ID: 60665928 22-08-2015 Tiragem: 100925 Pág: 25 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 28,20 x 33,55 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 EXÉRCITO PORTUGUÊS EXÉRCITO PORTUGUÊS EXÉRCITO PORTUGUÊS/JOSHUA BENOLIEL SAÚDE Ambulâncias militares no Largo da Estrela (nos finais do século XIX); visita do rei D. Manuel II, em 1908; e fachada do antigo convento, com um dos testemunhos da presença militar A nova vida do Hospital Militar A Santa Casa terá a maior unidade de cuidados continuados de Lisboa. Hospital reabre no 1º semestre de 2016 Textos Paulo Paixão Foto João Lima Os quartos estão vazios. Em alguns corredores é preciso driblar amontoados de persianas, mas de um modo geral anda-se inteiramente à vontade, sem qualquer obstáculo. No pátio, um grupo de militares afadiga-se a carregar um camião com equipamento de diagnóstico. A desocupação do antigo Hospital Militar (à Estrela, em Lisboa) está quase no fim. A 30 de julho mudou de mãos, quando o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, entregou as chaves ao provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Pedro Santana Lopes. Uma operação que fez entrar nos cofres do Estado quase 15 milhões de euros. Para trás fica uma história que atravessa séculos (o primeiro doente foi internado na Estrela em 1834). Agora, já praticamente desapareceram os uniformes da tropa de uma zona da cidade onde, em redor do jardim e da Basílica, o verde-caqui se perde desde há muito na paisagem. A “racionalização” das Forças Armadas levou à concentração dos hospitais dos diversos ramos no Lumiar (no espaço que antes era apenas da Força Aérea). O provedor da Santa Casa tem pressa em tomar posse plena da torre de 12 andares, mais edifícios anexos de dois e três pisos. Ao oficial do Exército que nesta semana lhe franqueia as portas (para uma visita em que explicou ao Expresso os planos para o local), Santana pergunta se a mudança estará pronta a 30 de setembro. A resposta deixa-o satisfeito: está em vias de ganhar duas semanas. Depois é meter mãos à obra. “Só serão inspecionadas as condutas de oxigénio e de ar con- Sant’Ana com mais oferta Pedro Santana Lopes, na quarta-feira, num corredor do antigo Hospital Militar Principal, agora propriedade da Santa Casa dicionado”, explica. “Não serão precisas obras estruturais”, garante. Tudo parece estar em boas condições. A Casa de Saúde da Família Militar (no quarteirão entre a Avenida Infante Santo e Rua de Santo António à Estrela) foi inaugurada em 1973, com a guerra colonial no auge. “Já todos entrámos em hospitais muito piores”. “Se as infraestruturas estiverem em boas condições, isso permitirá uma entrada gradual em funcionamento”, diz Santana. Quando virá a primeira leva de ocupantes? O provedor usa da mesma cautela com que o protocandidato tem, ultimamente, administrado a tentação de entrar na corrida a Belém: “Para ser prudente, no primeiro semestre de 2016. Mas se for no primeiro trimestre, será magnífico”. Serviços diversificados Na Estrela, a Santa Casa terá uma oferta múltipla (e para tal investirá cerca de €10 milhões, estima Santana). Está por definir o “programa funcional” na totalidade, mas a grande aposta é dotar Lisboa da “maior unidade de cuidados continuados”. “Haverá cerca de 100 camas para cuidados continuados” (incluindo os paliativos), garante o provedor. “Será colmatada uma lacuna. A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que tem menos camas por habitante para cuidados continuados”, diz Santana. Com efeito, são apenas 239 camas por cada 100 mil pessoas com mais de 65 anos, abaixo da segunda região pior dotada (Norte, com 349) e a larga distância da média nacional (369). Inserida em Lisboa (na capital há 200 mil pessoas com mais de 65 anos), a oferta da SCML não se fechará ao resto da região e do país. A instituição está disponível para celebrar protocolos com o SNS, à semelhança do que já faz em outras das suas unidades, como o Hospital de Sant’Ana, na Parede, ou o centro de Reabilitação de Alcoitão. Mas além dos cuidados continuados (e haverá uma atenção particular aos cuidados integrados pediátricos), o novo hospital terá nos seus 16 mil metros quadrados muitas outras valências. A Estrela (o novo nome ainda está por escolher) disporá de cirurgia ambulatória, atendimento médico permanente, consultas de diversas especialidades, exames e tratamentos, além de ser base de equipas da Santa Casa que prestam apoio domiciliário. Um dos pisos albergará utentes que já se encontram num lar de idosos da SCML (o que permitirá depois a requalificação desse espaço). “E há quem defenda [no seio da Santa Casa] que também deve ficar aqui uma creche”, afir- A Santa Casa prepara um reforço da capacidade de um dos seus estabelecimentos de saúde, o Hospital Ortopédico de Sant’Ana, na Parede. Quem circula no perímetro da unidade observa um pequenomédio mamarracho protegido por tapumes, em redor dos quais vão crescendo livremente ervas. A obra (com a estrutura completa, paredes e até algumas tubagens) ficou parada em 1986 (era para ser uma ala pediátrica). Será lá, com adaptações ao já edificado, em 6,7 mil metros quadrados, que a SCML disponibilizará 60 camas para internamento, bloco operatório com quatro salas, unidade de cuidados intensivos com seis camas e 32 postos de recobro, entre outras valências. A ampliação, com um custo de €9 milhões, deverá estar pronta em 2017. ma Santana. A questão está posta de parte? “Não excluo isso neste momento”, responde. Num mesmo perímetro, vão juntar-se, entre outros, idosos e crianças? A interrogação assenta numa certa estranheza ante tal combinação. Para Pedro Santana Lopes é o mais natural, pois é de um “novo paradigma” que se trata. “Tudo o que fazemos é com base na intergeracionalidade. Hoje em dia, é uma regra de ouro, a pedra angular da atuação da Santa Casa”. Para acabar de vez com os “guetos” e os “lares-depósitos”... É como se as regras de admissão se inspirassem na velha máxima dos ‘7 aos 77’. [email protected] ID: 60665928 22-08-2015 Tiragem: 100925 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,21 x 13,76 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 SANTANA DÁ PASSOS PARA NOVOS HOSPITAIS APOSTA É um provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa decidido, que salta obstáculos num mamarracho há décadas por acabar: a ampliação do Hospital Ortopédico de Sant’Ana, na Parede. Pedro Santana Lopes dará, por fim, uso ao espaço, que deverá abrir em 2017. Mas a menina dos olhos de Santana é o antigo Hospital Militar, à Estrela, em Lisboa. Nele, entre várias valências, nascerá a maior unidade de cuidados continuados da capital. FOTO JOÃO LIMA P25