ordem estabelecida. Assim, pode-se corroborar com a arguição de Finco e Waquil (2006) na qual o capitalismo com um discurso de preservação ambiental e bem estar dos indivíduos, absorve a crise ambiental como forma de se obter novas frentes de acumulação de capital, valorizando economicamente o meio ambiente. 4 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 Dentro desta vertente mainstream, a solução à crise ambiental e, por conseguinte, o alcance do Desenvolvimento Sustentável, pode advir da eliminação da pobreza, da tecnologia avançada e de um Estado regulador e regulado pela economia; ou por meio do próprio funcionamento do mercado, através da lei da oferta e procura, juntamente com consumidores conscientes, os quais exigiriam produtos ‘verdes’ e que, consequentemente, proporcionariam a resolução de questões referentes à crise ambiental. Apresentada a forma de pensar mainstream do desenvolvimento sustentável e da crise ambiental, a seguir tratar-se-á das críticas a essa discussão sob um panorama geral, para que na sequência sejam identificados e sistematizados três pontos centrais destas abordagens críticas. 3 ABORDAGENS CRÍTICAS AO MAINSTREAM DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de DS como visto, apresenta-se em uma proposta em torno da qual se delineiam inúmeras e diversas forças sociais, interesses e leituras. Nesse sentido, Lima (2003) argumenta que o discurso acerca do DS não é neutro ou desinteressado, muito pelo contrário, uma vez envolto pelas relações de poder, a busca pelo discurso verdadeiro de DS, à medida que se torna mais complexo e difundido socialmente, é apropriado por diferentes forças sociais as quais passam a lhe imprimir o significado que melhor expressa seus valores e interesses particulares. É possível observar que as considerações de Lima (2003) recaem diretamente sobre a abordagem do mainstream abordado no tópico anterior, na qual o Relatório de Brundtland, bem como a Agenda 21, são alvos de constantes críticas. Cabe retomar que o DS, como exposto por tais relatórios, é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Fernandes (2003) postula que a construção de categorias abstratas como as de humanidade, gerações futuras ou qualidade de vida, presentes em diversos textos do mainstream que envolvem problemas ambientais, dificultam a análise em termos de diferenças entre grupos sociais e nações. Banerjee (2003) acrescenta que a conceituação do Relatório de Brundtland constitui inúmeras controvérsias e desacordos sobre a operacionalização e mensuração do DS. Já Lima (2003) adverte que esta definição permite infinitas leituras e interpretações, as quais variam, desde um sentido avançado de desenvolvimento, associado à justiça socioambiental e renovação ética, até uma perspectiva conservadora de crescimento econômico ao qual se acrescentou uma variável ecológica. Assim, a abordagem sobre o conceito de sustentabilidade irá depender da visão e dos interesses de quem observa. O conceito do mainstream do DS é invariavelmente criticado em função principalmente da dificuldade de delimitação ou caracterização das necessidades que ele pressupõe deverem ser atendidas. As críticas ao conceito são apontadas pela postura antropocentrista; pela não definição de quais necessidades e necessidades de quem devem ser priorizadas – ética intergeracional; pela desconsideração sobre mudanças tecnológicas, distribuição de recursos e qualidade; e pela falta de clareza sobre benefícios, custos e estratégias dos sacrifícios e transferências intergeracionais – ética intrageracional (HOFF, 2008). Castro (2004) aponta que a Agenda 21 não produziu nada de inusitado, apenas reafirmou princípios já elencados pelo Relatório de Brudtland. Na visão do autor, a crença de que o livre mercado deverá ser capaz de solucionar a crise ambiental, como exposto pelo relatório, é de fato equivocada, já que mesmo os economistas mais conservadores não 5 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 consideram que os mecanismos de mercado sejam capazes de subsidiar e promover qualquer ação que fomente a recuperação e preservação do meio ambiente. Foladori (2001) também faz sua análise sobre tal publicação e aponta que ela apenas ratifica a preocupação mundial em reduzir os níveis de poluição, depredação, pobreza e superpopulação sem alterar a forma social de produção, ou seja, o capitalismo. Visto que as críticas se iniciam desde o conceito de desenvolvimento sustentável, até sua operacionalização e atingimento, muitos questionamentos são inseridos nestas discussões. No presente artigo, a fim de sistematizar discussões críticas mais recorrentes a respeito do desenvolvimento sustentável e da crise ambiental, este tópico foi dividido em duas partes, as quais representam as principais características do maisntream. A primeira delas aborda a relação entre desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e economia capitalista, a segunda trata da posição crítica a respeito da pobreza como causadora da crise ambiental e a terceira aborda as organizações com fins lucrativos e a tecnologia como solucionadoras da crise ambiental. Após se tratar da importância de cada um destes tópicos através de um aprofundamento, se finalizará com um quadro abrangente dos dois tópicos e suas respectivas críticas. 3.1 O desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e as economias capitalistas Uma das principais críticas ao desenvolvimento sustentável, como proposto pelo mainstream, é a de que este conceito ainda é amplamente definido dentro do paradigma dominante do desenvolvimento: o capitalismo, o qual dá primazia ao mercado na alocação de recursos e, teoricamente, leva em conta o meio ambiente como uma preocupação secundária frente à promoção do crescimento econômico. O discurso de desenvolvimento econômico e DS são considerados equivalentes, com a promessa de amenizar a pobreza e resolver os problemas sociais, o desenvolvimento tornou-se apenas outro nome para crescimento econômico. A prioridade, então, é garantir que as condições ambientais sejam geridas de modo a garantir a máxima acumulação de capital no longo prazo (BANERJEE, 2003; CASTRO, 2004). Na visão de Lima (2003), crítico também ao mainstream, no contexto histórico dos debates mundiais relacionados ao tema, a postura dos organismos internacionais frente ao meio ambiente era produzir uma estratégia de gestão, em escala global, que entendesse a sua preservação dentro de um projeto desenvolvimentista. Dentro dessa perspectiva produtivista, o que realmente se queria preservar era um modelo de acumulação de riquezas em que o meio natural passava a ser um bem mensurável. O apelo à humanidade e ao bem-estar dos povos era deliberadamente usado como álibi, embora sempre citado ao lado das metas de crescimento econômico, o que passava a imagem de uma preocupação humanista a intenções não tão nobres. Os relatórios provenientes de discussões internacionais, como os já mencionados Relatório de Brundtland, Agenda 21 e publicações do Banco Mundial, orientam-se por meio de uma agenda neoliberal, em que o cenário empresarial é prevalecente, sua maior fragilidade, na opinião de Castro (2004). Embora os documentos admitam a existência da desigualdade e opressão social, em sua análise final, não recomendam nenhuma alternativa que não seja o livre comércio. Não se observa intenções de incorporar ações sociais que controlem o capital, seja pelo governo, seja por qualquer instituição da sociedade civil. Tais documentos claramente se afastam e evitam discussões políticas, apenas indicam algumas meras soluções técnicas para problemas dessa natureza. Portanto, os relatórios supracitados possuem a 6 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 ideologia de que o desenvolvimento sustentável somente deve necessariamente basear-se em mecanismos de mercado (CASTRO, 2004). Em síntese, críticos do mainstream do DS acreditam que o livre mercado não é capaz de solucionar o problema da crise ambiental. Argumenta-se que a teoria da ‘ótima alocação de recursos pelo mercado’ se estende através de políticas de fixação de preços arbitrários aos recursos naturais não monopolizados, para que o mercado, ‘como que por mágica’, proteja os seres vivos em extinção e impeça a depredação dos recursos abióticos (FOLADORI, 2001). Na concepção de Lenzi (2005) as leis da oferta e demanda não evitam necessariamente o consumo, em consequência, tampouco a exaustão de determinados recursos. Na realidade, a escassez pode ser o estopim para a elevação de preços de certos recursos, o que não garante que a degradação cessará. Assim, uma congruência entre os vários objetivos do DS, possível na teoria, torna-se inviável quando projetada na prática do contexto capitalista. Nesta perspectiva, fica evidente a contradição da abordagem plural e complexa de desenvolvimento proposta, acerca dos aspectos econômicos e tecnológicos da crise socioambiental. Tal constatação torna reprovável o discurso sustentável hegemonizado pelo mercado por não alcançar completamente os objetivos de preservação ambiental, haja vista a diferença entre os quadros ambiental e econômico, bem como os conflitos de interesse entre os dois objetivos. Tal incompatibilidade é a tônica dos grandes fóruns ambientais internacionais promovidos pela ONU, e se expressa na dificuldade de definir compromissos e metas ambientais que representem algum tipo de restrição econômica. Na maioria das vezes, os países ricos são as principais fontes de resistência a essa definição de metas (LIMA, 2003). Portanto, o que parece estar no centro do debate sobre os problemas ambientais e sobre as eventuais estratégias de seu enfrentamento é, antes, a disputa pelo controle dos recursos naturais renováveis e não-renováveis do planeta (FERNANDES, 2003). Acordado que o próprio discurso da sustentabilidade pressupõe uma articulação complexa que integra uma multiplicidade de aspectos sociais, a ‘sustentabilidade de mercado’ apoiada em mudanças técnicas e demográficas será sempre reducionista e, destarte, essencialmente insustentável (LIMA, 2003). Devido à incompatibilidade entre os propósitos do DS e o capitalismo e à crença de que o DS seja um projeto ligado a objetivos mais amplos da sociedade, relacionado com a necessidade de construir estruturas sociais e econômicas duráveis, e de eliminar as diversas formas de desigualdade (SCHNAIBERG, 1997), alguns dos críticos acreditam que a solução esteja em sociedade socialista, na qual os interesses são voltados para o bem comum (JONES, 2011). Banerjee (2003) assegura que projetos igualitários requerem antes uma transformação política, econômica e de arranjos institucionais que caracterizam o regime desenvolvimentista. Nesse sentido, o autor advoga que a diversidade de movimentos sociais nas diferentes partes do mundo é capaz de contribuir com um guia alternativo que pode transformar as noções hegemônicas de desenvolvimento e modernidade. Foladori (2001) admoesta que somente em uma sociedade organizada a partir da livre associação entre os produtores, a economia vigente poderá ser transformada em uma economia política, na qual as decisões econômicas sejam resultado da vontade coletiva, de modo compatível com as questões ambientais e sociais que afetam a toda população. Lima (2003) discute que o desenvolvimento de uma democracia participativa requer a possibilidade de estabelecer relações políticas mais igualitárias, na qual a maioria dos cidadãos tenha acesso 7 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 aos direitos sociais básicos que os habilitem a participar, voluntária e conscientemente, da escolha dos rumos sociais. Portanto, o que os críticos do mainstream do desenvolvimento sustentável e da crise ambiental afirmam é que as tentativas de resolução da crise ambiental desenvolvidas por muitos dos relatórios criados, por exemplo, pela ONU e pelo Banco Mundial, não são originais, mas sim, ao negligenciarem o aspecto ambiental, soam mais como planos tradicionais de desenvolvimento econômico. Em suma, os críticos discutem que, em virtude desta abordagem sobre o DS utilizar a lógica do mercado e a acumulação de capital com vistas a determinar o futuro da natureza, é constatado que ambos o desenvolvimento sustentável e a resolução da crise ambiental não serão de possível concretização em economias capitalistas. É necessário, na realidade, uma nova forma de sociedade, em que o socialismo é compreendido pelos críticos como a representante de uma alternativa viável para o alcance do desenvolvimento sustentável. 3.2 A pobreza e a crise ambiental A partir de publicações geradas por órgãos internacionais, como o Relatório de Brundtland e a Agenda 21, a degradação ambiental passou a ser associada ao grau de pobreza da população, já que esta é considerada a maior causa e o maior efeito da degradação ambiental. Por tais constatações, diversos estudos foram desenvolvidos com vistas a determinar alguma relação entre a condição de pobreza e a degradação do meio ambiente. Entretanto, como já mencionado, este círculo vicioso entre pobreza e degradação ambiental é questionado por alguns autores. Conforme apontado por Broad (1994) e por Reardon e Vosti (1995), o círculo vicioso é analisado tal que a condição de pobreza é retratada através de um conceito único, uma abordagem reducionista da abrangência desta condição de vida. Os aspectos da relação entre pobreza e o meio ambiente, segundo a literatura do mainstream, fazem menção a um relacionamento causal único, no qual a pobreza causa degradação ambiental e a degradação ambiental causa pobreza, um exercício que, segundo a autora, só apoia posições ideológicas e que não apontam o caminho para reversão dos danos. Ao tratar o tema pobreza e meio ambiente, a abordagem do mainstream não especifica as condições sobre as quais a hipótese do círculo vicioso pode ser sustentada. Somado a isso, o mainstream não levam em consideração as várias dimensões da condição de pobreza e do meio ambiente, o que implica que os resultados dessa relação sejam, ainda que parcialmente, incompletos (REARDON; VOSTI, 1995; BROAD, 1994; EKBOM; BOJÖ, 1999). Há pouca evidência de que a relação entre pobreza e meio ambiente é circular ou forma uma armadilha. Para o autor, as causas da degradação ambiental são ligadas a fatores exógenos complexos, antes que originados na pobreza. Relações diretas entre pobreza e degradação ambiental, ocorrem devido às opções que são dadas aos pobres, da estrutura das políticas (nacionais e locais) e de fatores macroeconômicos (PRAKASH, 1997). Com isso, essa relação deveria ser vista como uma coincidência e não como uma espiral de causa e efeito, como implica a hipótese do círculo vicioso apontada por Finco e Waquil (2006) inserida na abordagem do mainstream do DS. Para Meadows et al. (2001), as análises contemporâneas da pobreza não levam em consideração uma dimensão importante: o isolamento e a falta de relações sociais. Assim como há diferentes formas de capital, como o capital natural, financeiro, social, e humano, há distintas formas de pobreza. Com isso, para entender a relação entre pobreza e degradação ambiental é necessário que avaliações sobre a pobreza integrem as múltiplas dimensões, 8 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 causas e implicações que são características ao fenômeno da pobreza e do meio ambiente, e o desafio para os analistas contemporâneos da pobreza é construir uma estrutura que seja suficientemente complexa para incorporar tais dimensões (FINCO; WAKIL, 2006). Com respeito a esse ponto, Banerjee (2003) acredita que a reinvenção científica e econômica da natureza presumida pelo discurso dominante do DS não reconhece que os objetivos ambientais e sociais de diversas populações são frequentemente divergentes ou até mesmo incompatíveis. A nova linguagem do DS obscurece os contrastes sociais e distinções culturais circundantes aos recursos ambientais. O autor ressalva que não se negam os inúmeros benefícios conquistados pela ciência e tecnologia, no entanto, a partir destas verificações realizadas, acredita-se que por meio destes avanços, sistemas e populações foram marginalizadas e, consequentemente empobrecidas. Na visão de Banerjee (2003) a ideia de ‘sustentabilidade global’ é problemática no sentido de que ao desconsiderar as desigualdades de acesso aos recursos e seu uso entre diferentes regiões do mundo, apenas se aprofunda a divisão Norte-Sul em termos de utilização, conservação dos recursos naturais e pobreza. Stahel (1994) salienta que o relatório Brundtland preconiza uma elevação de cinco a dez vezes no nível da atividade econômica global num esforço para eliminar-se a pobreza. Contudo, na visão do autor, se este for o único processo para erradicar-se a pobreza, então pode-se considerar que o problema não tem solução. Nesse sentido, Ekbom e Bojo (1999) propõem que para que a relação entre pobreza e degradação ambiental seja analisada, de maneira a gerar resultados significativos para a formulação de políticas que visem a aliviar a condição de pobreza e preservar o meio ambiente, é interessante que a condição de pobreza seja definida de uma forma abrangente, como um fenômeno de múltiplas dimensões. Conforme expõe Finco e Wakil (2006, p.5) a multidimensionalidade da condição de pobreza deve ser levada em consideração ao analisar-se a relação entre essa condição e a degradação ambiental, já que “a pobreza é um conceito complexo e não pode ser precisamente mensurada e entendida por índices estáticos como a linha de pobreza”. Da mesma forma, argumentam que a degradação ambiental deve ser caracterizada sob vários aspectos, a fim de expressar as diversas dimensões do fenômeno, e contribuir, assim, para o melhor entendimento de tal relação (EKBOM; BOJO, 1999). Em síntese, o que se observa nas discussões críticas ao mainstream do desenvolvimento sustentável, no qual a pobreza é vista como a principal causadora da crise ambiental, é um contradiscurso que traz a complexidade da pobreza e a afirmação de que esta não é a causa da crise ambiental, e sim uma consequência da enfase demasiada no crescimento econômico e a decorrente negligência do fator social. 3.3 Organizações com fins lucrativos e a tecnologia como solucionadoras da crise ambiental Em particular ao âmbito organizacional, Banerjee (2003) observa que indubitavelmente, na visão do mainstream do desenvolvimento sustentável, o papel realizado pelas organizações no alcance do DS é fundamental. A dúvida que permanece é a da compatibilização das práticas sustentáveis com o atual discurso dominante do DS. Esforços para ampliar o escopo do DS no âmbito das organizações são realizados, sendo possível citar a abordagem do Triple Bottom Line (TBL) desenvolvida por Elkington (1999), a qual engloba os impactos sociais e ambientais das atividades organizacionais. Banerjee (2003), entretanto, observa que as pesquisas que tratam das dimensões sociais e ambientais das organizações ainda são embrionárias e seu impacto em comunidades locais não está claro. 9 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 Outra tentativa de transformar o DS em realidade dentro das organizações foi o ambientalismo renovado, porém, este também possui muitas críticas no entorno de suas discussões. Egri e Pinfield (1998) citam que a agenda do ambientalismo renovado é economicamente impraticável (custos maiores, menos empregos) e metodologicamente indesejável (aumento da burocracia, menos democracia). Além disso, os ambientalistas renovados propõem somente ajustes incrementais secundários nos sistemas econômicos e tecnológico, em vez de mudanças transformacionais na sociedade humana. Dentro deste contexto, os autores afirmam que não existe nenhuma abordagem perfeita para visualizar e atuar no relacionamento homem-natureza dentro das organizações. Isso se dá porque para entender o contexto organizacional observa-se que sua teoria tem sido dominada pelas perspectivas funcionalistas (EGRI; PINFIELD, 1998). Assim, os autores demonstram que as organizações são incapazes de resolver a crise ambiental, pois elas só se preocupam com o DS quando sua existência é ameaçada. Por fim, Banerjee (2003) ao tratar do papel das organizações no alcance do desenvolvimento sustentável, afirma que a grande maioria se concentra em questões operacionais a esse respeito. Geralmente quando se fala em “Ecologização da Indústria” e de propostas de estratégias organizacionais para o desenvolvimento sustentável o foco é em inovação científica, serviço público ou em como transformar a população do mundo em consumidores ativos de seus novos produtos/serviços. Na visão de Banerjee (2003), dada a forma como este discurso é construído nos níveis da economia política, é improvável que qualquer revisão radical do desenvolvimento sustentável aconteça de modo pró-ativo nas organizações, ou seja, revisões radicais sobre práticas de gestão ambiental e debates sobre desenvolvimento sustentável ocorrerão somente se houver uma mudança no pensamento em nível macro. Na abordagem mainstream, além das organizações ainda acredita-se na tecnologia como solucionadora dos problemas ambientais, porém na visão crítica, a tecnologia também é vista como insuficiente para resolver a crise ambiental. Em tópico anterior, foi visto que na abordagem do mainstream, ao tratar-se de tecnologia, pode-se lembrar da Teoria da Modernização Ecológica (MOL, 2000), a qual sustenta a visão reformista de que mesmo dentro do sistema capitalista é possível alcançar o desenvolvimento sustentável por meio do uso de tecnologias avançadas. Lima (2003, p.105), sobre a Modernização Ecológica, reforça que os meios tecnológicos são improváveis de alcançar o DS, e salienta que esta teoria é apenas uma versão mais elaborada do discurso do desenvolvimento sustentável, em que as críticas se concentram sobre a frágil factibilidade da proposta no contexto de uma sociedade capitalista orientada pelo mercado. Destacam as contradições e ambiguidades que se interpõem entre a retórica da sustentabilidade e a possibilidade de sua concretização. Castro (2004) menciona a questão da tecnologia nas organizações ao citar um aspecto interessante da Agenda 21 sobre suas considerações acerca da tecnologia. Segundo o autor, o documento não se posicionou de forma ingênua ao não apostar no fato de que melhores tecnologias iriam resolver os problemas da crise ambiental. Pelo contrário, acredita-se que as tecnologias têm a capacidade de causar malefícios ao meio natural, e que ainda, devem ser concebidas “ecologicamente saudáveis” e sua transferência deve ser discutida a partir do contexto do país receptor. Observa-se que mesmo em conformidade com o mainstream, esta 10 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 visão sobre a tecnologia postulada pela Agenda 21 é também consoante à perspectiva crítica, a qual não enxerga nos avanços tecnológicos, possíveis soluções para a crise ambiental e alternativas para o DS. O problema de alcançar o DS por meio da eficiência tecnológica, na concepção de Castro (2004), é que as questões de exploração dos recursos ambientais em escala são negligenciadas. Jones (2011) complementa este argumento com a observação de que o modo como a tecnologia é desenvolvida dentro do sistema capitalista, na atividade produtiva, prevê que o custo dos recursos materiais sejam consignados a partir da adoção de uma nova tecnologia, todavia, isto não ocorre com os recursos ambientais. Segundo a concepção deste autor, as tecnologias são desenvolvidas e selecionadas de acordo com os princípios capitalistas da maximização do lucro, e não conforme critérios ambientais ou sociais. Sendo assim, a degradação do meio ambiente é um subproduto decorrente da negligência das atividades produtivas que envolvem eficiência tecnológica, em detrimento do lucro. Banerjee (2003), então, enfatiza que as visões de DS necessitam de objetivos emancipatórios e, para tanto, demandam revisões de conceitos de progresso e desenvolvimento, haja vista estes são limitantes e ilusórios. As definições de DS exigem ir além do compromisso com a proteção ambiental e o crescimento econômico, envolve sim a reversão da apropriação industrial da natureza e o reconhecimento dos limites estruturais e naturais do DS. O autor salienta que o desenvolvimento sustentável não se refere apenas à gestão da eficiência, mas diz respeito ao repensar das relações homem/natureza, reexaminar doutrinas do progresso e da modernidade, e privilegiar visões de mundo alternativas. Nesse sentido, os críticos acreditam que seja necessária e plausível uma economia política igualitária que promova a sustentabilidade para além das fronteiras do mercado. Portanto, em resumo ao que foi visto pela sistematização das críticas ao mainstream do DS, é possível citar uma arguição de Castro (2004), na qual é enfatizado que o crescimento econômico alcançado pelo livre comércio pautado na tecnologia, seguido pela redução da pobreza e consequentemente a minimização da degradação do meio ambiente, certamente não funciona na prática. A seguir apresenta-se o Quadro 1, no qual estão elencadas as principais discussões dos críticos e os principais autores que abordam essas questões. Pontos de discussão Desenvolvimento sustentável nas economias capitalistas Crise ambiental, desenvolvimento sustentável e pobreza Ponto de vista crítico O discurso do DS é decorrente de um projeto desenvolvimentista que prioriza um modelo de acumulação de riquezas em que o meio natural passa a ser um bem mensurável, como uma preocupação secundária. Os documentos produzidos conforme mainstream se afastam e evitam discussões políticas, apenas indicam algumas soluções técnicas para problemas ambientais. O livre mercado não é capaz de solucionar o problema da crise ambiental, logo, o DS é incompatível com o sistema capitalista. Os aspectos da relação entre pobreza e o meio ambiente, segundo o mainstream, sustentam um relacionamento causal e reducionista, apenas apoiam posições ideológicas e não apontam o caminho para reversão dos danos. Há pouca evidência que fomente que a relação Autores principais Foladori (2001); Lima (2003); Castro (2004) Broad (1994); Reardon e Vosti (1995); Ekbom e Bojö (1999) 11 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 entre pobreza e meio ambiente é circular, assim, os resultados dessa relação mostram-se incompletos. As pesquisas que tratam das dimensões sociais e ambientais das organizações ainda são embrionárias e seu impacto em comunidades locais não está claro. Organizações privadas e Há indícios de que as principais preocupações Egri e Pinfield (1998); tecnologia como organizacionais ainda residem somente no seu Banerjee (2003); solucionadoras da crise crescimento econômico. Jones (2011) ambiental Os avanços na eficiência tecnológica são desenvolvidos de acordo com a maximização do lucro, e não conforme critérios ambientais ou sociais, logo, as questões de exploração dos recursos ambientais e sociais são negligenciadas. Quadro 1 – Síntese dos principais pontos críticos ao mainstream do Desenvolvimento Sustentável FONTE: elaborado pelos autores Neste tópico, apresentaram-se as críticas mais frequentes realizadas ao desenvolvimento sustentável dentro da discussão mainstream, onde se dividiram em três grandes grupos de análise: o desenvolvimento sustentável e sua relação com desenvolvimento econômico e as economias capitalistas; a relação entre a crise ambiental e a pobreza; e por fim, a contribuição das organizações privadas para a crise ambiental e para o DS. Como alternativas, os críticos propõem uma transformação no sistema político-econômico vigente, que seja substituído pelo socialismo, visto que este é consoante às propostas igualitárias do DS; que a pobreza, bem como a degradação ambiental sejam abordadas sob uma óptica mais abrangente, em virtude da complexidade de ambas; que a agenda sobre o tema deva ser discutida em nível macro, e solucionada principalmente a partir de intervenções políticas, respectivamente. 4 UMA BREVE ANÁLISE DAS CRÍTICAS AO MAINSTREAM DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A partir das considerações acerca das abordagens críticas relacionadas ao mainstream do DS, fica evidente o descontentamento de seus adeptos com a economia e a política vigentes. Os críticos consideram impossível o acontecimento de um desenvolvimento sustentável no sistema capitalista, sua incompatibilidade é indiscutível. Neste cenário, as organizações privadas, vistas como as engrenagens que movem o capitalismo, são, do mesmo modo, consideradas incapazes de contribuir com o desenvolvimento sustentável. Porém, há que se ressaltar que, assim como são apontadas falhas no mainstream, as abordagens críticas também não são de todo modo livres de julgamento. Umas das observações pontuais mais recorrentes refere-se a ausência de esforços proporcionais em desenvolver e operacionalizar suas críticas, mesmo que de um ponto de vista considerado inviável, no momento. Castro (2004) aponta que críticos, tais como os marxistas ambientais ainda não foram capazes de explicar como uma mudança nas relações de produção pode criar uma sociedade sustentável. Entende-se que a motivação do lucro não deve ser o motor central do desenvolvimento e que um sistema mais comunitário e democrático da sociedade é necessário. Mas, do ponto de vista material e prático, como é que isto deve acontecer? É o trabalhador de classe quem vai realizar esta mudança? Qual é o papel de outros movimentos sociais na criação de uma sociedade sustentável? E tão importante quanto estas questões, está o entendimento sobre a maneira como as organizações vão se 12 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 tornar mais democráticas, haja vista são nelas que as pessoas na base podem exercer controle real sobre os seus líderes. Estas são algumas perguntas que ainda não foram tratadas de forma adequada na literatura marxista sobre o desenvolvimento sustentável. Deveria ser óbvio que só dizer que essas mudanças são necessárias não é suficiente. Todavia, críticas ao mainstream do DS existem há décadas, desde o seu surgimento, e até o momento, não foram feitas propostas concretas de operacionalização das alternativas indicadas pelos críticos. Mesmo o trabalho Beck (2010), o qual chega a propor a instituição de uma subpolítica dita eficaz para lidar com os riscos sociais e ambientais a que submete a sociedade, é, na visão de Guivant (2001), apenas uma vaga proposta, quase uma profecia, proveniente da imprecisão de como esta subpolítica pode ser implementada. Outra afirmação dos críticos que deve ser contestada é acerca da incompatibilidade do capitalismo com as premissas do DS, da qual decorrem inferências de que a melhor solução seriam transformações radicais no sistema econômico e político, ou seja, a instituição do socialismo. Na concepção de Jones (2011), o socialismo, principalmente em sua forma mais distante do capitalismo, oferece oportunidades para que os problemas da crise ambiental possam ser solucionados e para que a sociedade possa se desenvolver sustentavelmente. No entanto, o próprio autor adverte que não há garantias de que o socialismo possa resolver qualquer um dos problemas advindos do sistema capitalista, seja em relação ao crescimento econômico, à tecnologia ou ao consumo, por exemplo. Jones (2011) acrescenta que sem intenções políticas e recursos materiais e intelectuais para desenvolver um sistema alternativo de produção e consumo, um novo país socialista provavelmente reterá toda a estrutura capitalista que prejudica o meio ambiente. Ademais, historicamente, o socialismo perdura em apenas poucos países e, ainda assim, este não foi capaz de escapar às pressões do capitalismo. Foladori (2001), apesar de seu posicionamento crítico, corrobora com tais observações e constata que as proposições do desenvolvimento sustentável não são possíveis nem em um sistema capitalista, nem em um socialista. Além disso, os críticos também são enfáticos em afirmar que o Estado é quem deve tomar partido em resolver as questões ambientais, capaz de regular e controlar as atividades produtivas humanas. Lenzi (2005) frisa que ao Estado cabe a função de incentivar a inovação tecnológica a favor do meio ambiente, através de mecanismos voluntários, regulação de comando, gastos públicos e/ou incentivos financeiros. No entanto, tem-se observado o enfraquecimento do Estado referente a essas e outras questões. Em grande parte do mundo desenvolvido, a regulamentação das empresas pelos governos está em declínio (SAVITZ; WEBER, 2007). Beck (2010), apesar de ser considerado um autor crítico, também desconfia da atuação do Estado e argumenta que a impotência das autoridades diante de acidentes e escândalos de degradações ambientais, bem como as incontáveis questões de ilegalidade, incompetência e indenização que irrompem nesses casos, mostra que a imunidade em relação aos riscos ambientais converte-se em impacto irreversível. De fato, na literatura científica e até mesmo na mídia não é difícil deparar-se com estudos empíricos em que as regulamentações governamentais são fundamentais para a adoção e prática ambientalmente protecionistas. Contudo, o que deve ficar claro é que, a despeito de ser almejada a forte atuação do governo, não se deve adotar uma postura ingênua quanto sua real contribuição e incentivos nesta área. Mudanças significativas na postura do Estado no combate à degradação ambiental dependem da forte e competente atuação dos movimentos sociais e segmentos da sociedade, de forma a se contrapor às tendências 13 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 burocráticas e a favor das forças de mercado que dominam e restringem o alcance das ações ambientais do Estado. 5 CONSIDERÇÕES FINAIS Este artigo teve como objetivo sistematizar as posições centrais das abordagens críticas do desenvolvimento sustentável. Para tanto, estabeleceu-se como objetivo secundário realizar algumas observações pontuais sobre tais abordagens. Foram exploradas duas grandes matrizes sobre o desenvolvimento sustentável. A primeira refere-se ao mainstream, que segue uma abordagem economicista e prevê que investimentos em capital e em tecnologias mais eficientes configuram a melhor alternativa para contribuir na resolução da crise ambiental. Assim, o capitalismo, por meio do livre mercado, com um discurso de preservação ambiental e bem estar dos indivíduos, absorve a crise ambiental, valorizando economicamente o meio ambiente. A segunda matriz coloca-se como um contradiscurso à primeira versão e pode ser entendida como uma concepção complexa ou multidimensional de sustentabilidade na tentativa de integrar o conjunto de dimensões da vida individual e social. As discussões críticas mais recorrentes a respeito do DS e da crise ambiental foram então sistematizadas em três tópicos. O primeiro deles abordou a relação entre desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e economia capitalista e, em suma, foi verificado que os interesses do DS a partir do mainstream, direcionam-se ao gerenciamento da reprodução econômica do capitalismo em face aos efeitos da degradação ambiental, e que a necessidade de uma congruência entre os vários objetivos do DS, possível na teoria, torna-se inviável quando projetada no contexto capitalista. Já o segundo tópico, tratou da posição crítica a respeito da pobreza com relação à crise ambiental que, na visão dos críticos, é considerada não a causa da crise ambiental, mas sim uma consequência da preocupação demasiada com o crescimento econômico, além de ser necessário que esta seja considerada em toda sua dimensão. O terceiro tópico retratou as organizações e a tecnologia enquanto solucionadoras da crise ambiental, e na visão dos críticos, esta não configura uma perspectiva para contribuir na resolução dos problemas ambientais e, consequentemente, com a promoção do desenvolvimento sustentável. Os críticos acreditam que seja necessária e plausível uma economia política igualitária que promova a sustentabilidade para além das fronteiras do mercado. Partiu-se, assim, para a análise das explanações apresentadas pela abordagem crítica. Viu-se que uma das observações pontuais mais recorrentes refere-se à ausência de esforços proporcionais em desenvolver e operacionalizar as críticas, mesmo que de um ponto de vista considerado inviável no momento. Há uma grande quantidade de perguntas que ainda não foram tratadas de forma adequada na literatura crítica, em particular no que se refere às alternativas apontadas. Outra afirmação contestada concerne à incompatibilidade do capitalismo com as premissas do DS, da qual decorrem inferências de que a melhor solução seriam transformações radicais no sistema econômico e político, ou seja, a instituição do socialismo. Mesmo autores considerados críticos alertam para o fato de que não há garantias de que o socialismo possa resolver qualquer um dos problemas advindos do sistema capitalista. Além disso, os críticos também são enfáticos em afirmar que o Estado é quem deve tomar partido em resolver as questões ambientais, capaz de regular e controlar as atividades humanas. No entanto, a despeito de ser almejada a forte atuação do governo, não se deve adotar uma postura ingênua quanto sua real contribuição e incentivos nesta área, haja 14 FACESI EM REVISTA Ano 4 – Volume 4, edição especial – 2012 - ISSN 2177-6636 vista indícios sobre o enfraquecimento da autoridade do Estado em lidar com assuntos desta natureza mostram-se notórios, globalmente. Castro (2004) observa que o conceito de desenvolvimento sustentável ainda é aberto para diversas contestações. Todavia, a vertente econômica ainda impera, o que implica a primazia do mercado na alocação dos recursos naturais. O que se percebe destas perspectivas economicistas, é o forte objetivismo, proveniente da abordagem funcionalista sobre a qual se fundam as correntes do mainstream. Deve-se ater ao fato de que ao tratar-se de aspectos que envolvam a sociedade como um todo, ou indivíduos em particular, uma abordagem mais abrangente deve ser considerada. Por vezes, o objetivismo em demasia tende a ser reducionista e ingênuo, principalmente quando aborda temas com tanta amplitude e complexidade, como o caso do desenvolvimento sustentável e da crise ambiental. Com base em Stahel (1994) sugere-se que ao tratar de assuntos relacionados ao DS, é necessário que se considere não só os aspectos materiais e econômicos, mas o conjunto multidimensional e multifacetado que compõe o fenômeno do desenvolvimento sustentável: os seus aspectos políticos, sociais, culturais e ambientais. Nesse sentido, concorda-se com Castro (2004) sobre sua visão não determinista de que apenas uma abordagem não é capaz de suportar toda a magnitude do desenvolvimento sustentável, e de que visões críticas oferecem variadas contribuições. Banerjee (2003) acredita que a noção do mainstream do DS necessita vigorosamente de ser descompactada e desconstruída: o desafio para a operacionalização do DS reside na intimidação da legitimidade, das fundações epistemológicas do conhecimento e do poder que a definição imposta pelo mainstream tem em definir a realidade. Perspectivas críticas são necessárias na medida em que advogam a sustentabilidade do ambiente antes do desenvolvimento sustentável da economia. Entretanto, como o próprio Castro (2004) apontou, existem muitas falhas em relação à operacionalização de tais contribuições e, neste sentido, abordagens de outros paradigmas, ou até mesmo multiparadigmáticas, podem contribuir. Adverte-se, no entanto, que tais perspectivas não são suficientes isoladamente, devem ser combinadas e integradas, a ponto de que às visões críticas sejam acrescentadas não apenas as contribuições de outros paradigmas da ciência social, mas também de outras áreas do conhecimento. Consoante à visão de Banerjee (2003), parece provável que adotar novos conhecimentos levará à definição de outra realidade, mais abrangente e capaz de suportar a complexidade inerente ao desenvolvimento sustentável. É evidente que o que está em jogo não são apenas formas de compreender e enfrentar o desafio da sustentabilidade, mas posições políticas sobre diferentes e antagônicos modelos de sociedade. Mesmo assim, a análise, o confronto e o diálogo entre diferentes tipos de conhecimentos e posições políticas é uma atividade essencial para avaliar e mobilizar esforços e ações mais consistentes em torno do desenvolvimento sustentável. REFERÊNCIAS BANERJEE, S. B. Who Sustains Whose Development? Sustainable Development and the reinvention of nature. Organization Studies, 24(1): 143–180, 2003. BARKEMEYER, R.; HOLT, D.; PREUSS, L.; TSANG, S. What Happened to the ‘Development’ in Sustainable Development? Business Guidelines Two Decades After Brundtland. Sustainable Developlment, 2011. BECK, U. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010. BROAD, R. The poor and the environment: friends or foes? 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