Trabalho 430
CONSUMO ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE DIABÉTICOS TIPO 2
CADASTRADOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM
MUNICÍPIO DE MATO GROSSO - BRASIL
Camila Mirelle Magri Cortez 1
Maria Imaculada Cardoso1
Simone Cristina Taques Nascimento2
Amélia Dreyer Machado3
Nígima Luciana do Nascimento Brasil 4
RESUMO
INTRODUÇÃO: O Diabetes Mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por
hiperglicemia resultante de defeito na secreção e/ou ação da insulina e associadas a complicações,
disfunções e insuficiência de vários órgãos1. Tanto a incidência quanto a prevalência do DM vem
crescendo em altas proporções; recente estudo, estima que no ano de 2030 teremos aproximadamente 366
milhões de diabéticos no mundo. No Brasil passará de 4,6 milhões em 2000, para 11,3 milhões de
diabéticos em 20302.Mudanças no estilo de vida, hábitos alimentares saudáveis, prática de exercícios
físicos, controle dos níveis glicêmicos, pressão arterial, peso corporal e dos níveis de lipídeos no sangue,
podem reduzir a incidência e a severidade das complicações neuropáticas, macro e microvasculares
decorrentes do DM2, bem como prevenir ou retardar o aparecimento da doença 3. A adesão à prescrição
alimentar, é considerado o fator comportamental e social de mais difícil modificação. Quanto mais
mudanças forem exigidas, mais difícil será sua adesão. Quanto menores as complicações que estiverem
existindo, menor a adesão4. Assim, o cuidado integral ao diabético e sua família é um desafio para a
equipe de saúde, especificamente para a Estratégia de Saúde da Família (ESF). A integralidade do
atendimento ao paciente com DM é condição significativa para promover o autocuidado e entendimento
sobre a doença, resultando em melhor qualidade de vida. Devendo esse atendimento ser realizado por
Acadêmicas da UFMT/FAEN. Voluntária e Bolsista do PET Saúde/SF. Email: [email protected]
Acadêmica da UFMT/FANUT. Bolsista do PET Saúde/SF
3
Professora Assistente da UFMT/FANUT. Tutora do PET Saúde/SF
4
Enfermeira da ESF em Várzea Grande/MT. Preceptora do PET Saúde/SF
1
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equipe multidisciplinar, composta por: Médico (a), enfermeiro (a), nutricionista, psicólogo (a), psiquiatra
e assistente social5. OBJETIVO: Este trabalho teve por objetivo conhecer o consumo alimentar e o
estado nutricional de diabéticos tipo 2 cadastrados no Sistema Hiperdia (SisHiperdia) da Unidade Básica
de Saúde da Família (UBSF) Binoca Maria da Costa no município de Várzea GrandeMT.METODOLOGIA: Este estudo é parte integrante da pesquisa “Caracterização da clientela adscrita à
Estratégia de Saúde da Família em Várzea Grande: implicações para intervenção em Saúde”, aprovada
pelo Comitê de Ética Envolvendo Seres Humanos do Hospital Universitário Júlio Müller sob protocolo
nº890/CEP-HUJM/2009. A coleta de dados aconteceu com 37 diabéticos tipo 2, de outubro a dezembro de
2010 pelas acadêmicas de Enfermagem e Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso, participantes
do PET Saúde/SF acompanhadas das ACS. Para tanto se utilizou dois instrumentos: a) o
teste/questionário que compõe o Guia Alimentar de Bolso fornecido pelo Ministério da Saúde, para
incentivo a uma alimentação saudável, que inclui 18 questões sobre características relacionadas ao padrão
alimentar, prática de atividade física, ingestão hídrica e de bebidas alcoólicas (BRASIL, 2008). b) um
questionário, previamente elaborado com questões pertinentes a dados socioeconômicos e demográficos e
situação de saúde onde também foram anotados os dados antropométricos. As questões eram formuladas
aos participantes que as respondiam e as acadêmicas procediam ao devido registro. Para análise do
teste/questionário do Guia alimentar adotou-se como resposta adequada: Consumo diário de três porções
de frutas, legumes e verduras; Consumo de seis porções diárias de carboidratos complexos (cereais,
tubérculos e raízes) ; Uma porção de leguminosas diariamente; Consumo de alimentos protéicos – três
porções de leites e derivados, e uma porção de carnes, peixes ou ovos; Consumo de uma porção de
Açúcares, doces; Sal - máximo de 5g/dia (1 colher rasa de chá); Óleos e gorduras – uma porção, dando
preferência a óleos vegetais, azeites e margarinas, livres de ácidos graxos trans; Água – consumo de no
mínimo dois litros (6 a 8 copos) por dia;Atividade física – no mínimo trinta minutos por dia. Os dados
foram tabulados e processados com auxílio do programa Epiinfo 3.5.1 e Excel  2007 sendo apresentados
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em tabelas ou gráficos na forma de freqüência. RESULTADOS: Do total dos participantes 67,6% era do
sexo feminino; idade entre 30 e 80 anos, sendo 51,4% adultos e 48,6% idosos; 48,5% possuíam de 1 a 5
anos de estudo; 67,7% recebiam 1 a 2 salários mínimos. Quanto ao IMC, entre os adultos 52,6% estavam
obesos e 47,4% apresentaram sobrepeso; 16,7% dos idosos apresentaram baixo peso e 38,9% sobrepeso.
Para a CC 12% das mulheres encontraram-se no nível 1 e 88% no nível 2; 33,3% dos homens
classificaram-se no nível 1 e 41,7% nível 2. Na alimentação observou-se que 89,1% dos entrevistados
realizavam de 3 a 5 refeições diariamente; 32,4% não consumiam frutas nem suco de fruta natural todos
os dias; 54,1% consomiam 3 ou menos colheres de sopa por dia de legumes e verduras; 83,8% relataram
consumir 2 ou mais colheres/dia; 37,8% consumiam entre 4,5 a 7,5 porções de fontes de carboidratos
complexos; 56,8% afirmaram ingerir uma ou menos porções de leite e derivados; 70,3% nunca leram as
informações nutricionais dos rótulos dos alimentos antes de comprá-los. CONCLUSÃO: Observou-se
entre os adultos o predomínio da obesidade e sobrepeso. Já entre os idosos 16,7% encontravam-se com
baixo peso e 38,9% com sobrepeso. Na avaliação da CC, as mulheres apresentaram maior prevalência no
nível 2 quando comparada aos homens. Estes fatos demonstram a necessidade de intervenção da ESF com
ações principalmente educativas no sentido de minimizar as complicações próprias do DM 2. Quanto a
alimentação o estudo trouxe dados importantes para subsidiara as ações de prevenção de agravos junto a
esta população específica como o fato de não fracionamento da alimentação em seis pequenas refeições;
baixo consumo de frutas, suco de fruta natural, legumes, verduras, leite e derivados.O fato de a maioria
dos participantes da pesquisa nunca leram as informações nutricionais dos rótulos dos alimentos antes de
comprá-los traz a tona a importância de se trabalhar este aspecto como uma ação a mais de promoção e
prevenção a saúde.CONTRIBUIÇÃO: Os resultados aqui apresentados devem servir de subsídios à
USF, para elaboração de medidas estratégicas visando a melhoria da assistência as pessoas acometidas
por DM 2 e conseqüentemente diminuir a morbimortalidade ocasionada por ela. Tais estratégias poderiam
englobar ações como; incentivo a adoção de hábitos alimentares saudáveis entre a população, com ênfase
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no aumento do consumo de frutas, verduras, legumes, cereais e derivados integrais; promover educação
alimentar em creches, escolas e comércios. REFERENCIAS: 1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria
de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília; Ministério da Saúde
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Palavras chave: Diabetes Mellitus tipo 2, Consumo alimentar, Atenção Primária a Saúde, Estado
Nutricional.
Área temática do trabalho: Políticas e práticas em Saúde e Enfermagem.
Eixo temático do evento: A pesquisa de enfermagem no processo de cuidar e educar:
interdisciplinaridade, transculturalidade e difusão do conhecimento.
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