Ethos Clima_Conferência debate a atuação das empresas diante
das mudanças climáticas
Instituto Ethos - segunda-feira, 25 de maio de 2015
Seção: Notícias
“Como Proteger e Criar Valor em Tempos de Mudanças Climáticas” foi o tema central da
primeira Conferência Abrasca e CDP, em São Paulo.
No último dia 7 de maio, a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e o
CDP realizaram, em São Paulo, a 1ª. Conferência Abrasca e CDP, com o tema central
“Como Proteger e Criar Valor em Tempos de Mudanças Climáticas”.
A Abrasca participa sempre das principais iniciativas de autorregulação para o
desenvolvimento do mercado. As questões de natureza tributária, aquelas passíveis de
regulação e todas as atividades que possam vir a representar avanços para o mercado de
capitais são assuntos recorrentes na agenda da associação.
Já o CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos que fornece o mais completo
sistema global de divulgação ambiental. Parceiro do Instituto Ethos em iniciativas como o
Fórum Clima e os Indicadores Ethos, possui o maior banco de dados corporativos sobre
mudanças climáticas, água e florestas e atua com as forças de mercado para motivar
empresas e cidades a medir e divulgar seus impactos sobre o meio ambiente e sobre os
recursos naturais, a fim de encontrar formas de reduzi-los.
No encontro, Antônio Castro, presidente da Abrasca e do Conselho do CDP, alertou as
empresas a estarem atentas para não gerar incertezas sobre suas políticas de emissão de
carbono e gerenciamento de água. “A remoção das incertezas, que evitaria o impacto na
precificação das ações pelos investidores, é um trabalho que deve contar com a integração
das áreas de sustentabilidade e de relações com investidores”, disse Castro. “Sem olhar
para a água e para o carbono, a governança das empresas não consegue ser sustentável.”
Juliana Lopes, diretora do CDP Latin America, destacou, por sua vez, que a entidade é um
instrumento eficaz na gestão de riscos e que os temas apontados por Castro não podem ser
negligenciados: “Esses cuidados são hoje imperativos para fazer negócios”.
Flávia Resende representou o Instituto Ethos e o Fórum Clima na conferência, tendo
participado como palestrante do terceiro painel do dia: “O Papel dos Negócios nas
Discussões Internacionais de Clima”. Mediada por Marina Grossi, presidente do Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a mesa contou ainda
com a participação de Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões
de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima, e Rodolfo Sirol, diretor de
Sustentabilidade da CPFL Energia.
Nesse painel, os palestrantes abordaram questões pertinentes ao papel do Brasil e das
empresas nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas. Um dos debates foi
sobre quais são as vantagens e como as empresas devem começar a trabalhar com
cenários de precificação de carbono, tema muito em voga atualmente e de grande
relevância para o setor empresarial brasileiro.
Cerca de 40 países e mais de 20 jurisdições subnacionais estão determinando um preço
para a tonelada de carbono. Sistemas de precificação de carbono já se encontram em
operação nos dois maiores emissores de gases de efeito estufa: os Estados Unidos (na
Califórnia) e a China (em pelo menos sete regiões do país).
Os preços propostos para a tonelada de CO2 variam muito, indo de US$ 1, no México, até
US$ 168, na Suécia. Por esse motivo, existe uma grande necessidade de rever todos os
valores existentes e pensar num preço único a ser praticado globalmente.
Para os líderes industriais, as disparidades entre as iniciativas de precificação afetam a
competitividade dos países e dificultam a criação de novos mercados de carbono. Com essa
urgência em mente, o Instituto Ethos, o CEBDS, o CDP e a Confederação Nacional da
Indústria (CNI) organizaram, em 2014, um jantar durante a COP 20, em Lima, no Peru,
reunindo Thomas Kerr, representante do Banco Mundial, e as empresas participantes de
iniciativas pelo clima para conversar mais profundamente sobre precificação.
O tema é tão importante que, durante a próxima Conferência Ethos 360°, que se realizará
em setembro de 2015, pelo menos duas atividades irão abordá-lo.
Outro ponto bastante relevante no debate desse painel foi a existência de iniciativas que já
estão assumindo metas de redução de gases de efeito estufa. É o caso do B Team, um
grupo de líderes globais que advoga a criação e implementação de um Plano B, o qual
consiste numa alternativa ao Plano A, que é o business as usual.
Em fevereiro de 2015, o B Team publicou sua declaração Business Leaders Call for Net-Zero
Greenhouse-Gas Emissions by 2050. O documento convoca os maiores líderes mundiais a
se comprometerem com a meta global de redução das emissões líquidas até 2050 e alerta
os principais líderes de negócios a assumirem metas ambiciosas e de longo prazo. Os
líderes do B Team acreditam que, ao assumir o compromisso de zerar as emissões de gases
de efeito estufa até 2050, os governos dos países de todo o mundo irão demonstrar que
estarão contribuindo para uma trajetória global de baixo carbono.
Na conferência, Flávia Resende mencionou que o B Team tem sido exemplo de como outras
iniciativas empresariais podem influenciar e participar do processo de definição da
contribuição nacionalmente designada (INDC, na sigla em inglês) do Brasil. Entre os itens
que devem constar dessa contribuição está a definição da meta brasileira de redução pós2020. É preciso que essa meta seja ambiciosa e justificada perante os outros países da
Convenção do Clima.
A representante do Instituto Ethos e do Fórum Clima informou que, em 2015, as empresas
do Fórum Clima estão trabalhando junto com o B Team para pensar numa forma de
participar do processo de construção da contribuição brasileira para a COP 21, a ser
realizada em Paris no final do ano. “O momento de atuação do setor empresarial nas
negociações internacionais de clima é agora!”, disse ela.
Instituto Ethos
19/5/2015
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