Abemi diz que setor deve encolher
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13/04/2015 - 05:00
Abemi diz que setor deve encolher
Por César Felício
Atingidas pelas investigações da Operação Lava-Jato, as empreiteiras reunidas na Associação Brasileira
de Engenharia Industrial (Abemi) projetam um cenário devastador para o setor de empreiteiras, o
principal financiador de campanhas eleitorais no Brasil desde os anos 50. De acordo com estimativa da
própria entidade, o número de empregados das associados deve cair de 337 mil registrados no fim de
2014 para menos de 200 mil este ano.
"A crise do setor não começou com a Operação Lava-Jato, mas com a queda da economia como um todo,
e por isso os números de 2014 já haviam sido ruins", afirmou o presidente da Abemi, Antonio Muller,
para quem a Lava-Jato acelerou um processo preocupante". Em 2013, o número total de empregados no
setor foi de 446 mil funcionários. Já havia sido um ano de estagnação: em 2012, o número de
empregados era 447 mil.
Muller teve que depor na Justiça Federal em fevereiro sobre a suspeita da existência de cartel entre
diversas associadas da Abemi para dividir obras na Petrobras. O executivo argumentou que as reuniões
com a estatal para discutir minutas de contratos era uma prática antiga, que perdurou até dezembro de
2014.
De acordo com o que Muller afirmou na Justiça, as reuniões sempre contaram com dezenas de
participantes, sem alçada para decidir sobre elevação de custos de contratos. Muller disse que os
encontros tinham como objetivo reduzir custos da petroleira e diminuir acidentes de trabalho. O
executivo afirmou que o Departamento Jurídico da Petrobras acompanhava todas as fases do processo.
A suposta existência de um cartel das empreiteiras, organizado pela Abemi, foi mencionada por Augusto
Mendonça, executivo da empreiteira Toyo Setal, em seus depoimentos de delação premiada junto à
Justiça Federal do Paraná. Muller nega a existência de cartel.
"As reuniões jamais configuraram cartel e nem começaram em 2004. Tiveram início em 2002, e tratouse de um grupo de trabalho que mudou as diretrizes da Petrobras. Eram reuniões de 60 pessoas,
travadas entre pessoal sem alçada para decidir sobre valores de contratos".
Segundo o executivo, que desconfia da eficácia dos acordos de leniência como um instrumento de
recuperação de crédito das empresas, "a desnacionalização do setor é um tremendo risco que se corre,
porque algumas empresas que estão saindo agora não vão voltar para o setor". Nestas circunstâncias,
devem sobreviver melhor as empresas com carteiras de investimentos mais diversificadas, as que
contam com receita em dólar e as de porte médio, que podem buscar parcerias internacionais.
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Abemi diz que setor deve encolher
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O presidente da Abemi diz que nos próximos anos as licitações de grandes contratantes como a
Petrobras devem se modificar. Ele afirma que é possível que o escopo dos projetos a serem licitados
caiam, de maneira a segmentar em diversos trechos ou etapas a realização de uma obra, abrindo
oportunidades para empresas de porte menor.
Esta era uma prática mais usual antes do início dos anos 90, quando começou a etapa da montagem de
grandes consórcios para assumirem a responsabilidade integral por uma obra.
De acordo com Muller, a primeira consequência concreta para a entidade da paralisia provocada pela
Operação Lava-Jato se deu nos investimentos da própria associação. "A paralisação provocada pelas
atividades de investigação fez com que tivéssemos que suspender o nosso investimento em centros de
tecnologia".
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